Jason Vai Para o Inferno: A Última Sexta-Feira é um filme de horror que faz parte da franquia slasher Sexta-Feira 13, com direção de Adam Marcus, o filme foi lançado em 1993 e é o nono volume da franquia que tem em Jason seu principal trunfo embora aqui, não seja exatamente o chamariz.
Essa é uma obra diferenciada especialmente pela ação de Jason. O assassino é novamente vivido por Kane Hodder, mas o personagem desaparece fisicamente da trama por boa parte da duração, para começar a possuir corpos, até que consiga encontrar uma pessoa da família Voorhees, mesmo que não seja citado nenhum sobrevivente em qualquer um dos outros oito filmes.
Essa mudança é substancial, indiscutivelmente, não só pelo fato de que Jason não ataca usando o seu próprio corpo por boa parte da história, mas também por adicionar um componente místico a mitologia que jamais foi levantado antes e que não seria reprisado.
Família aumentada
Também chama a atenção que, até então, só se sabia da presença de duas pessoas da família Voorhees, que era a mãe do matador, Pamela, que esteve em Sexta-Feira 13 de 1980 e o próprio Jason, que foi introduzido em Sexta-Feira 13, Parte 2.
Em Jason Vive: Sexta-Feira 13 Parte VI se ensaiou introduzir Elias Voorhees - que inclusive, é citado oficialmente nesse - mas ficou de fora das gravações oficiais.
O texto ficou a cargo do diretor Adam Marcus e Jay Huguely no argumento (story) e roteiro de Dean Lorey e Huguely. Foi produzido por um dos criadores da série, Sean S. Cunningham, com Debbie Hayn-Cass como line producer.
Cronologia...ou falta dela
Sendo obviamente parte da saga iniciada em 1980, é dado que o roteiro desse ignorou boa parte das sequências, inclusive a última, Sexta-Feira 13 - Parte 8: Jason Ataca em Nova York.
Como o filme foi um fracasso de bilheteria a Paramount Pictures desistiu de fazer o filme, que caiu na mão da New Line Cinema.
Curiosamente a Sean S. Cunningham Films - que produziu o filme com a New Line - tinha os direitos sobre o personagem Jason Voorhees, mas não tinha o direito sobre o nome Friday 13th, por isso chama assim, Jason Vai para o Inferno.
Não fica claro, no material assessório - materiais de makin off, featurettes, matérias de época etc - se foi por isso que se optou por modificar tanto a formula do filme, mas há quem defenda inclusive que essa parcela da franquia ignora tudo o que veio antes, levando em conta possivelmente o filme original, o segundo e Sexta-Feira 13 Parte III, que estabelece Jason usando a máscara de hóquei.
Teoricamente, deveria se considerar Jason Vive também, já que foi ali que Jason voltou a vida, como um zumbi praticamente imortal, mas há quem defenda que essa versão, vista no prólogo, é uma evolução direta da introduzida por Steve Miner no segundo e terceiro filme.
Possessão e a ideia original
A noção de que a essência de Jason pode ser transferida veio do tratamento original da história, pensada por Adam Marcus. Sua ideia era continuar onde a Sexta-Feira 13 - Parte 7: A Matança Continua parou, ou seja, Jason estava neutralizado, preso no fundo de Crystal Lake.
O filme começaria com um homem misterioso desenterrando o corpo de Jason, para que uma autópsia pudesse ser realizada em uma cabana próxima, lugar esse que também seria um laboratório de ciências. Jason acordaria ensandecido e veria seu próprio coração negro ser arrancado pelo tal homem misterioso.
Ele despertaria como uma espécie de zumbi e o homem consumiria o coração, absorvendo assim os “poderes” dele.
A grande revelação seria a identidade desse sujeito: Elias Voorhees, o irmão gêmeo malvado nunca visto e nunca mencionado de Jason, que teria o mesmo nome do pai deles.
Não ficou claro para onde a história iria, em que ponto terminaria, até por conta do abandono da premissa. Disso ficou apenas a ideia de alguém comendo o coração de Jason, tirando assim seus poderes.
A inspiração de Marcus teria vindo do filme Hidden: O Escondido, um filme de ficção científica do arquivo da New Line de Jack Sholder conduziu, que também dirigiu Noite de Pânico, O Mestre dos Desejos 2 e A Hora do Pesadelo 2: A Vingança de Freddy, que curiosamente, também mostra Freddy possuindo o corpo de uma vítima.
Anos depois o diretor afirmou que não tinha visto Hidden antes de escrevê-lo, mas é inegável a semelhança entre as premissas.
A ideia de Dean Lorey
Quando a ideia foi descartada, Dean Lorey foi contratado e apresentou sua ideia de Jason Takes L.A. que era sobre duas gangues que se odiavam e lutavam em brigas de rua, com uma história baseada na perspectiva de duas detetives.
A certa altura, Jason aparece e começa a massacrar pessoas na cidade, forçando as gangues a trabalharem juntas para derrubá-lo.
O diretor Adam Marcus odiou a proposta por ser a mesma que o público já tinha visto nos filmes anteriores e optou por trazer de volta seu conceito de troca de corpo, mas sem Elias.
Embora tenha sido descartada, a ideia quase foi reconsiderada antes de escolher trazer Jason ao espaço em Jason X.
O "quase" roteiro
Jay Huguely vinha da experiência na série Magnum e foi ele quem escreveu o primeiro roteiro de Jason Goes to Hell, ainda com a presença do irmão gêmeo de Jason.
