Godzilla Minus One é um filme japonês de 2023 que tem o intuito de resgatar o que era clássico na entidade conhecida como Gojira ou Godzilla, mostrando o lagarto de proporções titânicas como a força destruidora da esperança e do mapa japonês. Dirigido e escrito por Takashi Yamazaki, o longa ganhou fama internacional, se tornou uma unanimidade positiva para crítica a público, além de ter vencido o prêmio de melhores efeitos especiais no Oscar.
A história parte de um passado anterior ao clássico, inclusive a uma época mais antiga até que o Godzilla original, em um Japão destruído social e moralmente, no momento imediatamente depois que a Segunda Guerra Mundial acabou.
A nação está em frangalhos, a situação financeira da população em geral está na penúria e ainda acontece uma reunião de desgraças, oriundas das atitudes e das patas do monstro gigante. Em meio a melancolia e tristeza, a situação se agrava a um nível crítico quando a criatura surge do mar.
O filme fez tanto sucesso internacional que foi lançado nos cinemas uma versão alternativa, em preto e branco, que foi bastante elogiada. Essa versão, chamada de Godzilla Minus One/ Minus Color ganhou algumas salas de cinema e foi disponibilizada não só em VOD mas também nos streamings.
O script de Yamazaki se baseia na ideia original de Ishirô Honda e Takeo Murata, que não são creditados aqui. Tem produção de Gô Abe, Kazuaki Kishida, Keiichiro Moriya e Kenji Yamada. Foram produtores executivos Shûji Abe, Hisashi Usui e Minami Ichikawa.
Esse foi o primeiro filme de Godzilla produzido pela Toho em muito tempo a ter um lançamento nos cinemas dos Estados Unidos em larga escala. O último havia sido em 1999, no famigerado Godzilla 2000.
A maioria dos filmes subsequentes foram lançados diretamente em vídeo, enquanto Shin Godzilla teve um lançamento limitado pela Funimation durante o mês de outubro de 2016.
Esse Minus One estreou no dia 1º de novembro de 2023 em uma premiere no Tokyo International Film Festival. Chegou aos cinemas japoneses em catorze de dezembro do mesmo ano.
A Toho pretendia lançar o filme em 3 de novembro de 2024, como parte da comemoração dos 70 anos da franquia, no entanto, a Legendary Pictures planejava lançar Godzilla e Kong: O Novo Império em 2024.
Como há um acordo entre os dois estúdios, vigente a partir de 2012, que impede que ambos os estúdios lancem filmes do personagem no mesmo ano, a companhia japonesa decidiu lançar em 2023.
A crítica americana foi bastante positiva, embora boa parte dos reviews reclamasse da falta de tempo de tela de Godzilla. Quando a primeira crítica negativa foi postada, Yamazaki twittou em resposta, brincando:
“Finalmente (rs).”
Esse foi o primeiro filme japonês de Gojira a ser lançado nos cinemas no Brasil desde A Fúria dos Monstros, de 1975. É o quinto filme da saga em que o personagem não luta contra outro monstro, depois de Godzilla de 1954, Godzilla de 1984, o Godzilla de Roland Emmerich e Shin Godzilla.
Minus One não foi lançado em vários países da Ásia - China, Coréia, Taiwan e e outros países do Sudeste Asiático. Correu à boca pequena que a Toho evitou lançar em alguns lugares devido à animosidade em relação a participação do Japão na Segunda Guerra Mundial, exacerbado pelo cenário do filme.
O "Menos Um" no título se refere ao fato de que o Japão já havia sido devastado pela Segunda Guerra Mundial, por isso, reduzido a zero, mas com o surgimento de Godzilla, o Japão ficou "no negativo". Isso se reflete no slogan original japonês do filme, que se traduz como Japão do pós-guerra. De zero a menos.
