Varan, O Monstro do Oriente: O último filme preto e branco entre os Kaijus da Toho

Varan, O Monstro do Oriente: O último filme preto e branco entre os Kaijus da Toho

Varan: O Monstro do Oriente é um filme de drama e ação japonês que se vale dos clichês do chamado Horror Atômico (atomic horror) e é voltado para a temática de monstro gigante, os famosos Kaijus, da Toho Studios.

Lançado em 1958, dirigido por Ishirô Honda, conta a história de um grupo de cientista que vai até um vale misterioso no Japão, depois de encontrar uma espécie rara de borboleta.

Durante a investigação ocorre um deslizamento de terra e os dois morrem. A partir daí é mostrado o cotidiano da repórter Yuriko, a irmã de um deles, que decide investigar o local e a lenda de um monstro gigante, que nativos dizem ter matado os dois cientistas.

Todo um drama começa a partir daí, que versa a respeito de invasão de localidade e interferência humana em ambiente desconhecido.

Dirigido por Ishirô Honda, o filme possui algumas cenas de filmes de Motoyoshi Oda (o mesmo que dirigiu Godzilla Contra-Ataca) tem roteiro de Shin'ichi Sekizawa, com argumento/história de Ken Kuronuma. Foi produzido por Tomoyuki Tanaka

A história do filme foi rascunhada por Ken Kuronuma após um pedido do produtor Tomoyuki Tanaka, que pediu para que ele inventasse algo, "qualquer coisa" para atender ao desejo dos "americanos" por outro filme de monstro gigante.

A história foi então dada a Shin'ichi Sekizawa para desenvolver um roteiro.

Toho Pan Scope

Tanto no pôster quanto na película se destaca que esse filme é filmado com tecnologia Toho Pan Scope ou TohoPanScope.

Esse é um sistema de lentes anarmórficas, desenvolvido no final dos anos 1950 pela Toho Studios em resposta à popularidade do Cinemascope, com especificações técnicas idênticas ao Cinemascope.

Preto e branco

Esse é mais um filme de monstro em preto e branco, o último entre os filmes da Toho.

Depois dos três filmes anteriores de monstros gigantes, Godzilla, Godzilla Contra-Ataca e Rodan!... O Monstro do Espaço, a equipe da Toho pensou que a próxima criatura deveria ser um monstro gigante de características aquáticas, um com espinhos e um voador.

Obras de ficção científica japonesas com monstros gigantes, como Rodan e Os Bárbaros Invadem a Terra ganharam novas edições nos EUA, também muito distintas dos originais, para agradar o público ocidental.

Varan foi inicialmente concebido por Eiji Tsuburaya como um híbrido entre o "réptil" Godzilla e o anfíbio Kappa (personagem que só estrearia em 1968, em Yokai Monsters: 100 Monsters) enquanto Akira Watanabe completou a arte conceitual incorporando as membranas da pele de um esquilo voador.

Varan, O Monstro do Oriente: O último filme preto e branco entre os Kaijus da Toho

Coprodução para televisão

Varan era um projeto para ser lançado apenas na TV norte-americana, mas no último instante os produtores americanos desistiram da ideia.

Os biógrafos de Honda, Steve Ryfle e Ed Godziszewski deram detalhes, do acordo com a rede de televisão. Eles afirmaram que a obra foi rodada em preto e branco e foi pensada para ser dividida em três episódios.

Honda dirigiria o filme com os parceiros habituais. Eiji Tsuburaya realizaria os efeitos visuais, Akira Ifukube assinaria a trilha sonora e Haruo Nakajima vestiria a fantasia do monstro.

A cópia da cópia

Não haveria nada "original" no enredo. Seria apresentado um grupo de cientistas exploradores, depois um grupo de repórteres que investiga o sumiço dos primeiros e descobrem uma criatura mítica temida e adorada pela população local, ou seja, é tudo muito parecido com os outros filmes de kaiju.

O projeto seria então uma coprodução direta para a televisão entre a AB-PT e a Toho.

Por isso ele foi filmado em preto e branco na proporção de aspecto da Academy, foi rodado assim em tamanho 4:3, formato padrão dos televisores da época, dessa forma, quando foi editado para o cinema, a imagem ficou comprimida e estranha.

Falência

O acordo com a emissora caiu pouco tempo depois de a produção começar, graças a falência da AB-PT, forçando a Toho a rever os planos para a produção, apressando o desenvolvimento para um lançamento comercial nos cinemas.

O corte em três episódios nunca chegou a ser exibido dentro ou fora do Japão.

