Godzilla Contra-Ataca é um filme japonês de drama, horror e ficção científica que baseia sua história no clichê do horror atômico, já que é protagonizado por um animal que se tornou gigante graças a ação atômica oriunda das bombas que foram jogadas no Japão durante a segunda guerra mundial.
Continuação direta de Godzilla, o longa-metragem foi lançado em 1955, dirigido por Motoyoshi Oda, contendo em si alguns acréscimos de cenas do primeiro longa, dirigidas claro por Ishirô Honda.
O primeiro Gojira se tornou um sucesso tão grande que os estúdios Toho decidiram produzir uma sequência imediatamente depois desse. Essa foi uma decisão do produtor executivo da Toho, Iwao Mori, que retornou ao Japão depois de trabalhar no filme Madame Butterfly e ficou sabendo do sucesso monumental do primeiro filme.
Ele deu ordens ao produtor Tomoyuki Tanaka para "fazer outro". Mesmo com a necessidade de executar várias cenas de efeitos especiais, o estúdio preparou o filme em menos de seis meses após o lançamento do primeiro longa. Mesmo sendo uma produção apressada, o filme foi outro sucesso de bilheteria e continua sendo um dos filmes mais assistidos de todos os tempos nas bilheterias japonesas.
A história segue localizada no gênero de Kaiju (os monstros gigantes japoneses) reúne boa parte dos profissionais do clássico, incluindo o especialista em efeitos especiais de Eiji Tsuburaya.
É lembrado não só por ser o segundo filme na série Godzilla mas também por ser o primeiro a apresentar outro monstro gigante no mesmo filme para lutar com personagem-título, algo que se tornaria um padrão para a franquia até os hoje, também foi o segundo filme da Era Showa da série, seguido por King Kong vs Godzilla.
Um ano depois da derrota de Godzilla, dois pilotos descobrem em uma ilha deserta um monstro gigante da mesma espécie brigando com outro animal gigantesco, o Anguirus. Os dois caem no mar e levam sua disputa para a costa do Japão onde começam a causar destruição por onde o conflito passa.
As autoridades japonesas lutam para conter os danos e tentam a todo custo deter esse novo Godzilla e seu oponente.
Vale lembrar que o ser que morreu no primeiro filme não é o mesmo que esse aqui.
O roteiro é de Takeo Murata e Shigeaki Hidaka.
O projeto foi impulsionado pelo produtor executivo informal Iawo Mori, que procurou o produtor Tomoyuki Tanaka para que começasse imediatamente a produção de um segundo filme do Godzilla, para capitalizar em cima do sucesso do original antes que o momento de "moda" acabasse.
Oda foi escolhido para dirigir o longa já que Ishirō Honda estava ocupado dirigindo seu novo filme Koi-gesho ou Love Makeup.
A estreia da produção foi em 24 de abril de 1955. Em Portugal estreou em novembro de 1955. Em Taiwan chegou aos cinemas em dezembro desse ano, já na França foi ao ar apenas em outubro de 1957. Nos Estados Unidos chegou em 21 de maio de 1959 e no Brasil chegou em janeiro de 1961.
O título original dele é Gojira no gyakushû. No Japão também foi chamado de Godzilla's Counterattack e Godzilla's Revenge em traduções em inglês. Pelo mundo, ficou conhecido na Austrália e Canadá Godzilla Strikes Again e The Return of Godzilla, na Argentina é El monstruo de fuego.
No Brasil é chamado de Gigantis - O Monstro de Fogo, em atenção ao nome do filme nos Estados Unidos, além de Godzilla Contra-Ataca e O Monstro de Fogo, como foi chamado em algumas transmissões para TV.
Na França é Le Retour de Godzilla, na Grécia é O Godzilla xanahtypa. Na Hungria é Godzilla újra támad e na Itália é Il re dei mostri.
Nos Estados Unidos é conhecido como Gigantis the Fire Monster, Godzilla's Counterattack, Counterattack of the Monsters, Fire Monster, Gigantis e principalmente como The Volcano Monsters.
O trailer do cinema japonês não continha nenhuma cena do filme. O material de divulgação era composto por imagens estáticas com gráficos e narração.
