O texto abaixo contém spoilers de The Flash
Nos momentos finais da temporada anterior, Kevin Smith dirigiu não apenas um dos melhores episódios de The Flash, mas também foi responsável por um dos momentos mais interessantes em uma adaptação de quadrinhos para live action em 2016. Surge com certa surpresa, no entanto, este Killer Frost, provavelmente o total oposto de Runaway Dinosaur. Claro que em uma série de TV aberta há pouco espaço para uma presença marcante da direção, uma vez que cada episódio precisa seguir uma estrutura já formatada que também deve fazer sentido dentro da trama central. Pesa também o fato do roteiro aqui não ser escrito pelo mesmo responsável pela primeira interação de Smith no universo DC do CW. Ou seja, não é culpa do diretor que praticamente nada funcione desta vez.
Killer Frost começa exatamente onde termina o já problemático Shade, exibido na última semana. O embate com Savitar se mostra totalmente sem criatividade, repetindo basicamente o primeiro confronto com Zoom. A diferença básica é que o vilão da temporada era muito mais ameaçador, enquanto o velocista da vez sofre com um design ruim e efeitos nada convincentes para estabelecer suas habilidades superiores. De qualquer forma, a batalha é utilizada apenas como catalisadora dos problemas enfrentados por Caitlin Snow. Assim, o episódio passa de uma aventura sem inspiração para um dramalhão sem sentido envolvendo uma personagem que sem motivo algum (além do fato de ter ganho poderes) resolve assumir uma postura vilanesca.
O conflito do episódio se resume ao Flash tentando mostrar para Caitlin que ela não precisa ser má. Apesar de ser um conceito interessante para uma série de super-heróis, mostrando que o protagonista precisa, antes de qualquer outra coisa, salvar o antagonista com o mesmo fôlego que salva as vítimas de seus ataques, é tudo feito com pouquíssimo impacto, em um texto que parece mais ter saído de algum folhetim de baixo orçamento.
A trama de novela se estende, inclusive, ao que o episódio espera mudar no relacionamento entre Barry e Cisco. Caitlin revela ao futuro Vibro que seu irmão ainda estaria vivo se o Flash não tivesse criado uma realidade alternativa por motivos egoístas. O momento é tão constrangedor que lembra algo saído de alguma Maria do Bairro dessas, das tardes do SBT.
A artificialidade com que o roteiro trata as motivações dos personagens em questão incomoda e mostra como, mesmo com um elenco carismático, a série se tornou frágil neste terceiro ano. Até mesmo as atitudes de alguns coadjuvantes deixam de fazer sentido, por mais extrema que seja a situação envolvida. Joe, por exemplo, toma a frente quanto ao dilema envolvendo Wally de forma totalmente irresponsável, algo que o jamais faria se os realizadores fossem coerentes no desenvolvimento dos personagens do programa.
E, como se não bastasse o inchaço de subtramas, a série introduz, sem muito alarde mais um coadjuvante, vivido por Greg Grunberg. Mostrado como um detetive estereotipado não há muito o que dizer de sua participação ou do motivo de ser incluído neste ponto da série, a não ser que por ter surgido justamente após a revelação de Savitar, tenha algo a ver com o vilão da temporada.
Com uma trama central totalmente desinteressante, que parece apenas repetir o que o espectador já viu em duas temporadas anteriores, The Flash ainda baseia o desfecho de Killer Frost em um plot twist que de tão óbvio soa ofensivo. Além disso, parece um elemento fácil para, no futuro, restaurar o status quo de Barry, uma vez que sua demissão foi causada sob chantagem, que agora tem um peso ainda maior, revelada a identidade do Alquimia. Enfim, com este exemplar, a série chega ao fundo do poço, tendo agora a obrigação de reestruturar para que não piore ainda mais a forma como trata os próprios personagens (sem dúvida ainda a maior força da adaptação) ou, ainda, seus espectadores.
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