De acordo com Sean Cunningham, o rascunho final de Huguely era "ininteligível", mas eles estavam com problemas de prazo, já que a New Line exigia ver o roteiro finalizado dentro de alguns dias, caso contrário o projeto seria cancelado.
Cunningham recrutou Lorey para trabalhar o script. Os dois passaram quatro dias juntos em uma sala e não saíram até que tivessem um roteiro que pudessem filmar.
Segundo o produtor, o trabalho anterior foi todo descartado e Lorey esteve presente no set, como se fosse um escritor ao vivo, mais do que um consultor, que é o papel comum do roteirista no set. Foi até comparado a uma caixa de ressonância.
Cunningham também tinha Lewis Abernathy, que havia escrito seu roteiro de Abismo do Terror e Leslie Bohem, que escreveu A Hora do Pesadelo 5: O Maior Horror de Freddy, Daylight e O Inferno de Dante) para realizar reescritas não creditadas.
Abernathy escreveu a sequência de abertura e acabou recebendo uma homenagem, já que um dos agentes tem o seu sobrenome. Já Bohem fez um polimento de última hora durante um fim de semana. Esse último, fez questão de que seu nome não fosse anexado, por isso, nos créditos finais, ele é simplesmente listado como o "Datilógrafo Executivo".
A estreia
Esse foi o único filme da série lançado na década de 1990. Chegou aos cinemas em 13 de agosto de 1993 e arrecadou US$ 15,9 milhões de bilheteria, tornando-se o segundo filme de pior desempenho da série, depois de Jason Ataca Nova York.
No Brasil chegou em 21 de outubro de 1994 enquanto na Itália teve uma premiere em vídeo em novembro de 1996.
O título original do filme era para ser Friday the 13th Part IX: The Dark Heart of Jason Voorhees (Sexta-feira 13 Parte IX: O Coração Sombrio de Jason Voorhees) mas não foi esse, graças a problemática da nomenclatura e da briga entre Cunningham e o roteirista Victor Miller, que se arrasta até os dias de hoje.
Desse modo, o título original é Jason Goes to Hell: The Final Friday ou Friday the 13th Part 9: Jason Goes to Hell em um título informal.
Na Argentina é El último martes 13: La muerte de Jason, na Itália é Jason va all'inferno, na Espanha tem três nomes, Jason se va al infierno, Viernes 13 IX: Jason se va al infierno e Viernes 13: El final. Jason se va al infierno.
A obra foi filmada de 20 de julho de 1992 a setembro do mesmo ano. Foi filmado na Califórnia, no 24035 Eagle Mountain Street em West Hills, Los Angeles, 6139 Chesebro Road em Agoura Hills que serve como a casa de Diana, 368 E Carlisle Canyon Road em Thousand Oaks que é a cabine do agente Marcus e 299 E Thousand Oaks Boulevard também em Thousand Oaks, que é o Joey B's diner.
Este foi o primeiro filme da série a ser administrado pela New Line Cinema depois que a série foi transferida da Paramount. Foi feito em parceria com a já citada Sean S. Cunningham Films, com distribuição da New Line nos Estados Unidos. No Brasil saiu em VHS pela Europa Carat e pela PlayArte Home Vídeo em DVD.
Diretores cogitados
Tobe Hooper, de O Massacre da Serra Elétrica e Poltergeist: O Fenômeno, foi considerado para ser o diretor. John McTiernan também foi pensado, mas recusou para trabalhar em O Último Grande Herói.
Em 1991 Adam Marcus mudou-se para LA após ser contratado por Sean S. Cunningham para trabalhar na produção e direção de longas-metragens.
Nesse mesmo ano, ele coproduziu Johnny Zombie, que foi renomeado como My Boyfriend's Back, para Cunningham e Disney Studios. No Brasil é chamado de Namorado Gelado, Coração Quente e teve roteiro de Lorey.
Marcus era novo, tinha apenas 23 anos na época da filmagem original e foi o diretor mais jovem já contratado pela franquia.
Ele e sua parceira de redação Debra Sullivan começaram a escrever roteiros para a Paramount a adaptação do livro Virgin de James Patterson, mais tarde intitulada Filho do Bem, Filho do Mal e lançado em 1991.
Quem fez
Marcus criou uma companhia de teatro nos anos 1990, Damn Skippy Theatreworks em LA No verão e outono de 1998, ele dirigiu a comédia independente, Snow Days, que foi exibido no Independent Feature Film Market (IFFM) na cidade de Nova York e incluído na seleção oficial do Sundance 2000 na seção American Spectrum, onde teve duas exibições extras e esgotou todas as sete exibições.
Depois dirigiu Conspiração, NerdGirls, Momentum e Secret Santa. Escreveu O Massacre da Serra Elétrica 3D: A Lenda Continua.
Apesar da bilheteria aquém, Marcus já declarou que gostou muito de fazer o filme, até por ser um aficionado pela franquia.
Huguely escreveu episódios em Lendas do Macaco Dourado, Magnum, BL Stryker, Justiça das Ruas, o telefilme Bandit: Brincando com a Sorte.
Dean Lorey escreveu Namorado Gelado, Coração Quente!, Pelotão em Apuros e foi produtor executivo em séries baseadas em quadrinhos como Powerless, iZombie e Arlequina. foi coprodutor executivo em Arrested Development e em Eu, A Patro e a Crianças, onde depois, se tornou produtor executivo. Escreveu episódios de todos esses programas.