A Toho foi quem produziu o longa-metragem. A distribuído foi da Toho na maior parte do mundo, em 1955. Quem lançou o filme nos EUA foi a Warner Bros, em uma versão dublada em inglês. A Eros Films fez o mesmo no Reino Unido, em 1960.
O filme seria lançado nos EUA em uma versão completamente alterada intitulada The Volcano Monsters, que seguia um enredo semelhante, onde um Tiranossauro e um Anquilossauro são encontrados lutando entre si e são capturados, e então levados para São Francisco, onde despertam e continuam sua batalha.
Graças a um problema com direitos não puderam ser obtidos e o filme nunca foi feito. Muitos dos elementos do roteiro daquele filme escrito por Ib Melchior e Ed Watson seriam posteriormente usados no filme Reptilicus de 1961.
Quando a empresa que desenvolvia The Volcano Monsters faliu, os direitos do filme foram adquiridos pelo advogado Paul Schreibman que providenciou a edição e dublagem do filme para lançamento sob o título Gigantis: The Fire Monster.
Ainda graças ao projeto "Volcano Monsters", se mudou o nome do personagem, para Gigantis. Dessa forma o longa foi lançado nos Estados Unidos em maio de 1959 pela Warner sob o título Gigantis: The Fire Monster.
Coincidentemente a própria Warner Brothers lançou o Godzilla em maio de 2014, junto a Legendary Pictures.
Houve duas histórias distintas sobre o motivo pelo qual o nome de Godzilla foi alterado para Gigantis na versão dos EUA. A primeira tem a ver com a Warner não ter conseguido permissão de Joseph E. Levine, o produtor executivo de Godzilla: O Monstro do Mar. Como não poderia usar o nome, teve que mudar o nome para Gigantis, no entanto, esta teoria foi desmentida.
Em entrevista, Paul Schreibman, produtor da versão norte-americana, disse que mudou de bom grado o nome de Godzilla para Gigantis, pois "não queria que as pessoas o confundissem com Godzilla.
Nessas versões o rugido característico de Anguirus era utilizado em Godzilla, mais vezes até do que o seu próprio, ou seja, Gojira tinha dois rugidos e usava menos o original e mais o do adversário. Também há um erro de dublagem, os personagens masculinos pronunciam incorretamente o nome Tsukioka já as vozes que dublam as personagens femininas pronunciam-no corretamente.
Quando o lançamento do filme nos EUA estava sendo desenvolvido como The Volcano Monsters, a Toho enviou os trajes Gigantis/Godzilla e Anguirus para a Howard A. Anderson Company, que filmaria as inserções de efeitos especiais adicionais, mas não houve nenhuma cena acrescida com eles.
Em vez de utilizar a trilha original de Masaru Satô, a Warner substituiu temas dos filmes Kronos, O Monstro do Espaço e Caçador da Fronteira, ambos de 1957.
Motoyoshi Oda fez Yurei otoko, Tômei ningen, Onibi e Varan: O Monstro do Oriente. Takeo Murata escreveu Godzilla, Half Human: The Story of the Abominable Snowman entre outros. Shigeaki Hidaka escreveu Tômei ningen e Aishu no machi ni kiri ga furu, que ele dirigiu.
Tomoyuki Tanaka produziu Saraba Rabauru e Mar Inquieto, depois fez Yojimbo, o Guarda-Costas e vários filmes de Kaiju como Rodan!... O Monstro do Espaço e Mothra, a Deus Selvagem.
Curiosamente este filme obteve melhor recepção crítica no Japão do que Godzilla. Segundo o diretor do primeiro Ishirô Honda, os críticos de cinema da época descartavam os filmes de ficção científica e a noção de que o gênero pudesse ter temas e ideias, consideravam algo de menor qualidade.
Embora a recepção no Japão tenha sido positiva, as críticas contemporâneas foram extremamente negativas em relação a trama. Muitos fãs e críticos chamavam a obra de uma sequência apressada e nessa reprimenda, não estão totalmente errados.
Esse ainda é um filme em preto e branco, o último nesse estilo dentro da saga. O seu começo é tímido, primeiro mostra pessoas utilizando o material de comunicação por rádio, depois mostra dois pilotos, que caem numa ilha e aguardam ajuda.
