O Assassino de Shantung é um filme de artes marciais da Shaw Brothers lançado em 1972. É parte do esforço do estúdio para popularizar o tema do Kung Fu no cinema popular da China e Hong Kong. Estrelado por Kuan Tai Chen é dirigido por Cheh Chang, escrito por Chang e Kuang Ni e produzido por Runme Shaw.
Deixando a pobreza de sua vida em Shantung para buscar fortuna em Xangai, um lutador chega ao novo cenário e morada para se emancipar apenas, mas acaba caindo em um cenário de banditismo, corrupção e guerra de gangues, onde o único método de proteção é a sua técnica de luta.
A maioria dos filmes dos Shaw Brothers eram rodados e produzidos em tempo curto, em média dois meses, mas de acordo com Kuan Tai Chen, ele teve que ser rodado em um mês, já que o cronograma para esse era bem apertado.
Com essa agenda o diretor só conseguiu rodar ele mesmo as filmagens noturnas, enquanto Hsueh-Li Pao conduziu o longa durante as filmagens diurnas.
Tal qual ocorreu com Bruce Lee em O Dragão Chinês, ocorreu uma confusão em relação a linguagem. Essa foi uma produção gravada em mandarim, enquanto o ator principal falava cantonês. Diferente do que ocorreu com Lee, que falava cantonês durante as filmagens e mais tarde foi dublado em mandarim, Chen aprendeu a dizer suas falas em mandarim, embora não tivesse certeza do que significavam.
Ironicamente, Pei-Shan Chang foi o dublador em mandarim de Lee e Chen em diversas oportunidades, incluindo esse.
Essa trama mistura boxe e filme policial, já que lida com questões criminais e com porradaria. A coreografia foi organizada por Lau Kar-Leung, de Carrascos de Shaolin, Armas Lendárias da China e O Lutador Invencível.
O longa estreou em fevereiro de 1972, em Hong Kong. No ano seguinte passou na França. Estreou em 1974 na Dinamarca e nos Países Baixos.
O título original é Ma Yong Zhen, mas ele também é conhecido por títulos em inglês como The Shantung Boxer, The Boxer from Shantung, The Boxer from Shantung e Killer from Shantung.
Na Argentina é El boxeador invencible, na França é La Brute, le Bonze et le Méchant e Le Boxeur de Shantung, na Itália é Il drago si scatena, enquanto na Espanha é El luchador de Shantung.
Cheh Chang tem mais de 90 créditos de direção, entre as obras mais conhecidas estão O Magnífico Trio do Kung Fu, Espadachim de um Braço, O Espadachim Solitário, A Vingança do Kung Fu, O Arqueiro Valente e Sua Parceira e O Super Dragão Chinês.
Hsueh-Li Pao fez O Guarda-Costas de Ferro, Shaolin Contra Os Demônios Do Karatê, O Império do Dragão e Punhais da Morte.
Kuang Ni tem mais de 200 créditos de redação. Suas obras mais famosas são Duelo de Punhos, Duelo Pelo Ouro, A 36ª Câmara de Shaolin, O Lutador Rebelde e Os Invasores de Shaolin.
Runme Shaw tem muitos trabalhos, como A Vingança do Kung Fu, A Morte em Minhas Mãos, Espadachim de Um Braço e Duelo Pelo Ouro.
Kuan Tai Chen estrelou O Guerreiro de Aço, Os Quatro Valentes do Kung Fu, Irmãos de Sangue e O Guarda-Costas de Ferro. Seu papel quase coube ao finado Wo-fu Chen (de O Boxeador das Sombras) ator esse que morreu perto dessa época, em 1974.
Depois da vinheta da Celestial Pictures, começa a narrativa com uma apresentação vermelha, ao som da música grave e rápida de Chen Yung Yu, o famoso compositor de obras como Cinco Dedos de Violência e A 36ª Câmara de Shaolin.
Essa é uma história onde as lutas ocorrem todas dentro da mesma classe social, já que os combates ocorrem entre pessoas pobres. A classe proletária de Xangai vive lutando entre si, a despeito da exploração de mão de obra que os ricos e poderosos exercem sobre eles, quando não lançam simplesmente um serviço de condição análoga à escravidão, não pagando sequer salários.
