
Gorath é uma ficção científica japonesa, conduzida pelo mestre do cinema de monstros Ishirô Honda. Lançada em 1962, é parte do fenômeno dos filmes de Kaijus da Toho.
Essa é uma produção bastante diferente, se comparada aos seus pares, especialmente por não focar o seu drama em cima de uma criatura animalesca gigante, apesar de ter uma.
A narrativa acompanha um cientista de Tóquio, que junto a uma tripulação, se desloca da Terra para evitar uma estrela enorme entre em rota de colisão com a Terra.
Toda a história gira em torno do esforço para evitar a extinção do planeta e o consequente fim de toda a vida terráquea e terrestre, incluindo a humanidade.
Dirigido por Ishirô Honda, o filme tem roteiro de Takeshi Kimura, argumento de Jôjirô Okami, produzido por Tomoyuki Tanaka.
Estreia:
No Japão o longa estreou em 21 de março de 1962, nos Estados Unidos da América chegou em maio de 1964, na Alemanha Ocidental no dia 10 de julho de 1975
O título original é Yôsei Gorasu ou 妖星ゴラス. Em inglês pode ser encontrado como Astronaut 1980, Gorath, the Mysterious Star e Suspicous Star Gorath. Na França é Le Choc des planètes, na Alemanha é Ufos Zerstoeren Die Erde, na União Soviética Горас.

A obra foi feita pelo estúdio Toho, que também distribuiu o longa no Japão. A Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) e a Brenco Pictures Corp. lançaram versões dubladas nos Estados Unidos.
Ligações e conexões
A obra e o astro foram referenciados em Godzilla: Batalha Final, filme de 2004. Em determinado ponto, o controlador do Planeta X avisa a Terra sobre a estrela cadente Gorath.
Antes de falar da criatura que aparece no filme, é bom deixar claro que originalmente, o longa não incluiria a morsa gigante popularmente chamada de Magma, ou Maguma, de acordo com as traduções.
No entanto, o produtor Tomoyuki Tanaka insistiu que o monstro fosse colocado, forçando o diretor Honda a incluí-lo, apesar do mesmo ser contra.
Efeitos especiais
Como ocorreu na maioria dos outros longas em que Honda trabalhou, esse teve direção de efeitos especiais de Eiji Tsubaraya. No entanto, outro nome se destacou na equipe, no caso, de Kôichi Kawakita.
Esse filme foi o primeiro trabalho no audiovisual do futuro mago dos efeitos especiais, que trabalhou sem créditos como assistente de técnico óptico.

Kawakita também trabalhou como assistente de efeitos em Frankenstein Contra o Mundo, A Invasão dos Gargântuas, ambos sem créditos. Foi diretor de efeitos em Godzilla vs. Biollante, Godzilla Contra o Monstro do Mal, Godzilla vs. Mekagojira etc.
Quem fez
Honda teve uma carreira vasta, lembrada especialmente pelos filmes de monstro gigantes. A direção foi vista em Godzilla, Varan: O Monstro do Oriente, Rodan: O Monstro do Espaço, Mothra: A Deusa Selvagem, Dogora: O Invasor Espacial entre outros.
Kimura escreveu Matango: A Ilha da Morte, O Samurai Pirata, A Invasão dos Gargântuas, A Fuga de King Kong, O Despertar dos Monstros e Os Monstros Invadem a Terra.
Okami escreveu o argumento de Os Bárbaros Invadem a Terra, Mundos em Guerra e Dogora: O Invasor Espacial
Tanaka trabalhou em diversos filmes de kaiju, como Godzilla, Varan, Rodan, Mothra.
Magma:
Como dito antes, a opção de ter uma criatura gigante foi forçada pelos produtores.
Foram os executivos da Toho que convenceram o cineasta que precisavam de um kaiju como Godzilla no filme, não à toa não houve uma grande introdução ou explicação para a participação do personagem, ele só aparece e pronto.
No entanto, o seu surgimento não é o aspecto mais estranho da trama, embora faça pouco ou nenhum sentido a forma como ele aparece. A grande questão é a classificação do ser.
O monstro Magma ou Maguma é considerado uma criatura reptiliana, apesar de se assemelhar a um mamífero, já que lembra uma morsa ou leão marinho.

