Shin Godzilla é uma reinvenção do mito do monstro gigante japonês chamado Gojira. Idealizado pelo criativo e experiente animador Hideaki Anno, o filme mira retrabalhar um dos ícones da cultura popular japonesa.
Lançado em 2016, a história parte de um acidente que ocorre na Baía de Tóquio, revelando assim uma criatura enorme, um kaiju, que tem diversas formas e que evolui para se tornar um monstro diferenciado, primeiro como um animal que se arrasta, depois se torna uma espécie de lagarto gigante bípede, que pode ou poderia evoluir para outras formas.
A criatura passa a andar pelas ruas do Japão, destruindo tudo o que tem contato. Para frear ela, se reúne um gabinete de burocratas e estudiosos, que tem apoio internacional, de países como os Estados Unidos e França. O esforço visa tentar impedir a destruição de Tóquio e depois, consequentemente, do resto do mundo.
Lançado doze anos depois de Godzilla: Batalha Final, este marca o maior intervalo entre dois filmes de Godzilla produzidos pela Toho, batendo o recorde estabelecido pelo intervalo de nove anos entre A Fúria dos Monstros (1975) e Gojira, que se passava entre 1975 e 1984. Esse é o 31º filme de Godzilla, incluindo Godzilla de Rolland Emmerich, contando o Godzilla de Gareth Edwards, seria o número 32.
Hideaki Anno teria recusado a oferta inicial de Toho para trabalhar neste filme por causa de seu trabalho no quarto filme de Evangelion, mas foi convencido a se juntar ao projeto depois que seu amigo de longa data, Shinji Higuchi, assinou contrato para co-dirigir.
Higuchi e Anno são amigos e colaboradores de longa data. Ambos conhecidos por seu trabalho na popular série de anime Neon Genesis Evangelion de 1995. Eles foram selecionados pela Toho para trabalhar neste filme, em parte devido ao seu trabalho na série.
Tanto a Toho quanto a Gainax, empresa que produz Neon Genesis Evangelion, colaboram em uma linha de produtos chamada Godzilla vs. Evangelion para promover este filme.
Esta linha incluiu vários brinquedos. action figures, peças de arte, roupas e acessórios apresentando Godzilla e seus vários monstros ao lado de Evangelion-Unidade-01 e outros personagens de Neon Genesis Evangelion.
Há nesse longa-metragem várias referências ao anime citado. Em uma cena, a força-tarefa designada percorre uma série de postagens no Twitter e um dos avatares de usuários é uma foto de Asuka Langley-Soryu, uma personagem importante do anime.
Versões remixadas da faixa decisive battle do anime de 1995 são tocadas em várias ocasiões ao longo do filme.
O produtor Akihiro Yamauchi afirmou que o título Shin Gojira foi escolhido para o filme devido à variedade de significados que a sílaba "shin" poderia transmitir, como "novo", "verdadeiro" e "deus".
Embora o título internacional oficial em inglês escolhido fosse Godzilla Resurgence, o filme foi lançado nos Estados Unidos com o título original em japonês Shin Godzilla a pedido de Toho. Uma possível explicação para isso seria uma tentativa de evitar confusão com o filme Independece Day: O Ressurgimento também de 2016. Godzilla Resurgence ainda é mantido como título para promoção internacional geral e em alguns territórios, como na Alemanha.
O título original é Shin Gojiram mas houve um nome de trabalho mais "simples", Godzilla ou Gojira, além de G Project Memo. Em alguns cinemas dos Estados Unidos foi chamado de New Godzilla, também True Godzilla.
Em vários lugares do mundo foi chamado de Shin Godzilla: King of the Monsters!, no Brasil foi chamado tanto de Shin Gojira, ou Shin Godzilla de acordo com o streaming que o comporta.
Na República Tcheca é Znovuzrození Godzilly, na Dinamarca é Godzilla returns, na Finlândia é Godzillan paluu, no México é Godzilla Resurge, Em Portugal é apenas Godzilla em Portugal.
O longa foi filmado em Tóquio, entre outubro de 2015 e dezembro do mesmo ano.
Um logotipo antigo da Toho aparece no início desse e foi recriado especificamente para a tela widescreen por Hiroyasu Kobayashi, designer gráfico indicado pelo diretor, que prestava serviços para o Anno's Studio Khara.
Devido ao enorme sucesso do filme no Japão, Shin Godzilla se tornou o rosto de fato da franquia. A Toho substituiu a estátua do Heisei Godzilla por essa versão, que foi recentemente modificada, para promoção do oscarizado Godzilla Minus One.
