Dogora, O Invasor Espacial : Um kaiju diferente de Godzilla e seus amigos

Dogora, O Invasor Espacial : Um kaiju diferente de Godzilla e seus amigos

Dogora: O Invasor Espacial é um filme de ficção científica japonês, que está presente no chamado cinema kaiju, já que em sua história, aborda a participação de uma água viva gigante atacando o Japão.

Produção da Toho dirigida por Ishirô Honda, com efeitos de Eiji Tsuburaya esse é um filme diferente dos seus pares, especialmente de Godzilla, especialmente graças ao caráter da monstruosidade gigante, que além de lidar com uma ameaça monstruosa e destruidora, ainda tem foco em um plot sobre criminalidade organizada.

A sinopse é simples, fala de uma forma de vida celular amorfa, que desce da atmosfera para consumir carbono da Terra na forma de diamantes.

Essa questão é desenvolvida ao longo do filme, ou seja, a presença da criatura é uma surpresa do roteiro, mesmo que hoje esse impacto seja diminuído, já que todo material de divulgação versa sobre a criatura, sua forma e seu tipo de ação.

O roteiro é de Shin'ichi Sekizawa, baseado em Space Mons de Jôjirô Okami. Foi produzido por Yasuyoshi Tajitsu, com produção executiva de Tomoyuki Tanaka. A versão dublada em inglês tem produção executiva de Samuel Z. Arkoff e James H. Nicholson.

A ideia original

A ideia original para este filme veio da proposta de história de Okami, Space Mons, datada de 1962. Nesse ponto do texto, o monstro ainda não havia um nome. A obra recebeu o título provisório Earth Martial Law e/ou Space Monster.

O diferencial

Um fator ímpar desse em comparação com os outros filmes de Kaiju é que nesse não há um ataque de uma criatura e sim uma raça alienígena que domina as criaturas para conquistar um planeta, no caso, a Terra.

Outro diferencial - dessa vez pensado pelo roteirista Sekizawa - é a tal trama da gangue de ladrões de joias, mostrando bandidos que roubam e traficam pedras preciosas, metais caros etc.

Nesse ponto, Interpol e polícia japonesa se juntam, para perseguir os criminosos, tendo inclusive gente infiltrada na gangue.

Estreia e nomenclatura

Ele estreou primeiro no Japão, em 11 de agosto de 1964. Na Europa, estreou primeiro na Alemanha, em setembro, no México chegou em dezembro de 1966 enquanto em Portugal chegou em novembro de 67.

O título original é 宇宙大怪獣ドゴラ ou Uchû daikaijû Dogora. Em inglês normalmente é chamado e Space Monster Dogora ou Dagora, the Space Monster. No Canadá é chamado só de Dogora.

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Na Grécia é Epiheirisis Dogora, na Itália é Dogora il mostro della grande palude, na Turquia é Dogora Canavar Ahtapot(Turkish) na Alemanha Ocidental é X 3000 - Fantome gegen Gangster, enquanto em Portugal é Dogora, O Monstro do Espaço.

O longa foi rodado em Fukuoka e em Ginza, na capital do Japão, Tóquio.

A obra é da Toho, com distribuição da Dogwoof pela maior parte do mundo em 1964. Algumas exceções foram nos EUA, onde a American-International Television (AIP-TV) lançou.

O mesmo ocorreu na Alemanha Ocidental com a Ceres-Filmverleih e no México, com a Continental Films.

O Design

O design de Dogora veio de uma ilustração do artista e designer de ficção científica Shigeru Komatsuzaki, retirada da publicação Shogakukan Weekly Shonen Saturday.

Komatsuzaki utilizou microrganismos protozoários como referência.

O ser foi montado com um adereço de vinil macio, colocado em um tanque de água e manipulado com uma mistura de linha de pesca.

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O fluxo de água altera a movimentação do personagem graças a uma válvula fixada no fundo do tanque.

A ideia de usar vinil foi do figurinista e designer Keizô Murase. O material havia chegado ao mercado recentemente e era bastante caro.

Embora o suporte Dogora fosse bastante caro, Tsuburaya acabaria por aprovar a decisão de Murase.

Quem fez

Honda é conhecido obviamente pelo cinema de monstros gigantes. Entre suas obras mais famosas há Godzilla, Varan: O Monstro do Espaço, Rodan"…O Monstro do Espaço e Mothra: A Deusa Selvagem.

Também dirigiu King Kong Contra Godzilla, Matango, A Ilha da Morte e Guidrah, O Monstro Tricéfalo.

Sekizawa escreveu Varan, Mothra. Trabalhou na série Ultraman, também escreveu Ebirah, O Terror dos Abismos, Na Vertigem do Crime e O Filho de Godzilla.