O título original é Gojira -1.0, mas também pode ser encontrado como Gojira -1.0/-C, Godzilla -1.0, G-1.0, Gojira -1.0, Gojira mainasu wan, Gojira minus one, ゴジラ -1.0/-C e ゴジラ-1.0.
O nome na maior parte do mundo é Godzilla Minus One, com variações como G Minus One, Godzilla 30: Godzilla Minus One, Godzilla Minus One/Minus Color, em Belarus é Гадзіла мінус адзін, Bulgaria é Годзила минус едно, no Egito é Judazila Naqis Wahid. Em Portugal e na Argentina é Godzilla Minus One.
A produção começou no final de 2019, mas devido a pandemia de Covid-19, as gravações só começaram em março de 2022, na região de Kanto. O filme teve cenas em Tóquio também. As companhias produtoras foram a Toho Studios e Robot Communications. Nos Estados Unidos e em seu país natal foi distribuído pela Toho, no Brasil foi lançado pela Sato Company.
A equipe de produção era pequena, em torno de 35 pessoas criaram as 610 tomadas em apenas oito meses no estúdio Chofu, sob a supervisão de Takashi Yamazaki e direção de Kiyoko Shibuya.
Yamazaki fez Balada, Patrulha Estelar, Zero Eterno e Lupin III: O Primeiro. O realizador já havia retratado Godzilla no cinema para uma sequência de sonho, no seu Always zoku san-chôme no yûhi de 2007.
O diretor baseou sua versão de Gojira no design na versão de Gojira, Mosura, Kingu Gidorâ: Daikaijû sôkôgeki de 2001, que tal qual esse, também se passa no período Showa (1926-1989) em vez do presente. Até as maquetes desse longa serviram de inspiração para a construção dos cenários.
Gô Abe produziu Furíjia e Zero Eterno. Kazuaki Kishida produziu Me Ame, Não me Ame. Yamada foi produtor na minissérie Samurai Sensei, também em Hyakka, Monstros.
Keiichiro Moriya foi produtor em O Sol Sempre se Põe na Terceira Rua, Pierrô, O Leão de Março: Parte I, O Leão de Março: Parte II.
O trabalho de efeitos visuais começou logo após o fim das gravações. Nessa época, Yamazaki disse que queria uma postura vertical, com pernas grossas e robustas, dando ao formato geral uma aparência de montanha, então concentrou os esforços em tornar a parte inferior do corpo muito maciça e o rosto assustador, mas inconfundivelmente parecido com o do clássico.
Yamazaki elaborou uma maquete 3D rústica, no ZBrush e entregou ao supervisor de efeitos visuais Kosuke Taguchi (de 125 Anos de Memória) que partiu daí seu trabalho como escultor e modelador 3D, ajustando o equilíbrio e adicionando detalhes. O diretor disse que confiava no senso artístico de Taguchi, já que ambos lidaram com bilhões de polígonos, então o modelo teve que ser convertido em vários mapas de deslocamento para renderização com Redshift.
O fluxo de trabalho envolveu a animação de um modelo relativamente leve e a aplicação de vários mapas para a renderização final. Yamazaki explicou que se o espectador aumentar o zoom, notará um padrão muito complexo, com alta resolução de cor e saliências, que faziam Godzilla parecer ainda mais real.
Para conseguir essa aparência foram usados muitos polígonos, só para a cabeça foram 200 milhões, a área do peito é dos membros foi e 100 milhões. O diretor ficou preocupado em como viabilizar essa renderização, então empregaram várias técnicas para iluminar os polígonos, garantindo assim que a criatura fosse "renderizável".
Houve muita especulação sobre o orçamento do filme. Na época do lançamento se falou que foi algo em torno de 15 milhões de dólares, fato desmentido pelo diretor. O orçamento final foi de 1,5 bilhão de ienes, o mesmo de Shin Godzilla, com as atuais taxas de câmbio que baixaram o valor do iene, significa que este teve cerca de 10 milhões de dólares de orçamento. Godzilla: Batalha Final de 2004 continua sendo o filme mais caro da Toho, custando 1,9 bilhão de ienes.