Os estúdios por trás do filme são a Cine Bazar, a não creditada Khara Corporation e claro, a Toho Pictures. Distribuição no Japão foi da Toho, via Tôhô Eizô Jigyôbu.
A experiência de Anno dirigindo esse foi um tanto prejudicada pelo controle do estúdio principal. O foco do realizador e o motivo dele era fazer um filme de Godzilla que ressoasse principalmente no povo japonês, a companhia, entretanto, queria um apelo mais ao mainstream, mirando um lançamento mundial mais amplo.
Eles até sugeriram ao cineasta que não se concentrasse no aspecto radioativo de Godzilla, no entanto, Anno sentiu que este tópico era importante demais para ser ignorado e passou a basear o filme no drama do povo japonês e na fraca resposta do governo ao desastre de 11 de março em Fukushima, que foi um acidente nuclear ocorrido em 2011.
Uma versão diferente do filme foi preparada pela Toho, mas Anno e Higuchi bateram o pé, para que sobrevivesse a sua versão e visão. Eles tinham razão nessa insistência, tanto que esse se tornou um sucesso comercial e de crítica no Japão.
De acordo com Anno, a Toho inicialmente relutou em dar múltiplas formas ao Godzilla, mas eles rapidamente mudaram de ideia quando a Bandai interveio e mencionou que poderiam vender mais brinquedos e itens colecionáveis.
Pouco antes da produção, Anno reuniu o elenco e a equipe técnica para homenagear o Godzilla original. Ele motivou a equipe mencionando que, embora achasse que nada poderia superar o original, eles deveriam aspirar ao menos igualá-lo.
O monstro também se baseia no lagarto original e não na versão menos malvada, estabelecida em Godzilla Contra-Ataca. Dessa forma ele é mais um vilão destruidor, uma máquina de demolição urbana, assustadora e menos com uma criatura titânica capaz de rivalizar com outras de iguais tamanhos e sanha destruidora.
Há aqui um caráter diferenciado. O Godzilla de Hideaki Anno é mais um demolidor de cidades, um dínamo que destrói tudo por sua simples presença. Não existe nele uma intenção de destruir, as cidades, prédios e pessoas só estão em seu caminho.
A Toho queria que o filme fosse lançado em mais de 100 mercados em todo o mundo, tornando-o o mais amplamente distribuído na história da empresa, no entanto só foi lançado nos cinemas em algumas áreas, a maioria das quais consistia em exibições limitadas.
Isso ocorreu porque o cinema japonês geralmente recebe muito pouca atenção internacional e os filmes de monstros em geral, incluindo a franquia Godzilla, não são tão populares quanto outras franquias, então a maioria dos distribuidores não estava interessada em adquirir o filme.
O longa teve um lançamento antecipado nos Estados Unidos de 11 a 18 de outubro de 2016, quando foi exibido em sua versão original em japonês, com legendas em inglês. No Japão, estreou em julho do mesmo ano.
Anno diz que esse filme renovou suas forças, depois que ele entrou em depressão após trabalhar em Evangelion 3.33: Você (Não) Pode Refazer de 2012. Após ambos, ele lançou em Evangelion: 3.0+1.01 A Esperança até pediu desculpas pelo atraso do mesmo.
Este é o primeiro filme de Godzilla produzido pela Toho desde Godzilla de 1984, o primeiro onde o personagem não luta contra outro monstro, sendo assim o quarto filme sem esse tipo de confrontamento na franquia inteira, contando Godzilla de 1954 e 1984 e os filmes estadunidenses.
A Kinema Junpo revista de cinema mais prestigiada e respeitada do Japão, incluiu Shin Godzilla em seus 10 melhores filmes do ano. Embora houvesse filmes anteriores da saga entrando na lista estendida dos melhores, este primeiro filme de Godzilla a estar entre os dez primeiros.
O diretor de Ghost in the Shell, Mamoru Oshii, elogiou a obra. O criador de Attack on Titan, Hajime Isayama, considerou-o um de seus filmes favoritos de 2016.
Este filme arrecadou mais bilheteria japonesa do que todos os filmes americanos de Godzilla juntos, também ganhou um prêmio da Academia Japonesa na categoria melhor filme, foi a primeira obra da franquia a vencer. Também quebrou o recorde de lançamento mais rápido nos EUA, menos de três meses após sua estreia no Japão, mas essa marca foi superada também por Godzilla Minus One, sete anos depois, cujo intervalo foi de um mês.
