Review: American Horror Story: Freak Show 4x08 - Blood Bath

Amor de mãe. Quando o episódio de uma série promete um “banho de sangue” no seu título, é claro que nem sempre você espera algo literal. Se tratando de American Horror Story a coisa muda um pouco, pois é sabido que Ryan Murphy prima pelo exagero e pelo espetáculo quando quer incutir desdobramentos mais profundos para os seus personagens. Por mais que a sutileza de uma ação velada por pontuais mudanças no caráter – resultado da influência do meio – soe elegante quando falamos de um drama, no horror a violência exerce o mesmo papel, impressionando tanto quanto estas alterações. Em Blood Bath foi o viés materno e o poder feminino (dois temas recorrentes na série) que deu as caras pela primeira vez em Freak Show, trazendo com eles poderosas e sangrentas reviravoltas que colocam o quarto ano no mesmo nível de ousadia conquistado por Asylum.

A morte de Ma Petite foi tratada com toda a cadência esperada e desencadeou o espetacular enfrentamento entre Fiona e Ethel. Numa longa sequência na tenda da fraülein, a mulher barbada tentou cumprir a jura que fez se Elsa estivesse mentindo para ela sobre o sumiço das gêmeas. A dona do circo não tinha qualquer culpa na morte da pequena atração do show, mas mesmo assim teve que sofrer um pesaroso julgamento por parte da sua melhor amiga. Jessica Lange e Kathy Bates juntas destruíram nossos corações e eu confesso que me arrepiei com o tiro dado na prótese de madeira.

Ethel foi assassinada por Elsa, seguindo um ato desesperado de autodefesa e, mesmo tentando justificar tudo, Stanley foi pragmático e certeiro ao dizer que toda a reação foi regida pelo egoísmo da fraülein. A atuação exagerada diante do cadáver na floresta pareceu ter convencido os seus “filhos”, mas eu ainda acredito que Desiree ficou com a pulga atrás da orelha. Logo, se levarmos em conta toda a missão girl power das freaks para vingar o que o pai de Penny fez com ela, Elsa tem muito o que temer pela frente. Uma hora ou outra a verdade vai explodir naquelas tendas e será ela a pagar o preço mais alto.

Da mesma forma Jimmy segue como uma ameaça crescente. Meep, Ma Petite e Ethel se foram de forma violenta e o lobster boy vai perdendo o rumo pouco a pouco. Foi sensacional o modo como Elsa utilizou a presença da nova (e imensa) aberração, para garantir a Jimmy um futuro conforto, sem precisar por em risco o seu espetáculo. A jovem Barbara (ou Ima Wiggle) era o que faltava em Freak Show para completar a mais clássica das imagens do gênero. Mais uma vez eu não entendo críticas bobas para com o quarto ano, alegando o mimimi do “nada acontece”, ou “falta de foco” quando visivelmente a temporada transparece um planejamento impressionante e na verdade, enxergar isto num episódio roteirizado pelo próprio Ryan Murphy me deixa ainda mais feliz.

AHSFreak Show 4.2(2)

Querem um exemplo desse excelente senso de condução? É só repararmos com mais atenção em toda a trama de Dandy. Na cold open protagonizada pela sessão de terapia feita por Gloria muito do passado dele é dito, sem precisarmos que nada seja exposto demais. A relação edipiana típica da origem dos mais conhecidos psicopatas volta a tomar boa parte da storyline dos Mott, e eu confesso que continuo fascinado por todo aquele universo. A chegada de Regina deixa tudo ainda mais perigoso, sem soar forçado. Inclusive o destino – também esperado – de Gloria, me faz torcer novamente para que Ryan Murphy aposte numa entrada de Dandy em todo o turbilhão de acontecimentos no show de horrores.

Com uma última e irônica alegoria, Blood Bath coloca Dandy para absorver toda a indulgência do amor de sua mãe, de uma forma um tanto quanto aterradora. É o literal gosto de American Horror Story por sangue, fazendo o carrossel de horrores se renovar a cada volta.

P.S.: Pois é, meus caros, nos despedimos de Kathy Bates e Frances Conroy num só episódio. Isso é o que eu chamo de coragem.

P.S.2: Já li gente reclamando, mas eu não poderia admirar mais a dualidade de Maggie/Esmeralda. Emma Roberts está excelente.

P.S.3: Danny Huston numa ponta curiosa e intrigante. Será mais uma dica para a união de todas as antologias?

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