Ao todo, a equipe fez o filme com apenas 610 tomadas em VFX, em Vingadores: Ultimato por exemplo, se usou mais 2.500 tomadas VFX. Houve também um modelo prático usado como referência na criação da versão digital do Godzilla.
Mais de 100 dessas imagens foram registradas em cenas aquáticas, um número “quase inédito” no Japão, segundo o diretor de efeitos visuais Kiyoko Shibuya, contumaz parceiro do diretor, que esteve em Patrulha Estelar e Zero Eterno.
Shibuya disse que as pessoas achavam loucura fazer tantas tomadas assim.
Takashi Yamazaki e sua equipe usaram o CG para tentar tornar o seu Godzilla parecer o mais fotorrealista possível, aumentando a resolução das escalas, para torná-las muito nítida, com uma textura agressiva.
O cineasta deu entrevistas afirmando que a preocupação visual não tirou seu foco em trabalhar no roteiro. O avanço nas pesquisas dos efeitos fez com que ele pudesse fazer mais cenas na água.
Esse foi o segundo filme em língua não inglesa indicado ao Oscar de Melhores Efeitos Visuais, depois de Nada de Novo no Front. Minus One foi o primeiro a vencer a categoria.
Foi o primeiro filme de Gojira a ganhar ou ser indicado ao Oscar, neste caso de Melhores Efeitos Visuais. Godzilla de 1998, Godzilla de Gareth Edwards e Godzilla vs. Kong estavam na lista para o mesmo prêmio, mas não foram finalistas. O longa é também o primeiro filme japonês e o primeiro filme asiático a ser indicado e a vencer na categoria Melhores Efeitos Visuais.
Yamazaki foi a segunda pessoa a ganhar o Oscar de Melhores Efeitos Visuais por um filme que também dirigiu, depois de Stanley Kubrick por 2001: Uma Odisséia no Espaço, ainda que Kubrick não foi creditado entre os artistas de efeitos visuais do filme e sua premiação foi controversa.
Ele arrecadou bastante no mercado interno em seu fim de semana de estreia, no Japão e nos Estados Unidos, ainda superou todos os filmes do Monsterverse nas bilheterias japonesas, superando cada um de seus totais individuais.
Foi a obra da franquia com lançamento mais rápido nos EUA, um mês após a estreia no Japão e foi o primeiro filme de ação em língua não inglesa a atingir o primeiro lugar no mercado interno dos EUA na primeira semana, sendo o último Herói, em 2004. É o terceiro filme "estrangeiro" de maior bilheteria nacional nos Estados Unidos, ficando atrás de O Tigre e o Dragão e A Vida é Bela.
Takashi Yamazaki revelou que o filme não é uma “resposta direta” a Oppenheimer, mas ele adoraria fazer um filme que fosse isso. Segundo o próprio, foi apenas uma coincidência que o filme biográfico dirigido por Christopher Nolan e seu filme sido lançados em 2023. Também disse que acha que a ameaça da guerra nuclear está em um ponto muito alto, mais do que em qualquer outro ano histórico, por isso acredita que esses ocorreram juntos.
Yamazaki se afirma como grande fã do filme original, tentou permanecer fiel ao espírito do filme, abordando as questões da guerra e das armas nucleares com grande foco. Ele também citou o filme de 2001 dirigido por Shûsuke Kaneko, como seu filme favorito da saga. Há diversas referências ao filme lançado em 2001, como o design do monstro, o nome de um personagem como Tachibana etc.
O Godzilla de Yamazaki inclui aspectos bem típico de seu país. Existe um conceito no Japão chamado tatarigami, sobre espíritos que trazem calamidade, que incluem deuses bons e maus. Gojira seria um desse, meio monstro e também meio-deus.