Cunningham produziu Aniversário Macabro, A Casa do Espanto e suas três sequências. Depois fez Freddy x Jason, Sexta-Feira 13 e A Última Casa.
Foi produtor executivo em His Name was Jason: 30 Years of Friday the 13th e é lembrado por ter dirigido o primeiro Sexta-Feira 13, também Alguém Espia nas Treva, Abismo do Terror e XCU: Extreme Close Up.
O boato sobre a máscara
Cunningham teria dito a Adam Marcus para não utilizar a máscara de hóquei característica do personagem. Esse é um dos fatos que faz defender que a ideia seria a de seguir a partir da fita de 1980.
Segundo esse rumor, era para o diretor ignorar não só a oitava parte mas todas as outras sequências, usando no máximo fragmentos dos outros filmes.
Cunningham negou a primeira parte do boato, afirmando que a máscara estaria no fotograma, mas em entrevistas, Marcus afirmou que Cunningham realmente solicitou isso, por conta da máscara ter sido adicionada à tradição da série sem a aprovação dele, que era produtor na trilogia original.
Segundo o próprio cineasta, ele nunca teria autonomia ou autorização para omitir a máscara, já que essa era a marca registrada da saga. O único arrependimento dele foi justamente de usar pouco durante o filme.
Quanto ao segundo pedido, Marcus disse em 1993:
Uma das primeiras decisões tomadas foi ignorar completamente Jason Ataca Nova York. Ninguém gostou daquele filme e A Matança Continua, porque ele tentou ser uma espécie de crossover no estilo 'Jason vs. Carrie' (...) queríamos esquecer o que aconteceu anteriormente exceto o filme original e partes do segundo filme. Eu não queria Jason Vai Para o Inferno estivesse vinculado a qualquer coisa além do que aconteceu no primeiro filme.
Uma versão maior e refilmagens
Em entrevistas ao documentário Crystal Lake Memories: The Complete History of Friday the 13th, Noel Cunningham (o filho de Sean) disse que o corte original do filme tinha mais de 130 minutos de duração, diante disso, ele teve que ser reeditado para ter um ritmo mais rápido e menos de 90 minutos de duração.
Essa versão maior jamais foi publicada, mas há uma versão unrated, que tem em torno de 95 minutos - a versão de cinema tem 87.
Houve uma série de refilmagens, que mudou bastante a trama. Mais de 40 minutos foram modificados e subtramas foram completamente abandonadas, como por exemplo, o noivado de Diana Kimble (Erin Gray) com o xerife Landis (Billy Green Bush) e o planejamento da lua de mel existiam nas primeiras versões gravadas e morreram.
Outras foram adicionadas por meio de edição criativa, como a aproximação dos personagens de Kari Keegan e Steven Culp como casal. Também compactaram algumas cenas vitais, como Creighton Duke explicando “as regras” da nova mitologia de Jason.
Mesmo depois de tudo isso, Cunningham ainda achou o corte final risível. Segundo o produtor, Adam Marcus dizia que a última coisa que os fãs queriam ver era Jason passando pelo Camp Crystal Lake retalhando adolescentes, enquanto Sean achava que isso era a única coisa que eles queriam ver.
Ironicamente, Cunningham escolhe o cineasta porque Adam se declarava um grande fã da série, e havia sido preterido para dirigir Namorado Gelado, Coração Quente! por falta de experiência.
Os dailies
Dailies é o nome de um procedimento comum em filmes, referente a filmagens diárias. Normalmente consiste no esforço do diretor e o diretor de fotografia verificando que são as filmagens feitas no dia, para averiguar se as tomadas ficaram boas.
No entanto a única pessoa que realmente viu as filmagens nos primeiros 28 dias foi o editor David Handman.
Cineasta e cinematógrafo estavam concentrados em passar para o próximo item, o que significa que ninguém mais estava visualizando os diários para ter certeza de que o que recebiam era utilizável.
Adam Marcus cometeu muitos erros de direção, o que era comum, afinal era iniciante, mas o descuido foi muito inesperado.
Havia uma sequência de 8 minutos em câmera lenta ininterrupta, uma cena em um restaurante, que obviamente deveria ser mais curta. Várias cenas de conversa se arrastavam por um tempo considerável
Os produtores só conseguiram salvar cerca de 45-50 minutos do trabalho original de Marcus.
Multimídia
Haveria uma história em quadrinhos, que ajudaria a preencher a lacuna entre a parte 8 com este filme.
Ela seguia Jason depois que ele foi mergulhado em lixo tóxico em um esgoto de Nova York e caminhou de volta para Crystal Lake. Supostamente também explicaria por que o FBI tem uma força-tarefa específica para Jason
Havia planos para um videogame baseado neste filme, o jogo foi criado, mas nunca lançado.
Lançamento em mídia física
Jason Vai Para o Inferno foi lançado em VHS em versões censurada e sem classificação. Em DVD saíram versões censurada e sem classificação do filme no mesmo disco, sendo a versão sem classificação três minutos a mais.
Este é o primeiro filme de Sexta-Feira 13 lançado sem cortes na América do Norte. Sexta-Feira 13 original foi lançada sem cortes nos EUA apenas em 2009, na DVD Deluxe Edition.
Após o lançamento oficial nos cinemas, o Wall Street Journal o chamou de "um retorno à moralidade no cinema" por causa de uma cena de sexo em que os participantes morrem depois que decidem não usar camisinha.
Narrativa
A história inicia com uma menina bonita aparecendo, entrando em uma cabana velha, em frente ao famoso lago de nome Crystal.
