Review: Arrow S03E12 - Uprising

O texto a seguir contém spoilers.

UprisingDepois de dois bons episódios dentro do arco que marca o retorno de Arrow pós-hiato, o desfecho, que prometia uma batalha épica pelo controle do Glades, trouxe mais problemas do que qualidades, fechando a trilogia com um gosto de decepção.

Os roteiristas tiveram tempo o suficiente com três semanas para desenvolver todas as subtramas que seriam importantes na conclusão do arco, mas deixaram aquela que seria decisiva para ser entregue na última hora, aproveitando também para começar a redimir aquele que já foi o principal vilão do seriado, Malcolm Merlyn. A ideia de tornar Brick o real assassino da esposa do Arqueiro Negro por si só já é um clichê enorme, mas trazer essa informação apenas agora, para que o personagem pudesse se envolver na história é de uma desonestidade enorme do texto, que força a entrada de Merlyn na trama apenas para justificar sua presença entre o elenco principal e dar a ele alguma função além dei treinar Thea e criar maquinações em benefício próprio. O resultado é um desenvolvimento corrido, que precisa se sustentar com alguns flashbacks, cortando até mesmo o bom desenvolvimento que a trama de Oliver em Hong Kong finalmente havia ganho nesta segunda metade da temporada.

Enquanto o clímax é construído em Starling, o espectador acompanha Oliver fazendo sua jornada de volta, o que também surge como problema na batalha decisiva. Quando o Arqueiro retorna, é convenientemente no momento que irá definir o "lado" de Malcolm, fazendo toda a promessa de seu retorno não ter a recompensa esperada. É um elemento clássico de roteiro: se existe a construção de um momento, ele deve vir de forma a recompensar o espectador, algo que não acontece, levando a um retorno anticlimático para o protagonista do seriado. Além disso, a luta para libertar o Glades se mostrou um dos momentos mais problemáticos que o programa já apresentou, exigindo do espectador um nível muito alto de suspensão de descrença para aceitar que os capangas de Brick, todos armados, preferiram partir para o combate corpo a corpo com um uma multidão furiosa. Não faz sentido, mas está ali porque o roteiro simplesmente não conseguiu encontrar uma solução melhor do que copiar descaradamente o terceiro ato de Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge, pela segunda vez, inclusive, já que o programa havia buscado essa mesma inspiração no final da temporada anterior. Mesmo a aparição do Pantera é gratuita e parece servir apenas para mostrar que Ted Grant ainda está na história, apesar de ter sido ignorado pelos realizadores nos episódios anteriores.

O episódio teve seu lado positivo e trouxe conflitos interessantes, como a discussão do Time Arqueiro sobre aceitar ou não a ajuda de Merlyn e a postura de Felicity quando descobre que Oliver está disposto a "perdoar" o antigo vilão. A participação de Quentin Lance também rendeu um bom desenvolvimento ao personagem, que agora sabe que a Canário que está em Starling não é Sara (embora tudo tenha ficado um pouco conveniente demais, com Sin aparecendo e esbarrando no policial apenas para lhe dar essa informação). E a rapidez que descobre a identidade do Arsenal é engraçada e serve como respiro para o espectador, mas torna sua ignorância quanto ao alter ego do Arqueiro algo um tanto sem sentido, a não ser, é claro, que a série revele no futuro que Quentin sabe que é Oliver debaixo do capuz. Isso, inclusive, leva a outro problema que poderia ter sido resolvido: a participação de Thea na série. A personagem vê o herói de Starling retornando pela TV e logo depois Oliver reaparece, sem despertar suspeitas na garota? Muita gente reclama que em Batman Begins, o Morcego começa a agir logo quando Bruce retorna para Gotham e ninguém desconfia da identidade do vigilante. O que essas pessoas escolhem esquecer é que o tempo entre o retorno de Wayne e o surgimento do Batman é de semanas. Queen revela que voltou na mesma noite que o Arqueiro e ainda assim Thea não acha estranho? Seria melhor a série mostrar logo que todos sabem que Oliver é o justiceiro mascarado, mas escolhem não tocar no assunto porque sabem que ele está fazendo o melhor para a cidade.

Uprising

Com o desfecho da trilogia de episódios se saindo bem abaixo do que a série já mostrou ser capaz de fazer, essa terceira temporada ainda não saiu do âmbito das promessas. Sim, há bons momentos, que vão desde as sempre competentes cenas de ação a alguns desenvolvimentos de personagens, mas a história em si parece cada vez mais inchada, com coadjuvantes que ainda não conseguiram mostrar uma função e situações forçadas porque os roteiros criam conflitos que parecem crescer a ponto de se tornarem impossíveis de serem solucionados sem conveniências.

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Alexandre Luiz

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2 comments

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    Douglas Couto 5 fevereiro, 2015 at 13:56 Responder

    Eu fiquei com um grande "HÃ" quando vi o pessoal da gangue correndo kkkkkkkkkkkk já tava até esperando eles atirando e o pedaço da frente do grupo da cidade caindo. Eles poderiam usar uma flecha de explosão na galera da frente pra derrubar os que tinham arma e dar tempo do povo da cidade chegar neles.

  2. Avatar
    @Adrica 6 fevereiro, 2015 at 16:09 Responder

    Nossa, assino embaixo! Tá tudo bem aquém nessa terceira. O conflito no Glades foi constrangedor. Ninguém me convence que a Laurel pode ser a Canário. Se era pra manter a personagem pq não deixaram a atriz anterior ?? Thea aprendeu a lutar em alguns meses, Laurel em algumas aulinhas de box e Oliver em cinco ano. Os roteiristas são feministas???

    Eu adoro a série mais ela tá exigindo muitas vezes que o espectador finja que não viu.

    O retorno em si do Arqueiro foi …besta.

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