Contém spoilers do episódio
Sem dúvida alguma, a terceira temporada de Arrow encontrou seu caminho. Os episódios recentes tem revelado ao espectador como o seriado estava empalidecido antes do primeiro hiato, em dezembro e mesmo antes do segundo, no começo de fevereiro. Mas, ainda assim, Public Enemy, com todos os seus bons momentos de tensão e perseguição, comete tropeços bobos, alguns até zombando um pouco da inteligência dos fãs.
Depois da morte da prefeita de Starling, o Capitão Lance promove uma verdadeira caçada humana ao Arqueiro e seus companheiros de combate ao crime. Nisso, o texto acerta e cria sequências excelentes, fechando gradativamente o cerco aos heróis, até o ponto de toda a esperança parecer estar perdida. É uma trama pesada e sombria, colocando nos ombros de Oliver o peso de suas decisões passadas. Stephen Amell não desaponta ao transmitir a culpa que seu personagem sente e sua interpretação é fundamental para que o drama funcione. Da mesma forma, apesar de um tanto incongruente, não é tão difícil comprar a ideia de Quentin Lance declarando guerra aos justiceiros. Paul Blackthorne novamente tem a oportunidade de se destacar, em uma atuação certeira, já que vive o policial como alguém cego pela sede de vingança por Sara. Mesmo que tenha vivido o suficiente para ver várias demonstrações de heroísmo por parte do Arqueiro, sua atitude pode ser justificada pelo que sente desde que descobriu a morte de sua filha mais nova. Mas só por isso, e aí o roteiro mostra suas fragilidades, pois sem a interpretação de Blackthorne seria apenas um ponto de virada sem muita lógica.
É muito fina a linha que segura a trama desta temporada. Ela pode arrebentar a qualquer momento, principalmente nestes episódios cada vez mais próximos da season finale. Qualquer derrapada é suficiente para tirar o espectador da história e há toda uma sequência essa semana que vai justamente por esse caminho. Quando Oliver decide se entregar para a polícia, a plot se torna interessantíssima com a possibilidade do protagonista preso junto a inúmeros criminosos que ajudou a capturar (aliás, essa seria a sinopse de um filme do Arqueiro que não foi para frente). Mas, o roteiro prefere adicionar outro elemento na equação, jogando fora a oportunidade e a lógica já que naquele ponto já não faria sentido outra pessoa assumir ser o vigilante. Principalmente Roy. Sim, é ótimo ver o parceiro jovem de Oliver tomando as rédeas da situação, como havia feito no arco de episódios com o vilão Brick, mas desde que de forma coerente. Lance sabe que Harper é o Arsenal, o máximo que deveria acontecer após o que texto considera um cliffhanger digno seria a prisão dos dois heróis. A cidade toda sabe da existência do sidekick, inclusive.
Outra aparente derrapada no episódio é a irmã gêmea de Shado. A ideia é ridícula, no mínimo, e não acrescenta absolutamente nada aos flashbacks, a não ser que a personagem venha a aparecer no futuro, nem que seja para tomar conta do filho de Maseo. Mesmo assim, a inclusão da moça parece apenas uma desculpa para trazer Celina Jade de volta ao programa, mas de forma gratuita. Oliver estava em Hong Kong e simplesmente esbarra na irmã gêmea de alguém que conheceu na ilha? É pedir demais que o espectador veja esse tipo de subtrama se desenvolver sem se questionar.
Em meio à correria do cerco da polícia, Public Enemy encontra tempo para uma situação envolvendo Felicity e Ray que pode ter dado pistas sobre os futuros poderes do Eléktron. O problema é que em meio à isso, os realizadores acharam que seria uma boa ideia trazer a mãe de Felicity de volta. Além do alívio cômico e de momentos de vergonha alheia a personagem não acrescenta muito e só serve para pesar ainda mais contra a fragilidade do episódio.
Com aparições importantes de Ra's Al Ghul, finalmente se colocando como o vilão da temporada, com cada ação tendo peso no desenvolvimento da história, além de uma presença de tela impecável graças a atuação de Matt Nable, a aventura da semana não é ruim, mas não por falta de tentativas do texto, que força situações incoerentes para tentar sempre deixar o espectador chocado ao final de cada episódio. Arrow sempre foi famosa por seus cliffhangers, mas isso não significa que deva utilizar o artifício semanalmente. Aos fãs, resta a espera de duas semanas e a esperança de que tudo será amarrado de alguma forma.
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Concordo absolutamente no que você descreveu, mas há de se dizer que este foi o melhor episódio da temporada e um dos melhores da série, porém, houve três coisas que fizeram o episódio não ser perfeito, sendo dois deles destacados na sua review.
Primeiro: A questão da irmã gêmea de Shado, também achei muita forçação de barra (assim como aquele motorista de avião que caiu na ilha com o nome de Sin no cartão, dando-o para Sara). O que eu achei estranho, foi a reação da moça ao descobrir que sua família está morta. Ok, ela chorou e tudo mais, mas houve o momento que eu achei que ela estava realmente dando uma de coringa e rindo da situação, mas não foi o que aconteceu.
Segundo: Roy se entregar como o arqueiro ? WHHHAT? Pqp heim, "acanalhou" o episódio, e o pior é que ele realmente vai ser preso por ser o vigilante, mesmo com o detetive sabendo que ele é o Arsenal. Ou seja, Oliver escapa novamente, o que é uma lástima, já que esse pequeno piloto tinha tudo pra dar certo.
Terceiro: Já que a polícia foi atrás de Oliver, então ela foi atrás de Thea também, por questão de lógica. Portanto, eles devem (ou deveriam) ter batido na porta da casa de Thea e se deparado com nada menos que Malcom Merlym. O que poderia ter deixado a vida de Oliver muito pior do que já era.
Enfim, episódio muito bom, quase excelente, mas por esses "errinhos" não alcançou a nota dez. Mas, pelo o menos, o episódio me trouxe aquela adrenalina que eu não sentia desde o tempo de Slade Fucking Wilson.