Na versão estendida, ela passa por todas as instâncias clichês de um cenário rural, cobre cada um dos possíveis lugares onde poderia ser assassinada como se cumprisse uma checklist mortal.
Ela vê uma lâmpada incandescente estourando, entra em cômodos tão sujos que chegam a ser insalubres, tropeça no nada, cai várias vezes no chão em lugares que poderiam ter pregos enferrujados.
Depois de se despir mostrando suas curvas, a personagem de Maria Ford se mostra mais esperta do que aparenta.
Ela é na verdade, o epicentro de um ardil, é justamente o oposto da vítima perfeita que aparentava, já que é o centro de uma emboscada para Jason.
Ela é a agente do FBI Elizabeth Marcus (que tem esse nome graças ao diretor) e tem consigo uma equipe da Swat, que alveja Jason e o mata com explosões.
Jason cai facilmente, fato que mata uma dúvida comum aos fãs, sobre crossovers.
Sempre houve uma dúvida sobre como um assassino serial de filme agiria contra eventos reais, contra pessoas de verdade ou grupos de pessoas e aqui é mostrado que ele seria derrotado por um grupo armado facilmente, mesmo que seja uma forte equipe do FBI, junto ao esquadrão anti-bombas e não uma força policial qualquer.
Ainda assim, é decepcionante.
Aqui sobra apenas a cabeça decepada, já que o tronco e membros explodiram, além do coração hiper carnudo do personagem.
Reaproveitando elementos de outros filmes
Os efeitos especiais práticos ficaram a cargo da turma da Kurtzman, Nicotero and BergerEFX Group, a divisão que reunia os principais especialistas em efeitos especiais do cinema B dos anos 1970-80 e que faria dois anos depois o clássico Um Drink no Inferno.
Aqui quem comanda o trabalho é Al Magliochetti, profissional que trabalhou nos grandiosos Jornada nas Estrelas 6: A Terra Desconhecida, Waterworld: O Segredo das Águas, Capitão Sky e o Mundo do Amanhã entre outros.
Sobre os itens
O coração é item mais vistoso dentre esses feitos de efeitos especiais prático. Foi fabricado com gelatina e recheado com coquetel de frutas misturado com corante preto, mas era tão asqueroso que o ator Richard Gant ficou enojado e quase vomitou durante a filmagem de sua cena, ainda que tivesse um bom cheiro.
Na verdade, foram feitas algumas props desse, uma delas sendo comestível, para a tal cena citada. Uma dessas, mais comum, foi usado em Um Drink no Inferno, que seria lançado em 1996, o mesmo que seria atacado por um lápis do personagem Frost.
Outros elementos reutilizados foram um caixote no porão da casa dos Voorhees, que era um adereço da história The Crate de Creepshow: Arrepio do Medo. O trepa-trepa em frente à casa dos Voorhees também foi utilizado em Os Pássaros.
Outras referências se ligam aos nomes. Robert Campbell é uma homenagem intencional a Robert Englund, que interpretou Freddy Krueger em A Hora do Pesadelo e a Bruce Campbell, que interpretou Ash em Uma Noite Alucinante.
O sobrenome do xerife é Landis, que é uma referência a John Landis, diretor de Um Lobisomem Americano em Londres e Thriller, o video clipe de Michael Jackson.
Uma das mortes, por derretimento é muito semelhante à forma como Frank Cotton se regenera em Hellraiser: Renascido do Inferno,mas em um regime inverso,
Conexões com Evil Dead
O "Necronomicon Ex-Mortis", livro da saga The Evil Dead pode ser visto em cena na casa dos Voorhees.
Devido a esse easter egg e a presença de uma adaga kandariana (ao menos parece uma) de Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio, alguns fãs presumem que Jason seja um Deadite, sendo assim um espírito demoníaco maligno.
Embora outros vejam essas referências como fan service, Marcus atribuiu a sua versão de Jason é sim um deadite. Ele afirmou que a mãe de Jason fez um acordo com o diabo lendo o Necronomicon para trazer seu filho de volta, fato que justificaria ele como uma entidade do mal.
Marcus também disse que Sam Raimi gostou de sua ideia e até emprestou os itens originais, criados por Tom Sullivan para o filme original e para Uma Noite Alucinante 2.
No entanto uma conexão com a saga não poderia ser feita legalmente porque a New Line Cinema não detinha os direitos de A Morte do Demônio, que, na época, era propriedade da Universal Studios.
O incremento dos adereços acabaram sendo apenas easter eggs mesmo e ainda causou um mal-estar, já que Raimi emprestou os itens sem autorização de Sullivan. Até enviou uma carta pedindo perdão a ele por não ter pedido permissão para emprestar os itens.
Sullivan disse que não foi pago e afirmou também que nunca mais emprestaria adereços sem conceder permissão.
O legista misterioso
Em um necrotério em Youngstown, Ohio, os restos mortais de Jason são levados, inclusive com o coração pulsando e em destaque.
Um agente legista Phil, interpretado pelo já citado Richard Gant, de Rocky V e O Grande Lebowski, passa por um dos seguranças, que inclusive, é feito por Kane Hodder sem maquiagem.
Hodder havia queimado grande parte de seu corpo durante uma manobra que deu errado alguns anos antes deste. Como resultado, a pele abaixo de seu pescoço está um pouco descolorida e desfigurada, não à toa ele usa barba quase sempre, desde o ocorrido.
