Aparentemente The Flash encontrou um bom caminho para colocar vilões em suas tramas. Seguindo a ideia do episódio anterior, a série apresenta mais um personagem que acrescenta algo à história e dessa vez tem até um background bem desenvolvido, bem longe dos antagonistas das primeiras semanas, que surgiam apenas como impulso para boas cenas de ação. Aliás, Plastique traz uma personagem que nem pode ser considerada vilã, mas sim a "meta-humana da vez".
Na investigação de uma explosão que não deixou resíduos químicos típicos de bombas, Barry e a equipe do STAR Labs chegam até Bette Sans Souci (Kelly Frye), uma ex-militar que consegue fazer coisas explodirem apenas com um toque. É um poder trágico, que traz reflexões próximas às da Vampira, de X-Men, fazendo a personagem se aproximar do espectador como nenhum outro dessa temporada. O episódio dá a Plastique tempo de tela suficiente para seus dilemas e motivações que, apesar de envolverem a boa e velha vingança, são facilmente aceitos quando se leva em conta o que a moça sofreu como "objeto de pesquisa" do exército, aqui representado pela figura do General Eiling (Clancy Brown).
É bom ver a série começando a focar na extensão dos poderes de Barry, fazendo o personagem exigir mais de si e testando seus limites, tornando possíveis duas boas cenas de efeitos visuais, que continuam a qualidade atingida no episódio anterior. Há muito para o velocista evoluir e descobrir sobre suas habilidades e as possibilidades variadas do seu uso. Uma boa sacada do roteiro é o Flash conseguir vibrar suas cordas vocais para alterar sua voz. Enquanto em Arrow, o Arqueiro precisa de um aparato para soar ameaçador perto de pessoas conhecidas, Barry soa até engraçado, como se estivesse sob efeito de gás hélio. E isso diz muito sobre o clima mais descontraído da série, assim como diferencia ambos heróis. A ideia do Flash não é colocar medo nas pessoas.
Como já destacado em textos anteriores, o elenco de apoio é um dos melhores elementos de The Flash, e novamente o destaque vai para Jesse L. Martin. Suas cenas com Barry continuam excelentes e o ator passa muita credibilidade quando precisa dar conselhos ou chamar atenção do protagonista para alguma decisão errada. Com a mesma naturalidade que o espectador aceita a gargalhada de Joe West ao descobrir sobre o que Allen pode fazer com a voz, também se emociona com o abraço que ambos dão logo em seguida. Tom Cavanagh também continua se mostrando uma escolha inspirada com a dualidade presente em seu Dr. Wells. Em Plastique o cientista mais uma vez toma uma decisão condenável pelos motivos certos, levando a crer que é alguém realmente disposto a proteger o Flash, mesmo com atitudes sombrias e desencaminhadas.
O seriado encontra alguns problemas pontuais quanto ao relacionamento de Barry e Iris, com um atrito um tanto forçado entre ambos. E justo no episódio que o Flash não parece nada preocupado com sua identidade secreta ser revelada para uma total estranha, todo o conflito com a personagem de Candice Patton parece um pouco incoerente. O programa ainda não encontrou um ponto de equilíbrio entre o futuro casal, o que é ruim, pois pode fazer o espectador se afastar dessa subtrama importante para o desenvolvimento do protagonista. Aliás, é típico do CW fazer isso: investir em elementos de telenovela gerando esses conflitos tolos.
Enquanto o roteiro de Aaron Helbing, Todd Helbing e Brooke Eikmeier merece elogios por dar destaque à Bette, peca um pouco ao transformar o General Eiling em um militar padrão de histórias de sci-fi, ou seja, o antagonista cabeça-dura e mal intencionado. Sim, Clancy Brown é um ator de grande presença, mas só isso não basta. Por outro lado, a trama dá indícios de que o personagem volte no futuro, talvez com mais tempo para ser desenvolvido.
Dessa forma, apesar de não ser tão bom quanto o anterior, o episódio da semana faz a série do Flash continuar uma das mais promissoras da fall season, entregando ao espectador, fã ou não de quadrinhos, praticamente tudo que uma boa trama de super-heróis contém, deixando até um gostinho de "quero mais" ao introduzir brevemente, na cena final, o que promete ser um desafio para os responsáveis pelos efeitos visuais. É apenas o quinto episódio da série, há muito tempo para corrigir problemas e investir ainda mais nas qualidades, algo que vem sendo feito em uma velocidade até mais rápida do que aconteceu na série do Arqueiro, por exemplo. E não, isso não foi trocadilho.
Eu também gosto muito da interação do Barry com o Joe. É sempre divertido ver os dois juntos e também conseguem emocionar bastante nas cenas que mostram o carinho e o companheirismo que existe entre eles.