Depois do problemático episódio da semana passada, cuja maior função foi abrir caminho para eventos futuros, Arrow volta à boa forma, trazendo mais uma aventura recheada de elementos das HQs, sejam referentes ao Universo DC ou mesmo à sua estrutura, muito mais voltada à ação, algo que fica evidente na agitada sequência inicial em que Oliver ataca um assassino ao mesmo tempo que a polícia se apressa para chegar ao local.
A primeira parte da trama é dedicada à tentativa do Arqueiro e de seus parceiros no combate ao crime em descobrir quem era o alvo do tal matador. Felicity e Diggle atuam novamente dentro da "Arrowcave", e até compartilham uma cena de treinamento em que a moça percebe que talvez seja melhor focar apenas nos computadores. A dinâmica entre os três personagens continua ótima, mostrando que a decisão de incluí-la na equipe veio em um bom momento. A impressão também é que o segurança/parceiro de Oliver, interpretado por David Ramsey, consegue ter química com qualquer personagem. O ator prova que sua escalação para o papel foi realmente inspirada. Há também espaço para o retorno do Pistoleiro, vilão que todos achavam estar morto desde o episódio Lone Gunmen, contratado por China White para assassinar Malcolm Merlyn. Desta vez o personagem aparece em uma caracterização mais próxima à sua versão de papel.
O foco deste episódio, no entanto, é voltado à família de Tommy. O melhor amigo de Oliver está fazendo aniversário e recebe a visita de seu pai. Novamente Arrow demonstra a competência do responsável pelo casting. John Barrowman imprime confiança em seu Malcolm, assim como sua presença denota o perigo que representa. Ao entrar no apartamento de Laurel, onde era comemorada a importante data para seu filho, seu peso em cena é sentido imediatamente. Um dos bons momentos não voltados a ação em Dead to Rights. Também foi interessante Oliver e Tommy em uma conversa mais profunda que o simples “oi” habitual da série. Havia tempos em que a amizade de ambos não parecia mais a mesma do início da temporada. Infelizmente, para os dois, uma decisão do Arqueiro colocou, no ato final, o relacionamento em perigo. Queen, em um momento de desespero, acaba fazendo uma das maiores besteiras de sua vida como vigilante. E mesmo que o espectador coloque a mão na cabeça e diga: “não faça isso!”, é impossível não se relacionar com a atitude. O momento exigia algum improviso, mesmo levando para ramificações perigosas no futuro.
A segunda metade da trama começa com Oliver tentando se ajustar com McKenna. Momento romântico da semana, dispensável por um lado mas por outro, interessante, mesmo já usado em várias histórias de heróis com identidades secretas. Resta saber se os roteiristas saberão usar isso em favor da série. Partindo para a ação, o plano de Moira Queen finalmente é colocado em prática com a Tríade agindo na entrega do prêmio de Humanitário do Ano para Malcolm que, preocupado com a segurança do filho, parte para o ataque aos capangas chineses. Sabendo do ocorrido, o Arqueiro também vai ao local e enfrenta China White em outro combate brutal entre ambos. A montagem paralela, que intercala entre os dois momentos, traz um ritmo ágil e de tensão ao episódio. Boa direção de Glen Winter, que já havia estado em Smallville com igual competência (quando encontrava um bom roteiro pela frente, é claro).
Uma coisa que todo fã de HQ sabe é que basta Geoff Johns escrever um episódio de Arrow para uma simples referência ao Universo DC levantar interessantes possibilidades futuras. O roteirista, também responsável por bons momentos nas temporadas finais do seriado sobre o jovem Clark Kent, tenta agora ampliar o mundo do herói de Starling City, introduzindo uma citação rápida a Nanda Parbat, uma fictícia cidade nos quadrinhos ligada à personagens como Richard Dragon, um mestre em artes marciais capaz de fazer até mesmo o Batman se sentir intimidado. A referência ocorre quando Merlyn conta ao filho onde passou o período de dois anos depois da morte de sua esposa. Dragon não é citado, mas deixa aberta a possibilidade de ter sido o treinador do vilão, que descreve o homem com quem aprendeu a lutar como alguém que deu um “sentido” à sua vida. Malcolm é, então, o que Bruce Wayne deveria ter se tornado em Batman Begins, caso seguisse a filosofia de Ra’s Al Ghul. E é impossível não se perguntar se o antagonista do Homem Morcego não acabe dando as caras em Arrow. De todo modo, a série não usa apenas essa citação para dizer ao espectador que há outro antagonista perigoso para ameaçar a paz do Arqueiro. Nos flashbacks, Oliver e Slade Wilson descobrem que Fyers está seguindo ordens de um misterioso personagem. Seria essa figura sombria o mesmo homem que treinou Merlyn ou outro vilão de atuação global?
Infelizmente, quando já estava ficando difícil se lembrar de qual emissora Arrow faz parte, a cena final traz um choque de realidade usando um gancho típico da narrativa de folhetim habitual das séries do CW. A primeira aparição da atriz Alex Kingston como a mãe de Laurel traz a possibilidade de uma personagem ainda estar viva. Tomara que seja um embuste, algo que a matriarca da família Lance apenas acredita ser verdade. Seria pedir demais da suspensão de descrença de quem acompanha a série introduzir este elemento agora, que não faz sentido algum e, se verdadeiro, diminuirá toda a construção de Oliver e Quentin como personagens. Para saber o que vem pela frente, apenas em 20 de março, da de exibição do próximo episódio, que trará de volta a Caçadora.
P.S.: Procurem a referência bonitinha à Canário Negro.
P.S.²: Comentem abaixo! Queremos saber o que vocês estão achando de Arrow! 😉
Otima review Alexandre Luiz, como sempre.
Sei que muita gente quando termina um episódio de alguma série diz "melhor episódio da temporada". Quando eu leio isso, proncipalmente em episódios que eu sei que não foi grande coisa eu faço é rir. E isso acontece com TODA SÉRIE, seja de emissora tal ou de país tal.
Mas este episódio é uma exceção. É sem dúvidas o Melhor episódio da temporada, sem mimimi.
Até a próxima….