Review: The Flash S01E17 - Tricksters

Alguns pequenos spoilers no texto a seguir.

TrickstersEm 1990 o mundo da Cultura Pop ainda não havia se recuperado da invasão de quadrinhos promovida pela Warner no lançamento de Batman (Tim Burton, 1989) e como tudo é mercado, em parceria com a CBS, o estúdio da caixa d'água lançou uma série de TV ambiciosa, com episódios caros e repletos de efeitos visuais complexos para a época, além de uma luxuosa direção de arte, que emulava o visual cartunesco da adaptação cinematográfica do Homem-Morcego. The Flash estreou com bons números, mas a audiência não foi suficiente para manter mais do que uma temporada e o programa foi prematuramente cancelado. 25 anos depois, está no ar uma nova série do velocista que jamais negou a inspiração na original. Sejam em alguns momentos distintos ou na escolha do elenco, com John Wesley Shipp, o Barry Allen dos anos 90, agora vivendo o pai do herói, os produtores fazem questão de demonstrar um grande respeito pelo programa antigo. O que faz o episódio Tricksters ganhar atenção especial, já que traz Mark Hamill novamente no papel do vilão Trapaceiro, reprisando o personagem que interpretou duas vezes no primeiro seriado.

Na trama, em meio à desconfiança por parte do protagonista quanto as reais intenções do Dr. Wells, Central City começa a sofrer ataques atribuídos ao vilão Trapaceiro, na verdade uma nova versão do bandido (Devon Graye), já que o original, James Jesse (Mark Hamill) se encontra preso em Iron Heights. Para entender de onde surgiu a anárquica cópia, Barry e Joe vão até Jesse, que está em uma cela especial e, no melhor estilo Hannibal Lecter, passa a ajudar a polícia no caso. Ou pelo menos, é o que parece, durante a primeira metade da trama. O retorno de Hamill é um belo agrado aos fãs mais velhos e uma chance para os mais novos conferirem um ator em plena forma (até mais do que estava quando viveu o Trapaceiro no passado). Sua experiência no mundo da dublagem trouxe ao eterno Luke Skywalker um domínio maior da voz, que o permite criar um vilão no limite da galhofa, mas ao mesmo tempo assustador, de um jeito muito próprio. Canalizando o que já havia feito com o antagonista, sua longeva participação em desenhos do Batman dublando o Coringa e uma presença digna do canibal de O Silêncio dos Inocentes, Hamill garante uma participação memorável, com direito até a uma divertida brincadeira com Star Wars. Tricksters traz também outro ator da série clássica, Vito D'Ambrosio, também reprisando seu personagem, Tony Bellows, antes um policial de rua, agora prefeito.

Mas este 17º exemplar de The Flash vai além da mera homenagem e se posiciona como um dos mais importantes para a trama principal da temporada ao trazer informações valiosas sobre o passado do Dr. Wells. Por meio de flashbacks, o espectador finalmente entende como o cientista pode ser também Eobard Thawne em uma reviravolta que faz referência direta a um elemento de Fringe (os fãs da série reconhecerão na hora, quem nunca assistiu pode usar como desculpa para conhecer essa pequena joia da ficção científica na TV), programa que durante 5 temporadas tratou de viagens no tempo e universos paralelos, elementos presentes na mitologia do Flash nas HQs e que, aparentemente, marcarão presença na adaptação de agora em diante. Apesar de, inicialmente, soar um pouco deslocado, o passado do Dr. Wells acaba se conectando bem tematicamente, graças a ideia de um vilão oculto, pertinente na aparição do Trapaceiro, e até mesmo ao tema de paternidade, que surge quando o roteiro inclui uma participação mais ativa de John Wesley Shipp, colocando-o no centro do confronto do velocista com seu recém-adquirido inimigo.

Tricksters

Também existe espaço para mais algumas decisões erradas de Barry, que na definição de Joe em determinado ponto, é uma pessoa que sempre espera o melhor dos outros, o que às vezes o cega quanto a algumas atitudes. Apesar de parecer algo um tanto apressado, o roteiro acerta ao colocar o protagonista revelando sua identidade para um certo personagem, uma vez que a trama tem avançado em torno deste coadjuvante em questão, mesmo que aos poucos. É algo que certamente terá repercussões, inclusive nas motivações do Flash Reverso. Ou seja, mesmo sendo uma demonstração da ingenuidade de Allen, faz sentido para a trama da temporada.

Atrativos não faltam em Tricksters, que já está facilmente na lista dos cinco melhores episódios deste primeiro ano da série. Trazendo ainda a descoberta de uma das habilidades mais famosas do herói de vermelho, a aventura diverte, emociona (como nas duas cenas de Shipp no final, belíssimas) e intriga o espectador, em uma narrativa fluida graças ao bom roteiro de Andrew Kreisberg, que sai da mera condição de produtor/showrunner para escrever sua "carta de amor" ao seriado dos anos 90, que comprova sua importância ao mostrar que mesmo com a curta vida de uma temporada, foi suficiente para inspirar toda uma geração de fãs de quadrinhos.

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Alexandre Luiz

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1 comment

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    Mariana Lima 3 abril, 2015 at 12:37 Responder

    Adorei as referências a Star Wars, Fringe e Silêncio dos Inocentes! Amei o episódio, amei o vilão, foi um dos melhores da série. Porém tenho algumas críticas:
    Achei totalmente desnecessário a revelação da identidade do Flash para o Eddie, o próprio Flash poderia ter inventado aquela historinha de visita ao Brasil….
    Quando o Flash disse para a Iris que se perguntava porque ainda usava a máscara quando estava com ela, eu me perguntei a mesma coisa. Se ele sai se revelando a toa pra qualquer um, porque não falar logo a verdade pra ela? Ela já esta sempre na mira dos vilões, aquela historia de que é pra protegê-la não cola mais.
    Por ultimo, me incomodou bastante o fato do Flash ter atravessado o caminhão para destruir a bomba sem destruir a própria roupa e o comunicador que ele usa para falar com o pessoal da STARS LAB. Sei que é série de herói e tal, mas isso me tirou da história de uma forma bem ruim…..

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