Review: Arrow S01E02 - Honor Thy Father

Depois do empolgante, mas problemático, piloto, cujas cenas de ação seguraram a audiência, apesar do fraco desenvolvimento dos protagonistas e os diálogos tolos, Arrow apresenta um segundo capítulo muito mais centrado. Enquanto semana passada não houve nenhum momento relativamente humano envolvendo Oliver Queen, já que o roteiro estava mais preocupado em apresentar o elenco inteiro do que dar aos personagens alguma motivação (o que resulta na súbita transformação de Queen no Arqueiro, como se neste primeiro momento o seriado tivesse a obrigação de mostrar o herói em seu uniforme completo), desta vez, logo no início o jovem bilionário precisa enfrentar as ramificações legais de seu retorno ao mundo dos vivos, ao mesmo tempo em que deve tomar uma decisão sobre qual persona assumir quando não está disparando flechas em criminosos.

Há também mais tempo neste episódio para que o espectador conheça Laurel Lance e sua função na série, muito parecida com a Rachel Dawes de Batman Begins. E seu pai, o detetive interpretado por Paul Blackthorne, também pôde ter mais tempo de tela pra que a relação de ambos pudesse ser melhor trabalhada. Tudo isso graças a uma trama relativamente simples, envolvendo um poderoso empresário e a Tríade chinesa, levando à primeira aparição da vilã China White, vivida por Kelly Hu. Como não há uma resolução pra personagem, seu retorno é muito provável no futuro (até porque não é passada nenhuma informação sobre ela, nem mesmo seu nome).

Arrow também parece ser um seriado que não se envergonha ou, pelo menos, não tem medo de revelar sua origem nos quadrinhos. Ao contrário de Smallville, que demorou anos para colocar algum herói de uniforme em seus episódios, a adaptação do Arqueiro Verde não esconde o personagem. Somente neste segundo capítulo o vigilante aparece três vezes em cenas de ação que continuam com a mesma qualidade da semana passada. E Stephen Amell, mesmo com suas limitações, está fazendo um bom trabalho. Seu desconforto em não poder ajudar o guarda-costas John Diggle para não comprometer sua identidade secreta é um dos bons momentos desta semana. Aliás, o relacionamento dos dois também foi mais bem representado assim como o passado de Diggle. A cena em questão, inclusive, faz pensar se ao invés de Ricardito, o sidekick do Arqueiro não acabe sendo o próprio guarda-costas (Oliver parece observar com muito interesse as habilidades de seu protetor).

O roteiro, mesmo melhorando os aspectos citados, acaba um pouco problemático justamente por conta da trama envolvendo a máfia chinesa. Mesmo que a ausência da solução possa representar um retorno destes vilões, o recurso não surge orgânico suficiente à narrativa para sugerir isso de forma satisfatória. Outra questão é o uso dos flashbacks na ilha onde Oliver estava perdido. Essa fórmula estará presente em todos os episódios? Porque as chances de se tornar cansativa são grandes. Pelo menos ao final deste segundo capítulo, o gancho deixado é interessante a ponto de evitar que isso ocorra tão em breve. Parece que as futuras aventuras serão intercaladas com o treinamento do herói (algo que merecia um destaque maior quando for realmente abordado). E é bom que, se os flashbacks forem uma constante, seja explicado de forma convincente como Oliver conseguiu os nomes dos seus alvos em Starling City, se o caderninho que seu pai carregava estava em branco. Será que a inspiração em Hamlet não para na relação de sua mãe com o antigo sócio de Robert Queen e leva à aparição de fantasmas também?

Como a qualidade do primeiro para o segundo episódio melhorou (algo refletido também tecnicamente, uma vez que a fotografia se permite uma granulação interessante nas cenas noturnas, representando a natureza "suja" e brutal do vigilantismo), se o seriado continuar nesse ritmo deve ter fôlego suficiente para o CW se animar a dar continuidade, autorizando uma nova temporada. Tomara que aos poucos os roteiristas encontrem o ritmo certo pra que não se percam nessa história paralela que se forma, envolvendo a Sra. Queen. É o tipo de coisa que não pode durar até o fim da série pra não prejudicar o protagonista a ponto deste não evoluir como sua contraparte das HQs. E com a atitude que toma no final, seria realmente uma pena se Oliver ficar preso à sua família por várias temporadas, uma vez que dá a entender que se abster de sua fortuna seria um ótimo (e natural) caminho a se seguir no futuro.

Alexandre Luiz

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2 comments

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    Tiago Lamonica Batista 19 outubro, 2012 at 14:25 Responder

    Concordo com basicamente tudo que disse, gostei do episódio, e da uma alegria maior ao assistir e lembrar que é um heroi de Hq's que estamos vendo ali.

    Quanto ao guarda costas do Oliver, ta bem na cara que Olie vai acabar revelando pra ele seu "segredo" afinal os dois ja estão se sacando bem, só espero que no final o guarda não seja mais um vilão hehe.

    Mas é isso, torço pra que de cada vez mais certo a série.

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    José Guilherme 21 outubro, 2012 at 00:14 Responder

    Muito muito bom esse segundo episódio e o que mais me impressiona mais uma vez é a qualidade das cenas de luta e toda a ambientação, a cena da luta nas docas tava tão grandiosa (com relação ao chroma key bem posto) que me impressionei.

    No mais a linda da Katie Cassidy continua bem e tivemos Emma Bell, vocês sabem se ela volta? Sim gosto do Digg também e pelo menos para mim os flashbacks foram bem inseridos sem tomar muito tempo do episódio o que soa bem mais orgânico.

    P.S.: Laurel é a Rachel Dawes de Arrow, e eu achando que só eu tinha percebido isso.

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