Review: Agents of SHIELD S01E11 - The Magical Place

Este texto também pode ser lido sob o título "Precisamos parar de falar sobre Coulson".

Em dezembro, quando Agents of SHIELD exibiu seu final de meia temporada, a pergunta era se, com a audiência despencando, o espectador deveria voltar em janeiro para conferir o desfecho do gancho que prometia revelar os segredos quanto a ressurreição do Agente Coulson. Nesta terça, 7, o seriado retornou apenas para afirmar seu maior problema: a falta de uma história de impacto. A revelação está lá, ou algo minimamente parecido com isso, mas longe de ser satisfatória para qualquer pessoa que tenha se disposto a acompanhar semanalmente as aventuras da equipe no Universo Cinematográfico Marvel.

Mesmo acertando no desenvolvimento do roteiro, que opta por dividir o episódio em três núcleos, o maior erro do programa é que a trama não empolga. Ao longo de dez episódios, os roteiristas tentaram, em vão, fazer o espectador se conectar com os personagens principais. A não ser o protagonista vivido por Clark Gregg, nenhum outro gerou empatia suficiente para que, em momentos de perigo, houvesse alguma preocupação quanto ao seu destino. E se Coulson gera esse tipo de sentimento é mérito da interpretação de Gregg e de todo o background mostrado nos filmes e não no que o seriado tentou emplacar. Até porquê, muito além de como o agente voltou a vida, ainda falta um bom motivo para isso. E um que não anule o sacrifício feito em Os Vingadores. 

Acreditando que mistérios vazios e vilões que sequer aparecem podem ser o suficiente para atrair a atenção do público, Agents of SHIELD comete o erro de achar que os fãs (ou mesmo o espectador casual) se contentarão com qualquer coisa. A prova do erro é a queda de audiência do piloto até o último episódio de 2013. Agora, produtores, roteiristas e elenco, prometem uma mudança de direção, com histórias envolventes e muitas surpresas. Agora? A maioria das séries demora pelo menos 6 episódios para encontrar seu rumo. SHIELD já teve o dobro disso e apenas agora os realizadores dizem que o programa irá "melhorar"?

Talvez a série funcione como divertimento escapista (e o episódio mais recente confirma isso ao incluir situações cada vez mais absurdas, mesmo para adaptações de quadrinhos, vide "máquina massageadora de cérebros"), mas depois de 11 semanas de mais do mesmo, não merece mais nenhuma vírgula de discussão pois as críticas se tornaram repetitivas. Não faz mais sentido apontar os mesmos problemas quando não há o menor sinal de que estes serão corrigidos. Falar sobre Coulson e companhia se tornou um fardo, ao contrário da discussão que envolve programas melhores.

The Magical Place não foi um episódio ruim. A ação está lá, mas infelizmente, a pretensão também. Ao mesmo tempo que promete ampliar o Universo Marvel, Agents precisa se conter para que não cause grandes alterações na estrutura deste mesmo Universo. Claro, afinal quem for ao cinema conferir o próximo Capitão América ou Vingadores, não pode ficar no escuro porque não acompanha a extensão televisiva. Porém, ao invés de tentar estabelecer uma mitologia forte e independente dos medalhões cinematográficos, o programa não sai do meio-termo e ainda assim se comporta como se tivesse alguma importância. Mas o espectador não é bobo. Muitos já perceberam que dificilmente a série sairá desta zona de conforto equivocada e simplesmente a abandonaram. Quem continuar acompanhando também o fará não porque espera grandes revelações, mas porque é fã demais da Marvel para não assistir o que a editora/estúdio produz. Talvez um dia, se durar tempo suficiente, o seriado finalmente encontre um rumo, um que não fique tão focado em Coulson (há um elenco inteiro a ser explorado). Tomara que quando isso acontecer, ainda exista um público disposto a conferir.