O roteiro não especificou nenhum detalhe sobre a criatura, apenas que era para ser um réptil.
Honda foi quem decidiu o visual do ser, mudando para uma morsa gigante e não para uma criatura escamosa, como foi com todos os outros lagartos introduzidos antes.
Não se tem detalhes dos motivos que fizeram ele optar por isso, se foi birra, se foi necessidade de variar entre estilos. Fato é que ele escolheu esse visual e se inspirou em um mamífero.
Apesar disso, a Toho continuou insistindo que Magma era um réptil, referindo-se ao monstro como tal em várias enciclopédias de Godzilla, lançadas décadas após o filme.
Quase foi o preferido
Ishirô Honda disse em entrevista que se não fosse pela aparição do monstro gigante Maguma, este teria sido o seu filme favorito em toda a sua filmografia.
A predileção se dá graças a mensagem de igualdade humana e cooperação internacional.
Sempre que podia, Honda reclamava da cena do monstro gigante, afirmando que ela foi tão forçada que derrubou o filme. Sempre que vinha à tona o assunto ele dizia que deveria ter lutado mais contra sua inclusão.
As versões
A versão original japonesa não disponibilizada fora do Japão por bastante tempo. Por anos havia apenas uma cópia pirata acompanhada de legendas péssimas, tão ruins que eram chamadas de legendas falsas, já que mudavam completamente a trama real.
Em 2021, fãs dedicados se encarregaram de finalmente dar ao filme uma tradução adequada e preservar a história original perdida na dublagem e nas legendas "fakes".
A versão dos Estados Unidos foi escrita por John Meredyth Lucas, das séries O Fugitivo e Jornada nas Estrelas: A Série Clássica.
No entanto, o destaque maior dessa versão é que Paul Frees fornece as vozes para vários personagens, sendo pelo menos uma dúzia deles, na dublagem em inglês.
Ele fez inclusive a narração nos primeiros momentos da versão em inglês do filme.
O artista era conhecido por sua imitação precisa de Orson Welles e foi um dublador onipresente nas décadas de 1950 e 1960, em obras como Guerra dos Mundos de 1953 e em desenhos como Mr. Magoo, Os Flintstones, The Dick Tracy Show.
Narrativa:
Depois de uma música de Kan Ishii que vai em um ritmo crescente, evocando sensações de urgência e nervosismo, a trama começa com a entrada em cena uma dupla de meninas. Elas brincam entre si, trocam gentilezas e ouvem no rádio sobre uma expedição espacial, no qual está o pai de uma delas está presente, no caso, o senhor Raizō Sonoda, personagem de Jun Tazaki.
Choque:
O drama imediatamente parte para o espaço, mostrando a tripulação da tal nave.
A nave japonesa orbitaria Saturno, em uma jornada de 9 meses. A União Astronômica Internacional manda mudarem a rota, para investigar uma estrela. Os tripulantes recebem um comunicado, de que uma estrela enorme, de massa seis vezes maior que a da Terra está se aproximando.
Os cálculos dizem que ela poderá ser vista em 136 dias por eles. A questão aqui é que a estrela vai se aproximar demais do planeta, podendo causar problemas a atmosfera terrestre, talvez até colida com o lar dos humanos.

A posição da nave de exploração JX-1 Hawk é privilegiada e é isso que permite a aproximação do mesmo.
Vão na direção da estrela para entender como é o corpo celeste. A união de astronautas batizou o astro de Gorath.
Um dos jovens tripulantes, o cadete Tatsuma Kanai (Akira Kubo) fala chegar até a estrela seria um privilégio, até compara a expedição deles aos esforços de Colombo e Gagarin, referenciando assim o descobrir da América, Cristóvão Colombo e o astronauta russo Iuri Gagarin.
Honda e a plausibilidade
Embora a premissa do filme seja inteiramente fictícia e não científica, Ishirô Honda achou importante apresentá-la de forma crível e plausível.
Os cálculos vistos no quadro-negro durante a conferência científica foram feitos por um professor especializado.
O diretor também se preocupou que houvesse uma minimização da destruição da Lua. A princípio, o asteroide que orbita a Terra seria destruído, mas a ação pouparia a Terra.
Achando que seria muito irrealista, ele decidiu cortar isso, entrando em rota de conflito com o produtor Tanaka, que insistiu que não deveria se preocupar com tais detalhes.
Para o produtor, o realismo não garantiria um bom filme, muito menos uma obra rentável.
Os estudos sobre o astro
Ao estudar e pesquisar Gorath, as conclusões não são tão otimistas como achava o cadete.
O capitão então decide comunicar a própria equipe que o fim está próximo. Pede a eles deem seu melhor, pois terão pouco tempo de vida, já que vão ao encontro da estrela.
Vão então na direção do corpo avermelhado coletar informações para enviar ao seu planeta natal, a fim de evitar mais catástrofes.
O visual
O efeito visual empregado no astro é bem-feito, ainda mais se considerar a sua época.
É uma esfera grande de cor vermelha, que gira bastante. Lembra um pouco Marte, embora tenha semelhanças maiores com Mercúrio, pela condição Inflamável, assim que a nave chega perto.

