Filme de horror recente explora os receios dos anos 1990 a respeito da virada para o milênio 2000

Y2k: Bomba Relógio é um filme de horror é uma aposta do estúdio queridinho da cinefilia, a A24. Lançado em 2024, é um longa-metragem de Kyle Mooney, uma coprodução entre Nova Zelândia e Estados Unidos;

A obra brinca com os clichês dos anos 90, girando em torno do desespero e paranoia geral do populacho, movido pelo receio de que o boato do bug do milênio seja verdadeiro. Aqui no caso, é um fato, já que ocorre uma grande revolta das máquinas, que atacam seus antigos usuários, os meninos, meninas, homens e mulheres, de todas as gerações.

Estrelado por Rachel Zegler, Jaden Martell e Julian Dennison, é lembrado também por ter sido produzido Jonah Hill e pelo criador da série de sucesso O Urso.

A história se localiza na última noite de 1999, ou seja, é um filme de horror baseado em data festiva, no caso, o réveillon. Nesse momento, dois estudantes do ensino médio invadem uma festa da virada, de um aluno popular, para que um desses garotos converse com a menina ideal, a moça que habita seus desejos e seus sonhos.

Eles acabam enfrentando todo um problema que parece local, mas se mostra universal, que é um curto circuito geral, que faz com que objetos inanimados passem a atacar as pessoas.

Escrito por Kyle Mooney e Evan Winter, o filme é produzido por Matt Dines, Christopher Storer, Cooper Wehde, Alison Goodwin, Jonah Hill e Evan Winter. Steven Fine é coprodutor, Alasdair McBroom e Jeremy Reitz foi produtor de linha e Jimmy Price foi produtor executivo.

O Conceito

Y2K atualmente é um termo que refere uma estética da Internet baseada em produtos, estilos e moda do final dos anos 1990 e início dos anos 2000.

O nome Y2K é derivado de uma abreviatura cunhada pelo programador David Eddy para o ano 2000 e seus possíveis erros de computador.

Estreia e nomenclatura

O filme passou primeiro em festivais, como no South by Southwest Film Festival em 9 de março de 2024, passou também na Austrália, em 14 de outubro de 2024 no SXSW Sydney. Ainda nos festivais, passou em outubro no SCAD Savannah Film Festival.

No Canadá e nos cinemas comuns dos EUA, chegou em dezembro de 2024, para aproveitar a data de fim de ano. No Reino Unido chegou em março de 2025, assim como na Irlanda e Alemanha.

O título original é tão somente Y2K. Quase não há variações de nome, entre os diferentes, há a alcunha da Rússia Миллениум.

Houveram gravações em Nova Jersey, em Ringwood, na parte que cabe ao cenário Fieldstone Plaza em Skyline Drive.

Os estúdios que fizeram o filme foram a A24, American Light & Fixture, New Zealand Film Commission e Strong Baby.

A distribuição nos EUA foi da A24, a Universal Pictures International (UPI) na Alemanha, Reino Unido e da VVS Films no Canadá. Em VOD, tem veiculações variadas entre a Amazon Prime Video, Apple TV+ e Max.

Quem Fez

Kyle Mooney é mais conhecido por ser ator, inclusive, interpreta Garret nesse. Seus filmes mais famosos são Deixa Rolar, Zoolander 2, Vizinhos 2, As Aventuras de Brigsby Bear e a comédia Que Horas eu Te Pego?.

Escreveu As Aventuras de Brigsby Bear, também criou a série O Show de Sábado. Essa é a sua estreia na direção de cinema.

Evan Winter produziu e escreveu apenas esse, atuou no telefilme Conviction, dirigiu videoclipes de Enrique Iglesias e Sean Paul.

Jonah Hill é mais conhecido por ser ator, tendo estrelado Superbad: É Hoje, O Lobo de Wall Street, Anjos da Lei e É o Fim.

Foi diretor em Anos 90, também realizou episídios em Lakers: Hora de Vencer e O Método de Stutz, produziu Anjos da Lei 2, Tinha Que Ser Ele?, O Caso Richard Jewell, Certas Pessoas e os filmes que ele conduziu.

Dines foi produtor em O Método de Stutz, produtor executivo em Certas Pessoas. Também foi produtor associado em Como Ganhar Seu Coração.

Goodwin foi produtor em This Place Rules e O Método de Stutz, fez produção executiva em Certas Pessoas, coprodutor em Anos 90.

Cooper Wehde foi produtor executivo em O Urso e Amor em Fuga, coprodutor em Mustache.

