O primeiro filme de Godzilla na era Heisei chega aos cinemas japoneses 30 anos após a estreia do original

Gojira é um filme de de ficção científica japonês e horror, lançado em 1984 e realizado por Koji Hashimoto. Ao contrário dos seus pares, esse serve como sequência direta de Godzilla e ignora todas as outras obras lançadas no intervalo entre 1954 e 84.
Esse é de certa forma, é o início de uma nova saga, já que reconta a história do lagarto gigante japonês e para isso, leva em conta apenas o filme original de 1954 como parte de sua cronologia.
Esse esforço reside na vontade de driblar as continuações mais voltadas para a comédia da chamada Era Towo.
Além disso, esse é o capítulo um de sete da era nova era de Gojira/Godzilla, chamda de Era Heisei.
O cenário político
O filme marca uma nova era dos personagens clássicos, mas também marca a troca de autoridade no Japão, especialmente quanto a mudança dos imperadores.
Como esse filme é de 1984, ou seja, no final do mandato do soberano Hirohito - que reinou na Era Showa, entre 1926 e 1989 - se preferiu chamar esse e suas sequências de filmes da Era Heisei, em atenção ao trono do filho desse último, Akihito, conduziu o país entre 1989 e 2019, na chamada época homônima a Era Heisei.
A trama lida com o retorno de Gojira/Godzilla, mas também com a destruição de um submarino soviético no Oceano Pacífico.
Os soviéticos acreditam que os americanos são os responsáveis, o que leva a uma crise diplomática que pode começar uma guerra nuclear. Os japoneses intervêm e revelam que Godzilla estava por trás dos ataques.
A obra jamais foi lançada no Brasil, é chamado como no original por aqui, embora possa ser encontrado de maneira diferenciada também.
Consequências da outra era
Após a fraca bilheteria de A Fúria dos Monstros (ou Terror de Mechagodzilla/ Mechagojira no Gyakushu) de 1975, a Toho tentou revigorar a franquia.
Várias tentativas ocorreram durante o final dos anos 70 e início dos anos 80.
A primeira foi o anúncio de um remake em cores do filme original de 1954, que seria algo como O Renascimento de Godzilla. Isso foi em 1977, mas o projeto foi arquivado.
Um ano depois, foi anunciado que a Toho iria desenvolver um filme em conjunto com a UPA Studios intitulado Godzilla vs The Devil. O produtor da UPA Henry G. Saperstein's propôs também um confronto, uma sequência que seria chamada Godzilla vs Gargantua, mas esses projetos nunca foram concretizados.

Imagem da HQ Godzilla In Hell issue #5, que resgata alguns elementos dessa ideia. Publicação da IDW, com arte de Dave Watcher.
A equipe criativa
Dirigido por Kôji Hashimoto, tem roteiro de Hideichi Nagahara.
Os créditos de argumentos são fragmentado em Akira Murao por conta de Gojira no Fukkatsu, Ryûzô Nakanishi por Supagojira: Kaminoikari no messeji, Shin'ichi Sekizawa por Gojira Densetsu Asuka no Yosai, Hiroyasu Yamaura por Tokyo S.O.S.: Gojira no jisatsu senryaku, Tomoyuki Tanaka escreveu o argumento que reunia todos os elementos.
Já na versão "americana", Fred Dekker escreveu o argumento.
Foram produtores Norio Hayashi e Kiyomi Kanazawa. Fumio Tanaka, foi produtor associado e Tomoyuki Tanaka produtor executivo.
Apego ao clássico
O produtor Tomoyuki Tanaka tinha ambições ousadas para o filme e queria que ele lembrasse o filme de 1954, mantendo o medo da guerra nuclear como tema, mas com um toque moderno.
Esse é o primeiro filme de Godzilla desde Godzilla Contra-Ataca a restaurar suas características originais, com orelhas pequenas e pontudas, além de ter quatro dedos nos pés e presas.
Essas características se tornariam as de Gojira dali para frente , deixando de lado a aparência mais suavizada e menos assustadora que vinha desde King Kong vs. Godzilla de 1962.
Nessa época, não tinha orelhas, possuía três dedos nos pés e dentes grossos e uniformemente afiados.
A ideia inicial (ou as ideias)
A confusão em relação ao "argumento" é explicada pela junção de ideias distintas, que ocorreu após 1975.
Um desses foi um texto escrito em 1980 por Tomoyuki Tanaka e Akira Murao, que em português, chamaria A Ressurreição de Godzilla ou Gojira no Fukkatsu no original, que foi concebido como uma sequência direta do Godzilla de 1954.
Segundo esse, um novo Godzilla idêntico ao de 1954, foi despertado devido ao despejo de lixo nuclear ilegal por um cargueiro no Oceano Pacífico.
Seriam protagonistas Shinpei Muraki, um jovem diretor do Centro de Ciências da Informação, o Professor Inamura, sua filha Akikuko Inamura, que seria o interesse romântico do primeiro personagem citado, também o cientista norte-americano Doutor Radner.
Bagan
Esse roteiro também introduziria Bagan, que foi considerado o maior monstro “não-utilizado” da Toho.

