O texto abaixo contém alguns spoilers
Depois de uma sólida sequência de episódios, The Flash exibe um exemplar um tanto quanto regular. Mas, felizmente, isso não quer dizer uma aventura ruim e The Flash is Born, mesmo problemático, contém subtramas importantes e desenvolve a história principal da temporada, algo até então tratado com pouca ênfase.
Diferentemente dos dois últimos capítulos, essa semana o vilão não foi o centro das atenções e serviu mais como elemento de conflito para avançar a trama e oferecer alguns momentos de ação para o protagonista. É o que menos funciona no episódio, já que Tony Woodward (Greg Finley), conhecido nos quadrinhos como Viga, é genérico ao extremo e não oferece motivações convincentes como os recentes Capitão Frio e Plastique. Por outro lado, a adaptação transformá-lo em um antigo bully, que deu trabalho a Barry nos tempos de escola, foi um bom toque, mesmo que desenvolvido às pressas e ainda insuficiente para justificar sua presença.
O que interessa em The Flash is Born, contudo, são as tramas paralelas. O roteiro de Jaime Paglia e Chris Rafferty faz um excelente trabalho ao transformar Eddie Thawne em um personagem muito mais interessante do que era até uma semana. Pela primeira vez o espectador pode se importar com o jovem policial, que é mesmo um sujeito íntegro, aparentemente, e com muito mais camadas do que a simples atitude de "galã". Sua interação com Allen foi tão bem desenvolvida que há todo momento a sensação é de que algo vai dar errado entre ambos. Talvez dê, futuramente, mas por enquanto, a impressão é que Barry finalmente viu algo além em Eddie, já que sempre viu o rapaz como concorrente pelo amor de Iris. À moça, aliás, é dado um destaque melhor e sua teimosia em continuar escrevendo sobre o velocista de Central City finalmente a leva a se tornar um alvo (no fim a única real função do antagonista da semana). Mas o roteiro é inteligente o suficiente para mostrar que mais do que teimosa, Iris é uma mulher forte, longe de ser a "garota em perigo" padrão de contos de super-herói. Outro destaque para o texto é resolver a rusga entre ela e o protagonista, que havia sido um dos pontos fracos do episódio anterior.
Ainda nas subtramas, finalmente o seriado lembra o espectador que Joe West está investigando o caso da morte de Nora Allen. Dentro da história central de The Flash, este foi o desenvolvimento mais interessante, mostrando o detetive indo atrás de respostas e confrontando o Dr. Wells. As deduções de Joe, inclusive, mostram que é um policial muito mais competente que seu colega Quentin Lance, de Arrow. A partir do que acontece neste episódio, as intenções do dono dos Laboratórios STAR se tornam ainda mais misteriosas, já que fica muito óbvia sua real identidade. Tão óbvia que a reação natural do espectador é duvidar. Será que a série realmente entregou seu maior segredo até então? Conhecendo a forma como os roteiristas trabalharam em duas temporadas de Arrow, talvez seja isso mesmo e a grande ameaça em The Flash está ainda para ser revelada com alguma reviravolta que não deve demorar muito a acontecer.
Para enfrentar o desafio do vilão que se torna metal, Barry precisa descobrir uma nova habilidade e treinar para desenvolver alguma competência em combate. Uma boa sacada da série é fazer o herói descobrir a extensão de seus poderes aos poucos. Quem lê os quadrinhos sabe que o Flash é um dos personagens mais poderosos da DC e realmente não seria inteligente, por parte do roteiro, entregar tudo de uma vez o que o velocista consegue fazer, até para que cresça aos poucos, deixando o espectador se perguntar qual novo poder será descoberto ou, para quem já o conhece, quando determinada habilidade finalmente aparecerá nas histórias.
Com altos e baixos, sem justificar muito a presença de uma ameaça clichê, a não ser pelo fato de que se fosse um vilão com background melhor desenvolvido, as subtramas é que sofreriam com pouco tempo de tela, o episódio se mostra irregular, principalmente em seu desfecho. Se em Plastique, não fez muito sentido Barry se revelar para uma pessoa que mal conhecia, o que dizer então do que acontece no final deste sexto exemplar da série? Foi, certamente, a decisão mais idiota que um personagem até então mostrado como alguém inteligente, poderia ter tomado. Cria a possibilidade do antagonista voltar? Sim, mesmo que não mereça. Mostra que da próxima vez ele será uma ameaça maior? Sim, obviamente. Fez sentido? Não. É inconcebível ter Barry, que a todo momento tenta fazer Iris parar de escrever sobre o Flash para protegê-la, colocando todo mundo à sua volta em perigo pelo motivo mais egoísta que se possa imaginar, principalmente sendo ele, alguém cujos princípios sempre falaram mais alto. É o que o faz ser um herói, inclusive, e não um simples justiceiro.
Salvo pelo competente desenvolvimento de coadjuvantes e pela bem-vinda adição na história de Nora Allen, o episódio da semana se mostrou o mais frágil até aqui, pois quase tudo é colocado a perder por uma necessidade tola do roteiro de dar dicas para o retorno de um vilão com quase nada a oferecer. Por sorte, The Flash is Born não tem força para colocar em risco o trabalho acertado mostrado até agora.
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