Tajitsu produziu também Mergulhando Para o Inferno e Ningen Kakumei. É mais conhecido por ter sido assistente de direção de clássicos de Akira Kurosawa, como Os Sete Samurais, Anatomia do Medo, Trono Manchado de Sangue e A Fortaleza Escondida.

Tsubaraya foi parceiro de Honda em diversas obras, como as já citadas Godzilla, Mothra, Varan. Trabalhou em Onibaba: A Mulher Demônio, sem créditos e depois se tornou criador das séries Ultraman, Maitei Jyakku e Urutora Q.

Sem Godzilla

Dogora é um dos poucos monstros Toho que não aparece em um filme de Gojira.

O monstro, no entanto, tem uma breve aparição como uma imagem estática na abertura do filme animado Godzilla: Planeta dos Monstros em 2017.

Menção fora da série de filmes de monstros

O ser é mencionado em um episódio da 2ª temporada da sitcom Sanford and Son.

O personagem de Redd Foxx, Fred Sanford, gosta de filmes de monstros e se refere ao ser como Dagora, o Monstro Espacial, pois foi assim que o título apareceu nas edições de guias da TV da década de 1970.

Sem suits

Diferente do restante dos filmes de kaiju, aqui não há nenhum artista usando uma roupa de monstro, as roupas que em inglês são chamadas de suits, termo esse popularizado entre fãs de cultura pop, inclusive a japonesa.

O monstro flutua no céu, como uma agua viva se movimenta no mar, com seus tentáculos gigantes causando destruição.

Todas as cenas em que Dogora aparece há efeitos especiais de Tsuburaya.

Efeitos difíceis de fazer

Criar os efeitos para o monstro foi muito difícil e demorado. O processo foi caracterizado por tentativa e erro em todas as etapas, à medida que a equipe buscava os materiais corretos para o suporte e determinava o método de filmagem.

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Os efeitos sonoros relacionados aos monstros foram criados usando um microfone especial de captação de som respiratório, que capturaram os barulhos naturais de moluscos.

Combinaram esses com os sons que seriam usados ​​para fazer o alarme do guarda em Astro Monster e Bullton em Ultraman.

Narrativa

O drama começa diferenciado de seus pares do cinema de monstros, com um cenário bem detalhado, que varia entre espaço e terra, com uma boa construção tanto da base na terra, quanto as cenas no espaço.

No solo é mostrada uma joalheria em Tóquio sendo invadida, enquanto no rádio se anuncia que o satélite de TV L100 do laboratório de ondas elétricas explodiu em órbita.

Ou seja, desde o início, é colocado em perspectiva as duas tramas, a dos roubos e a maior, o temor espacial.

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Com o tempo, são mostrados outros personagens, além dos bandidos, em especial dois homens: o detetive Komai (Yosuke Natsuki) da polícia metropolitana, que vai até a casa do idoso rico Dr. Munakata (Nobuo Nakamura) que é um especialista em diamantes.

Depois de uma invasão, de um golpe e do roubo de diamantes, por meio do estadunidense, o inspetor é paparicado pela assistente do doutor, a mocinha Masayo Kirino, personagem de Yôko Fujiyama.

Repetição do personagem

Vale ressaltar que o americano, Mark Jackson (Robert Dunham) ganha importância depois. Nesse trecho, ele é preso junto aos outros bandidos.

A programação original era para ele aparecer em uma série de filmes, alguns até solo, mas esses planos nunca se concretizaram e ele apareceu apenas nesse.

Vale lembra que Dunham falava japonês fluentemente, dessa forma, não precisou ser dublado.

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A série de roubos:

Ocorrem crimes e desaparecimento de diamantes pelo mundo inteiro e aparentemente, não foi intervenção humana. Segundo os próprios criminosos, houveram sumiços em Paris, Roma, Rio de Janeiro.

Eles ficam assustados, não sabem como as joias sumiram, temendo claro perder sua fonte de renda.

Como é comum entre criminosos, alguns são supersticiosos, dizem que o que está "furtando" as pedras não é humano, cogitam até ser um fantasma.

Curiosamente não estavam tão errados, embora cogitem ser um alguém sobrenatural ao invés de extraterreno, embora o aspecto de água viva gigante pareça sim o de um espectro, fato que pode confundir, com toda certeza.

A mudança com Jackson

O personagem estadunidense muda de parâmetro pouco depois. Quando a polícia o enquadra ocorrem mortes misteriosas, de outros bandidos.

Não demora para que se revele que ele é um agente infiltrado, de uma agência de combate ao crime internacional, a Interpol.

Os mocinhos:

Eventualmente, Kommei e Masayo encontram Asayo, personagem de Hiroshi Koizumi, que é o irmão da mocinha, que trabalha no laboratório de ondas elétricas.