Bagan seria um espírito guardião, que possuiria quatro formas neste filme: a fera do Espírito Dragão (Doragon Reiju), a fera do Espírito Macaco (Enjin Reiju) a fera do Espírito da Água (Sui Reiju) e uma fera que seria a junção dessas três formas.
Godzilla lutaria ferozmente com a criatura e a mataria ela por volta da metade do filme.
Godzilla x Super-Beetle
Outro adversário de Gojira seria um super veículo blindado das Forças de Autodefesa: o Super-Beetle, que foi retrabalhado, se tornando o Super-X.
O clímax mostrava seus protagonistas tentando destruir Godzilla no Atol Beonase, usando uma armadilha inventada pelo Doutor Inamura, que usaria o elemento radiativo
Reiconium , também criado por ele.
A armadilha falharia, então o Doutor Radner faria um sacrifício semelhante ao do Doutor Serizawa no filme de 1954, reativando a armadilha, que jogaria Godzilla em chamas radiativas.
O corpo sem vida do monstro encalharia em uma praia na Costa Oeste dos EUA, próximo de uma usina nuclear, então uma narração diria:
Enquanto a energia nuclear existir, Godzilla viverá
Logo depois os olhos de Godzilla se abririam e o monstro voltaria a vida soltando seu poderoso rugido.
Muitos dos elementos dessa ideia foram utilizados neste, incluindo o Shokkiras, que são os piolhos do mar radiativos, além de Godzilla aparecer atacando uma usina nuclear, absorvendo a energia do reator.
Veteranos cogitados
Tomoyuki Tanaka considerou trazer dois veteranos da franquia para ajudar a compor esse longa-metragem. Seriam eles o diretor Ishiro Honda e o compositor Akira Ifukube, mas ambos declinaram por razões profissionais e pessoais.
Outra falta sentida foi a do mestre e diretor de efeitos especiais Eiji Tsuburaya, que faleceu em 1970.
Honda dizia que Godzilla morreu quando Tsuburaya se foi, por isso, evitava retornar não só para os filmes de Godzilla, como para as obras com kaijus no geral.
Já Ifukube ficou desapontado com o rumo que a franquia tomou e achava que a mudança no tamanho de Godzilla era algo ruim. Até disse que não escrevia músicas para monstros de 80 metros.
Godzillamania
A Toho produziu esse Gojira após a Godzillamania de 1983, um festival da própria companhia que apresentava todos os filmes anteriores de Godzilla, bem como todos os outros títulos de ficção científica e de monstros que havia produzido até então.

O festival contou com a participação do veterano ator Akihiko Hirata, que atuou como o seu personagem do filme de 1954, o Doutor Serizawa.
Essa iniciativa resultou em uma nova onda de materiais derivadas e outros eventos semelhantes, o que acabou gerando uma nova geração de fãs.
Por isso se decidiu retomar a saga, colocando, novamente, Godzilla para não enfrentar nenhum outro monstro, tal qual foi com o primeiro capítulo da saga.
O concerto
Mais tarde naquele ano, foi lançado o famoso concerto Symphonic Fantasia, composto por Akira Ifukube e regido por Yasuhiko Shiozawa, que foi editado em Gojira Fantajî: SF Kôkyô Fantajî de 1984.
Esse concerto foi regravado por diferentes maestros nos anos seguintes.
Em ambos os eventos, Hirata se vestia como o Dr. Serizawa e nessa ainda foi um dos mestres de cerimônias.
Empresas de brinquedos como Yamakatsu e a Bandai obtiveram a licença para comercializar brinquedos da franquia. Seguem assim até a atualidade.
Gojira para adultos
Tanaka era inflexível quanto à criação de um filme voltado mais para um público maduro, ou seja, esse deveria ser um filme para adultos, em um esforço contrário ao das obras infantis da década de 1970.
Em uma entrevista para a edição de 1985 da revista People, Tanaka mencionou como sentiu que sua decisão de fazer de Godzilla um herói infantil foi um erro.
Ele considerava que essa mudança de personagem foi responsável por seu declínio.
Era Heisei
Como dito, a Era Heisei - ou 平成 - começou oficialmente algum tempo depois desse filme, em 8 de Janeiro de 1989, apenas um dia depois da morte do imperador, Hirohito.
Gojira foi incluído nessa categoria posteriormente, para simbolizar a subida ao trono do filho primogênito do monarca, Akihito.
Anos mais tarde, através de uma alteração legislativa, foi permitida a transmissão em vida, do trono imperial por Akihito em favor do filho Naruhito, em 2019, uma vez que o imperador da Era Heisei ainda vive.
O anúncio do início da Era Heisei foi feito pelo então secretário-chefe (官房長官) do Gabinete, Keizo Obuchi (小渕 恵三), que depois viria a ser primeiro-ministro entre 1998 e 2000.
Os filmes que seguiram esse Gojira foram Godzilla vs. Biollante, em 1989, com direção de Kazuki Ômori, Kôji Hashimoto e Kenjirô Ohmori, depois Godzilla Contra o Monstro do Mal (1991) de Ômori e Hashimoto, Godzilla - A Batalha do Século (1992) de Takao Okawara, Gojira vs. Mekagojira (1993) de Okawara, Gojira vs. Supesugojira (1994) de Kenshô Yamashita, Okawara e Ômori, e, por último Godzilla vs. Destroyer (1995) Okawara, Honda e Hashimoto.

