A quinta temporada de Arrow já deixou bem clara a intenção de fazer a série voltar a fazer jus à sua premissa inicial e, mesmo entregando episódios irregulares, tem melhorado bastante seu desenvolvimento nas últimas semanas. E Penance, com sua trama focada e bem executada, mostra que o programa ainda tem fôlego para trazer boas histórias.
O episódio praticamente só tem pontos altos. Seja pelo roteiro que não dá espaço para distrações, ou pelas cenas de ação que, desde o primeiro minuto se mostram empolgantes, a aventura da semana se destaca entre o que Arrow tem de melhor a oferecer aos fãs. Até mesmo as cenas de flashback conseguem se ligar melhor ao presente, com várias rimas acontecendo na trama central.
Enquanto continua treinando seus novos ajudantes, Oliver prepara a missão de resgate de Diggle com ajuda de Lyla. Essa premissa, se executada da forma como a série vinha se desenrolando, poderia dar margem a um episódio extremamente inchado e sem direção, o que surpreendentemente não ocorre aqui. Mesmo com muita coisa acontecendo, a direção de Dermott Downs, além de ágil, é habilidosa em dosar o espaço que cada núcleo terá durante os quarenta e poucos minutos de duração. E faz isso dando peso para cada cena, usando o tempo que tem para desenvolver os personagens e terminar tudo com a sensação de que nada foi em vão.
Pegue o personagem Adrian Chase, por exemplo. Apesar da óbvia inspiração no Harvey Dent de Batman - O Cavaleiro das Trevas, suas cenas servem a um propósito. Há o desenrolar de pelo menos três subtramas quando o promotor público está envolvido, além, é claro, de cada uma de suas cenas ser responsável por mostrar um personagem repleto de nuances. Há mais por trás da figura de bom moço. Existe um lado sombrio latente na forma como aceita as figuras justiceiras do Arqueiro Verde e sua equipe, algo demonstrado em uma cena de interrogatório. Sua participação também serve para estipular melhor a nova dinâmica de Quentin Lance em sua posição de vice-prefeito.
Já as cenas envolvendo o Time Arqueiro em ação trazem um importante senso de perigo à série, algo um pouco ausente pela falta de desenvolvimento individual dos novos vigilantes de Star City. Quando decidem entrar em ação na ausência de Oliver, há o peso de um "teste de fogo". A sensação de que esses personagens não estão prontos para o que pode acontecer é justificada pela cena inicial do episódio e por tudo que a série conseguiu, mesmo que aos tropeços, mostrar em relação ao Cão Raivoso e sua personalidade inquieta, como se fosse uma bomba relógio prestes a falhar e não explodir. Quando finalmente precisam agir em equipe, é notável o quanto estão mais entrosados, mas ainda precisam de estratégias melhores. O Retalho, por exemplo, poderia facilmente dar cabo da situação, mas o time prefere usá-lo como escudo. Além disso, o roteiro acerta em fazer os heróis saírem da situação marcados por ela, ajudando a trazer um sentimento de insegurança que pode fazê-los repensar suas atitudes. Mesmo a subtrama envolvendo Rory e Felicity não soam deslocadas e servem também ao propósito do texto.
A trama central coloca Oliver e Lyla em uma missão arriscada para libertar Diggle, e o episódio sabe criar a tensão necessária para manter o espectador interessado. O resgate do personagem de David Ramsey é o resultado da relação desenvolvida em cinco ano de seriado e jamais soa forçado. O protagonista não deixaria o amigo sofrer por um crime que não cometeu e, embora entenda seus motivos, também compreende os de Lyla. E, embora tenha criado uma situação complicada para Diggle, cabe a série estabelecer como funcionará a nova dinâmica, com o personagem foragido e agindo nas sombras.
Totalmente investido em ação, Penance também ajuda a estabelecer melhor a presença do vilão Tobias Church. Enquanto isso, faz com que cada personagem envolvido tenha seu momento de importância, jamais caindo em sequências entediantes ou que envolvam os elementos de folhetim que tanto permeiam o programa. Soou muito como o ritmo do spin-off Legends of Tomorrow, que a cada semana traz honestas aventuras super-heroicas sem enrolação. Arrow é a série perfeita para também seguir esse estilo de narrativa, pois praticamente esgotou a quantidade dramas artificiais que podem ser abordados em cinco anos no ar. Agora é hora de mover a história sempre em frente, sem tempo para desvios ou distrações. E, se essa semana mostrou algo aos fãs, é que a adaptação consegue, sim, empolgar e que seus personagens ainda rendem boas tramas.
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