O texto a seguir contém informações quanto a trama do episódio. Não são spoilers, mas se você não quer saber nada antes de assistir, fique avisado.
A notícia de que Robert Knepper viveria o Rei Relógio em Arrow foi recebida com bastante alarde pelos fãs. Quem conhece o ator sabe de sua qualidade singular para interpretar antagonistas e como confere a eles uma certa aura de psicose e ameaça. O problema é que a série do Arqueiro já criou a tendência de apresentar inimigos unilaterais, sem muito a oferecer senão o habitual caso da semana. Time of Death não foge a regra, mesmo que aqui e ali, tente colocar alguma profundidade no personagem, sem muito sucesso.
Em vários aspectos, a forma como os roteiristas tratam os vilões em Arrow até lembra um pouco o seriado dos anos 60 do Batman. Na maioria das vezes, estão ali apenas porque a história precisa de um antagonista para colocar Oliver Queen ou seus aliados em perigo. Claro que sem o elemento "galhofa" daquela adaptação do Homem-Morcego, mas ainda assim, pertencendo à mesma natureza. Apesar de apresentar o Rei Relógio com uma história interessante, incluindo uma rara doença, a Síndrome MacGregor (em uma referência inesperada ao filme Batman & Robin) e uma irmã enferma, o roteiro jamais aprofunda isso, distanciando o espectador de qualquer empatia pelo personagem, mesmo com a interpretação certeira de Knepper, que não se rende à caricatura. O material seria digno de episódios clássicos das séries animadas do Batman e do Superman, como Coração de Gelo (que mostra o primeiro confronto do Morcego com o Mr. Freeze) ou Feeding Time (em que o Azulão enfrenta o Parasita). Porém o que os diferencia é justamente o tratamento dado aos antagonistas. Arrow sempre vai preferir mostrá-los de forma unilateral, enquanto aquelas animações dos anos 90 davam camadas a eles, fazendo com que o motivo da vilania tocasse o espectador.
Enquanto continua falhando no quesito apresentado acima, é nas relações entre os protagonistas que o seriado se sai bem. E em Time of Death há inúmeras oportunidades bem aproveitadas. O maior destaque vai para a subtrama da família Lance. Com direito a Quentin roubando a cena várias vezes, seja em momentos bem humorados, como quando conversa com Oliver na festa de boas-vindas de Sara, ou naqueles mais dramáticos, em especial em seu esperançoso diálogo com Laurel, quando está contente pelo aparente fato de sua família estar voltando aos eixos. Mérito do ator Paul Blackthorne que, aos poucos, transformou o policial, de alguém que os espectadores não se importavam, a um personagem complexo e cheio de nuances. A jovem advogada também tem sua hora, quando explode de raiva e frustração no jantar que promove para tentar se reconciliar com sua irmã. Mas é com Oliver que divide o grande momento do episódio. O protagonista mostra que não precisa de máscara para salvar alguém em perigo e usa de um discurso sem floreios para dizer algumas verdades a Laurel. Stephen Amell, mais uma vez, não teme suas limitações como ator e, e por isso, ganha a cena.
Time of Death também inclui uma eficiente subtrama envolvendo Felicity, que começa a se sentir deixada para trás, agora que o Time Arqueiro está lotado de heróis que comparam cicatrizes. A jovem hacker não tem nenhuma e se diminui por isso, mesmo com Diggle explicando a ela o quanto a indispensável para a equipe. A resolução de tudo, que inclui até um momento "cute" entre a moça e Oliver (fãs quem torcem pelo casal Olicity suspiram na cena), é mais do que satisfatória e ajuda a crescer com a personagem, que realmente não teve muito tempo de tela nesta temporada.
Nos flashbacks, uma interessante inversão de foco, com as cenas da ilha dedicadas às memórias de Sara e uma boa explicação para sua ligação com Sin no presente. Aliás, hilária a cena em que as duas se abraçam na festa de boas-vindas.
Com um gancho pra deixar qualquer fã ansioso pelo próximo episódio, Time of Death não é a amostra do que Arrow consegue fazer de melhor, mas se sai bem em boa parte de sua estrutura. Fica a esperança de um retorno do Rei Relógio para uma participação mais efetiva. Na próxima temporada, talvez, porque aparentemente, a partir de agora, o seriado estará bastante focado em sua trama principal.
P.S.: Desde a primeira temporada a existência de Ted Kord no universo da série ficou estabelecida e nesta, já tivemos o logotipo da Kord Industries mostrado duas vezes, com a sede da empresa aparecendo em Time of Death. Será que o Besouro Azul está nos planos para o futuro de Arrow? E por falar em referência, não pisque na sequência de perseguição ao ônibus para não perder o pôster do filme do Demônio Azul, que aparece rapidamente. Essa é pros fãs mais experientes dos personagens da DC Comics.
Gostei muito. Mas achei a participação do grandíssimo Knepper aquém mesmo
Mas na HQ existe a Sara Lance? como ela chama? Ela é a companheira de lutas do Arrow mesmo?
"…. And what are you wearing?" , melhor frase do episódio!!!!
Existe a Canário, mas na verdade é a Laurel. Não se sabe ainda se ela vai assumir a identidade da heroína na série.