O Gato de Nove Caudas é um filme terror e suspense localizado dentro do panteão dos grandes filmes gialli. Orquestrado pelo mestre do horror italiano Dario Argento, é comumente lembrado como um dos espécimes mais icônicos dentro do estilo de Filmes de Matança.
Essa é uma coprodução entre Itália, França e Alemanha Ocidental, foi lançada em 1971 e é o segundo longa-metragem que Argento dirigiu.
É parte da trilogia dos animais, que é conhecida não só pela direção do jovem Dario, mas também por ter a trilha sonora assinada pelo maestro Ennio Morricone.
Esse é volume dois, é precedido por O Pássaro das Plumas de Cristal, lançado um ano antes, e sucedido por Quatro Moscas Sobre o Veludo Cinza.
A história é simples em premissa e intrincada em desenvolvimento, parte da vivência de um jornalista aposentado, que participa de uma investigação relacionada a uma trama de assassinatos, junto a um jornalista mais novo.
Esse homem mais velho é Franco Cookie Arnò, personagem de Karl Malden, ator americano ativo desde a época de a Hollywood clássica, tendo participado de obras cinquentistas famosas, como Uma Rua Chamada Pecado, Sindicato de Ladrões e Boneca de Carne. Também esteve no icônico Patton: Rebelde ou Herói, lançado em 1970, um ano antes desse Giallo.
Ele é um ex-jornalista que perdeu a visão. Ao seu lado está sempre a pequena Lori (Cinzia De Carolis de Canibais do Apocalipse), uma linda menininha que ajuda ele a se guiar nos afazeres domésticos. Os dois tem uma relação bonita, cheia de ternura, quase paternal.
Com o passar do tempo, entra na trama o jornalista investigativo Carlo Giordani, que é interpretado por James Franciscus, ator que vinha de participações em séries como Combate e The F.B.I. e filmes de monstro como O Vale de Gwangi, o sci-fi De Volta ao Planeta dos Macacos e o telefilme Escravos da Noite.
Juntos eles investigam os misteriosos crimes que envolvem um instituto de pesquisas genéticas.
O título do filme não se refere a um felino, tampouco ao popular chicote de pontas múltiplas, mas sim à quantidade de pistas a seguir na tentativa de solucionar os assassinatos.
Originalmente o longa se chama Il gatto a nove code, mas é encontrado na Argentina e Espanha como El gato de las nueve colas assim como na maioria dos países de língua espanhola.
Se chama Die neunschwänzige Katze na Alemanha Ocidental e The Cat o' Nine Tails nos países de língua inglesa. Em francês o nome é Le chat à neuf queues e em Portugal se chama O Gato das Sete Vidas em Portugal.
O filme foi rodado na Alemanha, com cenas em Berlim e na Itália, especialmente em Torino (ou Turim) e no Cinecittà Studios em Roma. Houveram locações em Piemonte, Via Vincenzo Vela (nas cenas dentro de casas), no Cimitero Monumentale, em Torino Porta Nuova (cena da estação de trem), na Via Santa Teresa, Via Secondo Frola, 2 Piazza Crimea e 2 Via Alessandro Vittorio Papacino.
Em Roma as gravações externas ocorreram na 16 Viale dell'Arte, E.U.R. em Lazio, na Pomezia, que foi a locação da cena final no telhado, além de filmagens na 7 Via Reno, que eram o exterior da Vila Terzi’s.
A história foi idealizada por Argento junto a Dardano Sacchetti, argumentista de Mansão da Morte, de Mario Bava. A dupla traçou junto o enredo e dividiu a escrita do roteiro. Como a produção foi montada com base nas primeiras 40 páginas do script, o diretor exigiu receber os créditos exclusivos de roteiro, por que segundo o próprio, esses trechos tinham sido escritos por ele.
Problemas em dar crédito a roteiristas não é algo incomum na filmografia de Dario. Ocorreu algo semelhante em outro filme do cineasta. Mansão do Inferno seria baseado em eventos familiares contados por Daria Nicolodi, atriz e ex-mulher do diretor, que havia ajudado ele a escrever Suspiria. No entanto, nesse filme citado, ela sequer é creditada.
Sacchetti anos depois participaria da escrita de outros clássicos do cinema de horror italiano, como Premonição e a Trilogia dos Portões do Inferno - Pavor na Cidade dos Zumbis, Terror nas Trevas e A Casa dos Mortos Vivos - todos filmes de Lúcio Fulci, além de Schock de Mario Bava, Tubarão Vermelho e Demons: Filho das Trevas de Lamberto Bava e Inferno Ao Vivo, de Ruggero Deodato.
O escritor acabou sendo creditado apenas como argumentista e ser creditado dessa forma significou um corte substancial no pagamento a Sacchetti, o que desencadeou uma disputa judicial acirrada e divulgada entre ele, Dario e Salvatore Argento, que também produziu o longa-metragem.