Outras referências e homenagens miram não só o filme original, mas também Godzilla Contra-Ataca, no sentido de colocar protagonistas civis. O fato de ter um piloto como personagem central é outra coincidência entre ambos.
O protagonista principal, Shikishima, compartilha a motivação com um dos protagonistas de Godzilla vs. Megaguirus de 2000 e Gojira X Mekagojira de 2002, já o contexto político, que trata das tensões entre os EUA e a União Soviética, é uma abordagem partilhada por Gojira de 1984, a origem do monstro é explorada de forma semelhante a Godzilla Contra o Monstro do Mal de 1991, da mesma forma, o filme compartilha o clímax de um grupo desorganizado de pessoas se unindo para enfrentar o lagarto, como em Shin Godzilla.
Todos os filmes de Toho têm dois diretores, o diretor geral da primeira unidade e um segundo diretor de efeitos. Takashi Yamazaki atuou tanto como diretor geral quanto como diretor de efeitos visuais, distinção compartilhada apenas com Ishirô Honda, que teve que ocupar o cargo de diretor de efeitos de Eiji Tsuburaya em Monstrolândia em 1969, embora Tsuburaya tenha sido creditado no filme nessa função.
Yamazaki era um grande fã do filme Shin Godzilla de Hideaki Anno. Seu sucesso e efeitos visuais motivaram a fazer seu próprio filme. Ele disse que a obra foi incrível, por isso decidiu não fazer uma sequência, por não achar-se capaz, indo então em outra direção. Ele organizou uma exibição em que Anno estaria presente, revelou que o ele visitou as filmagens de Minus One e se mostrou empolgado com os atores Ryunosuke Kamiki e Minami Hamabe. que também estrelou Shin Masked Rider do próprio Anno.
O cineasta elogiou o trabalho de Yamazaki e a cena de Ginza em particular.
Steven Spielberg elogiou bastante Minus One, afirmou que o viu 3 vezes nos cinemas. Yamazaki se sentiu lisonjeado e comparou isso a ser elogiado por Deus. O roteirista Chris Black elogiou também e mencionou como o considera igual ao programa que ele co-criou, Monarch Legacy of Monsters. Gareth Edwards, diretor do filme da Legendary de 2014, assistiu à exibição e descreveu um sentimento de ciúme enquanto assistia, afirmando: "É assim que um filme de Godzilla deveria ser."
Este é o primeiro filme da franquia a ser uma peça de época, ambientado durante a submissão americana ao Japão, quase uma década antes do Godzilla original. Ele já começa com uma tomada aérea, com um avião planando sobre o mar, pousando no ar.
A versão Black & White torna esse momento em algo ainda mais belo, aliás, boa parte dos momentos do filme fica ainda melhor nesse estilo, especialmente os choques contra o Kaiju.
Em 1945, chega um piloto na fictícia ilha de Odo, no aeródromo. O sujeito esbaforido é Kōichi Shikishima, personagem de Ryunosuke Kamiki. O nome dele foi uma homenagem a Koichi Kawakita, o diretor de efeitos especiais do final dos anos 80 até os filmes de Godzilla dos anos 90, já Shikishima, coincide com o nome de um esquadrão que conduziu o primeiro ataque kamikaze bem-sucedido, liderado pelo tenente Yukio Seki, que atingiu e afundou o USS St. Lo em 1944.
Ele conversa com Sōsaku Tachibana de Munetaka Aoki, que é uma das pessoas que discute com ele sobre o fato dele ter sobrevivido.
A discussão sobre o porquê obedecer uma ordem de "morrer com honra" quando o resultado já é óbvio? Ela se perde depois da "surpresa". Na beira da praia, Shikishima vê coisas estranhas na agua, parecem restos de corais e peixes fragmentados, mortos, flutuando com as entranhas para fora é precisa.