Como grande parte já estava pronta, Honda acrescentou mais algumas cenas com atores japoneses e Tsuburaya melhorou os efeitos especiais, porque originalmente o filme seria no mesmo esquema do primeiro Godzilla para os americanos o Godzilla: O Monstro do Mar (Godzilla: King of the Monsters) com atores principais estadunidenses.

Este longa-metragem foi então cortado cena por cena e lançado em um formato widescreen anamórfico, adaptado através da TohoPanScope.

Nem a versão para TV nem a versão para cinema deste filme existem na proporção da Academy, mas a trilha sonora mixada para a versão para TV ainda existe.

Estreia e nomenclatura

O longa estreou em sua terra natal em 14 de outubro de 1958. Foi chegar ao México dez anos depois, especificamente em março de 1964. Foi lançado em várias praças como Varan: The Unbelievable.

O título original é Daikaijû Baran ou 東洋の怪物 大怪獣バラン, teve como nome de trabalho Odoroku. Na França é Varan, le monstre géant, na Alemanha Ocidental era chamado de Varan - Das Monster aus der Urzeit, no México é Varan el increíble;

Na União Soviético é Гигантский монстр Варан, no Reino Unido é Varan the Unbelievable, nos Estados Unidos é Baran: Monster from the East e The Great Monster Baran, ou Varan.

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Primeira colaboração

Esse longa-metragem marcou a primeira colaboração de Sekizawa com Honda.

O rascunho inicial do roteiro de Sekizawa tinha o subtítulo Monstro do Leste. De acordo com Kôji Kajita (diretor assistente) foi pedido a Sekizawa para manter o texto básico e simples.

Também de acordo com Kajita, o filme foi concluído em 28 dias, em vez dos 45 conforme era o padrão.

Ele também mencionou que algumas cenas não puderam ser filmadas na Toho, então um estúdio de som mais barato e um "set aberto" foram usados. Houveram cenas no Haneda International Airport de Ota-ku em Tóquio e no Toho Studios.

Essa é uma obra da Toho que distribuiu o longa no Japão. A Paramount Films of Mexico lançou o mesmo no México em 64. A The Criterion Channel lançou essa versão nos streamings dos Estados Unidos em 2022.

Pouco querido pelo realizador

Esse é um dos filmes que Honda menos tem carinho. O realizador disse que não ficou feliz com o resultado final.

Como o orçamento foi programado para algo ligado a televisão, era pequeno e isso interferiu no visual. Fica muito evidente que o longa é muito mais barato do um filme que estrou quatro anos antes, no caso, Godzilla.

O diretor ainda diria mais tarde que Varan sofreu com os contratempos e a correria de finalização.

O prazo era mais apertado do que as demais produções que havia dirigido, a escolha pelo e preto e branco não se justificava e a trama era pouco desenvolvida, lenta e repetitiva quando comparada a outros lançamentos do gênero no Japão.

Ele cita que achar que deveria refilmar várias cenas, especialmente as que mostram os momentos com as Forças de Autodefesa, que poderiam ter sido mais grandiosas.

Tudo foi filmado em um pequeno set, se fosse em cenas de locação, o filme poderia ter ficado um pouco melhor, ao menos é o que achava o cineasta.

Quem Fez

Honda fez Godzilla, Rodan!...O Monstro do Espaço, O Monstro da Bomba H, Mothra: A Deusa Selvagem etc.

Sekizawa fez a história de O Filho de Godzilla, Monstro de Outros Espaços, A Odisséia dos Monstros e Godzilla vs. Biollante.

Ken Kuronuma escreveu o argumento de Rodan.

Tanaka produziu Godzilla, Céu e Inferno, Yojimbo, o Guarda-Costas, Hausu e Kagemusha, A Sombra de um Samurai.

Versão americana e outras aparições

Até a década de 1980, Honda não tinha conhecimento sobre a versão americana/britânica do filme, Varan, o Inacreditável de 1962.

Em boa parte do mundo, foi essa versão editada, com elenco de americanos, que foi lançada nos cinemas. Esse corte surgiu após 4 anos do lançamento japonês, em um corte de 70 minutos - a versão para o cinema tem 88 minutos.

Talvez por esse "desencontro" Varan tenha sido o filme de monstros menos famoso da Toho, mas é louvado por fãs, como também é com o Godzilla original, Mothra e Rodan.

Em 2005 foi lançado um DVD com as duas versões e foi mais sucesso de arrecadação. Muita gente descobriu e redescobriu para muitos fãs antigos e principalmente para os novos fãs do Sci Fi japonês.

Além dessa obra citada, o personagem esteve em O Despertar dos Monstros, de 1968 e em Godzilla: Batalha Final de 2004. Em Círculo de Fogo: A Revolta Varan é listado em uma lista de banco de dados da organização PPDC database. Também foi referenciado no estadunidense Godzilla II: Rei dos Monstros de 2019.