Luigi Cozzi, que assinava Luigi Collo na época, também foi creditado no argumento. Ele foi um contumaz parceiro de Argento, como em Quatro Moscas no Veludo Cinza e no documentário Dario Argento: Master of Horror, que o próprio Cozzi dirigiu.
Foi feito pelos estúdios Mondial Te.Fi., Seda Spettacoli S.p.A., Labrador Films e Terra-Filmkunst GmbH. A distribuição ficou com a Titanus na Itália, com a NGP nos EUA e com a Constantin Film Verleih GmbH na Alemanha.
A data de lançamento foi em fevereiro de 1971, com produção do já citado de Salvatore Argento, o pai de Dario, que fez antes Os Mandamentos de Um Gangster, além de ter produzido a estreia de seu filho na direção em O Pássaro das Plumas de Cristal. Os dois trabalhariam juntos ainda em várias obras, como Quatro Moscas Sobre o Veludo Cinza, Prelúdio Para Matar e Suspíria.
Também foram produtores não creditados Sergio Bonotti, que produziu Rita e o Mosquito, Perdão, Meu Amor e Não Brinque com o Mosquito, e também Raoul Katz de Ettore, O Machão e Manika - A Menina Que Nasceu Duas Vezes.
O Gato de Nove Caudas foi um sucesso comercial na Itália, mas não no resto da Europa. O filme foi aclamado nos Estados Unidos e apesar da popularidade, Dario Argento não gostou muito dele, tanto que há algumas declarações do diretor, afirmando que esse é o menos querido entre os seus filmes.
A partir daqui falaremos com spoilers. Como filme precisa do mistério para ser apreciado, resolvemos avisar. O aviso está dado.
A trama tem início mostrando um homem cego na rua - Franco Arnò - que é acompanhado de sua pequena amiga, Lori. Nesses breves momentos fica claro que os dois tem uma relação bem próxima, quase familiar, especialmente pelo fato da menina chamar ele carinhosamente de Biscoito, ou Cookie em inglês.
Esse personagem é bastante esperto, a despeito da postura bonachona que carrega. Ele tem por hobby estudar casos criminais violentos e ao ouvir a história da morte de um cientista no noticiário, passa a acreditar que aquilo pode ter a ver com um assassino serial. Como ele tem uma limitação física óbvia, passa então a nutrir a ideia de buscar ajuda de um profissional de sua própria área, um colunista de jornal, que ele gosta muito da escrita.
Antes desse encontro a trama trata de colocar em seu centro o doutor Calabresi, personagem de Carlo Alighiero (O Estranho Vício da Senhora Wardh), um homem poderoso, que trabalha em um laboratório experimental, que foi invadido possivelmente graças as pesquisas secretas ali feitas. Quando percebe que pode estar em perigo, então avisa a sua mulher, Bianca Merusi (Rada Rassimov), para ficar atenta.
Dessa forma a sua morte não é uma surpresa, mas a maneira que ele morre é curiosa e misteriosa, já que ocorre em uma estação de trem, escorregando e caindo no trilho, onde é atropelado pelo primeiro carro.
A sequência é toda esquisita, por conta de haverem vários fotógrafos na plataforma. Por uma estranha coincidência, sua morte acabou sendo largamente documentada, mas deixaram ele de lado, quando um dos vagões abriu, mostrando uma estrela que acabava de chegar viagem.
Não fica exatamente claro qual era a ideia do texto nesse ponto. Talvez houvesse aqui uma ideia de crítica a futilidade italiana e a cultura dos fotógrafos paparazzi, mas isso não é muito desenvolvido, também não fica claro se houve um maior aprofundamento dessa questão nos rascunhos de Sacchetti ou Cozzi. Como isso ocorre bem no início da trama, a impressão é de que não seria aprofundado nada.
É justamente o texto sobre esse assassinato que une o destino de Carlo Giordani e Franco Arnò. Depois que lê essa matéria, o jornalista veterano vai na redação, faltar com o personagem de James Franciscus. Nessa conversa ele verbaliza sua suspeita de que a morte foi induzida por alguém e não um acidente. Seu palpite é certeiro.
Giordani usa os seus contatos e liga para o autor da foto. O fotografo Righetto (Vittorio Congia) e ao analisar algumas fotos não publicadas no jornal, ele encontra uma mão empurrando o cientista, confirmando assim a suspeita do cego.
No entanto, antes que Carlo possa chegar a sua casa, o fotografo sobre um atentado e acaba morrendo. O assassino estava à espreita, provavelmente ouvindo a ligação. Morreu desfigurado, com o rosto destruído pelo malfeitor.