Vale lembrar que esse não é o primeiro filme da Toho a ser uma reinicialização da franquia. A maioria dos "reinícios” serve como uma sequência direta de Godzilla, mas há obras como essa que são literalmente um reinício completo, tal qual Godzilla 2000, não faz referência direta ao primeiro longa.
Algumas pessoas sugeriram que o filme foi criado como uma resposta ao Godzilla da Legendary Pictures, semelhante à forma como Toho respondeu ao mal recebido Godzilla da Sony / TriStar com Godzilla 2000. Na verdade, a Toho já tinha um filme programado para produção em 2013, mesmo que o contrato entre a Legendary e a Toho estipulasse que o estúdio japonês não poderia novos filmes live-action de Godzilla enquanto durasse a série de filmes americana.
Aparentemente esse acordo não valeu para Minus One também.
Hideaki Anno tem dezenas de créditos de direção. Entre os mais famosos, há Gunbuster the Movie, Evangelion: 1.11 Você (Não) Está Sozinho, Evangelion: 2.22 Você (Não) Pode Avançar e Evangelion 3.33: Você (Não) Pode Refazer. Também dirigiu Shin Masked Rider e foi produtor de Shin Ultraman.
Ele esteve envolvido com grande parte das reimaginações de mitos japoneses, sejam de cinema, televisão ou mídia escrita.
Higuchi dirigiu A Última Princesa, O Castelo Flutuante, Ataque dos Titãs e Ataque dos Titãs: O Fim do Mundo. Anos depois, conduziu Shin Ultraman.
Seus trabalhos anteriores tinham ligação com o departamento de efeitos especiais, trabalhou em filmes de Gamera, fez uma cena de Godzilla, Mothra e King Ghidorah: Giant Monsters All-Out Attack de 2001. Foi assistente em Godzilla 1985. Também esteve na equipe de Kill Bill: Volume 1, nas cenas rodadas em Tóquio.
Yoshihiro Satô produziu a série Sessão de Martelo! e os filmes Anata e Ataque dos Titãs: O Fim do Mundo. Foi produtor executivo em Em uma Terra Muito Distante...Havia um Crime.
Masaya Shibusawa produziu Kamisama no karute, Daijôbu 3 kumi e Seiten no hekireki.
Taichi Ueda produziu Zero Eterno, mas é mais lembrado por ser o produtor executivo em Deixe-me Comer seu Pâncreas e My Hero Academia: O Filme - Ascensão dos Heróis.
Kazutoshi Wadakura produziu o anime Bleach de 2018 e Shin Masked Rider. Produziu Wolverine Imortal e a série S.W.A.T. quando ambas as produções vieram filmar no Japão.
A narrativa começa numa gravação de resgate do barco Glorioso Maru, depois mostra outras consequências de um problema na água, que parece fruto de uma erupção vulcânica. Essa época aparentemente é 3 de novembro, uma referência a 11 de março, dia em que o terremoto de Tohoku em 2011 começou. É também uma referência à data de lançamento japonesa do filme original de Godzilla de 1954, que foi em 3 de novembro de 1954.
Engravatados tentam entender o que aconteceu, a origem do cataclisma. A diferença realmente gritante desse para os filmes clássicos é o acesso a tecnologia. Ele é um filme que se vale do seu próprio tempo para estabelecer o drama. Todos têm acesso a celulares, materiais de gravação, periféricos etc.
Dito isso, a versão especial, Orthocramatic, possui um filtro meio esverdeado, versão foi exibida no Japão em outubro do ano passado, em 2023.
Esse por ser em “preto e branco”, faz menos sentido que a versão "semelhante" de Godzilla Minus One, uma vez que essa história é contemporânea, enquanto a outra é dos anos 1940. Ainda assim tem seu valor de curiosidade, para quem quer ver.
A trilha sonora é sensacional, ajuda a estabelecer a sensação de tensão e denuncia os erros da burocracia japonesa, tornando eles graves, graças a música. Originalmente, o filme deveria ser um drama familiar, com uma trama paralela de romance, mas Hideaki Anno desistiu disso.
A preparação de elenco fez com que o elenco falasse mais rápido do que o normal, para que se parecessem com políticos e burocratas reais, citando A Rede Social como referência. Anno alertou que cortaria a cena se falassem muito devagar.