Por conta do período entre importadores, esse seria o primeiro filme da série Heisei e o último filme da série Showa, após
A Fúria dos Monstros, lançado em 1975, de Ishirô Honda e Jun Fukuda.
O filme foi adicionado retroativamente à série Heisei, pois compartilha a continuidade com os sete filmes seguintes, originalmente conhecidos como a série VS.
O filme seguinte, Godzilla vs. Biollante seria o primeiro filme realmente feito durante a era Heisei, que começou naquele ano.
Era Showa
O período Showa (昭しょう和わ時じ代だい, Shōwa jidai, que significa período iluminado de paz/harmonia, é o período da história do Japão correspondente ao reinado do Imperador Showa, Hirohito, de 25 de dezembro de 1926 até 7 de janeiro de 1989.
O período Showa foi o mais longo período de todos os reinados dos Imperadores japoneses anteriores.
Na época pré-1945, o Japão foi tomado pelo totalitarismo político, ultranacionalismo e imperialismo militar, culminando na invasão japonesa da China em 1937.
Isso era parte de um período de grandes convulsões e conflitos sociais no mundo todo, como a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial.
A derrota na Segunda Guerra Mundial trouxe mudanças radicais para o Japão.
Pela primeira e única vez em sua história, o país foi ocupado por forças estrangeiras; uma ocupação que durou sete anos.
A ocupação dos aliados trouxe grandes reformas democráticas, levando ao fim do status do imperador como um deus vivo e a transformação do Japão em uma democracia com uma monarquia constitucional.
Em 1952, com o Tratado de São Francisco, tornou-se de novo uma nação soberana. O período Showa pós-guerra também levou ao Milagre econômico japonês.
Estreia
No Japão, chegou aos cinemas em 15 de dezembro de 1984.
Na Coreia do Sul chegou em 25 de dezembro de 1984. Em Portugal chegou em dezembro também, já em Angola e Moçambique foi lançado em vídeo em 1988.
No Reino Unido também foi lançado assim, em 88. Nos Estados Unidos saiu no dia 1º de abril de 2022, nos cinemas, no corte mais filme e não na versão modificada conhecida como Godzilla 1985.
Na estreia do filme, em dezembro, a mídia japonesa chamou esse período de 1984 de O Ano de 'G, já que este filme estreou em 3º lugar, atrás de Os Caça-Fantasmas (Ghostbusters no original) e Gremlins.
O título original é Gojira, mas na maior parte do mundo é chamado The Return of Godzilla, ou em espanhol El regreso de Godzilla. Na Tchecoslováquia é Návrat Godzilly e em Portugal é O Regresso de Godzilla.

O filme foi rodado em 1984, gravado em Tóquio, em Shinjuku, além de Izu Oshima, no Mt. Mihara, Izu Oshima.
As companhias produtoras foram a CEA Studios e a Toho Eizo Co. já a distribuição no Japão e nos EUA foi da Toho. A Universum-Film GmbH lançou em home video pelo mundo. A Entertainment Film Distributors lançou nos cinemas britânicos.
A Super Edições Vídeo (SEV) lançou em fita cassete nos países de língua portuguesa Angola, Moçambique e Portugal em 1988.
Quem fez:
Hashimoto era assistente de direção em diversas obras do cinema japonês, antes de se tornar diretor de fato.
Ele foi assistente de Ishirô Honda, estava animado para fazer um filme de Godzilla que retornasse às origens mais sombrias da série.
Entre os filmes dirigidos por ele se inclui Bye Bye Jupiter, de 1984. Depois desse Gojira fez Gozilla vs. Biollante, Godzilla vs. Destroyer, Godzilla: Tokyo S.O.S. e Godzilla: Batalha Final.
Fez funções de assistente em King Kong Contra Godzilla de 1963, Ghidrah, o Monstro Tricéfalo, Frankenstein Contra o Mundo, A Guerra dos Monstros, O Espião Sideral, Monstrolândia, Latitude Zero e Catástrofe - Profecias de Nostradamus.
Em 1995 produziu Himeyuri no Tô e em 96 foi produtor executivo em Yatsuhaka-mura.
Nagahara escreveu Um Colt é Meu Passaporte, Minha Paixão é Matar, Dankon, Guerra no Espaço e Osou!, também fez episódios de Daitokai: Tatakai no hibi.
Murao escreveu Sangue de Vingança, Contos Brutais de Honra e Sete Rebeldes. Teve adaptado um conceito, em Godzilla: A Batalha do Século.
Nakanishi escreveu Guerra no Espaço, King Fang, Daikyojú Gappa, O Segredo da Foca, também a série A Volta ao Mundo em 80 Dias com Willy Fog.
Tanaka participou do argumento de Godzilla original, Tokyo 1960, Mergulhando para o Inferno, Godzilla: A Batalha do Século e Mosura, foi produtor em dezenas de obras clássica, inclusive em Yojimbo: O Guarda-Costas, Céu e Inferno e Kagemusha.
Sekizawa escreveu Godzilla: O Rei dos Monstros, Monstros de Outros Espaços, A Odisseia dos Monstros, Gannheddo e Godzilla vs. Biollante.
Yamaura escreveu A Odisséia dos Monstros, Lupin III: Parte 2 e Attack of Super Monsters. Escreveu episódios de Mirâman e Mazinger Z.
Norio Hayashi foi produtor da série Yu-Gi-Oh!, também produtor executivo em Sugihara: Conspiracy of Kindness e Baburu e go!! Taimu mashin wa doramu-shiki.
Kiyomi Kanazawa produziu Como Grãos de Areia e Esconderijo Secreto. Foi coordenador de produção em Lição do Mal e Maças Milagrosas.
O interprete de Godzilla e seus infortúnios
Dessa vez Kenpachirô Satsuma interpretou Godzilla/Gojira, utilizando uma nova versão da "suit" do lagarto gigante.