Com cinco minutos Godzilla aparece atacando o acampamento, destrói o cenário inteiro, faz um dos vigias voar pelos céus, até cair em um recipiente de madeira, no alto. Os locais de Odo já falavam sobre ele, mas nada preparou o grupo para enfrentar ele.
O piloto tem o animal sob sua mira, mas nada faz, mesmo tendo consigo a arma mais poderosa de toda a localidade. Shikishima não treme, fica estático.
Durante esse ataque à ilha, Godzilla ataca os mecânicos para matá-los, mas não os come, seguindo a regra estabelecida pela Toho de que Godzilla nunca deve ser retratado comendo seres humanos. Em vez de criar um novo rugido, a equipe simplesmente utilizou o rugido original em alto-falantes, para gravar o áudio.
O compositor Naoki Satô usou a versão do tema arranjada em Godzilla Contra a Ilha Sagrada de 1964.
Nas outras aparições, Sato incorpora a marcha do filme original com o tema de King Kong vs. Godzilla de 1962, que é a mesma que o compositor Akira Ifukube fez para sua Fantasia Sinfônica.
Apesar dele ter travado, provavelmente não teria maior sucesso em derrubar Godzilla. Ainda assim ele sentiu culpa e remorso, além de sofrer acusações da parte dos detratores em volta.
A trama pula alguns meses, chega a dezembro, mostrando Tóquio devastada e carbonizada. O piloto kamikaze volta, encontra sua vizinha, Sumiko (Sakura Ando) que estranha a chegada dele.
Com o tempo, ele é mostrado lidando com sua namorada Noriko Ōishi, (Minami Hamabe) e com a bebê Aikiko, já com diversas dificuldades financeiras. Yamazaki denuncia as dificuldades dos ex-militares, após a grande guerra.
As forças armadas foram dissolvidas e além do Japão não fazer força contra uma ameaça externa, ainda se jogou boa parte dos homens na linha da pobreza e do desemprego.
Ele então aceita um trabalho que paga bem, à bordo de um navio. Noriko é contra, ainda mais sabendo que o veículo tem acesso a uma arma. Seu receio é de deixar Amiko órfã. Ele já retornou vivo da guerra, não deveria assim se colocar em risco, especialmente pelas tendências dele e se sentir culpado.
Shikishima acha que será atirador em um barco, mas na verdade vai estar junto a marinheiros comuns, em um barco de madeira. Logo se junta ao capitão Yōji Akitsu de Kuranosuke Sasaki e ao "garoto" Shirō Mizushima de Yuki Yamada.
Ele embarca, mas não sai de terra firme antes de encontrar o homem que desenvolveu armas navais, o doutor Noda, de Hidetaka Yoshioka.
Em julho de 1946, no Atol de bikini, começa a operação crossroads. Assim que enxerga uma embarcação destruída, Koichi teme que seja Gojira. Nesse ponto, ele vê de novo os peixes do fundo do mar, na superfície da água.
Os marinheiros não acreditam nisso, dizem que pode ser uma bomba soviética, mas Noda sabe que há algo. A missão do quarteto é atrasar seja lá o que for, até que o navio Takao venha de Cingapura até o Japão.
Diferente do Shin Godzilla, não se economiza a imagem de Gojira. O visual deste, embora feito em CGI, pretendia lembrar a técnica clássica de “suitmation”, com a postura mais ereta ao invés de inclinada para frente.
O design mistura elementos de vários filmes anteriores, com a influência mais forte sendo o design da série VS dos anos 90/era Heisei, que é o design que Toho usa há muito tempo para merchandising.
A aparição do kaiju também guarda semelhanças com o visto no curta-metragem de 2021 que acompanhou a atração do parque de diversões Godzilla the Ride na cidade de Tokorozawa. O curta também foi dirigido por Takashi Yamazaki e foi uma peça de época ambientada na era Showa.
