Review: Boardwalk Empire – 3x06 Ging Gang Goolie

Os sonhos perdidos de uma geração. Impassível de críticas, o episódio de Boardwalk Empire dessa semana, faz algo semelhante ao sensacional Blue Bell Boy, mas se sai ainda melhor por apostar unicamente nas perdas e demônios de suas aquebrantadas figuras, sejam eles novos coadjuvantes ou antigos conhecidos, que definitivamente não tem mais para onde ir e só podem passar a encarar suas decisões de frente ou seguir um caminho que ainda gere alguma esperança, mesmo que de forma deturpada.

Podemos começar por Gillian, uma das personagens mais bizarras da série, vem passando por um período de aceitação e busca de algo pelo que viver desde que a temporada começou. O bordel ainda não funcionou (Gillian já foi uma daquelas garotas que agora abriga e sente que mesmo numa profissão humilhante elas ainda podem se valorizar) e a perda de Jimmy é algo que a assombra constantemente. A cena em que ela encontra um sósia do filho e todo o desenrolar posterior, foi desconcertante e meio triste, eu me senti penalizado por aquela mulher, já que era Jimmy o seu único porto seguro e nada mais resta para ela. O complexo de Édipo atingiu outro nível depois de tudo o que vimos.

Ainda falando de perdas, Richard Harrow continua sendo o contraponto humano de tudo o que se passa ali. É impossível não se identificar com a constante busca do antigo combatente, por achar um lugar em um mundo que jamais vai aceitá-lo novamente. E foi tocante toda a história envolvendo o pai que teria dado tudo para ter um filho mutilado, mas vivo. Harrow entendeu de cara o motivo de ele ter entrado na luta, já gostei da breve relação dos dois e mais ainda da forma como a filha do homem agiu. O aperto de mão mexeu com Harrow, acho que só Jimmy e Angela tinham agido assim com ele, podemos somar mais uma cena ímpar para o episódio.

Chegamos a Nucky, que continua patinando para manter seu império, mas agora tem de lutar contra gigantes que ele mesmo criou. Harry Daugherty, George Remus e Jess Smith querem usar Nucky como testa de ferro e se safar de todo o processo que está sendo aberto pelo senado, mal sabem eles que o mafioso é bem mais esperto e tem cartas na manga, como a aliança incomum com a advogada que quase o colocou na cadeia. Acho interessante a série focar nessas repercussões mais abrangentes, pois confere mais credibilidade a história e permite uma urgência maior a tramas aparentemente desconexas. De todos em Washington o único que Nucky deve temer é o Gaston Means, o cara é uma raposa ainda mais traiçoeira que Rothstein.

Fiquei feliz por Margaret, dois episódios com tramas interessantes e um enfoque condizente com o poder da personagem. Ela teve que lidar com uma perda que não era sua, mas que lhe diz total respeito. Desde a temporada passada que as ações de Teddy deixou sua mãe assustada e mais uma vez ela achou que o ambiente em que o garoto se encontra está lhe roubando rapidamente a inocência. Cena forte a que ela bate no garoto e me fez lembrar o porquê de Kelly Macdonald ter sido indicada a varias premiações há dois anos, a atriz estava excelente.

Mesmo sem dar as caras, Gyp foi uma presença constante no episódio, o trocadilho com o seu nome foi genial, e podemos confessar que o medo de Margaret era também o nosso. Alguém pediria um bicho-papão mais assustador que o maddog? Eu não. A tensão reacendeu a relação da Sra. Thompson com Owen e confesso que gostei muito, a química entre os dois sempre cai bem quando não é trabalhada a passos de tartaruga. Muitos vão dizer que esse foi o episódio mais contemplativo até aqui e não estarão errados, mas contemplar o que é bom nunca é demais, quando de quebra podemos nos emocionar com um simples aperto de mão.

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