Mais um mês de hiato fez bem a The Flash. Não que a série viesse de um momento ruim, muito pelo contrário, mas ajudou a aumentar ainda mais o próprio hype entre os fãs, principalmente com os produtores prometendo, nos últimos 30 dias, grandes reviravoltas nessa reta final da primeira temporada. E, como muita expectativa não é algo exatamente positivo, este Out of Time começa até de forma um tanto fria em relação ao que se espera da trama principal do seriado. Mas, quando o espectador menos espera, um turbilhão de acontecimentos surge para cumprir a promessa.
O início deste retorno da série parece-se muito com um típico "caso da semana", trazendo um vilão icônico dos quadrinhos quase em forma de "retcon", já que o Mago do Tempo que o seriado havia apresentado fez sua estreia no episódio piloto. Mas agora é uma versão mais poderosa e cujo alter-ego é o mesmo das HQs, com a chegada de Mark Mardon (Liam McIntyre) para vingar a morte do irmão pelas mãos de Joe West. É uma trama manjada, quase toda série procedural, seja de super-heróis ou policiais, tem um episódio do estilo. Neste quesito, nenhuma grande reviravolta, a não ser o excelente uso de efeitos visuais para representar as habilidades do vilão, que tem o ex-Spartacus bem à vontade como intérprete, mas sem muito a acrescentar em termos de carga dramática graças à motivação clichê.
Out of Time evolui bastante a subtrama do triângulo amoroso entre Barry, Iris e Eddie, e enquanto muitos podem ver tudo isso como perda de tempo, acredite, não é. Há vários elementos que devem ser fundamentais para explicar até mesmo a presença do Flash Reverso, então é bom os espectadores menos ávidos em assuntos românticos ficarem atentos ao que a série reserva para a trinca de personagens. É claro que para o fã dos quadrinhos, que espera mais ação de uma série de TV que adapta seus heróis preferidos, testemunhar um duplo encontro de casais não é exatamente a coisa mais empolgante, mesmo com sua importância para o desenvolvimento desse núcleo.
Com a chegada de um vilão querendo vingança, quem também ganha destaque é o detetive West. A situação de perigo constante criada pela ameaça de Mardon deixa a sensação de que algo muito ruim está para acontecer, e toda vez que o policial diz que quer ficar sozinho o espectador é pego sentindo aquele "frio na barriga". Isso é fruto da sempre competente interpretação de Jesse L. Martin, que desde o início criou um forte vínculo com a audiência. A menor possibilidade do personagem dar adeus à série já surge insuportável, graças aos bons momentos que Joe sempre compartilha com Barry ou com outros coadjuvantes, como Cisco, por exemplo. E, claro, também é resultado de uma boa construção por parte dos roteiristas, que desde o início entenderam a importância do pai adotivo do protagonista. Há uma sequência em particular que coloca tudo isso em movimento, sob uma condução certeira do diretor Thor Freudenthal. Enquanto Joe e Barry conversam em um carro, uma chuva vai surgindo aos poucos, aumentando gradativamente até ambos perceberem do que se trata. Digna da boa adaptação audiovisual que The Flash tem se tornado semana a semana.
Mas, é em seus quinze minutos finais que o episódio realmente mostra a que veio e apresenta um número inimaginável de revelações e acontecimentos que deixariam muitos finais de temporada ruborizados. Não cabe aqui contar spoilers, mas há grandes desenvolvimentos quanto à presença do Flash Reverso, o relacionamento de Barry e Iris, o futuro de Cisco e à trama da viagem no tempo. E tudo isso em menos de 15 minutos, sem transformar o episódio em um amontoado de coisas. O roteiro de Todd e Aaron Helbing consegue apresentar tudo de forma gradual e natural, tornando um evento, consequência do próximo, em duas frentes: a primeira mostrando Cisco e Caitlin tramando para descobrir as intenções do Dr. Wells e a segunda com os desdobramentos da plot principal envolvendo o Mago do Tempo. O resultado é uma sequência muito bem dirigida, cuja construção do suspense vem acompanhada de uma chocante conclusão.
Com um final que deixa o espectador com o coração na mão de expectativa, Out of Time consegue surpreender tornando ainda melhor esta, que já pode ser considerada uma das grandes adaptações live action de um herói de quadrinhos. Além disso, mostra que o programa tem muitas cartas na manga para serem reveladas e há a sensação de que sua trama ainda está apenas na superfície do que pode acontecer.
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Fora o trabalho genial com todas as tramas desenvolvidas, ainda tem espaço pra detalhes que só enriquecem o universo, como o noivo do capitão ir visitá-lo no hospital. Humaniza o cara que até o momento era só o "chefe dos mocinhos".
Alexandre, eu fiquei com uma dúvida quanto a esse episódio. Na série já foi estabelecido que numa viagem no tempo, se você volta ao passado, irão existir as duas versões de si mesmo, como na morte da mãe do Barry existe ele criança e o Flash. Porém, neste episódio, quando ele volta no tempo, a versão do passado dele some! Senão teriam dois Flash parados na rua observando aqueles acontecimentos que mostram pra gente que ele voltou no tempo. Foi furo no roteiro ou tem outra explicação?
Fora isso, adorei o episódio.
Otima review!
Valeu, Mariana!
Quanto a sua dúvida, acho que vamos ter que esperar o próximo episódio pra entender isso. Ele pode ter chegado alguns segundos depois que o Flash "do passado". Eu não sei, mas depois desse episódio me veio uma teoria que o final da temporada pode ter relação com aquela situação de Central City ainda, à mercê do Mago do Tempo, com o Tsunami tentando engolir a cidade e tudo mais. Eu não sei mais o que esperar, esses roteiristas de Flash estão de parabéns por conseguirem tirar um episódio desse da manga faltando tanto tempo assim para encerrar a temporada!