Apesar de sofrerem, as pessoas nos metrôs se distraem, algumas até brincam de escorregar, já que entrou água nas estações. A maioria, no entanto, fica preocupada. É curioso como a resposta a tragédia pode ser tão particular. Quase todos os presentes filmam.
Só com oito minutos aparece um corpo estranho no mar. Aparece um rabo, do que parece ser uma forma de vida gigante, obviamente não identificada.
No filme original Gojira foi criado a partir do resultado de testes de bombas nucleares no oceano Pacífico e também era uma personificação dos bombardeios nucleares de Hiroshima e Nagasaki.
Neste Godzilla é criado a partir de resíduos nucleares despejados no oceano e é uma personificação do desastre nuclear de Fukushima.
A criatura serpenteia, são notadas brânquias, que obviamente o classificam como um ser aquático, mas ele também tem pernas, que o fazem parecer um peixe dipnoico.
Cientistas pegam animais que circundavam a área, animais de água doce, com narinas, eram peixes ósseos que podem ser pulmonados facultativos, que tem respiração branquial quando há água e respiração pulmonar quando não há água ou pulmonados obrigatórios.
Ogashira, cientista feita por Mikako Ichikawa, diz que a criatura tem narinas internas atípicas, que se abrem dentro da cavidade bucal, com pulmões funcionais e sistema circulatório diferenciado, considerados no passado como ancestrais dos tetrápodes.
O Godzilla deste filme tem 118,5 m ou 389 pés de altura, ultrapassando Godzilla da Legendary , que tinha 355 pés/108 m de altura, tornando-se assim a segunda maior versão de Godzilla a aparecer no filme, a partir do lançamento de de Godzilla: Rei dos Monstros de 2019, onde Godzilla tinha 119,8 m e 393 pés de altura.
A segunda forma de Godzilla, apelidada de Kamata-kun, tornou-se um meme em sites e redes sociais japoneses.
Shin Godzilla tem habilidades "novas" como a capacidade de abrir sua mandíbula e disparar sua explosão atômica pelas costas e cauda, não só por sua boca.
Os espectadores podem achar a capacidade de replicação dele semelhante à do Godzilla de Emmerich, porém, essa habilidade é na verdade retirada de Os Monstros Invadem a Terra de 1971.
Hedorah é um monstro que evolui através de vários estágios, assim como Godzilla neste filme, ou seja, haviam mais precedentes dentro do braço nipônico da franquia.
A aparência de Godzilla foi alterada para vários pôsteres de filmes estrangeiros.
No pôster americano, seus olhos redondos estavam escurecidos, enquanto em um pôster das Filipinas, seus braços magros estavam consideravelmente aumentados.
O elo humano que o público recebe se dá com Shimura, homem interpretado por Kengo Kôra de O Conto da Princesa Kaguya e Yaguchi, feito por Hiroki Hasegawa dos seriados Chefe e Mozu, do filme Por Que Você Nao Vai Brinca no Inferno?.
Haseagawa aceitou imediatamente um papel no filme, afirmando: "Quem não gostaria de se envolver em uma produção de Godzilla?"
Os dois aparecem em algumas das muitas reuniões, inclusive nas que não conseguem ter qualquer conclusão. Esse é um filme verborrágico, com muita conversa, tantas que chega quase a irritar, tal qual ocorreria também com Shin Kamen Rider.
O elenco é extenso, com 328 atores creditados. Ainda houve uma treinadora de diálogos em inglês, no caso, a YouTuber Sharla.
O lendário diretor Kihachi Okamoto de Samurai Assassino e A Batalha de Okinawa, aparece como dublê de Goro Maki, um misterioso cientista que desapareceu. São seis diretores que aparecem neste filme Kazuo Hara, Isshin Inudô, Suzuki Matsuo, Akira Ogata, Shin'ya Tsukamoto e o agora finado Okamoto.
Pierre Taki, que faz Saigo, mencionou em uma entrevista que Anno o fez fazer pelo menos 30 tomadas para uma cena em que seu personagem militar fazia um comando de rádio. Ele ainda teve que repetir a linha na pós-produção.
O ser ataca pelo mar, destrói barcos que estão em vias marítimas curtas. Se demora a entender o que é.
Somente no incidente em Kamata, no distrito de Ota, na superfície. Um monstro se arrasta pela cidade, anda sob quatro patas, tem um olhar bizarro, parece um dinossauro, imita as fantasias esquisitas dos tokusatsus.