Ferimentos no "lagarto"
Satsuma sofreu graves lesões durante as filmagens. Um fio se desprendeu do traje ferindo assim a sua coxa.
Ele até parou as gravações, gritando por ajuda enquanto rodavam uma cena.
Estilhaços de explosivos pirotécnicos entraram dentro de seu traje quando este foi deixado aberto.
Isso aconteceu graças a negligência da equipe técnica, depois disso, o ator ficou muito irritado com a equipe, e exigiu dela que estivesse com o traje totalmente fechado para continuar as filmagens.
A partir daquele momento, a ordem foi atendida.
Satsuma perdeu 12 quilos, tal qual ocorreu com Haruo Nakajima, que perdeu 20 quilos depois de encerradas as filmagens do Godzilla original.
O traje
O traje de Godzilla não foi projetado para Satsuma e pesava 109 kg, ou seja, era ainda mais pesado que o usado no original.
A roupa havia sido originalmente criada para um ator mais alto que saiu de última hora.
Como é típico de um traje de Godzilla, o ator entra pelas costas, neste caso, por uma abertura entre duas fileiras de barbatanas dorsais.
No entanto, a discrepância de tamanho significava que Satsuma tinha dificuldade para entrar e sair da roupa.
A partir do filme seguinte as barbatanas tornaram-se removíveis/fixáveis com velcro, para evitar desgaste.
Formas de filmar
Godzilla ganhou vida usando diversas técnicas diferentes: dois trajes protéticos, um para as cenas em terra e outro para a água.
Também havia um boneco em tamanho real para as cenas em que Godzilla emerge da água, um modelo de 90 cm junto a maquete conceitual, vários apêndices em tamanhos variados, incluindo um suporte para cauda e um suporte para pé de Godzilla em tamanho real.
O efeito mais caro para o monstro do filme foi o animatrônico, conhecido como Cybot Godzilla, robô de 6 metros de altura, que foi manipulado por computadores.

A Toho havia promovido a imagem do Cybot Godzilla na imprensa e esperava que essa fosse a técnica definitiva a ser usada no filme, mas não pôde ser tão utilizada, já que criar tomadas completas de Godzilla andando era difícil.
O suporte era conectado a um conjunto de pernas/cauda fixas.
Graças a isso, a Toho optou por usar a técnica clássica de uma pessoa vestida e o Cybot Godzilla acabou sendo usado para tomadas em close-up, da cintura para cima.
Os efeitos especiais
Essa foi a última contribuição de Teruyoshi Nakano para a série Godzilla como diretor de efeitos especiais.
Ele afirmou que essa sua gestão foi a mais difícil até então, já que segundo ele próprio, a Toho desmoralizava a sua equipe e seu trabalho criativo, dando cada vez menos recursos ao longo dos filmes,.
Por conta disso, Nakano afirmou que este Gojira era um dos seus filmes favoritos de Godzilla, já que tinha verba para fazer o que quisesse, mesmo que tivesse mais peso e responsabilidade.
Nakano se aposentaria dos efeitos especiais quatro anos depois, após trabalhar em A Princesa da Lua.
O Orçamento e as maquetes
O orçamento maior permitiu que Nakano reproduzisse com precisão o bairro de Shinjuku, em Tóquio, em miniatura.