Cada design do Godzilla recebe um apelido dos fãs japoneses e este Godzilla, foi chamado de NegaGoji, inclusive endossado pela Toho, no entanto, isso fez com que os fãs americanos hesitassem porque a primeira parte soava ofensiva, já que lembra um xingamento racista em inglês. Como tal, os americanos adotaram apelidos alternativos, como MinusGoji.
O CGI está impecável, a cena do monstro perseguindo o barco de Noda é sensacional, simples e efetiva, praticamente sem mostrar o lagarto por completo, só cauda e costas por boa parte do tempo.
Yamazaki afirmou que enquanto o Godzilla americano está focado apenas em ser monstruoso, a interpretação japonesa é tanto como um monstro quanto como um deus.
Disse também que o objetivo do Godzilla internacional é o de ser um monstro poderoso, enquanto o japonês é uma criatura divina em muitos aspectos. Não necessariamente um deus religioso, mas mais como um deus japonês, um deus malévolo e destrutivo.
Aqui se reintroduz a origem de Godzilla como um dinossauro que se transformou em monstro por meio de testes nucleares, tomando emprestado a inspiração nos animais conhecidos como Tiranossauro, o Estegossauro e o Iguanodonte.
A versão sem cores dá uma boa valorizada nas cenas de combate físico a Godzilla. Nesse ponto ocorrem explosões, regeneração. O kaiju levanta em duas patas no mar ainda é atacado pelo navio Takao, para enfim soltar a sua "respiração atômica", o raio azul icônico, que serve basicamente para se desvencilhar de uma possível captura.
Quando Godzilla solta a rajada desloca suas placas dorsais para fora de seu corpo, enquanto se iluminam, novamente referenciando Gojira, Mosura, Kingu Gidorâ: Daikaijû sôkôgeki, já que o traje usado naquele filme tinha um mecanismo para também deslocar suas placas dorsais, embora de uma forma mais sutil. A iluminação da cauda para cima também faz referência aos filmes recentes de Legendary.
Apesar de tudo o que ocorreu, da destruição e dos óbitos, o governo escolhe manter segredo e não alarmar a população. Enquanto isso, Shizimaki tem crises de ansiedade, de maneira tão agressiva que a sua amada tem que lembrar ele que está vivo, que não morreu.
Godzilla ataca Ginza, passa por trilhos, até joga prédios na frente do trem. Nesse ponto aparecem tanques médios Chi-To, veículo que foi um projeto de guerra tardio, que viu apenas alguns protótipos concluídos antes do fim da guerra.
Nesse ponto também se faz referências diretas ao filme de 1954, onde Godzilla morde um trem e destrói o prédio Wako, causando a morte de repórteres que observavam e a destruição do teatro Nichigeki.
Após o ataque a Ginza, um logotipo aparece na parede. Muitos confundiram com o logotipo da The Umbrella Corporation dos jogos Resident Evil, mas o símbolo era na verdade do Oitavo Serviço de Intercâmbio do Exército Tokyo P.X., como pode ser visto em fotografias históricas do edifício de 1946.
Há momentos tensos, com o acréscimo da música tema, que se tornam ainda mais urgentes graças ao fato de mostrar uma garota pendurada em barras de ferro do vagão que está na boca de Gojira. É simplesmente sensacional, ele destrói o teatro nippon, enquanto um radialista narra ao povo como o ser anda, pouco antes do prédio onde ele está rachar e ruir.
A destruição dos prédios e os civis correndo, o chão rachando, o concreto quebrando, tudo colabora para mostrar Gojira como uma força da natureza, destruidora, semelhante a terremotos ou furacões.
Os gritos de Koichi, ao ver Godzilla saindo da cidade, com tudo destruído é sensacional e o prejuízo em termos de vidas é bem sentido, já que foram 30 mil mortos, mais de 20 mil casas e estabelecimentos destruídos.