Logo eles veem uma criatura parecida com um lagarto gigante, idêntica ao Gojira, que morreu um ano antes. Ela enfrenta um outro animal, quadrúpede, que vem a ser Anguirus. Isso ocorre cedo, antes de completar 10 minutos de exibição.
Vale lembrar que esse é o primeiro filme da série Godzilla em que personagem monstruoso luta contra outro animal gigante, embora Anguirus seja rapidamente derrotado pelo personagem principal.
Em rascunhos do roteiro de Murata, haviam cenas com criminosos que aproveitariam o caos dos ataques para fazer saques durante o desastre que veio com o ataque de um monstro gigante real.
O cronograma apertado da produção do filme impediu que essa ideia fosse concretizada.
As pessoas resgatadas após o primeiro incidente aparecem na delegacia de Osaka, onde analisam livros antigos, alguns que catalogam animais pré-históricos.
Entre eles, há o livro chamado Livro dos Dinossauros de Edwin Colbert. Esse trecho é curioso, pois na cena em que o cientista está lendo sobre o Anguilosaurus, a página descreve na verdade dinossauros herbívoros, com bico de pato.
Mais uma vez aparece o doutor Yamane, de Takashi Shimura, que é o único personagem remanescente e vivido pelo mesmo interprete, excluindo claro Haruo Nakajima, que fez Godzilla em algumas cenas. Vários atores retornam, mas em outros papéis.
A mesma radiação despertou ambos os monstros, o ser que foi batizado também como o anquilossauro, ou Anguirus. É descrito como ágil e violento, com 45 a 60 metros, carnívoro, com o cérebro distribuído entre tórax e abdômen. Ele deveria ter a habilidade de usar um ataque de sopro atômico semelhante a Godzilla, mas a ideia foi abandonada pouco antes do início da produção.
Yamane revê vídeos do lagarto gigante, que vem a ser uma gravação do filme de Honda, depois lamenta a perda do dr. Serizawa, o inventor da bomba que derrotou Gojira. O cientista também fala que o monstro tem uma certa sensibilidade a luz, que se incomoda com isso, deixando pista de que eles usarão isso contra a monstruosidade.
As autoridades lidam com os monstros tentando manter eles na Ilha Iwato, longe das cidades mais próximas, como Osaka. Até por conta da localização diferente, fica claro que esse segundo capítulo é bem menos urgente e emocionante.
Os ataques partem de cidades litorâneas, lançam mísseis, balas e artilharia pesada para manter Godzilla no mar. Ele é detido por um bom tempo, já Anguirus não demora tanto quanto seu adversário para chegar a terra.
Tsuburaya queria que a batalha entre Godzilla e Anguirus fosse filmada em slow motion, mas um técnico de câmera acidentalmente baixou a câmera em vez de acelerá-la, fazendo com que o movimento parecesse mais rápido que o que foi filmado. O especialista em efeitos achou interessante e decidiu usá-lo no filme dessa maneira.
Quando a dupla de monstros cai da Ilha Iwato no oceano, Nakajima e Katsumi Tezuka (que interpretou Anguirius) estavam dentro dos trajes. Os membros da equipe de gravação foram posicionados fora de quadro, para puxá-los para a superfície quando a tomada fosse concluída.
O uso de maquetes e miniaturas segue sensacional, mas em alguns pontos fica prejudicada a execução de efeitos, especialmente na cena de inundação do metrô/estação do trem. Antes não ficava tão evidente o uso desse artifício, possivelmente graças ao trabalho de Honda como diretor.
Oda não é ruim, mas claramente não tem os mesmos predicados positivos do seu antecessor.
O traje usado neste filme era muito semelhante ao primeiro de Godzilla. A maior mudança foi uma redução para caber melhor em Nakajima. O intuito era tornar o processo de atuação um pouco mais confortável para ele.
Essa versão permitiria que ele fizesse movimentos mais agressivos, tanto que filmava melhor as cenas de batalha. Os olhos também estavam diferentes, as íris eram muito maiores que o traje original, que tinha uma aparência redonda.
As barbatanas dorsais foram mantidas aproximadamente do mesmo tamanho e formato do original. As orelhas são pequenas e pontudas, possui quatro dedos nos pés e presas.