O cenário tinha cerca de 130 prédios construídos em um processo que levou mais de dois meses. Mais de 200 lâmpadas foram usadas para iluminar as janelas internas dos prédios.
O custo deste conjunto foi de 150 milhões de ienes e Nakano experimentou novos materiais de construção.
Sobre o Cybot, foi Nakano quem convenceu a Toho a investir no ciborgue gigante de Godzilla, embora lamentasse a dificuldade de trabalhar com ele.
Esse também foi o último filme de Godzilla do diretor de arte de efeitos especiais Yasuyuki Inoue, que havia sido emprestado à Toho para trabalhar no Godzilla de 1954.
Som e música
Esse foi o primeiro filme de Godzilla a ser gravado em som estéreo desde King Kong vs. Godzilla. Também foi o primeiro filme de Godzilla gravado em Dolby Stereo.
O compositor Reijirô Koroku escreveu a trilha sonora em um tempo muito curto, cerca de quatro dias.
Esse foi o único longa da série Heisei sem músicas de Akira Ifukube, mas há trechos da Fantasia Sinfônicano trailer original do cinema.
As versões
Esse foi o primeiro filme de Godzilla a ser dublado em coreano. Antes disso, a maioria dos filmes de Godzilla na Coreia ainda era em japonês com legendas em coreano.
No Reino Unido o longa recebeu duas versões diferentes, uma lançada em 1998, da Carlton Video, que é a atual ITV Studios Home Entertainment, semelhante ao corte internacional da Toho.
A versão do cinema chegou em 1986, semelhante a versão americana lançada pela New World, distribuída nos cinemas pela Entertainment.
Essa foi a versão que demonizava os russos e soviéticos, fazendo deles quase vilões, que lançaram mísseis no Japão, de maneira gratuita, como detalharemos mais à frente.
Participações:
Hiroshi Kamayatsu, o famigerado Monsieur, faz um padre cristão de cabelos compridos a bordo do Trem-Bala Shinkansen. O personagem sorri ao ver o rosto do monstro pela janela do trem, possivelmente entendendo que é uma figura como a de Deus.
Kamayatsu era cantor/guitarrista das bandas de rock japonesas The Spiders e Vodka Collins. Sua cena foi cortada da versão americana.
Outra participação curiosa foi a do criador de Dragon Ball, o finado Akira Toriyama, estava entre os muitos figurantes escalados para o filme que fugiram de Godzilla.

O mangaká incluiu inúmeras referências a kaiju em seus mangás, como Dr. Slump e Dragon Ball.
Esse filme também foi o último papel de Yoshifumi Tajima, que tinha feito sua última aparição em Monstrolândia, de 1969.
Monte Mihara
O filme contou com consultoria de alguns especialista. O geofísico, Hitoshi Takeuchi recomendou alguns locais para Godzilla ser derrotado, ajudando a decidir pelo Monte Mihara.
A equipe considerou encenar o final no Monte Fuji e na Fossa Magna, mas optaram pelo Monte Mihara, que também tem importância cultural, pois é a ilha que era designada para banir exilados em séculos anteriores.
No início dos anos 1900, Mihara também ganhou fama de lugar onde as pessoas iam para tirar a própria vida, com mais de duas mil mortes entre 1931 e 1937.
Para coibir isso, as autoridades ergueram uma cerca ao redor da cratera do vulcão e designaram guardas para patrulhá-la.