Noda apresenta uma alternativa para deter o lagarto, tenciona amarrar cilindros de freon no ser, deixar espumar para criar uma membrana de bolha que o faria afundar rapidamente, de forma que a pressão o esmagaria, o mar ajudaria a aumentar a pressão no bicho, operação Wada Tsumi, ainda assim o doutor não garante que isso matará Godzilla.
Noda e o Capitão não permitem que o garoto Mizushima vá para a batalha, já que perdeu um dos braços. Dão a ele a chance de ter um futuro. Bravos samurais.
Shikishima fica contrariado e nervoso, mas há quem se importe com ele, mesmo ele sendo um desconhecido. Noda enxerga nele um bom homem, há um apelo emocional ali.
Da parte do monstro, toda vez que ele provoca o enriquecimento de sua coluna, com os espinhos saltando e eriçando para ficarem mais pontiagudos, causa espécie, é emocionante e muito tenso.
Tachibana chega e deve pilotar o Fantasma Kyudgy J7W1 Shinden. Essa era conhecida como Relâmpago Magnífico, foi desenvolvida para interceptar os bombardeiros B-29 dos EUA. Apenas dois foram construídos, com seus únicos voos ocorrendo pouco antes da rendição do Japão na segunda guerra. O exemplar sobrevivente é exibido pelo Museu Nacional do Ar e do Espaço.
A réplica do J7W Shinden foi exibida no Museu Memorial da Paz de Tachiarai em 2022 após a conclusão das filmagens, porém não foi revelado que Toho foi o responsável por sua construção até o lançamento do filme.
Tachibana deveria pegar o avião para seguir o plano de Koichi de atrair Gojira, sem risco de ser chamuscado por seus raios. Shikizima queria ele mesmo pilotar, provavelmente em uma saída suicida, mas o plano seguiu, ao menos até certo ponto da história.
Os aviões Shinden, eram aviões com hélice colocada na parte traseira, sendo assim, não tinha sistema de ejeção como neste filme. Para quem entende alemão, uma das surpresas do final é estragada, já que perto do assento ejetável há uma etiqueta de advertência em alemão informando sobre o mecanismo.
Godzilla tem em torno de 11 minutos de exibição, 6 minutos a menos que a entrada em Shin Godzilla e 2 minutos a mais que o Godzilla de 54.
A tática de ataque é sensacional, inteligente e bem executada. O ser quase congelado, apontando a boca e a rajada para o navio, com a câmera lenta é um senhor uso do slow motion, sem som, dá a impressão de que tudo vai acabar. Ainda sobra espaço para Shikishima fazer seu sacrifício.
Há um cuidado para inserir navios que de fato existiam, para combater o monstro, todo o esforço do governo mira consertar o país diante do ataque do dinossauro radioativo.
Koichi se salva, através do assento ejetor, chega até a encontrar Sumiko, no final. Tudo dá certo para ele, até Kamiko sobrevive.
Lá no início do filme aparecem peixes com a língua para fora quando trazidos à superfície devido a mudanças na pressão. Esses sofrem do fenômeno barotrauma, movimento que dá a impressão de que a língua desses animais está para fora quando na verdade, é uma resposta à diferença de pressão entre o ambiente do fundo do mar e a superfície.
A ideia de Noda era causar isso em Godzilla e eles conseguem, de forma semelhante a bomba lançada na obra de 1954. O destino final de Godzilla é outra homenagem ao filme de Kaneko, ainda assim se abre chance para ele retornar, já que partes do corpo dele seguem vivas, com o coração pulsando na água.
Godzilla Minus One é um filme que consegue ao mesmo tempo ser histórico, pontual em falar sobre a política e sobre o perigo real de um apocalipse nuclear, ao passo que consegue ser divertido e apetitoso para todos os públicos. É uma obra atualíssima e que certamente sobreviverá ao sabor do tempo, já que reúne argumentos sensacionais e discussões que são pulsantes para além até da atualidade.