O exército seria usado pela primeira vez desde a segunda guerra mundial, usam de cautela, tanto que demoram a liberar as forças armadas, as armas e equipamentos de ataque.
A criatura começa a evoluir antes mesmo dos trinta minutos iniciais. Braços saem, ela anda de forma bípede, entra até uma música semelhante a clássica. Ela parece passiva e não toma conhecimento da vida humana e da complexidade desses. Toda a destruição ocorre graças apenas a serem desajeitados.
Anno queria ter feito uma versão diferente do personagem, mais primitiva. A Toho aparentemente barrou a ideia e eles adaptaram a ideia para versões intermediárias do monstro.
A burocracia é importante, afinal, os civis seguem nas cidades, apesar da tentativa de evacuar tudo, mas a ideia de criticar esse excesso é pontual e bem desenvolvida, tanto que faz perguntar se não é um pouco excessiva.
Hiromi Ogashira, a cientista e amiga de Yaguchi, chuta certo, a criatura tem origem radioativa. A personagem interpretada por Mikako Ichikawa, se mostrou muito popular, tanto que gerou inúmeras fan art.
A colaboração com os Estados Unidos começa pela destruição dos vestígios do monstro, a mando do presidente Ross. A autoridade envia Kayoko Ann Peterson, personagem de Satomi Ishihara de Ataque dos Titãs e Ataque dos Titãs: O Fim do Mundo.
Ela é filha do senador Peterson, uma moça bonita e oportunista, que deseja ser presidente do seu país. Ela é uma pessoa de origem asiática, ou seja, mistura as etnias dos dois países abordados.
A parte mais difícil do trabalho de Ishihara de atuar foi aprender inglês. Ela descobriu que estava interpretando uma americana depois de ser escalada e ficou chocada com a quantidade de diálogos em inglês que teve que falar ao ler o roteiro. Ela indica Goro Maki, o personagem que foi originalmente interpretado por Akira Kubo em O Filho de Godzilla, de 1967.
Quem batizou a criatura foram os estadunidenses, Godzilla, em atenção a um deus, Gojira no idioma japonês. Maki acha que os animais eram cercados de radiação, por isso cresceram. Gojira é um desses
A terceira forma é curiosa, pois de perto, é assustadora, de longe, se move tão lentamente que parece estática, exceção a cauda, que parece uma serpente. Quando a câmera parte dos prédios, parece algo bizarro. Essa na verdade é sua quarta forma. Nesse ponto, o tema de 1954 é tocado.
O rugido utilizado é o mesmo dos anos 1960-70 no filme, além de se usar um pouco do urro original. Isso é evidenciado no primeiro teaser trailer, quando o som "cinquentista" é ouvido e também no início do trailer oficial, Godzilla solta seu famoso rugido da era Showa.
Essa versão do monstro é digital (obviamente) e tem captura de movimento de Mansai Nomura, ator acostumado a fazer obras em Kyogen, uma forma de teatro de comédia, peças cômicas apresentadas entre duas peças noh, as mais sérias. O ator também está em Ran de Akira Kurosawa, Castelo Flutuante de Shinji Higuchi e Vidas ao Vento de Hayao Miyazaki.
Para realizar os movimentos lentos de Godzilla, ele fez uso um peso de 10 quilos, que foi amarrado atrás do ator. Ele incorporou a técnica da dança tradicional japonesa em sua performance.
Até então esse é o único filme japonês de ação ao vivo do Godzilla em que o monstro foi realizado quase completamente por meio de CGI.
De acordo com o supervisor de efeitos Atsuki Sato, a pele de Godzilla foi feita para parecer de borracha, justamente para não causar tanto choque nos espectadores acostumada a Gojira Suit.
Algumas das interações de Godzilla com o ambiente foram feitas empurrando um objeto através de miniaturas, e a cena final do monstro é na verdade uma escultura. Higuchi revelou que o lagarto gigante seria feito em uma combinação híbrida de imagens geradas por computador e técnicas tradicionais de efeitos tokusatsu práticos.
Ele utilizou essa mesma estratégia híbrida para os Titãs nos filmes live-action Attack on Titan, mas, no meio da produção, o boneco do Godzilla foi considerado ineficientes, então todas as tomadas de efeitos foram refeitas no computador.
É toda uma cerimônia e um grande receio, para usar mísseis, que não fazem qualquer dano no bicho. Um rascunho inicial do final tinha o Godzilla derrubando mísseis nucleares vindos dos Estados Unidos, China e Rússia, mas isso foi deixado de lado.