A duração do filme é de quase duas horas de exibição, mas não há demora a mostrar o confronto, especialmente com o protagonista Ma Yongzhen, de Chen Kuan-tai e seu fiel amigo Xiao Jiangbei, de Cheng Kang-yeh. A primeira luta se dá contra cocheiros bêbados.
Logo reconhecem o protagonista como um homem natural de Shantung.
O chefe dos cocheiros, Tan Si, de David Chiang, joga uma moeda no chão, para humilhar o herói, que rapidamente responde, se pondo à postos, para lutar.
Paralela a essa luta, há uma subtrama sobre tráfico de ópio, relacionada ao Chefe Yang, personagem de Chiang Nan, que envia seus homens para tentar recrutar Ma, para que ele derrube San Ti, no lugar de seus capangas inúteis.
Dessa forma, o criminoso poderoso não sujaria as mãos e ainda tornaria o personagem central o alvo de possíveis investigações da polícia, além de também driblar possíveis retaliações do clã adversário, que procuraria o assassino de Shantung e não ele.
Mas o discurso bandido não acertar Ma, ao menos não nesse momento, já que ele recusa a via da malignidade. Eventualmente ele se corromperia, viraria sim um criminoso, como os que ele combatia no início da trama. Nas conversas, também citam um torneio de luta grandioso, que se aproxima, alternativa essa que manteria a honra do personagem, mas que não é levada como tal.
Yang e San Ti se encontram e o chefe mais jovem desdenha do veterano, se recusando a falar dos negócios, parece não se importar. Um clã de homens armados, com machadinhas, oferece a Ma um emprego, na verdade fala que se ele passar por cima de Tan Si, fará vista grossa.
Ele recusa, obviamente e é louvado pelas pessoas de sua comunidade.
Toda a movimentação urbana é uma desculpa para acontecer os conflitos e lutas. Em um lugar fechado, onde rolam apostas, se inicia uma briga sensacional, envolvendo um local e um lutador russo, feito por Mario Milano. Ma decide desafiar o europeu. Essa luta demorou cerca de cinco dias para ser concluída.
Acidentalmente Yongzhen afasta bandidos, dessa forma, a taxa de proteção dos ambulantes coube a ele, não mais aos outros bandidos. Ele parece dividido em receber, mas aceita de bom grado o dinheiro.
Esse é o começo de sua postura de mocinho, já que ele parece perder os pudores de agir como agiota e bandido de baixa classe.
A bela cantora Jin Lingzi, interpretada por Li Ching (de O Clã das Amazonas e O Espadachim Sentimental) acha errado o "herói" cobrar proteção, mas ele não se importa com isso, na verdade, se transforma, vira um peão na guerra de chefões, mas não a favor de Chang.
Em determinado ponto, matam Tan Si, em um regime de emboscada. Chang passa por cima dele, faz parecer que foi culpa de Ma Yongzhen.
Perto do final, o personagem central retorna a uma posição de contrariedade do mal e do banditismo, Yongzhen cai em uma armadilha do outro chefão, que substitui todos os funcionários do restaurante por capangas do vilão.
Chang é covarde, manda um de seus homens usar uma cesta com um machado escondido, que corta o abdômen do personagem central. Ele luta toda a sequência final com a lâmina cravada no tronco, enquanto luta com dezenas de rivais.
Esse embate onde Ma Yong Zhen enfrenta a gangue do machado, levou 10 dias para ser concluída, de tão complexa que eram as filmagens e a coreografia a ser registrada pela direção de fotografia.
O resultado da luta é sanguinário, Kuam-tai encarna a pecha de exército de um homem só e mata vários inimigos. É acertado nas costas, na trairagem, pelo último dos vivos. Ele é louvado por seus asseclas, tem o corpo levado por eles, tal qual uma lenda em Xangai.
Termina com o povo fugindo de trem, tentando uma alternativa longe daquele lugar, que é manchado de sangue e ganha contornos terríveis.
O Assassino de Shantung é um bom exemplar do cinema chinês sobre anti-heróis. Conta com uma direção certeira, atuações dedicadas, direção de fotografia e de arte que valorizam as belezas de Hong Kong, além de ser um conto de melancolia e amargura, que tratam da alternativa criminosa como algo infelizmente comum.
Comente pelo Facebook
Comentários
Comente pelo Facebook
Comentários