No Japão:
Enquanto a nave corta o espaço, as pessoas comemoram o natal nas ruas, há gente fantasiada, à caráter, não há qualquer sinal de tristeza ou melancolia pela perda dos astronautas.
Um mês depois, em 1980, astrônomos e astrofísicos em toda a comunidade internacional anunciam que Gorath colidirá com a Terra em dois anos.
Enquanto isso, a mocinha Tomoko Sonoda, de Yumi Shirakawa, que antes era alegre, agora é triste e depressiva, chorosa pela perda do pai.
Os homens em volta dela louvam a memória do doutor Sonoda, dizem que ele fez o que tinha que ser feito, também o chamam de herói, mas isso obviamente não preenche qualquer vazio na vida da garota.
Operação na Antártida
A comunidade científica propõe uma operação no Polo Sul, que envolve uma base a ser instalada na Antártida, projetada para abrigar uma equipe de engenheiros e cientistas de todo o globo.
Haverá também a construção de enormes propulsores, máquinas gigantes que impulsionarão a Terra lateralmente, ou seja, moverão o planeta para fora do caminho de Gorath em 100 dias, retornando o mesmo de volta, quando o perigo tiver passado.
O tamanho:
Uma controvérsia dentro da história, mira o tamanho do corpo celeste. Um dos homens, dentro da junta de cientistas, um homem contesta o fato de ter massa 6 mil vezes maior que a Terra, ja que o objeto tem tamanho de 3/4 da Terra.
É estranho, tanto que os homens poderosos discutem sobre. Além das pesquisas no Japão, estudiosos dos Estados Unidos detectaram que Gorath se aproxima da Terra.
Os japoneses se preparam para uma colisão, liderados pelo dr. Tarawa, de Ryō Ikebe. Além dele, também se destaca o capitão Endô, de Akihiro Hirata, o mesmo que fez o cientista caolho de Gojira.
Base militar:
A base de testes chamada Ominous é bem detalhada, com muitas miniaturas.

Honda brinca bem com a perspectiva forçada, consegue fazer isso tanto nos momentos de combate quanto nas cenas mais paradas.
Quase sempre funciona, exceto um ou outro uso de tela verde, que é bem denunciado graças as remasterizações feitas em alta qualidade.
O aspecto politico:
Há uma tentativa de tornar o filme em uma obra que discute política mundial, inclusive com uma reunião da organização das Nações Unidas, onde os países tentam fazer um plano único, contra Gorath.
No entanto, é claro que a possibilidade de catástrofes é maior que qualquer questão política, não à toa. O que espera-se é que Gorath ao se aproximar em menos de 200 mil km da Terra provoque terremotos, montanhas desabando e vulcões em erupção.
Segundo um cientista o monte Fuji se tornaria um vulcão ativo, ar e água seriam arrancados do planeta pela influência gravitacional e o Japão pareceria uma ilha morta.
Não haveriam mais nuvens e a atmosfera terrestre seria coberta pelas partículas da superfície. Quem sobrevivesse, precisaria de respiradores, graças a falta de ar no espaço.
O kaiju é o Astro?
Para a pessoa que for ver esse sem saber de nada a respeito do esforço da Toho em convencer Honda a incluir Magma, certamente acharia que o Kaiju da vez é Gorath. Essa sensação não é completamente sem sentido.
É fato que estrela, apesar de não ser uma criatura, faz estragos tal qual um Godzilla, Gamera etc.
Não era absolutamente necessário inserir um animal gigante na trama, mas ela ocorre, no polo sul, graças a ao calor que Gorath produz aos corpos próximos, os propulsores que moverão a Terra.
O ser que aparece é uma espécie de leão marinho gigante, despertado das geleiras. As turbinas de fogo no sul instaladas desbalancearam o equilíbrio ambiental, que foi comprometido. O ser então despertou furioso.

Os cientistas ficam com dó de encerrar a vida do monstro, mas tem que acertar a montanha, para tentar adormecer de novo o monstro.
Os efeitos especiais de cenários pintados, uso de maquetes, muito isopor imitando pedaços das geleiras rompendo não são tão bons quanto todos os outros momentos em que se exige dos efeitos.
Abre-se uma grande cratera no chão e o monstro some de repente, tal qual entrou na trama. Ele sequer apresenta algum poder ou capacidade extraordinária.
Calamidades e tragédias
À medida que o corpo celeste se torna visível a olho nu, as marés começam a subir e um estado de emergência é declarado.
Gorath absorve a Lua - Tanaka venceu a queda de braço com o diretor - ajudando assim a inundar Tóquio.
Os tais "mega-propulsores" são destruídos por um terremoto, que também oblitera o JX-2 Eagle e a instalação do Monte Fuji da Agência de Exploração Interestelar.
Ainda assim o plano de deslocamento da Terra funciona, bizarramente. O planeta escapa da destruição, ainda que não haja muita reflexão pelas vidas perdidas e pelas mudanças que ocorreram no planeta.
Gorath tem um final estranho, onde o esforço conjunto dos cientistas dá certo, apesar de se ignorar qualquer efeito colateral. Como é bem mais sério que seus primos Godzilla, Mothra ou Varan era esperada uma maior reflexão, mas ainda assim é uma boa variação do tema de fim do mundo via interferência de corpo gigante, resultando em um capítulo diferenciado da filmografia de monstro gigantes japoneses.