Histeria foi um telefilme que buscava imitar as famosas paródias de filmes de terror das décadas de 1980. Lançada em 2000, meses após Todo Mundo em Pânico, essa também utiliza como base de sua narrativa as obras que Kevin Williamson escreveu, ou seja, Pânico e Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado.
Dirigido por John Blanchard, experiente por fazer séries como Madtv e The Kids on the Hall, o longa não tem uma linha guia muito original, o que mais se aproxima disso é o plot da repórter bonita que se une a um policial bobo, com ambos indo atrás de descobrir quem é o assassino em série que ataca a cidadezinha genérica onde a história se baseia.
Essa é uma obra que tem alguns nomes alternativos. O original é Shriek If You Know What I Did Last Friday the Thirteenth (ou 13th), mas ainda há pôsteres escrito Scary Scream Movie, o que determina claramente era um mockbuster do longa de Keenen Ivory Wayans. Como esse foi lançado em outubro, fica bem evidente que os produtores tentaram não só surfar na onda do lançamento da Dimension - que foi aos cinemas em julho do mesmo ano - como também tentou pegar carona na época do Halloween.
Produzido pela Rhino Films, foi distribuído pela Lionsgate, da época que a grafia era separada ainda, como Lions Gates Films. A gênese de dá mostrando os passos característicos do serial killler, que anda pela grama com um tênis largo, calçado esse que lembra um tênis de palhaço.
A primeira perseguição já é cheia de piadinhas infames. O diferencial mesmo é que o bandido entra em cena com uma máscara de hóquei, mas se acidenta e queima o rosto. Ao ter contato com a água ele passa a ter as feições do Ghostface.
A Filmagem Filmes usou o nome original como subtítulo, chamando assim de Histeria: Entre em Pânico se você sabe o que eu fiz na última sexta-feira 13. O texto segue nessa mesma toada de atirar para todos os lados e isso se percebe no nome da escola, a Bulimia Falls, em atenção ao problema digestivo comum as adolescentes que protagonizam o filme e que são o público alvo da produção.
Elenco não era estrelado na época, mas vendo em perspectiva se percebe que é recheado de espécimes graciosos, de gente que permeava as produções B da época.
Aqui o rapper Coolio, de Dracula 3000 e Pterodactyl: Ameaça Jurássica tem um papel secundário, também há icônico ator de comédia besteirol Simon Rex , que fez Todo Mundo em Pânico 3 e Super-Herói: O Filme. Entre as figuras mais curiosas há também Danny Strong, que faz um dos papéis centrais e viraria roteirista de sucesso, como no premiado Virada no Jogo. Hoje ele é mais lembrado por ter criado a série Empire e por ser roteirista de Jogos Vorazes: A Esperança.
O humor aqui foge de qualquer sutiliza ou fineza. Há um conjunto de piadas visuais na escola, com cenas de crime no pátio, bebedouros com bebidas alcoólicas, máquinas de vendas de cigarros, coisas inofensivas.
O que de fato incomoda é o excesso de gracinhas homofóbicas. Há de lembrar que em 2000 esse era um dos principais alvos de brincadeiras. Mas há também fan service para os aficionados por cultura pop. Algumas são boas, mas normalmente se diluem diante do tanta informação e poluição visual que é mostrado em tela.
Esse lembra bastante a onda de pastiches que viria após a saga Scary Movie, tendo a exemplo Uma Comédia Nada Romântica, Espartalhões ou Liga da Injustiça. Os personagens são só os estereótipos. Não há a quem se apegar, eles são somente os espelhos de suas versões mais famosas. Mesmo Todo Mundo em Pânico havia Cindy e Brenda, que tinham carisma, aqui nem isso.
O que mais chega perto de fazer se importar é o novato Dawson Deery (Harley Cross), que tem uma rivalidade com a repórter e escritora Hagitha Utslay (Tiffani-Amber Thiessen). Ela acusa o rapaz de ter matado sua família, enquanto apresenta um programa de investigações para uma imitação da MTV.
Grande parte do problema cômico do filme é que ele se apega demais a sua época. Há até referências a comerciais da época, apresentados aqui de uma forma que até tenta ser marcante e tenta romper o tempo, mas simplesmente não consegue minimamente. Os números musicais carecem de inspiração, tem letras e coreografias bem pobres, resultando também em mais um pretexto para fazer piadas com gays.
Ao menos o filme aceita a sua própria sina de mediocridade e paródia. Seu mínimo brilhantismo ocorre quando faz piada com o gênero, quando quebra a quarta parede para assumir que é uma paródia de Pânico.
Mas mesmo que Martina (Majandra Delfino) faz o monólogo que expõe isso, voltam as mesmas piadas de antes, relacionadas a possibilidade de alguns deles serem ou não parte da comunidade LGBT+ ou se apela para o clichê do amigo burro ou do amigo virgem.
O roteiro de Sue Bailey e Joe Nelms é fraco, especialmente por basear demais suas curvas dramáticas em imitações de Eu Sei O Que vocês fizeram no verão passado. Se o original já não é uma grande obra, imagina o filme piada dele. É difícil imaginar um desenrolar de fatos mais clichê e óbvio do que é visto aqui.
Entre as boas piadas, há um gracejo com a venda de discos da Rhino, onde a própria produtora se tornou alvo de piada. Outro ponto positivo é o aceno ao horror corporal nas mortes de Barbara e Slab.
Essas são basicamente as únicas mortes de fato legais, o resto é feito na base do humor rasteiro, normalmente terminando com gente sendo levada para fora de tela, ou perecendo graças a um evento acidental. A graça de Histeria reside somente no fato de se assumir paródia e apontar as regras e os clichês do estilo. Fora isso, é uma tolice abobada e exagerada.
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