Review: Fringe – 5x02 In Absentia

Quando uma série se mostra forte o suficiente, para construir uma de suas últimas horas em cima da personalidade de um novo personagem, você encontra todos os porquês possíveis para explicar o seu amor por ela. In Absentia pode parecer um episódio desnecessário para alguns, pois apostando em um clima mais lento que o anterior, mostra uma única missão da Divisão Fringe, para recuperar o plano de destruir os observadores.

O que vimos na verdade, foi um merecido retorno ao laboratório em Harvard, num clima nostálgico, pois o outrora aconchegante “forte” de Walter, mais parece um assustador esqueleto deixado pelo expurgo dos Observadores. É engraçado ver que há alguns anos, a única pessoa capaz de entender o cientista era Peter, mas Olivia já o conhece tão bem, que é dela a sugestão de que talvez o cientista tenha registrado o plano de uma forma mais simples, como sempre costumava fazer no passado.

A universidade virou o Ministério da Ciência, fortemente vigiado pelos legalistas, mas Walter conhece aquele local como ninguém, e logo somos levados aos túneis que nos deixam em seu laboratório. É estranho ver que os Observadores não revistaram aquele local, mas penso que por subestimar a raça humana mais uma vez, os vilões nem deram tanta importância àquela base. Sorrisos despontaram em meu rosto, quando percebi que para tirar a câmera deixada por Walter no âmbar, teríamos que ver mais uma vez o empenho do cientista em criar uma engenhoca maluca, Walter o MacGyver da ciência, capaz de criar uma arma a laser com uma antiga vitrola, eu adorei.

Mas o ponto alto do episódio começa com a chegada de um guarda legalista ao local, ganhamos então a visão de duas pessoas que passaram os últimos vinte anos sobre o tirânico domínio dos Observadores. Etta já conquistou nossos corações, mas o ódio estampado em seu rosto quando utilizou o estranho dispositivo dos observadores para torturar o legalista em busca de informações, me assustou, mas triste foi perceber a dor de Olivia, já que para ela há apenas dois meses tinha visto uma menininha feliz, brincado com um dente-de- leão e agora tinha de ver uma impiedosa adulta capaz do mais tenebroso ato, tirar o tempo de vida de um humano com um simples toque.

Olivia nunca esteve tão mãe, o reflexo do desespero dela num sonho/lembrança semelhante ao de Peter, está nas suas ações para com a sua filha. Ela compreende tudo o que Etta passou e em nenhum momento tenta impedir as suas ações, aquele não é mais o seu mundo, mas o misto de pena e esperança de que a garota enxergue que ainda há uma chance de tudo voltar ao que era, comove não só Etta como também o legalista Gael.

E Fringe consegue humanizar um simples coadjuvante em poucos minutos, por mais ambíguo que Gael pareça, afinal toda a história de se tornar legalista por causa da morte do filho mais velho era mentira, o personagem ao assumir a covardia de suas escolhas para Etta, se mostra tão trágico quanto aquele grupo de pessoas, a pequena explicação dada para a presença dos pássaros no laboratório complementou a pequena jornada de mais um personagem marcante.

Etta se revoltou com o destino do agente Foster, mas por querer mostrar a sua mãe que vai conseguir não ser mais uma daquelas penosas pessoas que povoam esse novo mundo, tomou a decisão mais acertada e com o fundo de mais um discurso esperançoso de um Walter que sempre viu uma chance de acabar com aquele inferno, a jovem agente se encaminha para a expedição final, em prol do destino da humanidade.

O Glyph Code da semana faz referência à fé que Olivia ainda tem numa desesperançosa humanidade, afinal pelo que vimos, a resistência não utiliza de métodos tão diferentes dos legalistas, eles revidam com a mesma força brutal, pelo menos foi isso que Etta e Gael deixaram a entender.

Easteregg:

Desde o episódio passado que tinha percebido uma certa rima com algumas cenas mais marcantes de outro dos meus seriados favoritos (Minha querida Lost), mas a cena da abertura do túnel, foi quase a reprodução de um dos quadros, meus olhos brilharam.

Comente pelo Facebook

Comentários

Comente pelo Facebook

Comentários

6 comments

  1. Avatar
    Alynne Carvalho 8 outubro, 2012 at 01:58 Responder

    "Quando uma série se mostra forte o suficiente, para construir uma de suas últimas horas em cima da personalidade de um novo personagem, você encontra todos os porquês possíveis para explicar o seu amor por ela." Existe definição melhor? Não. Fringe veio, nesse episódio, mostrar o quanto possui uma história amarrada e que sabe o caminho que está tomando.
    Foi muito bonito ver os personagens sendo dissecados, mostrando que não é porque estão
    todos juntos que a vida se tornou mais fácil, mas sim possível. 28 anos se passaram (ou os 2 meses mais longos para aqueles que estavam no âmbar) e deu pra entender o quanto tudo mudou, nos mínimos detalhes e das formas mais sutis.
    A forma como a personalidade de Etta foi apresentada foi algo incrível, mostrando que aquela filhinha
    indefesa de Peter e Olívia cresceu e amadureceu muito pra poder viver e sobreviver, acima de tudo,
    no mundo futuro. A preocupação de Olívia com a filha também foi algo bonito de se assistir, apesar de ela
    ver que o que Etta fazia era o que deveria ser feito, a preocupação dela era visível na qualidade de mãe, e essa relação foi bem desenvolvida. Não tenho o que falar desse elenco lindo, todos encarnam tão bem o personagem, que não tem como não se envolver.

    Esperando ainda mais de Fringe!

    • Avatar
      José Guilherme 8 outubro, 2012 at 02:02 Responder

      Vão ser tantas emoções, que nem consigo imaginar o que a série pretende alcançar, a gente só tem que se deixar levar e claro sofrer junto, por perceber mais e mais que essa é nossa temporada definitiva.

  2. Avatar
    Renan Braga 16 outubro, 2012 at 17:59 Responder

    O elenco de Fringe podia contracenar apenas com as expressões que ainda assim seriamos totalmente capazes de entender qualquer tipo de emoçoes que eles estivessem nos passando. Achei genial essa dualidade apresentada entre o passado (Olivia) e o presente (Etta). Permitindo a olivia presenciar e sentir, as consequencias do expurgo através de sua propria filha ! Essa nova estrutura de fringe muito me agrada e ao mesmo tempo fico bastante triste por saber que faltam apenas 11 episódios 🙁

Deixe uma resposta