Depois dessa morte, Carlo fica preocupado e veste imediatamente a máscara do sujeito paranoico. Ele perde o controle de forma sobre o próprio pensamento de forma tão categórica que o seu cotidiano muda, até momentos corriqueiros, como o ato de se barbear, se torna alvo de receio. Ele desconfia de todas as pessoas ao seu redor, até das que lhe prestam serviços básicos.
As pistas levam ele a conversar com a filha de Terzi, o dono do laboratório. Ela é a jovem Anna, uma bela mulher, interpretada pela musa Catherine Spaak. Apesar dela se envolver com o mocinho, ela é resumida a figura da dama fatal, mesmo que se apresente apenas como uma possível vítima. O tempo inteiro ela é retratada como alguém que esconde algo.
A cena de apresentação entre Giordani e Anna é uma referência ao romance O Sono Eterno (The Big Sleep no original), de Raymond Chandler, onde Marlowe conhece Vivian Regan na casa de seu pai. Há inclusive diálogos idênticos, entre livro e filme.
O maior indício de que Anna não é quem ela diz ser é a forma como ela se porta enquanto dirige. Ela conduz de maneira perigosa, é boa em fugas de carro, tem a língua ferina e um grande instinto de sobrevivência. Se mete em uma grandíssima cena de fuga, que exigiu bastante do cinematógrafo Enrico Menczer.
Os carros utilizados no filme são valiosíssimos, tanto o Porsche 356 B cupê 1960, que Carlo conduz, como o automóvel azul que Anna dirige, um Fiat Dino Spider 1967. Em bom estado ambos os veículos podem valer mais de 100.000 dólares.
Giordani segue nas investigações, vai atrás de um suspeito, em uma boate colorida, que obviamente faz referência as casas de show habitadas por pessoas homossexuais. Lá ele encontra um dos cientistas do laboratório, o Dr. Braun (Horst Frank), que claramente é efeminado.
Não fica claro se a intenção do roteiro era criticar a sociedade, que associa as parcelas não heteronormativas com crimes. Como Argento já havia aludido a isso no caso de suspeição da polícia em O Pássaro das Plumas de Cristal, onde um guarda erroneamente prende uma travesti, acredita-se que sim, essa é uma crítica ao comportamento da sociedade.
Braun obviamente não está sozinho e para confirmar sua orientação sexual está lá Manuel, personagem de Werner Pochath que varia entre o arquétipo de capanga/assecla e amante. No entanto, essa incursão resulta em algumas informações desencontradas, que mais confundem que ajudam o entendimento do caso.
Bianca segue tentando investigar o que ocorreu com Calabresi por conta própria e nesse movimento, acaba se pondo em perigo. Mais uma vez se insere o elemento do telefone, ela liga para a dupla de jornalistas, dizendo que tem uma suspeita de quem matou seu marido, e acaba sendo mais uma vítima, capturada pelo pescoço, enforcada com a mesma corda de aço que o homicida usou nos outros crimes.
A trama é meio atropelada e o ritmo carece de um cuidado maior. Grande parte da narrativa se resume a personagens se colocando em potencial perigo ou entrando em contato com Giordani. Também se estabelece o clichê de quem liga para Carlo, acaba sendo morto.
Nesse trecho ela só não perece após ter uma noite de amor com o personagem de Franciscus graças a rapidez do mesmo, que consegue tirar dela o copo de leite envenenado assim que recebe um estranho telefonema, onde o assassino assume que envenenou a caixa que estava na geladeira de sua casa.
O assassino é implacável e vaidoso, tanto que gosta do jogo de gato e rato, gosta de dar pistas, tenta o tempo inteiro se provar mais rápido e esperto que os investigadores. Seu pecado de vaidade recebe um salário pertinente, não fosse o desejo do assassino em dar informações, dificilmente o final se encaminharia para um clímax positivo para os mocinhos.
Carlo não é o tipo de herói limpinho ou apegado a moralidade básica. Parte dos seus contatos é do submundo e é a partir daí que ele acaba pedindo ajuda do apostador - e arrombador de cofres - Gigi, de Ugo Fangareggi. Os dois vão atrás do cofre de Terzi, mas nem assim conseguem pistas boas.
Os momentos intermerdiários são excessivamente longos, Argento estica o filme, deixa uma barriga quando a obra chega perto da metade, fato que evidencia a desnecessária extensão grande da trama, fato que faz o longa carecer de dinamismo.
Ao menos há alguns momentos estranhos e meio assustadores, que flertam com o sobrenatural, como a cena no cemitério, onde a dupla de protagonistas acaba quase se voltando um contra o outro. A paranoia de Carlo também consome Arnò e os dois quase entram em conflito.
Se há uma grande mensagem no filme é a de que se envolver em uma trama tão macabra cobra um preço alto, talvez o da sanidade mental.