Ele acaba sendo um sujeito de viés declaratório, seu personagem desanda a proferir diálogos expositivo.

Sendo assim ele ajuda a explicar que um estranho evento ocorre no céu, com várias precipitações estranhas, que tem origem de um ser de outro lugar, não sendo algo natural, um evento climático qualquer ou mesmo uma ação de um espírito como pensavam os bandidos.

A insistência com a trama dos ladrões

Boa parte do filme desenrola a trama sobre crime organizado, roubo de joias e contrabando.

Dessa forma, a normalidade dramática envolve bandidos lidando com um fator externo, com uma forma de vida estranha, invadindo o espaço comum da população.

Normalmente filmes de kaiju mostram só imprensa, exército e gente comum. Mostrar pessoas à margem da sociedade era algo diferenciado.

A obra é muito mais pautada em política do que em terror e ação. O clima desbravador se nota até nas cores. Esse e um filme de Honda cuja fotografia é muito mais clara que o comum.

Os ataques de pedras e objetos via telecinese e os efeitos especiais da época fazem com que esse filme lembre muito a abordagem que os episódios de Jornada nas Estrelas faziam.

Curiosamente o filme é dois anos mais velhos que a série de Gene Ronddenberry. Se colocassem tripulantes da Enterprise nessa trama, poderia perfeitamente ser um episódio duplo de viagem no tempo, sobre o primeiro contato com uma criatura.

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Cristalização

Para representar a cristalização das células de Dogora, a equipe prendeu uma lâmpada a uma miniatura de cloreto de polivinila de 15 centímetros.

Passou por ela uma corrente elétrica, que foi enviada para a lâmpada através da corda do piano, fazendo com que ela iluminasse e dando o efeito da miniatura piscando e emitindo luz.

O desfecho e a aparição:

Os personagens humanos não têm grande desenvolvimento, nem mesmo os bandidos - exceção talvez seja exatamente Jackson. Eventualmente encontram Iwasa (Susumu Fujita) que é o comandante do grupo de defesa da área, trata Mukanata com muito respeito e devoção, já que ele também foi um alistado, no passado.

Dogora finalmente dá seu ar da graça passados dois terços de filme, com quase uma hora de duração.

É um efeito de água viva que imita a movimentação do animal real, mas no céu.

A mistura com elementos humanos é uma boa saída, mesmo que em termos de roteiro não funcione, no visual é indiscutivelmente bem organizado.

Tanto a montagem, que mostra os tiros de canhões, bazucas e tanques, quanto os momentos que misturam a nuvem preta de pólvora tentando acertar o monstro no céu são bem registrados e organizados.

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Tudo é bem casado, ainda se mistura com uma animação colorida, mostrando que o ser muda de cor.

Nesse ponto se injeta terror demais, já que Dogora parece um ser poderoso e implacável, capaz de fazer muito mal.

Tal qual manda o clichê, o primeiro embate com o monstro é ruim para os personagens humanos e eventualmente, a criatura e as autoridades dos homens se enfrentam de novo.

Curioso é que mesmo diante da possibilidade do fim do mundo, os contrabandistas de diamantes tentam roubar as joias de novo, pegando o americano e o herói em uma cilada, que envolve uma bomba dinamite e o suspense até que o pavio aceso resulte na explosão.

Há troca de tiros e disputa por diamantes até os 10 minutos finais. Nem com a possibilidade de extinção os bandidos deixam de ser o que são: bandidos.

Ataque final:

As autoridades japonesas e internacionais bombardeiam com K-Corps, a resposta de Dogora é com uma chuva solida, pedras grandes e coloridas caem do céu, arriscando a vida de todos, inclusive dos bandidos armados.

Na cadeia alimentar apresentada, a criatura do espaço é bem mais assustadora.

Ponto para a música de Akira Ifukube, que remete aos sci-fi americanos cinquentistas, lembrando o que era comum as obras de horror atômico ocidentais, temperado claro pelo que era comum aos filmes de monstros japoneses da época.

A raiz da derrota de Dogora é um trambique, já que os diamantes que sugou eram falsos. A chuva de pedras não era um ataque de meteoritos e sim uma reação alérgica, possivelmente.

Dogora é superado, em uma ação mundial conjunta, mas não fica claro se ele morreu.

Dogora: O Invasor Espacial é uma nova versão do cinema de Ishirō Honda, uma boa variação do mito Godzilla, que resulta em uma boa exploração do tema de ficção científica. Sendo tão diferenciado, acaba se destacando, mesmo que boa parte dos seus dramas façam pouco ou nenhum sentido.

1 comment

  1. drover sointeru 23 março, 2025 at 14:00 Responder

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