Hashimoto também consultou um doutor em engenharia, Yorihiko Ohsaki.
As dúvidas eram especialmente sobre como certos tipos de edifícios desabariam.
Ohsaki e sua equipe entregaram uma pilha de artigos acadêmicos, alguns com 10 cm de espessura detalhando a hipotética demolição de edifícios nos distritos de Yurakucho e Shinjuku, em Tóquio.
Detalhes de filmagem
Esse foi o primeiro filme de Godzilla a ser filmado em Panavision, mas além disso, há uma outra grande diferença desse para os outros: a proporção.
Os filmes anteriores de Godzilla foram rodados em proporção acadêmica, 1,37:1, ou em CinemaScope/TohoScope anamórfico, 2,35:1.
Este foi filmado em um hard-matte 1,85:1, com uma moldura widescreen instalada sobre a lente da câmera, em uma câmera de proporção acadêmica (1,33:1) em 35 mm.
Dessa forma, as barras widescreen" aparecem em tempo real, ficando desfocadas em algumas tomadas.
Quando renderizadas em formato anamórfico para vídeo doméstico, há uma granulação considerável na imagem devido à ampliação, isso é perceptível em certos materiais promocionais, de bastidores, com as filmagens em matte aberto, bem como nas cópias em 35 mm da versão Godzilla 1985.
Godzilla vs. Biollante também foi filmado dessa maneira, mas teve algumas sequências filmadas em 70 mm.
Bilheteria aquém e mudança de planos
Esse foi um filme de arrecadação doméstica sui generis.
Foi a maior bilheteria na época, arrecadando a respeitável quantia de 2 bilhões de ienes, mas a Toho esperava que o filme pudesse se sair muito melhor.
O público mais atraído foi o de universitários, em uma faixa demográfica mais velha, os adolescentes demonstraram pouco interesse e isso inspirou a Toho a tomar medidas para o público de seu próximo filme de Godzilla, Godzilla vs. Biollante (1989).
Narrativa
A trama começa mostrando a lava de um vulcão, que se espalha junto a música de Reijiro Koroku, que é tão viva e incandescente quanto a substância que se espalha.
O navio presente na sinopse está percorrendo o mar, perto da Ilha Daikoku, que se localiza na extremidade das ilhas Izu. Esse é o Yahata-maru, que faz um pedido de socorro, já que está à deriva, perto de alguns recifes.
Movimentos estranhos:
Um dos marujos vê algo diferente no ar, um pedaço de terra que se destaca, da onde sai um faixo de luz.
É como se algo eclodisse, como se alto fizesse força para nascer.
O barco balança, parece ter naufragado, não conseguindo um resgate a tempo.
No dia seguinte, um rapaz aparece na água, aparentemente, por acaso, ele é o repórter Goro Maki (Ken Tanaka) e com seu barco acha os restos do Yahata-Maru, boiando, aparentemente, sem ninguém.
O personagem é uma releitura do sujeito homônimo, interpretado por Akira Kubo em O Filho de Godzilla (1967) que aliás, também é referenciado em Shin Godzilla.
Embarcando no Yahata-maru
Desesperado, o sujeito ancora perto do veículo e vai até o seu interior.
Esse ponto é orquestrado para parecer com a contraparte da franquia que coube a Honda em 1954, mas tem consequências diferentes.
Dentro do navio ele encontra gente, uma pessoa em uma cadeira de costas, quando a vira, percebe que ela está morta, já em estado de decomposição.
Vasculhando mais ele encontra a área que funcionava como cozinha e frigorífico, onde há mais corpos, com apenas um sobrevivente, Hirochi Okomura ou Okumura (Shin Takuma) que segura uma faca e está refugiado em um armário.
O "piolho"
Aparece um ser diferente, um bicho do tamanho considerável, que parece uma forma invertebrada, que lembra em parte um inseto ou um molusco.
Ele é o piolho-do-mar gigante, chamada Shockirus.
O ser se chama originalmente ショッキラス, se lê Shokkirasu. É um ser mutante, um parasita que cresceu por se atrelar a Gojira.
Ou seja, é um piolho do mar irradiado, com altura de 150 centímetros e comprimento de 1 metro, embora pareça menor que isso. Seu peso é de 45 kg.
Essa foi sua primeira e última aparição na franquia.

Shockirus se parece com artrópodes marinhos como o caranguejo-ferradura com suas várias pernas e casco duro.
Ele também tem uma cauda separada em dois espinhos. Na versão mangá do filme, o Shockirus se parece com baratas gigantes.
Resgate e estudo:
Um helicóptero cruza o céu e resgata os dois homens que estão em alto mar. Já em terra firme, o estudo que se faz do piolho diz que ele se alimentou do sangue de Godzilla e foi modificado pela radiação graça a isso. O responsável por ele é o Doutor Hayashida.
Na ilha Izu-Ochina, Goro fala com seu editor, conta do piolho do mar, mas é desacreditado, mesmo tendo testemunhas e laudos do cientista.
Já Okumura conta que foi atacado por um monstro. O piolho pode ter machucado alguns tripulantes, que ficaram na parte interna, mas o ataque de verdade foi externo.
Os cientistas mostram fotos dos filmes da era Towo. Elas são familiares, o lagarto faz as pessoas refletirem e temerem, mesmo em silêncio.
É dado que Gojira é o que é, uma força da natureza.
A razão:
O doutor Makoto Hayashida é apresentado, interpretado porYôsuke Natsuki.
Ele acredita que o motivo do ressurgimento foi uma erupção vulcânica na ilha Daikoku.
A quase participação de Hirata
Originalmente, o veterano ator Akihiko Hirata deveria interpretar o Dr. Hayashida, mas ele adoeceu gravemente antes das filmagens e acabou falecendo.
Dias antes de enfim deixar o plano terror, o ator expressou interesse em ter pelo menos uma pequena participação especial, mas não conseguiu.
Escolheram Yôsuke Natsuki que também é veterano na franquia, já que fez Dogora: O Invasor Espacial e Ghidrah, o Monstro Tricéfalo.
Natsuki em uma entrevista disse que não sabia que Hirata deveria interpretar o papel e insistiu que jamais teria aceitado se soubesse, sentindo que não poderia substituí-lo.
Repercussões em terra firme
Em uma reunião com políticos - que incluem o primeiro ministro feito por Keiju Kobayashi - se discute que não há indícios de que Gojira atacará a superfície.
Entre esse, há inclusive, Takegami de Taketoshi Naitô.
Maki vai até Hayashida, eles conversam, enquanto o cientista diz que está analisando uma amostra de mosca do vinagre.
Passado sombrio:
Hayashida tem uma história pregressa com Gojira, seus pais morreram no ataque ocorrido 30 anos antes.
Maki e o doutor tem temores semelhantes, mas o receio do jornalista é interrompido por um rosto conhecido, trata-se de Naoko, a irmã do sobrevivente, que estava na foto que ele encontrou na carteira de Hiroshi. Ela é feita por Yasuko Sawaguchi.
A atriz foi escolhida para interpretar Naoko graças a Keiji monogatari 3 - Shiosai no uta 1984.
Segundo Hashimoto, as filmagens foram muito divertidas, sendo a única dificuldade o fato da atriz ser novata, com dificuldades de disfarçar seu sotaque de Kansai.

