Review: The Flash S03E21 - Cause and Effect

Depois da revelação de Savitar, The Flash finalmente parecia disposta a engrenar a sequência final de episódios com o grande dilema moral que o grupo de personagens principais deve enfrentar. Os primeiros minutos deste Cause and Effect fazem alusão direta a isso e coloca, finalmente, o protagonista e seus amigos tentando encontrar uma forma de derrotar aquele que, provavelmente, é o maior desafio já enfrentado pela série. No entanto, por algum motivo incompreensível, o roteiro muda o foco e se torna um emaranhado cômico de clichês. Transformar o antepenúltimo episódio em um trama sobre o herói com amnésia está entre as decisões mais estúpidas que essa temporada já tomou, e isso não é pouca coisa em meio a tantas outras decisões estúpidas.

Logo de cara, a verdade vem a tona. Como já previsto na crítica da semana passada, o programa logo desarmou o embuste e Savitar não é exatamente Barry do futuro, e sim um "remanescente temporal" querendo vingança, uma motivação previsível e bastante clichê. Por outro lado, Grant Gustin faz um bom trabalho em viver a contraparte maligna do Velocista Escarlate e consegue trazer camadas para o personagem, nunca antes trabalhadas pela série. Ainda assim, a revelação não se prova o caminho ideal para lidar com o fato do vilão da temporada se tratar do próprio herói, com um misto de covardia e chance desperdiçada. No entanto, nada poderia preparar o espectador para o que viria a seguir. Por conta de uma experiência mal sucedida de Cisco e Julian, Barry acaba perdendo sua memória, numa plot quase obrigatória em toda série de super-heróis, mas que surge no momento mais errado possível. Não contentes em adicionar uma trama ridícula ao mix do episódio, os roteiristas ainda tornam tudo uma espécie de comédia de erros, quebrando completamente a tensão que este momento do terceiro ano deveria trazer.

A grande mensagem do episódio é que as tragédias precisam fazer parte de Barry para torná-lo o herói que é. E, embora seja interessante, no que se refere ao desenvolvimento de personagens, conferir um Barry livre de seu drama apenas para descobrir que isso é parte do que faz dele a pessoa que é, essa lição não nova. Já fora abordada na série de formas muito mais gratificantes, principalmente na segunda temporada. O fato dos realizadores usarem essa desculpa para criar um episódio acaba corroborando com a impressão de que, embora soubessem desde o começo qual seria o desfecho da trama atual, não faziam ideia de como chegar a ele, criando esses momentos filler para disfarçar um caso grave de falta de criatividade.

Se há algo bom neste episódio são as cenas da Nevasca. Danielle Panabaker está ótima, mesmo com um material fraco, e consegue convencer em sua dualidade, nas dúvidas que começam a surgir quanto à sua lealdade. Eventualmente isso pode levar a um desfecho de redenção para a personagem, que pode vir de forma trágica. Levando, inclusive, à dúvida quanto ao futuro do elenco. O Time Flash ganhou duas adições neste ano, Julian e Tracy. Estaria a série preparando um dos dois para uma eventual substituição na equipe?

Mas, é decepcionante chegar ao fim de Cause and Effect com praticamente nenhuma mudança quanto à trama central. Se no final vem a revelação de que a armadilha para Savitar está pronta, logo vem a pegadinha: para ativá-la, a série terá mais um episódio com os heróis enfrentando um vilão de última hora e sabe-se lá que tipo de subtrama desconectada com o resto da temporada. Se ainda existia alguma chance de pelo menos os últimos momentos do terceiro ano entregarem algo envolvente, o seriado faz questão de introduzir algum elemento anticlimático para jogar as expectativas no lixo. Agora fica muito claro que se algo ainda será feito para trazer alguma dignidade de volta a The Flash, não será nas próximas, e derradeiras, duas semanas.

Alexandre Luiz

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5 comments

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    Jardel Rodrigues 10 maio, 2017 at 19:32 Responder

    Excelente review Alexandre. venho acompanhando todas suas reviews e concordo que essa 3ª temporada de Flash está bem abaixo das outras duas.Não sei se você acompanha as outras séries da DC/CW mas pra mim, ela está sendo a mais fraca de todas elas na temporada atual(Não acompanho Supergirl, mas conheço algumas pessoas que acompanham e dizem que está um pouco melhor que flash. Inclusive Legends Of Tomorrow, mesmo que adotando a galhofa, muitas vezes foi bem mais regular.

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      Alexandre Luiz 11 maio, 2017 at 08:46 Responder

      Valeu, Jardel! Então, acompanho todas da DC/CW, e Flash hoje é a pior. Supergirl está bem legal, divertida e com uma trama bem amarrada. Já Legends na S02 foi provavelmente a melhor dessa temporada e Arrow voltou nos eixos, mesmo com um ou outro tropeço, mas nada que atrapalhe. Flash está inacreditavelmente ruim e esse ano foi pior que o pior que Arrow já entregou… é uma tristeza, mas vamos esperar que a série se recupere na próxima temporada, porque nessa já era…

      Grande abraço!

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        Jardel Rodrigues 12 maio, 2017 at 11:45 Responder

        Você disse tudo exatamente o que pensei rsrs. Uma sugestão que fica é na próxima temporada, se você tiver interesse claro, fazer reviews dessas séries também. Gosto muito das suas criticas e acho elas muito bem balanceadas entre o requisito série de quadrinhos e série de TV, então acho que seria uma boa. Houveram vários episódios essa temporada de legends com referencias que eu achei bem legais além das óbvias é claro(Star Wars, Hobbit, etc), que acredito que você pegou e ficariam excelentes nos seus textos.

        Abraços

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          Alexandre Luiz 12 maio, 2017 at 16:00 Responder

          Acredita que me arrependi por não ter feito as reviews de Supergirl e Legends? Porque elas dão muito mais margem pra discussão do que Flash e até Arrow. Vamos ver, quem sabe eu dê um jeito de comentar ambas na próxima temporada.

          Valeu, Jardel!

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    Felipe Saraiva 11 maio, 2017 at 09:21 Responder

    Espera só até essa temporada acabar com o Barry se isolando na força de aceleração e começarmos a próxima temporada com o Kid Flash de herói principal.

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