Quando não se peca pela simplicidade. Já ficou claro para todos nós que Bates Motel nunca quis nos apresentar uma narrativa robusta, com direção memorável ou mesmo truncada pelos maneirismos que se espera de um prequel. Em pouco tempo, a força da interpretação do elenco se tornou presente quando a série gerava comentários ou elogios e nisto os nomes de Vera Farmiga e Freddie Highmore eram ditos de praxe. A finale (passou tão rápido né?) pode ter sido uma banho de água fria para os fãs ávidos por corre-corre e twists a cada cinco minutos, mas em nenhum momento ela soou enganosa com tudo o que vimos até aqui. Acho até que me surpreendi com as conexões inesperadas nas quais a despedida se encostou.
Tivemos dois plots principais e os dois foram mantidos pela interação de Norma e Norman com os coadjuvantes de suas “pacatas” vidas. A chantagem de Abernathy (ou talvez Joe Fioretti) ainda manteve a paranoia de Norma ativa. A milionésima denúncia feita na delegacia de White Pine Bay com a mama Bates espantada que a atendente ainda não a conhecesse levou o xerife Romero a fazer uma derradeira promessa a Norma, a de que ele cuidaria de todo o problema. O ar suspeito que Romero sempre assumiu, desempenhou um papel primordial na virada mais inesperada do episódio, mas isto não veio antes de Norma procurar a ajuda de Dylan.
A relação conturbada dos dois sempre esteve em suspensão e rendeu momentos dolorosos durante a temporada. Dylan voltar atrás e ajudar a mãe a se defender de Abernathy foi mais um passo na aceitação da instabilidade que é Norma Bates. Foi bem emotiva a cena em que ele a chama de mãe, mesmo que a situação fosse mais do que bizarra para se construir um caminho para o perdão. Depois dessa aproximação, rolou até um pedido de calma para Norman, quando ele grita com a mãe por besteira.
Por causa e medo, Norma faz uma visita solo ao psicólogo, porém é um diálogo tão visivelmente encoberto por mentiras, que nem ela consegue lidar com sua própria negação. Há muito tempo que os abusos que a fizeram se esconder por detrás de uma dona de casa respeitável, já não mereciam ser omitidos e por mais que possa parecer aleatória, a confissão que ela faz para Norman, deve ter sido tão difícil quanto encobrir a doença do filho. O receio de não passar daquela noite também teve parte no desabafo.
Como Norman ainda tenta se encaixar na realidade onde Bradley o aceite, ele só se enrola cada vez mais. Emma até acreditou numa mudança do amigo quando ele a visse pronta (e linda) para o baile, porém Norman já estava cego por platonismo e ciúmes. Merecidíssimo o soco que ele leva do playboy, não por estar stalkeando Bradley (mais antipática a cada episódio), mas sim por ter acabado com as esperanças de Emma. Quem vai confortar Norman é a professorinha, que na verdade só estava saindo de um relacionamento difícil. O magnetismo da ingenuidade do rapaz continua a atrair as moças a sua volta.
Já que a meia-noite chegou, Norma aposta no visual noir pra ir até as docas e encontra o xerife Romero antes de Abernathy. Desde que o policial mostrou saber onde estava o dinheiro eu apostei que ele ia tentar reafirmar a parceria com o chefe dos finados amigos. Romero se mostrar um verdadeiro justiceiro ao defender a “integridade” de White Pine Bay, foi bem mindfuck. A expressão de surpresa de Norma me fez rir muito, já até aposto num possível romance entre os dois, pois senti um leve ar de devoção por parte da mama Bates.
O cliffhanger veio mesmo com a segunda vítima de Norman e o toque esquizofrênico dos conselhos maternos, quando a professora tenta seduzi-lo. Eu não escolheria um melhor momento para fechar um primeiro ano que decididamente é irretocável. Bates Motel já deve estar na lista das mais esperadas para próxima mid-season e por hora a gente só fica no aguardo das prováveis (e esperadas) premiações vindouras. Até lá meus caros amigos.
P.S.: Mil pontos para todas as expressões faciais de Vera Farmiga. Norma louca, triste, angustiada, gritando, revoltada, quanta satisfação por um personagem em tão pouco tempo.
P.S.2: Visual de Norma na alucinação de Norman. Referência bem vinda a Psicose.
Acredito que eles tenham evitado de fazer algo mais nessa SF visando a próxima temporada. O foco da série é Norman e Norma, e tudo que levou ele a se transformar em um serial killer, portanto é justo que o cliffhanger tenha sido a morte da professora, porque se fosse algo fora da vida de Norman, como o lance do tráfico por exemplo, tiraria o foco do mote da série. Nada tira de Bates Motel o titulo de melhor estréia da temporada. Muita coisa ficou em aberto nessa SF, tal como o fato da professora ter um ex-namorado que a perseguia, então ninguém garante que não aconteça um flashback mostrando uma luta entre Norman, a professora e o ex dela. Tem ainda o xerife que esconde segredos, sem dúvidas. O trabalho de Dylan. O envolvimento de Dylan com Bradley. Essa história do irmão da Norma, que ele pode aparecer na vida dela de novo. Bates Motel tem infinitas coisas pra explorar. Pena que vai demorar tanto pra 2ª temporada. Dá vontade de assistir mais e mais episódios sem intervalo de tão boa que a série é.
Concordo com tudo o que você falou, os ganchos foram tão sutis, mas tão abrangentes que não tem como encontrar defeitos numa season finale mais calma. E agora é só aguentar a espera. =/
O que mais gosto em Bates Motel é essa atmosfera meio dark, acinzentada que volta e meia invade os episódios. Acho que na temporada que vem isso irá se itensificar, pois o processo de transformação do Norman garoto em Norman psicopata vai ser desenvido com mais afinco. Escrevi um pouco mais aqui… http://cabinecultural.com/2013/07/01/bates-motel/
Excelente texto cara!