Traje

Tsuburaya ficou desapontado com o traje final devido à sua aparência excessivamente musculosa.

O figurinista Keizô Murase (King Kong Contra Godzilla e Matango, a Ilha da Morte) fez vários ajustes no traje, aplicando serragem na superfície e misturando os músculos com tinta para obscurecê-los, mas teve limitações, já que não conseguiu obter o que planejou incialmente, devido à incapacidade de alterar a estrutura interna do traje.

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As escamas nas costas de Varan foram feitas usando cascas de amendoim prensadas, que eram abundantes devido a um dos irmãos Yagi ter recebido amendoins de seus parentes.

Murase disse em entrevista que ao conversar com Tsuburaya, estavam comendo amendoim. Enquanto eles tiravam a casca para jogar fora, ele perguntou ao mago dos efeitos se seria boa ideia colocar "eles" nas costas de Varan.

Ele então fez uma amostra e deu a Tsuburaya, que gostou do resultado. Esse aliás foi o primeiro filme japonês de monstro gigante em Keizô Murase trabalhou.

Apesar de muitas fotos promocionais do filme colorirem artificialmente o traje Varan de verde, as poucas fotos coloridas do monstro mostram que ele era marrom, com o próprio Murase descreveu, sendo de cor sépia chocolate.

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Narrativa

O longa inicia mostrando uma iniciativa japonesa para ganhar o espaço, onde ocorre o lançamento de um foguete. Junto a esse movimento há uma narração que valoriza esse desbravamento do ambiente desconhecido.

Logo depois aparece o laboratório do professor Sujimoto (Koreya Senda) em uma classe de biologia. Ele analisa borboletas que são da Sibéria, mas que, misteriosamente, apareceram no território japonês.

Ele então envia dois estudantes a Tohoku, perto do Rio Kitagami. Perto dali, a 40 km. fica uma região conhecida como Tibet do Japão, que é onde o inseto foi encontrado.

Ou seja, o filme começa mostrando o desbravar do espaço, colocando em perspectiva com a exploração de cenários terrenos desconhecidos.

Nesse lugar, dois garotos dirigem um carro, numa estrada bem acidentada. Chegando lá ocorre um evento estranho e confuso. A câmera deliberadamente não registra claramente o que houve, mas se houve um rugido de fera, além de árvores sendo destruídas e levadas, graças a queda de um barranco.

É dado que os garotos morreram, mas ninguém sabe o que foi, nem mesmo a policia.

O ingresso de Yuriko

Então aparece Yuriko (Ayumi Sonoda) a irmã de um deles. A menina vai recolher os pertences de seu parente e em meio ao luto, conversa com Kenji (Kôzô Nomura) moço esse que se torna um dos protagonistas humanos, junto a menina, claro.

Nessa visita Sugimoto fala do mito local Baradagi, que é uma superstição restrita ao povoado do Tibet japonês. O momento é conveniente demais, tanto que faz perguntar o motivo dele falar daquilo assim, tão abertamente.

Essa é uma das mostras mais óbvias de que essa era uma produção feita para a TV, portanto, precisava ser mais expositiva.

Yuriko é repórter, aproveita para se oferecer em ir até o local, mesmo que seja perigoso, até por conta do seu ecossistema ser misterioso.

A viagem

No lugarejo, os personagens não veem grandes problemas, ao contrário, tem o caminho facilitado, transformado em problema algum, ainda encontram uma tribo cultuando Baradagi.

Eles usam máscaras, há um velho mago, com faixa na cabeça e com um cajado.

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Nesse ponto, o longa lembra o filme de 1961 da Mothra, especialmente na questão de rito espiritual.

Curiosamente esse é mais antigo que o filme da borboleta e não possui a questão racial complicada, embora também tenha uma representação controversa sobre nativos.

O povo residente

As pessoas no vilarejo de Iwaya Village são tratados como Burakumin, que no Japão, são a classe mais baixa, os párias, isolados de todo o resto da população e não os Ainu, que são o equivalente japonês aos nativos americanos, como é comumente acreditado.

Em versões mais antigas de vídeos caseiros japoneses, duas cenas de "manchetes de jornal" existiam e foram deletadas depois, já que usavam termos depreciativos, relativo aos Burakumin. As cenas foram deixadas intactas para o lançamento do DVD da Toho em meados dos anos 2000, que foi usado para o lançamento do DVD nos EUA pela Media Blasters.

As semelhanças com Mothra param aí. Kenji e Horiguchi (Fumindo Matsuo) são barrados, impedidos de ir ver Baradagi ou a criatura real que ali está, se é que existe.

