Review: Arrow S03E08 - The Brave and The Bold

The Brave and the BoldNa segunda parte do crossover entre Arrow e The Flash (leia review da primeira aqui), o que conta não é a batalha física entre os dois heróis, mas a psicológica. Com a grande carga dramática que já se tornou marca registrada da série do Arqueiro, o episódio mantém a qualidade vista no programa do Velocista, e até supera em vários fatores o que foi mostrado na primeira parte do especial.

Da mesma forma que em Flash Vs. Arrow, The Brave and the Bold é um episódio auto-contido, com apenas algumas referências da aparição do vigilante de Starling em Central City e cujo elemento de ligação entre as duas tramas é a caçada ao misterioso assassino dos bumerangues. Aqui é revelado que Digger Harkness (Nick Tarabay) é um ex-membro do Esquadrão Suicida que quer vingança contra a ARGUS, colocando Lyla na mira do vilão, dando a Diggle um bem-vindo destaque, e até inesperado, levando em conta as pretensões do episódio em desenvolver uma parceria entre dois heróis mascarados.

Enquanto mantém a ação constante, o que o coloca no mesmo nível de qualidade da primeira parte, são as discussões quase filosóficas entre Oliver e Barry que enriquecem a trama, evidenciando as diferenças entre ambos sem soar repetitivo, uma vez que a aventura anterior também deixava claro que os dois personagens seguem caminhos opostos em busca de objetivos semelhantes. Se o Arqueiro tinha muito o que ensinar ao Flash, aqui a situação se inverte e o justiceiro é que precisa ter os olhos abertos pelo herói de Central City. O arco dramático de Oliver nessa temporada é colocado em cheque: será que existe espaço para uma vida "civil" ou o protagonista está destinado a viver atirando flechas em seus inimigos? Tudo isso ainda é amarrado pela trama dos flashbacks que começa a mostrar como o protagonista adquiriu o "necessário" para agir de forma tão violenta.

E, se no episódio de Flash o ponto fraco era o vilão (algo que o roteiro justifica ao fazer o herói de vermelho perder o controle de sua raiva), na aventura de Arrow o Capitão Bumerangue é vivido de forma intensa e carismática por Nick Tarabay, cuja aparição já figura na lista de melhores antagonistas das duas séries. A grande vantagem da caracterização do personagem é não abrir mão do ridículo e do exagerado, tornando sua presença ameaçadora e ao mesmo tempo divertida. A sequência na qual invade a sede da ARGUS é de tirar o fôlego e coloca à prova a capacidade técnica da equipe de efeitos visuais.

Outra coisa que funciona tão bem na segunda parte do crossover quanto na primeira é o humor, que vem principalmente das boas tiradas de Cisco e Caitlin, que parecem ter a capacidade de criar química contracenando com qualquer elenco. E os bons diálogos que figuraram em Flash Vs. Arrow também aparecem por aqui, com menos exposição do que o normal de ambas as séries e mais construção de personagem. Algo que surge sempre em boa hora é a forma como os roteiristas encontraram para brincar com piadas recorrentes de ambos os programas. Felicity dizendo que precisa arrumar alguns pesos de papel, para evitar que voem toda vez que Barry usa seus poderes, Cisco reconhecendo que o uniforme do Roy tem muito mais estilo que o de Oliver ou a ótima sacada quanto ao apelido "Speedy" estão entre os bons momentos bem humorados que funcionam tanto para o fã quanto para quem resolveu assistir as séries agora, por curiosidade. O alívio cômico também ajuda a "quebrar o gelo", uma vez que o segundo ato conta com uma grande carga dramática. Faz bem à narrativa e garante equilíbrio, sem soar engraçado demais, nem exageradamente pesado.

The Brave and the Bold

Dessa forma, mesmo não sendo totalmente ousado por decidir não ligar tanto as duas partes, o esperado crossover oferece uma ótima oportunidade de liberar qualquer amarra que impedia uma maior aproximação da linguagem dos quadrinhos com a TV. Esses dois episódios foram realmente especiais, trazendo não apenas situações divertidas, mas também servindo para analisar as diferenças entre os programas e evoluir subplots que não haviam encontrado tempo suficiente nas semanas anteriores. Mais do que qualquer coisa, justificam o crescimento das duas séries tanto no gosto do público geral, quanto no daquele mais específico, que só quer ver seus heróis preferidos bem representados em suas versões de carne e osso.

Alexandre Luiz

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2 comments

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    Mariana Lima 6 dezembro, 2014 at 11:42 Responder

    Adorei! Não dá pra escolher qual episódio foi melhor nesse crossover. As conversas entre o Barry e o Oliver agregaram muito a construção dos dois personagens, amei cada minuto!
    O Cisco me representou na série, foi impagável a animação dele com tudo que ele via na série.
    Espero que venham muito mais crossovers como esse!
    Alexandre, eu não comento sempre, mas adoro ler suas reviews. Parabéns pelo belo trabalho!

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