Anos mais tarde, ela acabou sendo considerada como a “Cinderela da Toho”.
Para o grande retorno de Godzilla, fazia sentido para a Toho escalar como protagonista feminina uma moça com simpatia do público.
Goro vai ter com a moça e não resiste a sua beleza e encanto e revela o segredo de que seu irmão está vivo.
Ataques marinhos
No mar, embarcações estrangeiras caem, diante dos ataque do réptil antigo.
Como dito por Hayashida, ele é um ser imortal, mas ainda um animal, passível de ser vencido, mesmo que possa não morrer, ao menos segundo a sua crença.
Toda a mística de serem as vozes caladas pelas bombas nucleares segue aqui, por isso ele é tratado como eterno.
Repercussão geral:
Hiroshi faz declarações para imprensa, depois que vaza a informação do submarino.
Depois há uma reunião de engravatados, autoridades discutem como agir, sugerem a bomba Super X, uma arma revestida de titânio e platina, cujos circuitos foram projetados para suportar altas temperaturas.
Se fala que é preciso usar bombas de cádmio, um metal tóxico, ubiquitário e muito estável no ambiente, apesar de pouco abundante no seu estado puro, usadas para selar reatores nucleares, que seriam eficazes contra Godzilla também.
O gigante, a fortaleza aérea e a aparição
Seria uma fortaleza voadora, que sobrevoaria o ser, que segundo cálculos, teria 80 metros de comprimento. Um alerta em âmbito nacional é dado.
Finalmente surge Godzilla, com pouco mais de meia hora.
No minuto 33, depois que um guarda ouve um barulho estranho - que se prova o rugido felino da besta - o ser aparece, em um movimento de câmera grandioso, que se inicia no chão e base do ser, até chegar a cabeça da suit.

Aumento do Tamanho
O monstro antes tinha cerca de 50 metros, agora, teria 80. No original, Godzilla era mais alto que Tóquio, já que havia pouquíssimas estruturas altas na cidade devido aos bombardeios da Segunda Guerra Mundial.
Nas décadas seguintes, o horizonte da capital cresceu, com vários arranha-céus que ofuscariam Godzilla em tamanho.
A equipe aumentou o tamanho do monstro para que pudesse se destacar.
Se o compositor reclamou desse aumento, imagina o que não falaria dos filmes subsequentes, que aumentariam o tamanho de Godzilla para 100 metros.
Ataque a usina
Ele está na Usina Nuclear Ihama, na província de Shizuoka. é uma versão fictícia da Usina Nuclear de Hamaoka.
O ataque foi a uma usina, fato que faz com que a imprensa acredite que ele foi até lá para absorver radiação e voltar para o mar.
No entanto, fora a conclusão dos jornalistas, não há prova de que o objetivo dele era esse. Gojira pode não ter inteligência o suficiente para entender que é assim graças a ação atômica. O ataque pode ter sido por mera oportunidade e acaso.
O visual desse Godzilla é diferenciado, mais esguio, mas ainda lembra o clássico. Para muitos fãs, esse é o melhor dos visuais, pois não é tão antigo quanto as suits iniciais da Toho, mas ainda é feito com efeitos práticos.
Reunião internacional
Os soviéticos mandam um emissário ao Japão, afinal, um submarino deles sumiu.
Americanos e russos sugerem lançar bombas no monstro, mas são impedidos pelas autoridades japonesas, que obviamente não querem outras ações nucleares em seu território.
Decidem então fazer um plano de contenção conjunto. Foi exatamente por isso, por medo de interferência dos pólos da Guerra Fria que o Japão abriu para outras nações o fato de que Godzilla existe.
As duas forças lançam satélites, para monitorar Godzilla. No ar, soviéticos observam, estadunidenses também, enquanto os asiáticos tem receio da ação de ambos.
O incidente:
É mostrado uma ação suspeita de um homem europeu, o Coronel Kashirin (Luke Johnston) no cargueiro Barasheiro. Ele deve ter esse nome em homenagem a Nikolai Kashirin, um soldado que serviu no Exército Imperial Russo.
Ele foi juiz no caso Tukhachevsky/Caso da Organização Militar Trotskista Antisoviética. foi executado em 14 de junho de 1938.
Em versões vinculadas aos Estados Unidos, ele foi apresentado como vilão, já que decide armas os mísseis. Na cena real ele desarma as armas do barco, dizendo que as autoridades de governo, em sua infinita sabedoria, decidiram não usar essa força.
Soviéticos não...soviéticos e caricaturas
Os atores que interpretaram os soviéticos no submarino eram espanhóis, australianos, ingleses e americanos.
Um instrutor de diálogo ucraniano-russo teve que ser contratado para trabalhar em suas falas.
O personagem é basicamente o único estrangeiro com caracterização.
Ele é caricato, mas ao menos, é justo, especialmente se considerar a demonização dos "comunistas" em Godzilla 1985, que inverte a tentativa do soldado em desarmar p míssil soviete, editando para que a ação fosse proposital e não um acidente e erro marítimo.
Certas paranoias tendem a se repetir, assim como a tentativa de propagar uma narrativa tosca.
O combate:
Godzilla aparece no mar. É grande, imponente e agressivo. Boas maquetes e miniaturas aparecem. Ele solta as famosas rajadas azuis, o seu bafo quente característico.
Quando o monstro explode um helicóptero de notícias em Shinjuku com seu raio radiativo, se percebe ao fundo um outdoor com o logotipo de Os Caça-Fantasmas.
Enquanto isso, o cargueiro russo entra em curto, sofrendo uma ação que quase resulta em um acidente fatal.
O coronel tenta descer, para evitar o pior. Mísseis e tiros são lançados, perdas militares ocorrem, gente pega fogo, carros e tanques são destruídos.