Storer também foi produtor executivo em O Urso (é criador da série, inclusive) e Amor em Fuga. Produziu Vigiados e Mustache.

A nostalgia:

Pensar em Y2K naturalmente vem no pensamento um apego a nostalgia. Isso se nota sobretudo em duas características básicas: a trilha sonora e alguns elementos visuais.

Em um cenário de videolocadora, são mostrados vários cartazes e fitas de obras célebres da época, entre elas Morrendo e Aprendendo de 1993, Babe: O Porquinho Atrapalhado de 1995, Coração de Dragão do ano seguinte e Mensagem para Você de 1998 aparecem nas prateleiras, em destaque, além de terem alguns banners maiores, de obras do ano de 1999, como Um Lugar Chamado Notting Hill, Heróis Muito Loucos e Polícia Desmontada.

Outras referências se veem na televisão, quando Eli e Danny assistem o filme Júnior de Ivan Reitman, ainda toca a música de Waterworld: O Segredo das Águas no trailer.

Já a trilha conta com canções como Praise You do Fatboy Slim, On the Fence de Silver Jet, Break Stuff de Limp Bizkit, I'll Be de Edwin McCain e Tubthumping de Chumbawamba, Freak on a Leash do Korn.

Narrativa

Antes inclusive de aparecer qualquer pessoa, é mostrada uma série de imagens típicas dos anos noventa, como conexão via internet discada, através da AOL - America On-Line - e de um joguinho em flash.

Eli, um garoto jovem, manipula um game onde a personagem de Rachel Zegler anda e bate, como num beat'n up, onde se chama Ruxygirl.

Isso serve para estabelecer uma conexão entre o garoto interpretado por Jaeden Martell e o seu computador, onde ele passa suas tardes, onde programa e escreve prompts.

Ele é um nerd, um garoto tímido, que nutre uma paixão platônica tão forte por Laura, que faz dela a musa nos jogos que programa. Tudo isso é mostrado antes até de Rachel Zegler ser apresentada de fato.

Gerações distintas:

É curioso que a maior parte do elenco, seja formado por jovens, da geração z, completamente distantes da realidade de internet engatinhando e tecnologia completamente obsoleta, fora a questão estética.

Considerando o elenco principal, apenas Mason Gooding e Eduardo Franco estavam vivos durante os eventos do filme. O primeiro tinha 3 anos e Franco, 5. Fora eles, Miles Robbins, que interpretou um personagem menos importante chamado Nugz, tinha 7, já Daniel Zolghadri nasceu cerca de um mês após os eventos do filme.

Danny e Eli

Eli acaba encontrando o seu melhor amigo, Danny, personagem de Julian Dennison, que é lembrado principalmente por Deadpool 2.

Entre brincadeiras saudáveis e outras nem tanto -Danny pede para o amigo não flertar com a sua mãe Cheryl (Maureen Sebastian) - os dois seguem 

Os dois fumam com o cara da locadora Video MD, Garrett (que é feito pelo realizador) são chamados por ele de Big Nut e Little Nut, atacados por Farkas (Franco) e seus amigos.

Dentro desse grupo, a maioria parece ser adolescentes, mas Farkas não, já que é grande e adiposo, com um cabelo agressivamente lambido.

O encontro com a "amada"

A amada do protagonista. Laura diz que vai para a festa de Chris Kuhlken (The Kid Laroi) fica encantado com ela, quando seus amigos roubam bebidas de uma loja de conveniência onde eles se encontraram.

Por pouco o papel de Laura não couber a Jenna Ortega. A interprete de Wandinha foi originalmente escalada para o papel, mas devido a conflitos de agenda, não pôde participar do filme e foi substituída por Zegler.

Mais tarde, D convence Eli a ir até a tal festa. Eles roubam bebidas do armário de seus pais, pega um CD personalizado, que ele preparou para ela, escrito y2k e vai.

Choque de expectativa e o "curto"

Na festa, Eli se decepciona por não conseguir ser um bom pretendente para Laura.

Passeando pela casa, acaba flagrando Raleigh e Aiden (Luca R. Stagnitta) em um quarto. Depois de uma queda de luz, os jovens brincam falando do bug do milênio ser real

Logo depois começam a acontecer algumas mortes, como a de Aiden, que aparece já falecido, com um pedaço da pá da hélice do ventilador na sua cabeça.

No texto, normalmente se destaca a parte de spoiler. Mas dado que o filme não tem muitos segredos e é mais do que esperada uma revolta das máquinas, preferimos nem fazê-lo.