A cena de Giordani na tumba, depois de ser preso lá no absoluto breu é sensacional. Toda a sequência mira estabelecer uma confusão, uma maré de suspeitas, jogadas entre os dois profissionais das letras, especialmente depois que de fa bengala do homem velho sai uma lâmina ensanguentada.
Não fica claro se Arnò sabia que ela estava suja - afinal, ele não a viu - mas esse ponto deixa evidente que ele se mete em brigas, possivelmente matou alguém durante a sua vida e esqueceu de limpar o objeto. No entanto essa nova problemática não tem tempo de ser desenvolvida ou digerida, já que eles recebem a ligação de que o vilão raptou Lori.
A aposta do texto é de que o público vai acreditar na dubiedade das pessoas em tela, confiando assim apenas na sensação de que nenhum personagem é digno de torcida ou aposta.
Apesar de não ficar claro quem pode ou não estar falando a verdade, todo o trabalho emocional anterior colocou tanto Giordani quanto Franco como boas pessoas, portanto, são livres da suspeição.
Ainda há uma revelação óbvia de que Anna mentiu o tempo todo, revelando que é basicamente para se livrar da suspeita dela ser o matador. Ela diz que está sendo encarada como suspeita graças ao seu passado de prostituição e como de fato ela não tem ligação com as mortes, a narrativa corrobora a sua versão.
A trilha sonora de Morricone fica mais frenética quando os investigadores entram nas dependências dos laboratórios do instituto Terzi.
Durante esse assalto noturno, ouve-se um médico assobiando a música de abertura do filme O Pássaro das Plumas de Cristal. É Morricone se auto referenciando. No entanto, arma-se um clímax, mas nada ocorre, resultando em mais um despiste, parecido com os que ocorriam nas fitas de suspense de Alfred Hitchcock.
Os momentos finais no telhado do laboratório variam de qualidade. A revelação de quem é o assassino é meio abrupta, assim como a briga entre ele, o dr. Casoni (Aldo Reggiani) e o herói Carlo. A disputa é muito desigual, o doutor dá uma surra nele, deixa o seu rosto ensanguentado, faz ele rolar pelo telhado.
No entanto esse antagonista é tratado como tolo, já que é traído por seu desejo de provocar mal a inocentes. Quando ele olha para o lugar onde Lori estava escondida, ele parte na direção dela, de maneira quase irracional. Foi ele quem a colocou ali, foi ele quem escondeu o paradeiro, mas quando revelam, ele parece ser necessariamente guiado para lá, de maneira instintual.
É nesse ponto que Giordani o pega, mesmo estando ferido, ainda se coloca na frente da faca que acertaria a menina. O assassino é pego por Arnò e a explicação da sua motivação é baseada em um clichê comumente utilizado no cinema de horror.
Casoni afirma que tinha os cromossomos XYY e boa parte das histórias de assassinos nas décadas de 1960 e 1970 afirmavam erroneamente que as pessoas afetadas pela síndrome XYY teriam necessariamente tendências criminosas.
Cerca de um em cada 1.000 meninos nasce com essa configuração genética e a condição sabida é que essas tendem a ser altos e ter dificuldades com a linguagem. O quociente de inteligência (QI) pode ser inferior em relação a parentes de sangue dessas pessoas, mas não é nada tão agressivo ou diferenciado. O máximo que pode ocorrer é a pessoa ter dificuldades de aprendizagem ou transtorno do déficit de atenção/hiperatividade etc.
Comportamento agressivo, criminal ou violento é uma teoria descartada pela ciência há muito tempo.
Houve um final mais longo filmado, no qual Lori e Cookie se reencontram, seguido de um epílogo em que Giordani se recupera dos ferimentos. Ele é chamado em seu apartamento, onde é mostrado que ele está com Anna.
Dario Argento cortou essas cenas por sugestão de Luigi Cozzi, que achava a sequência muito parecida com a dos filmes estadunidenses. Existem imagens de divulgação que mostram Giordani enfaixado, na cama com Anna, mas as filmagens dessas cenas não foram encontradas, possivelmente estão perdidas ou em posse da família Argento.
A escolha do diretor foi a de terminar com o vilão morrendo, caindo de um fosso bizarro, terminando de forma abrupta, assumindo assim que mesmo que Carlo e Franco fossem as pessoas com mais tempo de tela, o protagonismo possivelmente seria do assassino.
Argento refina sua direção, mas demonstra apego grande demais a duração de suas obras, fator esse que pioraria ao longo do tempo. O saldo é positivo, a despeito do gosto do próprio diretor.
O Gato de Nova Caudas é um filme violento, agressivo e ainda mais bizarro que o seu antecessor. Vale pela perseguição de carros, pelas belas imagens que Argento conduz, pela música claro e pela tensão de seu final. É sem dúvida um grande expoente do estilo Giallo, um filme imortal na filmografia do horror italiano no geral.
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