Veículos Maser
Os veículos semelhantes a tanques Maser que disparam raios laser vermelhos em Godzilla são, na verdade, chamados de Tanques de raios lasers de alta potência, criados exclusivamente para este filme.
Os tanques Maser foram introduzidos em A Invasão dos Gargântuas, de 1966 e vistos pela última vez em Monstros de Outros Espaços, de 1973.
Só fariam sua primeira aparição nos filmes de Godzilla da era Heisei em Godzilla vs. Biollante.
Para piorar, Kashirin morre, tentando parar a comunicação do cargueiro com o satélite russo.
Na cidade:
Gojira vai para terra firme, passeia pela capital japonesa.
Durante a "fúria" do monstro, ele atravessa alguns dos mesmos locais do filme original, como quando se choca contra o Edifício Yurakucho Mullion. Trinta anos antes, este era o local do antigo Teatro Nichigeki, que Godzilla destruiu em 1954.
A equipe o projetou de forma que o chão que Godzilla destrói fosse o local do recém-criado Toho Cinemas Nichigeki.
O lagarto também atravessa a Tokyo Expressway, que no filme original era um rio com uma ponte sobre a qual Godzilla caminhava.
Os japoneses são informados que o míssil russo foi acidentalmente lançado, começa então um esforço para derrubar ele antes que atinja o Japão. A evacuação é feita rapidamente e o Super X é efetivo em segurar Godzilla, que tomba em um prédio, ficando parado até sabe-se lá quando.
A versão de Gojira
Claramente esse é o mesmo Lagarto de Godzilla e não de Godzilla Contra Ataca. Aqui o ser não morreu com a bomba suicida do doutor Daisuke Serizawa, apenas adormeceu e isso ajuda a dar camadas ao personagem e a esse universo.
O drama humano é meio tolo, mas é bem menos adocicado do que costumava ser na franquia até ali. A parte romântica é comedida e a questão do míssil é contornada por um contra argumento americano, que acertou o míssil soviético antes, fazendo com que o céu de Tóquio ficasse vermelho.

Considerando que Gojira não acorda, pode-se entender esse trecho como uma poesia avermelhada, causada pela ação "comunista" , o que de certa forma, pontua bem o fim do monstro ancestral.
Mas ainda há um novo retorno.
Raios caem do céu, atraídos por Gojira, que abre seus expressivos olhos e reativa a fúria assassina ancestral e a justificação da guerra dos anos 1940.
Pilotos pegam as bombas de cádmio, entram nos veículo do Super X e soltam raios que lembram os phasers da USS Enterprise. Se Godzilla influenciou Jornada nas Estrelas, a referência da Toho retribui as homenagens.
Aqui há planos detalhes nas unhas e pés do lagarto, gente fugindo e caindo de forma desesperada, tentativas de resgate de sobreviventes. A ação humana é bem pensada e exemplificada em tela.
Godzilla vai pata o monte Mihara, na direção do ardil dos cientistas, no vulcão, que está com radares que propagam o som das aves que ele gosta de ouvir.
A cena do apertar dos botões é fria e a reação do animal ao ser acertado pelos explosivos é tão emocional que chega a ser poética.
Quem observa o fim do titã quase chora, em um lamento pelo fim da criatura, que apesar de destruidora, parecia nobre, até então.
A "despedida"
Em sua versão original japonesa, este foi o último filme de Godzilla a terminar com um cartão de título The End - ou Owari, em japonês - no caso deste filme, no final dos créditos.
Isso seria resgatado isso no filme de Hideaki Anno, Shin Godzilla.
Esse também foi o primeiro filme de Godzilla, com créditos finais na versão japonesa.
Gojira é uma obra mais séria, uma saída mais centrada na franquia, que existe especificamente para ignorar os confrontos galhofeiros de toda a era Towo. Acaba sendo um bom reinício, uma obra que reúne reflexão e ação, mesmo que tenha esse tom ignorado no final e nas suas sequências respectivas.