Um dia depois das filmagens, ele estava tirando a fantasia e a maquiagem de Jason quando o filho de um membro da equipe ficou com medo de sua pele. Kane calma e docemente pegou e abraçou a criança e disse-lhe que seu corpo que não havia nada a temer e que sua pele só era diferente.
A participação de Jason não foi diminuída por conta dessas questões e Marcus fez algumas declarações de que Hodder tinha um coração de ouro.
A tentação do legista
Já o personagem de Gant observa os restos mortais com atenção, fala em depoimentos em um gravador portátil, faz piadas enquanto segura a cabeça do assassino e toma nota de que ele está realmente acabado, ao menos em teoria.
Nesse ponto é curioso, já que logo depois que ele testifica que Jason está falecido, ele abruptamente resolve abocanhar o coração do assassino.
Não há transição, não é mostrado ele com uma expressão e depois outra. Vendo ao final é perceptível que ele foi possuído antes de morder o músculo Voorhees ou foi levado a isso por uma influência maligna, mas não há nenhuma mudança visual perceptível.
Fica parecendo que algo está faltando, talvez uma das cenas picotadas esteja justamente faltando aqui. Ainda assim, Gant é assustador, tanto mordendo quanto agindo como um monstro.
A impressão que fica é que o legista comeu o órgão simplesmente por ter visto ele pulsando, por notar que há vida ali e por perceber que ele estava aumentando de tamanho.
Talvez ele visse nisso uma parcela de comportamento ritualístico, ou foi levado a fazer isso graças ao fato de ter verbalizado que o protagonista da franquia não existe mais.
Fato é que ele faz isso motivado por uma força maligna, que resultando em luzes avermelhadas que entram em seu corpo.
Depois disso não resta dúvida, ele está claramente possuído e simplesmente passa a matar todas as pessoas no hospital, especialmente os guardas do FBI, que fazem questão de soltar piadas sobre Jason também, sendo então mortos rapidamente.
O motivo para essas pessoas serem tão canastronas e caricatas não é explicado, mas a caracterização de Gant como um alguém selvagem e animalesco combina com o que é proposto.
O que não colabora muito é a música composta por Harry Manfredini, que é aguda, sensacionalista, irritante em vários pontos.
Jason na mídia
Depois da chacina geral, Jason aparece no noticiário American Case File, apresentado por Robert Campbell (Steven Culp) cuja abordagem não é muito diferente dos jornais policialescos e sensacionalistas que habitam as tardes e inícios de noite brasileiras.
É dito que ele nasceu em 1946 e é citado que é filho de Pamela e Elias Voorhees, ou seja, essa foi a primeira citação oficial ao personagem.
Como em sequências anteriores, se pensou em trazer Betsy Palmer para reprisar, mas como normalmente ocorria, ela se recusou. O motivo provavelmente tem a ver com dinheiro.
Duke, o herói improvável
Não há demora em mostrar outro personagem importante: o caçador Creighton Duke, interpretado por Steven Williams ator conhecido por No Limite da Realidade, Arquivo X e It: A Coisa.
O personagem tem carisma, tem uma caracterização diferenciada, parece um ranger de filiação duvidosa, usa chapéu de cowboy, está o tempo todo fumando e tem um discurso cheio de bravata.
Seus maiores predicados se relacionam ao fato de que ele sabe muito sobre a nova parcela de mitologia de Jason, já que afirma que ele é uma entidade que passa entre corpos, além de ser sacana, ao ponto de só dar informações para as pessoas caso elas permitam que ele as machuque.
A parte de Jason passar de um corpo para o outro é obviamente inventada para esse filme.
A escalação de Duke
A decisão de Adam Marcus em escalar um ator afro-americano para o papel de Creighton Duke foi influenciada pela contínua escalação de afro-americanos como heróis nos filmes de George A. Romero.
O diretor aqui quis seguir essa tendência, mesmo que não haja em sua obra qualquer teor político ou discussão sobre temas reais, de exclusão social ou precarização da vida dos afrodescendentes como havia em cada uma das parcelas da Trilogia dos Mortos.
Tony Todd fez o teste para o papel, Richard Gant também fez uma leitura para o papel antes de ser escalado como o legista.
O visual do anti-herói
Uma das condições de Steven Williams para fazer Duke era poder se vestir de cowboy. De acordo com entrevistas do livro Crystal Lake Memories, Williams era mulherengo e tinha o hábito de levar mulheres no set.
Era planejado um filme derivado sobre o personagem, aliás, teria inclusive ligações com Jason.
No passado, o assassino teria matado a namorada do sujeito, mas o fracasso crítico e financeiro deste filme, juntamente com o foco da New Line Cinema em fazer Freddy vs Jason, impediram que tal filme se materializasse.
Curiosamente, Creighton ainda teria seu papel bastante reduzido, se comparado a parcelas anteriores do script, aparecendo nesse momento de introdução e mais no final. Até se arruma a desculpa de que ele foi preso, embora o motivo para ele estar encarcerado jamais seja mostrado, fosse qual fosse a versão vista.
A pequena cidade
A cidade de Cunninham County gira o seu cotidiano em torno do turismo macabro das mortes em Crystal Lake, a começar pelo nome do lugar, que referencia o diretor do primeiro filme. Aparentemente, depois que Jason morreu, todos se viram livres para fazer chacota com seu nome e imagem.
A lanchonete de Joey B. (Rusty Schwimmer) se decora em comemoração a morte de Jason.
Nela, trabalha a bela Diana (Erin Gray) a irmã de Jason Voorhees, que obviamente trocou de nome. Dessa forma, ela é como Laurie Strode pós Halloween 2: O Pesadelo Continua.
