Review: The Flash S02E12 - Fast Lane

THE FLASHQuando estreou em 2014, The Flash prometia injetar ficção científica no universo DC criado em Arrow, dois anos antes. Obviamente o seriado cumpriu esse objetivo, mas, de certa forma, falhou um bocado em estabelecer seu protagonista como um cientista de fato, e alguém tão inteligente quanto seus amigos do STAR Labs. A primeira temporada até trilhou esse caminho no início, mas logo a ideia acabou diluída e, até este Fast Lane, Barry pouco demonstrou suas habilidades com ciências. Assim, o grande mérito do episódio da semana é ter um roteiro e uma direção focados em trazer de volta esse elemento, e com bastante destaque.

A trama principal é bem fraca, trazendo para os holofotes o desenvolvimento de Wally West, ao mesmo tempo que apresenta um novo vilão, o Poço de Piche, cujas motivações não fogem do clichê da vingança por ter sido traído no passado por seus parceiros de crime. Mas, a plot paralela envolvendo o relacionamento entre o Dr. Wells e Barry é bem interessante e de forte apelo dramático, principalmente por dar, mais uma vez, a oportunidade de Tom Cavanagh mostrar porque seu personagem de destacou tanto no primeiro ano que teve de voltar no segundo. Mas, além de tudo isso, também traz Barry como um verdadeiro amante da ciência, resolvendo algo que a série havia apresentado, mas ainda falhara em desenvolver. O entusiasmo do protagonista em poder trabalhar com uma "missão" que envolva não sua velocidade, mas seu intelecto é gratificante. E não para por aí, com o personagem se envolvendo mais nas ideias de como parar o antagonista do episódio. O argumento de Brooke Eikmeier e o roteiro de Kai Yu Wu e Joe Peracchio focam bastante nesse sentido e a direção de Rachel Talalay, cuja experiência remete a Doctor Who, ajuda na criação de um exemplar altamente centrado em dar à adaptação a ênfase em ciência que tanto havia sido prometida anteriormente, mas que acabou perdida pelo caminho.

Na plot da família West há uma certa redenção de Wally. O texto é muito inteligente em tentar, ao máximo, tirar aquele gosto amargo deixado pelas aparições prévias do personagem, sem perder em coerência. O episódio ajuda a construir o relacionamento entre o rapaz e sua recém-descoberta família. Destaque para Iris, que sai de mera observadora e resolve bancar a irmã mais velha, mostrando para Wally que seus atos podem trazer consequências terríveis. Joe também precisa decidir quanto ao seu comportamento como pai em um ponto da trama que funciona por conta de todo o background desenvolvido durante todo esse tempo no seriado. E ajuda a justificar a fúria com que avança em Wells em determinado momento: com tudo que está passando, a reação surge mais do que natural. E, se Keiynan Lonsdale havia despertado certa antipatia por conta de seu personagem, consegue mostrar aqui suas habilidades dramáticas e justificar melhor sua presença no programa.

No entanto, o centro das atenções é mesmo a subtrama de Wells. Cavanagh foi mesmo um achado para a série e é extremamente eficaz em trazer tons de cinza para suas atitudes. Seria muito fácil vilanizá-lo, mas o roteiro não pende por esse lado, optando por usar o desespero de um homem em salvar sua filha. É notável o sentimento de culpa que o corroi durante o episódio, ajudando Barry ao mesmo tempo em que planeja sabotar o herói a serviço de Zoom. Quanto mais o protagonista se aproxima, mais Wells demonstra hostilidade, para evitar que sua admiração pelo rapaz se torne um impedimento em sua missão.

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Apesar de figurar entre a categoria de "caso da semana", Fast Lane é eficiente em avançar a trama da Terra-2, já deixando como gancho a viagem que o elenco fará para o local no próximo episódio. Assim, mesmo que não seja totalmente satisfatório na introdução de um novo vilão (que, apesar de tudo, serve para trazer bons momentos de efeitos visuais no confronto final com o Flash), funciona por não deixar de focar em seus personagens, evoluindo seus conflitos e fazendo alguns até saírem da zona de conforto, como ocorrido com Wally e Wells. E, por focar tanto em elementos quase perdidos pela série, acaba se tornando um de seus exemplares mais interessantes como adaptação dos quadrinhos sem apelar para fanservice, e sim para as características que tornam Barry tão memorável entre o panteão da DC Comics.

Alexandre Luiz

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