O ótimo longa Corações Sujos chegou aos cinemas poucas semanas atrás, e nos conversamos com o diretor Vicente Amorim sobre a produção.
CA: Como surgiu o projeto de Corações Sujos?
Vicente Amorim: Corações Sujos surgiu em 2003 quando, tendo lançado o meu primeiro longa de ficção, O Caminho das Nuvens, eu procurava meu próximo projeto. Eu sabia que queria algo sobre identidade, mas não sabia bem o quê - não sabia que filme seria este. Ao ler o livro do Fernando Morais me dei conta que o filme que queria estava contido naquele livro e que, potencialmente, era muito mais que um filme sobre identidade.
CA: Como foi o processo para escolha do elenco?
Vicente Amorim: Trabalhei com um produtor de elenco japonês, Yutaka Tachibana, com larga experiência em filmes internacionais. Como não havia dinheiro suficiente para ir ao Japão fazer casting, vi dezenas de filmes japoneses contemporâneos que me mandaram aqui, sem legendas, e fiz, com a ajuda do Yutaka, entrevistas e testes por skype. O processo foi muito bem sucedido - no final, conseguimos alguns dos maiores nomes do cinema Japonês, atores que fizeram filmes como Kill Bill, A Partida, Cartas de Iwo-Jima e O Último Samurai.
CA: Como foi trabalhar com um elenco em sua maioria formado por japoneses? Como se dava a comunicação?
Vicente Amorim: A comunicação se dava através de uma intérprete, mas isto não teria resolvido completamente a questão da comunicação, pois precisávamos de velocidade e velocidade pede entendimento do todo. Deu certo, pois ensaiamos durante um mês antes do início das filmagens e o pacto, que sempre se forma entre diretor e elenco, se deu de forma muito harmônica. Nem parecia que havia esta questão, da língua.
CA: O cinema japonês em sua linguagem mais econômica em relação ao cinema ocidental, foi uma influência pra você? Se sim, que cineastas ou filmes japoneses te inspiraram?
Vicente Amorim: Não sei se concordo com a ideia de que o cinema japonês tenha uma linguagem mais econômica. Isto é verdade sobre alguns cineastas clássicos, notadamente de Ozu, mas o cinema japonês contemporâneo é variado, não tem uma só cara. Muitas vezes é barroco. Adoro os filmes de Oshima, Kurosawa e Mizoguchi, mas tive muito cuidado para não ficar emulando o estilo deles.
CA: Você já tem algum novo projeto em vista?
Vicente Amorim: Meu próximo projeto deve ser um thriller baseado na vida de Maria da Penha, a mulher que deu nome à lei contra violência doméstica.
Trailer - Corações Sujos:
Muito boa entrevista, e o filme é muito bom, um dos melhores do cinema nacional sem duvida. Parabens