Antes de ser atendido, Duke brinca com ela, mesmo sabendo que ela é esposa do xerife Landis.
Possivelmente ele foi preso depois desse número da lanchonete, embora não tenha chamado a atenção de maneira suficiente para que os policiais levassem ele.
Nesse interim, é apresentado o estranho e inadequado Steven Freeman, personagem de John D. LeMay. Ele tem uma aparência de nerd, usa óculos, é baixo, parece um típico CDF. No entanto, usa uma jaqueta esportiva, que lembra a de um atleta de high school.
É dado que ele já é adulto, já que se relacionou com a filha de Diana, talvez ele tenha estudado nas localidades, pode ter sido famoso e depois se descobriu míope. Dessa forma reuniria em si essas características meio díspares, ainda mais em se tratando de um filme com o roteiro raso, no entanto essas elucubrações vêm da parte de gente que pensa a série de filmes de maneira séria e não com escritores e produtores. Tudo isso não passa de reflexões infundadas, teorias que podem ser vazias.
Há a chance de que o seu nome seja uma referência a Steve Miner, diretor dos segundo e terceiro filme da franquia, mas é sabido também que Marcus pretendia que o protagonista fosse Tommy Jarvis, mas não pôde incluí-lo porque a New Line Cinema não detinha os direitos do personagem que estreou Sexta-Feira 13: O Capítulo Final, então foi forçado a escrever um novo personagem.
LeMay também estrelou a série de TV Loja do Terror, o seriado derivado de Sexta-Feira 13.
Onde é Crystal Lake
No trecho de apresentação de Freeman, são dadas pistas sobre a localização de Crystal Lake. Quando Steve vê os caroneiros aparece uma placa indicando que o lugar fica a aproximadamente 29 milhas de Fairfield e 39 milhas de Westport, que estão localizados em Connecticut.
Os filmes anteriores indicavam que estavam em Nova Jersey ou arredores.
Na parte 3, uma placa da Pick-It, a loteria do estado de Nova Jersey, enquanto na parte 1, o caminhão de Enos tem Nova Jersey ao lado e há um portão de cemitério que também indica Jersey.
Elenco
Barry Moss atuou como diretor de elenco no primeiro filme, mas não teve participação na série depois disso. Cunningham o convenceu a voltar para esse, já que Moss morava na Costa Leste e sua mãe com câncer morava em Los Angeles.
Trabalhar em Jason Vai para o Inferno deu a ele um motivo profissional para retornar a LA, além de ter "fornecido" verba em um momento difícil. Nos momentos livres, ele atendia às necessidades de sua mãe moribunda.
Chama a atenção de fato é que todos os personagens são bastante caricaturais, com linhas de diálogos extremamente expositivas e situações que parecem artificiais, de tão conveniente que são, como quando Steven Freeman que dá uma carona a jovens que vão para Crystal Lake.
Uma das meninas convidam ele para passar a farra com elas, mas ele recusa. Há no roteiro uma autoconsciência, já que os jovens sabem que a localidade é segura para fumar maconha, beber e cometer sexo pré-conjugal, já que o fator proibitivo de Jason não está mais por ali.
Sobre Jessica Kimble
A escolha do diretor para o papel de Jessica seria Laurie Holden (O Nevoeiro e The Walking Dead) Dean Lorey também pensava nela, mas Sean Cunningham rejeitou a possibilidade e pressionou por sua indicação: Kari Keegan.
Marcus teve algumas questões com a atriz. Ele queria que a cena no chuveiro ela estivesse completamente nua, ao estilo do que Glenn Close fez em O Reencontro, sentada nua no chuveiro e chorando. A atriz disse posteriormente que havia acordado que não faria nudez, enquanto Marcus afirma que ela nunca foi franca com ele sobre isso.
Keegan afirmou que o diretor sabia, mas ele continuou dizendo a todos que seria capaz de convencê-la a mudar de ideia. Durante a cena ela usou uma calcinha de maiô cor de pele e um sutiã cônico, no estilo dos que Madonna usava, apenas com dixie xícaras em vez de cones.
A atriz reclamou com o seu agente que a água estava muito quente e que sentia muita dor, ao ponto até de chorar. O agente discutiu com todos na produção, principalmente Marcus.
Como resultado, atriz e diretor se tornaram inimigos por um breve período, o que ficou tão ruim que ela saiu do set, embora faltassem apenas alguns dias para o encerramento. Quando também se descobri que as filmagens de Marcus estavam inutilizáveis, Cunningham teve que dirigir ele mesmo os últimos dias, assim conseguiram trazer Keegan de volta.
Foi (supostamente) graças a esse filme que ela parou de atuar para sempre. Ela fez apenas pequenos papéis, quase todos sem nome. Esteve em O Príncipe da Pensilvânia e Jerry Maguire: A Grande Virada, todas obras lançadas por essa época.
A ação de Jason
O filme segue com o legista possuído matando pessoas, mas há um cuidado para fugir de uma demonstração explícita dessas mortas, sobretudo no corte para o cinema. Exceção a isso é a cena da tesoura, que atravessa a cabana, mata uma menina que está transando e faz lembrar Chamas da Morte e Sexta-Feira 13 A Matança Continua.
Essa sequência foi acrescentada a pedido dos produtores, após reclamarem que o filme não tinha sexo e nudez suficientes e ainda contou com um senhor constrangimento, já que Michael B. Silver e Michelle Clunie, que interpretaram Luke e Deborah, eram um casal na vida real, mas se separaram pouco antes de serem escalados.
