Review: The Flash S01E11 - The Sound and the Fury

The Sound and the FuryHá uma sabedoria popular que prega não conhecer quem você tem por herói. Basicamente é essa premissa seguida pelo episódio da semana de The Flash, que não só introduz mais um vilão icônico do universo do personagem, como trabalha de forma até então inédita o Dr. Wells, tornando-o ainda mais interessante perante a audiência.

The Flash traz grandes trunfos para um programa que está apenas em seu primeiro ano e, certamente, um deles é o personagem vivido por Tom Cavanagh. Não apenas por ser um coadjuvante cheio de nuances e com motivações ainda misteriosas, mas pelo ator também, que consegue transmitir essas camadas todas sem parecer forçado e, acima de tudo, estabelecendo uma forte ligação com o espectador. Por isso, quando o Flautista (Andy Mientus) aparece como ameaça direta ao cientista, há um sentimento de que finalmente Barry, Caitlin e Cisco irão descobrir alguma coisa relevante sobre aquele que secretamente é o principal vilão da temporada. Ao mesmo tempo, graças a forma como soa sincero quando ajuda o herói escarlate, prevalece uma dose de simpatia pelo personagem que faz o espectador temer por sua segurança. Isso é raro quando se trata de vilões em adaptações de quadrinhos e quando ocorre é no cinema, não na TV (o caso nas telinhas mais fresco na memória é o Lex Luthor de Smallville, ao menos nas primeiras temporadas).

Em The Sound & The Fury Wells se expõe não apenas ao grupo de heróis, mas também à cidade, quando revela que tinha conhecimento dos riscos causados pelo acelerador de partículas (o que levanta a questão se haverá algum tipo de consequência jurídica para a confissão). Isso faz Barry e seus companheiros questionarem a índole de seu ídolo. Harrison é o herói do herói (algo mostrado de forma eficiente na introdução do episódio, que ainda traz a participação da Gangue Royal Flush) e quando aquele que te inspira acaba te decepcionando, o choque pode ser irreversível. Claro que o roteiro sabe muito bem onde quer chegar e, apesar de passar a sensação de que nada mudou entre Barry e seu mentor no desfecho, serviu para fazer Joe West voltar novamente seus olhos para o dono dos Laboratórios STAR, envolvendo também o Det. Thawne. Será que essa será a deixa para que o namorado de Iris finalmente tenha uma ligação com o Flash Reverso? Aliás, por falar na moça, sua subtrama começa a ficar mais interessante a partir deste episódio que finalmente a coloca exercendo um pouco a função de jornalista, tentando provar seu valor para o editor do jornal e para os colegas de profissão.

The Sound and the Fury

Nos quadrinhos, o vilão Flautista é multifacetado, algo que a série não trabalha neste primeiro momento, preferindo mostrá-lo como alguém já odioso desde antes de resolver adotar um codinome. Mas, como na próxima semana o personagem retornará, talvez seja cedo para tirar conclusões sobre como o programa resolveu adaptar Hartley Rathaway. Mientus, no entanto, mesmo com o texto disposto a torná-lo um tanto unidimensional, faz bem o papel, criando um daqueles antagonistas que parecem se divertir com a própria maldade e trazendo um nível de ameaça palpável para a trama. Apenas o duelo final com o Flash pareceu estranho e um tanto anticlimático, mas isso se deve à uma direção não tão eficiente quanto a de episódios anteriores, algo que incomoda também na sequência de abertura, com a noção espacial da ação totalmente prejudicada pela falta de habilidade do diretor John Showalter em estabelecer o que estava ocorrendo ou quantas pessoas haviam envolvidas na perseguição. Um terceiro membro da Gangue Royal Flush simplesmente aparece do nada, quando desde o início fica evidente que o Velocista Escarlate perseguia apenas dois.

Com uma trama centrada no Dr. Wells e ajudando a colocar os personagens entre os mais bem escritos da série, The Flash continua evoluindo a história, jamais entregando episódios descartáveis. E mesmo com alguns tropeços na parte técnica, The Sound & The Fury é bem escrito o suficiente para não deixar o espectador dispersar. Dos temas envolvendo figuras heroicas e paternas e como tudo converge naturalmente no desfecho (com aquele que Barry considera além de herói, um segundo pai também agindo em segredo, mesmo com a melhor das intenções) até o satisfatório desenrolar de plots secundárias, o programa continua se destacando em seu gênero e já não surpreende mais no sucesso que vem fazendo. É apenas o fruto colhido daquele que parece ser o seriado de super-heróis mais seguro da TV, e também o mais sincero.

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Alexandre Luiz

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