Até certo ponto, Godzilla é um ser passivo, que não ataca deliberadamente e que causa danos meramente por seu andar e pelo modo atabalhoado que possui. Ele praticamente não revida, pelo menos até a ação dos Estados Unidos.
Os americanos jogam bombas no monstro, só então ele ruge. Também libera uma cor rosada na espinha, a parte interna fica roxa, pouco antes dele cuspir. Primeiro, sai algo laranja, que parece fogo, depois ele solta uma rajada de raio roxo. É uma baita cena e de certa forma, previu o efeito do monstro em Godzilla e Kong: O Novo Império.
A versão orthocromatica valorizou bastante essa cena, tanto o momento de despejar das bombas quanto o raio que o monstro lançou.
Godzilla deixou um rastro de radiação grande em Tóquio até "distribuiu" iodo para a população.
Em um ponto do filme, todas as TVs de uma loja de eletrônicos mostram imagens ao vivo da destruição de Tóquio, exceto uma que exibe o anime Ochibisan criado por Moyoco Anno, que é esposa do diretor Hideaki. Isto também é uma referência ao fato de uma das seis estações de televisão de Tóquio ser notoriamente relutante em transmitir notícias de última hora.
Curiosamente o roteiro desdenha das autoridades japonesas.
O primeiro ministro é inerte, quase não faz nada, todas as decisões são dos asseclas. Até a decisão deles acabarem com Gojira sozinhos parte dos subalternos e não deles, para o político, a soberania nacional não era uma pauta prioritária.
Os bombardeiros furtivos B-2 Spirit que aparecem no filme são identificados pelas legendas na tela como sendo do 509º Grupo de Operações. O 509º é uma unidade descendente do (in) famoso 509º Grupo Composto da 2ª Guerra Mundial, conhecido por ser a unidade que lançou as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945. Hoje, o 509º é o único Grupo Aéreo dos EUA. Unidade da Força equipada com o B-2 e está baseada na Base Aérea de Whiteman, no Missouri.
Os humanos usam prédios e guindaste contra Gojira. A chamada operação Yashiori consistia em imobilizar o monstro, congelando para 196 graus abaixo de zero. Essa foi uma ação conjunta com a França.
Grandes caminhões-bomba de concreto são usados para injetar um coagulante sanguíneo na boca de Godzilla na tentativa de neutralizá-lo. Esses tipos de bombas foram usados para resfriar os reatores danificados na usina de Fukushima Daiichi após o desastre nuclear. O público japonês contemporâneo fez uma comparação entre a narrativa do filme e os eventos que ocorreram após o terremoto de Tohoku em 2011.
Yaguchi e Patterson terminam conversando de maneira amistosa, ele, fala de como se deve manter Gojira vivo e ela se vangloria sobre seu plano de se tornar presidente do seu país até fazer 40 anos. A batalha contra o Kaiju a credenciaria a isso.
Abre possibilidade de continuar a história. A última cena é sinistra, pois mostra corpos humanos na cauda dele, todos pretos, carbonizados, com ossos cristalizados.
Essa seria uma possível quinta forma, uma outra evolução, possivelmente, talvez essas figuras humanoides não fossem vítimas e sim filhotes dele, que em uma versão "prime" seria humanoide, sem olhos, com uma barbatana nas costas semelhante ao que é visto no próprio Gojira.
O artbook lançado para o filme mostra conceitos interessantes e horrorosos que os criadores tinham para as múltiplas formas e habilidades de Godzilla: como um segundo Godzilla crescendo para fora do corpo do monstro, como um gêmeo siamês, pedaços da carne de Godzilla se desenvolvendo em uma massa de partes do corpo, também como as criaturas esqueléticas de Godzilla que aparecem no final do filme, assemelhando-se mais a mulheres humanas nuas com seios e órgãos genitais claramente definidos.
Esse foi o primeiro filme da saga desde Godzilla a terminar com um cartão de título The End (Owari em japonês). Como easter egg, toca o tema musical Godzilla March do filme original de 1954, abertura dos créditos finais.
Shin Godzilla se perde um pouco em seus próprios defeitos de narrativa, mas é uma obra reverencial a toda a franquia, que faz um bom comentário sobre os problemas do governo japonês. Entre acertos e equívocos, acaba sendo uma obra memorável, que foi empalidecida e ofuscada por Godzilla Minus One, injustamente diga-se, já que tem seu próprio brilho.
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