Gen/Ken (Takashi Itô) o menino que os recebeu antes, atravessa a barreira da área proibida, atrás de Chibee, seu cãozinho. Os três viajantes vão atrás do rapazinho, encontram ele, depois enviam o cachorro com o recado de que o garoto está bem.

Aqui o roteiro se torna ironicamente cômico, já que para o povo nativo, considera essa uma área proibida, ninguém ousava ir além dessa barreira. Ainda assim, alguns deles acreditam na segurança das palavras da repórter Yuriko, as mesmas que chegaram com o cachorrinho.

Eles atravessam a barreira basicamente para topar com um lago, onde morava o lagarto gigante e onde ele estava. O ser levanta da água, vai na direção dos nativos, mata alguns, destrói rochas, causa deslizamentos e passa por cima de casas.

A música de Ifukube é emocionante e parte das casas destruídas parecem ser imagens reais, de arquivo, onde ocorreram de fato destruição de lugares.

Há duas questões importantes e curiosas, primeiro, é que a repórter está com seus dois amigos em um lugar seguro, com uma boa visão do lago e do ser pré-histórico, que eles classificam como Varanidade, seres que viveram há cerca de 185 milhões de anos, no período Triássico, Jurássico e Cretáceo.

A segunda é que há uma pessoa na "suit" (Katsumi Tezuka e Haruo Nakajima) mas também utilizam um animal com maquiagem, para fazer o efeito. Para a época e para o baixo orçamento, é bem convincente, diga-se.

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Varan anda de forma quadrúpede, eventualmente voa, ou plana, com uma espécie de pele colada aos seus membros superiores, que parecem como asas de esquilo.

Forças armadas vão até a ilha, tentar conter Varan, mas fracassam.

Bombas são jogadas, também são lançados tiros de tanques, de bazuca e nada o derruba. O chefe da defesa japonês manda montar um QG anti,-Varan, para planejar alguma forma de combater o ser.

Reunião de cúpula

Em uma junta de autoridade, aparece uma conversa com o doutor Fujimura (Akihiko Hirata). Ele cita armas capazes de perfurar o aço, como uma boa saída de contra-ataque ao bicho.

Acredita que assim, poderão penetrar a carcaça dele. Nessa reunião, Sugimoto não sabe o que dizer, não apresenta nenhuma solução prática, até ter conhecimento sobre a criatura, até o dr. Umajima (Fuyuki Murakami) concorda com o velho cientista.

Os ataques ocorrem, aviões lançam mísseis e fazem o monstro submergir, voltar para o fundo do mar.

As autoridades tentam encurralar Varan via água.

Usam a marinha e navios armados, liberam bombas e torpedos e o ser antigo chega a se esconder atrás de rochas, momento esse curioso e muito estranho, parece até cômico de certa forma.

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A cena dele se escondendo atrás da rocha se repete.

Ele é mostrado como um ser encurralado e se analisar rasamente a história, se percebe que Varan não é nada mais que um animal acuado, que tem sua intimidade invadida e que é atacado pelos mesmos bisbilhoteiros que tiraram a sua paz.

Ele destrói casa, mas está longe de ser uma ameaça grandiosa, ainda assim é tratado como se fosse o principal algoz da humanidade, digno de receber munição que destruiria a civilização oriental.

O governo japonês é bruto, tal qual a crítica feita ao Ocidente e seus países expansionistas. Fica a impressão de que o roteiro está tentando fazer uma crítica as autoridades nacionais, mas quando o texto precisava ser didático, acaba não sendo.

Fujimura criou uma bomba eficaz, mas que precisa estar dentro de um lugar (ou ser) para ser efetiva. Tem até um demonstrativo, do que fez em uma montanha, mas não acha que isso seria bom contra Varan.

O ser continua de pé, apesar da desvantagem que teve instantes antes. Ele avança e leva tiros de mísseis e tanques.

O plano de destruição interna

Sem sucesso, Sugimoto mostra aos seus companheiros que Varan costuma pegar os sinalizadores aéreos com a boca.

O ser monstruoso fez isso também no monte, por isso o cientista sugere que coloquem as bombas ali.

Aparentemente, derrotam a criatura. Ele desapareceu sob um véu de mistério, depois de uma desesperada luta o homem conquistou outra vitória, segundo palavras do próprio narrador.

Dos filmes da Toho, certamente seria um bom candidato a ter uma refilmagem, agora com orçamento pomposo.

Varan é dos filmes clássicos de kaiju o mais crítico em relação a humanidade, embora não o seja exatamente no discurso e sim nas entrelinhas. É uma boa variação do mito do Godzilla, mesmo sendo uma obra com menos investimentos e menos identidade também. Ainda assim, vale a pena assistir também para entender como funciona o cenário dos filmes de kaiju do Japão.

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