A ladeira em descida

O que se percebe dessa parte em diante é uma forte exploração do Complexo de Frankenstein, que é a fobia que a cultura pop normalmente faz com relação às máquinas, que atacam os homens.

Geringonças diversas começam a atacar, algumas elaboradas, como carrinhos com isqueiros, outras são apenas objetos que atacam só por que querem.

Nesse ponto, eleva-se o tal complexo de Frankenstein, temperado com elementos de filmes B como O Mestre dos Brinquedos (The Puppet Master) e Brinquedos Diabólicos (Demonic Toys) além de ter momentos que lembram os de Premonição/Final Destination, onde a morte seguia caminhos improváveis e criativos para matar as pessoas.

O choque dos personagens é imitado pelo público, já que os objetos reunidos não parecem nada reais. Não havia nada plantado anteriormente, que desse uma pista de que as máquinas seriam revoltosas

Laura tem uma fala que parece uma epifania, diz que aquilo não é somente um bug, mas também uma consciência de IA liberando um comando para cada chip de processamento em todo o mundo.

A moça acha que a raça humana perecerá, ela é especialista em codificação, até tinha dado sinais disso antes, em falas de outros personagens. Quando coloca em prática, parece genial, uma pessoa que escondia (desnecessariamente) o seu grave talento.

Os fins trágicos

Há alguns sacrifícios que são sentidos, como quando Danny morre, confessando amizade a Eli.

Até nesse ponto há espaço para piadas, já que ele entrega ao rapaz uma camisinha, a mesma que usava para atazanar ele, depois de ser cortado por uma máquina que é um aglomerado de outros objetos.

Depois de matar várias pessoas, o ser sai, ruge como um kaiju cibernético e acopla outros equipamentos em si. É um megazord de quinquilharias.

Depois que o imbecil Farkas cai de skate e abre a cabeça, sobram do seu grupo CJ (Daniel Zolghadri) e Ash (Lachlan Watson) Laura e Eli.

Eles enfim encontram um refúgio, chamado The Kollective, onde Garrett está. É lá que Jonas (Mason Gooding) o ex-namorado de Laura está. Considerando que Ortega faria esse papel, os dois poderiam contracenar novamente, após Pânico e Pânico 6.

Nesse ponto, Jonas subestima o poder de hacker dela, a chama de Spookie, mas logo é contrariado.

Ataque de computadores...ambulantes

Ao encontrar com o computador de Eli, Laura fica na dúvida se deve ou não acessar ali, afinal, é o computador de um conhecido, com todos os seus segredos. 

O mais bizarro dessa sequência, é que os computadores andam sozinhos, tem rodas, se locomovem por aí.

A moça diz que nunca confia em um computador que não pode jogar pela janela, citando o engenheiro eletrônico Steve Ozniak, o programador de computadores, co-fundador da Apple, Inc.

A parte sensorial

Tem todo um jogo sentimental tosco, entre a máquina e seu usuário, Eli assume que Laura é a Roxygirl, a sua menina dos sonhos.

É bem tosco o momento.

As atitudes e planos dos jovens são confusos, Laura consegue desbloquear algo, até para uma das máquinas, mas ela não impede o ser de atacar Garrett, que resolveu ir para cima do ser sem necessidade.

Eles fogem pelo barranco, caindo com um banheiro químico.

Os garotos se acham bons e melhores do que realmente são...são patéticos e fracos, dependem da sorte e só isso.

Personagens reais:

Encontram Fred Durst da banda de Nu Metal, o Limp Biskit. A introdução dele tenta lembrar o que ocorreu com Bill Murray em Zumbilândia, sendo ainda mais confuso e bizarro.

Os humanos são assimilados, tal qual os Borgs de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração, além do filme trash Hardware: O Destruidor do Futuro.

Ainda ocorre o que atualmente se chamaria de "papo boomer", com as máquinas dizendo que já escravizavam a humanidade, com seus e-mails e celulares e que nesse ponto, decidiram apenas só oficializar isso.

Não é engraçado, as cena pós créditos são bem ruins. Tudo é meio equivocado e o plano final funciona, mesmo sendo cheio de furos.

Abre possibilidade de sequência, mas aparentemente, foi um fracasso. Talvez esse seja um aspecto positivo.

Y2K: Bomba-Relógio é um filme curioso, que tenta parecer parte de uma fórmula ligada a Tech Horror, mas se perde em meio aos seus próprios clichês. Nem as atuações são condizentes com o melhor de suas carreiras.

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Trailer