Nudez masculina
É mais do que dado que os filmes de Jason possuem muita nudez. Como o assassino é um exemplo de moralismo exagerado, é quase necessário que apareça muita gente nua, normalmente, corpos femininos.
No entanto, essa parte nove chamou a atenção o fato de ter uma quantidade substancial de nudez masculina, inclusive uma cena de barbear, que é tratada até hoje como homoerótica,
A razão para isso é que Adam Marcus achou o último muito sexista, mostrando muita nudez feminina. Ele achou mais aceitável mostrar nudez masculina e feminina em quantidades iguais, embora a maioria dos fãs não considere uma igualdade.
Antes desse os únicos filmes de Sexta-feira 13 que mostravam homens nus foram o original Sexta-Feira 13 e Sexta-Feira 13 - Parte 4: O Capítulo Final.
A entidade ambulante
A entidade Jason passa de um corpo para outro e segue matando, a princípio, sem muito método. Depois é dado, pelos diálogos do "negro místico" que é Duke como a busca por gente de sua família.
Na prática é como se o zumbi matador se tornasse um demônio, que toma o corpo dos outros por pouco tempo. Ao tentar pegar Diana, ela acaba possuindo Josh (Andrew Bloch). A morte dele ganhou o Golden Chainsaw Award.
Ele leva um tiro na cabeça, mas não morre. Ele se assusta ao ver que seu reflexo no espelho é o assassino mascarado, como se houvesse ali duas consciências juntas, que ao se enxergarem no mesmo corpo, conflitam.
O assassino tenta mudar de corpo, soltando uma espécie de lagarta de efeito prático. Há cenas de variadas qualidades, algumas de forma solo, outras no corpo dos personagens humanos, mas o efeito do animal místico é convincente e bem-feito.
Ele mira chegar em Jessica Kimble, a filha de Diana, citada anteriormente. A menina por sua vez queria fazer uma surpresa, mostrando não só o seu bebê recém-nascido, como também seu novo namorado, Robert Campbell.
É dado também que Robert e Jessica não eram um casal nos scripts originais, não à toa eles não se beijam e nem trocam carícias. A decisão de tornar eles um par foi na ilha de edição, com cenas dubladas por cima, provavelmente ele só iria para Cunningham atrás da história de Jason, seduzido pelo fato da menina ser sobrinha do matador.
A surpresa maior nem é essa e sim o fato de que sem cerimônia, Jessica não se encontra com sua mãe e sim com a babá local Vicki (Allison Smith) tentando limpar o sangue do assoalho, já que a mãe dela foi vítima de Jason.
A culpa sobre a morte da senhora resvala em Steven Freeman, que estava perto da sogra justamente por saber que Jessica saiu de Cunningham grávida, provavelmente dele. Ele é preso, mas aparentemente, o corpo da moça não é encontrado. Isso faz perguntar qual foi a prova de que ele realmente matou Diana? Não se gasta um segundo pensando ou explicando isso.
Arrependimento de Lorey
Anos depois, Lorey declarou que seu maior erro no roteiro foi ter incluído um bebê na trama. Também citou a participação de Duke, já que achou ele uma adição gratuita e nada condizente com o lore da franquia.
Fato é que Duke é de uma canastrice atroz. Suas falas quase todas são baseadas em frases de efeito, ele é um misto de herói bravateiro com negro místico.
Ao menos suas cenas são engraçadas, de tão galhofa que são. Dos roteiros da saga, esse talvez seja o pior, embora seja tão caricato que faz pensar ser proposital, como foi em Jason Vive.
Duke troca informações com Steven, em troca de machucar o colega de cela, quebrando seus dedos. Ele afirma que Jason está atrás das mulheres da linhagem Kimble, que por algum motivo, são os Voorhees não conhecidos, embora todas as pessoas na cidade saibam disso. É dos segredos mais mal guardados possíveis.
Ou seja, se planejou mostrar um gêmeo de Jason e acabou tendo uma irmã. Não se sabe se nos outros rascunhos haveriam mais irmãos, de tinha Jessica e Elias de maneira concomitante ou não.
Fuga e Oportunismo
Steven simplesmente consegue fugir da cadeia, fazendo de refém um dos policiais bonachões e vai até a lanchonete, onde coincidentemente, estava o seu filho. Ele então age como Tommy Doyle em Halloween 6: A Última Vingança, rapta a criança e aparece tão assustador quanto o caricato que Paul Rudd.
Campbell pretende usar a casa Voorhees como cenário macabro de seu programa. Ele se faz de bonzinho, se aproxima de Jessica, mas só se interessa pela história de Jason, não sabendo exatamente se era uma lenda urbana ou não.
Ele acaba eventualmente sendo contaminado por Jason, assim que ele enfrenta o policial Josh, ao menos a cena dele derretendo é foda, com um horror corporal muito foda. Jason não consegue ficar muito tempo no corpo de seus possuídos.
A maquiagem dele vai mudando ao longo do filme, melhorando bastante entre as tomadas, se tornando cada vez mais pútrido e desagradável aos olhos.
Tal qual era a intenção anterior, Steve se torna uma versão de Tommy Jarvis em Jason Vive, correndo como um louco, sendo perseguido pelo xerife local, também tenta salvar o que sobrou da família Voorhees de Jason.