Esse (é até agora) o único filme da série Godzilla em que as barbatanas dorsais de Godzilla não brilham antes de ele liberar seu hálito atômico.
A mudança na aparência de Godzilla ocorreu para torná-lo menos assustador para as crianças, depois de King Kong vs. Godzilla, tendo três dedos, sem orelhas e sem presas, além de dentes mais grossos e afiados. Somente no filme Godzilla de 1984 que Godzilla recuperaria sua configuração original.
A trilha sonora é tímida, praticamente não se usa o tema clássico de Akira Ifukube. A música de Masaru Satō acaba pontuando mais os momentos melancólicos do povo, especialmente depois que o Lagarto destruiu o castelo de Osaka.
Satô tinha grande respeito por Akira Ifukube e sua trilha. O compositor achou que era um grande desafio compor a trilha dessa primeira sequência. Até disse que que ouvir seu próprio trabalho aqui é como "ouvir uma criança tentando aprender".
Como Godzilla é o personagem central, sobra pouco espaço para os humanos. O mais próximo de um herói é o piloto Shoishi Tsukioka, um sobrevivente de um ataque de Gojira, interpretado por Hiroshi Koizumi.
Ele pega o avião, decide caçar Gojira por conta própria, mesmo que o escritório de Hokkaida indique que o tempo não é bom para esse tipo de voo. O instrumento usado na cena em que os aviões sobrevoam sobre Gojira nas montanhas cobertas de neve era na verdade um adereço de corda.
Nessa sequência Godzilla deveria estar andando em cena, mas a imagem não ficou boa, pareceu irreal, então a produção preferiu deixar ele simplesmente parado. De qualquer forma, ainda é uma das cenas de efeitos especiais mais infames do filme.
Depois mais naves tentam despejar um bombardeio na criatura, mas não conseguem vencer ele. Tajima, de Yoshio Tsuchyia percebe que se tacasse as bombas na montanha, poderia causar uma avalanche.
O ator conseguiu um papel neste filme porque queria estar em Godzilla, mas não pôde devido ao seu compromisso com Os Sete Samurais de Akira Kurosawa. Ele exigiu ser escalado para a sequência e foi escalado para o filme.
Ele queria o papel principal, assim como o diretor Oda, mas Toho negou essa possibilidade, então escalaram ele para ser uma das pessoas mais próximas de Tsukioka.
Essa foi a estreia na franquia da dupla Koizumi e Tsuchiya. Koizumi apareceria em quatro filmes da era Showa, bem como um nas eras Heisei e Millennium. Ele esteve em filmes como Mothra, a Deusa Selvagem de 1961, Ghidrah, o Monstro Tricéfalo e Godzilla Contra a Ilha Sagrada de 1964, Godzilla 1985 e Godzilla: Tokyo S.O.S. de 2003.
Já Tsuchiya apareceria em quatro filmes da era Showa e um na era Heisei. No circuito de cinema kaiju ele esteve em Varan: O Monstro do Oriente de 1958, Frankenstein Contra o Mundo e A Guerra dos Monstros de 65, O Filho de Godzilla de 1967, O Desafio dos Monstros de 1970 e Godzilla Contra o Monstro do Mal lançado em 1991.
Também há uma participação de George Takei, mais conhecido como tenente Hikaru Sulu na série Jornada nas Estrelas: A Série Clássica. Ele foi um dos dubladores contratados para este filme. O outro filme de kaiju em que ele dublou foi a versão americanizada de Rodan!... O Monstro do Espaço de 1956.
A cena em que Godzilla "brinca" em meio a pedaços de gelo, alguns em formatos claros de cubo, é exagerada demais. Bastante tosco. Ele ruge, inclusive abre a bocarra, para projetar sua voz.
O herói humano insiste e consegue encerrar Gojira no gelo, como em um esquife. Faz assim um fim que beira o poético, mas que permite que o personagem retorne, eventualmente, como voltaria.
Godzilla Contra-Ataca não é tão brilhante quanto o primeiro, menos sério, mais comercial e voltado para a diversão. Dado o curto prazo entre um episódio e outro, é notável a sua qualidade. Além disso, ele ajudou a estabelecer um formato de confronto entre monstros que se tornaria a base para toda a saga, exceção claro aos reinícios de era.
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