Após um grande hiato, Creighton Duke finalmente retorna a ação, saindo da cela no minuto 70, basicamente para fazer pouco ou quase nada. Depois de todos esses momentos, o casal de pais se junta e vai a lanchonete, basicamente para entrar em confronto com os funcionários da lanchonete, entre elas, a gerente e dona Joey B.
Sobre Joey, originalmente, os papéis desempenhados por ela e Leslie Jordan e foram invertidos. No roteiro, Shelby era uma mulher, enquanto Joey B. era um homem, como evidenciado pelos nomes dos personagens. No entanto, uma vez que Jordan e Schwimmer leram os papéis, os produtores decidiram mudar os gêneros dos personagens.
Nesse momento ocorrem várias trapalhadas, não fica claro se a intenção era resgatar partes legais de Jason Vive, mas aqui não cabe muito. O que realmente gera interesse é o efeito especial nas mortes que ocorrem aqui, especialmente na versão unrated.
Duke enfim aparece, repentinamente, entrega uma arma para Jessica uma adaga, sagrada, druida, com direito inclusive até a uma animação tosca.
O artefato em si é bem legal, lembra uma adaga kandariana, de Evil Dead.
A ação de Duke segue como uma imitação de Quint, personagem de Tubarão. Vale lembrar que em sua introdução ele diz que se receber US$ 500 mil pela captura de Jason, o contratante "ganha" a máscara, o facão, a maldita (é um palavrão, na verdade) coisa toda. Ele copia até a postura arrogante do personagem, que fala algo semelhante sobre a captura do tubarão do título.
Curiosamente esse é um dos poucos filmes da saga onde Jason não usa um facão para matar ninguém. Esse é só um dos fatores de descaracterização e como a inexperiência de Adam Marcus grita, é difícil não notar que esse não é um filme condizente com a franquia, tão mal filmadoque parece covarde, subaproveitando até os bons efeitos.
Os atos finais
Em algum ponto, o monstro Jason chega ao cadáver de Diana, que não foi recolhido ou velado, como normalmente se faria. Fica a dúvida se essa família conhece o conceito de enterro, já que Pamela também não teve um túmulo comum, já que foi violado por Jason, que lhe roubou a cabeça.
Jason então volta a vida, depois da cobra/minhoca entrar pelo meio de suas pernas de Diana, de maneira fálica e ridícula.
Aqui também fica a pergunta do motivo da cobra não ter se conectado a Diana no primeiro encontro que teve. Depois que Josh é baleado, ao passar para outro corpo, poderia ir até lá, a casa estava vazia boa parte do tempo e o cadáver não estava tão bem escondido.
Ainda fica uma sensação de exploração incestuosa, necrófila e não consensual. Pensando dessa forma, essa é uma obra quase blasfema, já que mostra Campbell não só como um possuído, mas também como violador de cadáveres, que diante dessa perspectiva, satisfaz um desejo incontido de penetrar não sua sogra, mas também um cadáver.
É de um péssimo gosto.
Duke e o final
No corte do cinema, pouco antes de se algemar a Jason e a uma parte da mobília imóvel, Creighton Duke pergunta se o vilão lembra dele e a pergunta não faria sentido.
No comentário de áudio do DVD e Blu-ray, é revelado que o roteiro a mulher de Duke morreu graças a Voorhees, ele estava andando de canoa com ela antes de Jason emergir da água e arrastar sua namorada para dentro do lago.
Seria Jason o motivo dele ingressar na polícia, dedicando sua vida à caça de uma vingança, que só seria cumprido depois de 13 anos de franquia, mas tudo isso foi cortado do filme.
Depois que o vilão sofre o golpe de punhal, vira uma sequência bizarra e pirotécnica, com luzes que lembram contatos com extraterrestres, como nos filmes de abdução.
A animação é sempre igual, seja do espirito sumindo, da adaga mostrando seu poder...é bem feio, ainda rola uma saída de almas, estilo Shang Tsung no final de Mortal Kombat: O Filme, que aliás, é posterior a esse. Essa inclusive foi a cena mais cara do filme.
Todo o entorno do final é divertido, desde as mãos gordas, que saem do chão, que lembram a dimensão do inferno de Hellraiser 2: Renascido das Trevas, além é claro da famigerada luva de Freddy Krueger, que é feita também por Kane Hodder.
Esse easter egg tinha obviamente a intenção de conectar a saga a Hora do Pesadelo, mas poderia não ter dado em nada, já que nessa própria obra haviam até um exemplar do Necronomicon verdadeiro.
O portal para o Inferno se abre, dá vazão a essa piada interna, que só revelava uma vontade de reunir personagens de filmes de terror em crossover.
As negociações para reunir ambos estavam em andamento desde 1987, quase ocorreu em Sexta-Feira 13 - Parte 7: A Matança Continua, quase rolou em Jason Ataca em Nova York, mas os planos fracassaram.
Com a New Line tendo os direitos de ambos os personagens, o projeto conjunto deveria ter sido fácil de produzir, mas foi freado quando Wes Craven voltou à New Line para fazer O Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger.
Dessa forma, o confronto foi colocado em espera e mais um filme de Sexta-Feira 13 foi feito, em 2001, no caso, o divertido Jason X.
Como era de se esperar a parte nove da franquia Jason Vai Para o Inferno é fraco, uma bagunça dramática, com alguns momentos engraçados, mas que não compensam o potencial desperdiçado. Tem pouco Jason, só tem inferno no final e a mitologia druida é bastante tosca. Vale ver a versão sem cortes pelo grafismo dos efeitos práticos e por algumas canastrices de personagens, sobretudo Robert e Duke.