O dia dos namorados é uma data comercial em essência, para além do romantismo e da vontade expressar ao par a vontade e a ânsia de estar junto e se sentir completo enquanto casal.
No brasil a data se comemora no mês de junho graças a propaganda: a marca "festiva" foi estabelecida única e exclusivamente por faltar datas para vender produtos do comércio nessa época.
Independente disso, a moda pegou, apesar da tradição gringa de comemorar em fevereiro, com o Dia de São Valentim, data essa que celebra a união de casais e pega carona na entidade Valentim de Roma.
São Valentim faz referência a três santos martirizados na Roma antiga, sendo o mais famoso chamado de bispo Valentim, sujeito que celebrava casamentos à revelia da ordem do imperador Claudio II que proibiu as uniões em sua época. Depois de ser preso, ele conheceu Artérias, a filha do carcereiro, e acabou se apaixonando por ela. Ela milagrosamente recuperou a visão e pouco antes do bispo morrer, ele escrevia para ela a assinatura "de seu Valentim", termo esse utilizado até hoje.
Já no mito católico é fácil perceber que tragédia e enlaces amorosos estão intimamente ligados, e não seria diferente no cinema de horror desde o Cinema Mudo e essa lista foi produzida para introduzir ao leitor algumas dicas do que assistir com seu par.
Corra (2017) de Jordan Peele
Jordan Peele se tornou conhecido nos últimos anos por fazer filmes de temática racial, com um humor ácido que beira o insano. Sua estreia para o grande o público foi neste Corra, que explora a história de um rapaz preto que vai conhecer a família de sua namorada branca, e tem contato com um tipo de condescendência que nem mesmo ele esperaria.
Além da óbvia e sagaz crítica ao racismo velado da sociedade americana pós eleição de Barack Obama, o longa se tornou símbolo de como uma relação amorosa pode arruinar a vida de uma pessoa. Peele engana seu espectador até próximo do final, invertendo a lógica em relação a quem a personagem de Rose seria fiel e cúmplice ao herói da jornada, mostrando-a como alguém tão vil, mal e manipulador quanto o resto de sua família.
O Dia do Terror (2001) de Jamie Blanks
Esse é um produto de seu tempo, filme de temática slasher, lançado em 2001, pegou carona na onda que Pânico e Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado de ressignificar filmes de matança. A história mostra um bailinho de escola onde um rapaz sofre bullying na escola, depois mostra esses mesmos estudantes 13 anos depois, todos fracassados amorosamente, sendo atacados por um assassino que usa máscara de querubim. O filme é dirigido por Jamie Blanks, o mesmo que fez Lenda Urbana, e tem bons momentos de gore, mas não fez tanto sucesso quanto o filme antecessor, mesmo com predicados positivos.
Dia dos Namorados Macabro (1981) de George Mihalka
Esse é possivelmente o mais conhecido da lista. Lançado na esteira de produções populares como Sexta-Feira 13 e Halloween: A Noite do Terror, tentava obviamente se valer do terror em data comemorativa. Ele é mais lembrado por fazer bom uso das cenas de assassinatos em uma mina de exploração, e por ter muitos efeitos práticos, com bastante gore e cenas de horror explícito.
Nos anos 2000 uma versão sem cortes do filme foi lançada, com dezenas de cenas recuperadas, que não foram finalizadas na época de seu lançamento por conta da classificação indicativa e por conta é claro da ultraviolência dela. Se prometia uma continuação, que foi engavetada infelizmente, possivelmente graças ao remake lançado em 2009.
Nekromantik (1987) de Jörg Buttgereit
Essa é uma produção controversa, proibida em inúmeros países, e que ganhou fãs do cinema extremo ao longo dos anos. O diretor alemão Jörg Buttgereit mostra um sujeito degenerado, que leva um cadáver para casa a fim de violá-lo junto com a sua esposa.
Há cenas bizarras, onde se apela não só para o gore sanguinolento, mas também escatologias, é de fato um filme disruptivo e extremo, não é para o grande público. Os personagens são sujos, tarados, de métodos estranhos e nojentos até antes da violação e necrofilia serem introduzidos na trama.
Nekromantik 2 (1991) de Jörg Buttgereit
Buttgereit fez uma continuação para sua obra de 87, em Nekromantik 2 as estranhezas aumentam, mostrando uma enfermeira que rouba o corpo do personagem central do primeiro filme, roubando então o cadáver do sujeito, que claramente não passou pelo processo de assepsia que visa tirar secreções e afins, conhecida como tanatopraxia.
O cadáver então tem um aspecto esverdeado, como o musgo e fica bizarramente engordurado. É sabido hoje que o objetivo do cineasta era chocar o público e confrontar as normas de classificação indicativa das agências de cinema da Alemanha.
Entes Queridos (2009) de Sean Byrne
Esse é um exemplar mais moderno dentro da lista, e por sua vez aproveita para falar a respeito de romances mais contemporâneos e claro, de rejeição. É um terror australiano, que mostra um jovem metaleiro que tem um trauma graças a morte de seu pai. Ele combina de levar a namorada em um baile escolar, mas é raptado por outra moça, apaixonada pelo jovem e a partir daí começa uma sessão de torture porn extrema e agressiva.
Sean Byrne também fez The Devil's Candy, que é igualmente brutal e ainda melhor resolvido que este citado. Entes Queridos é agressivo, tem referências a pedofilia e relações incestuosas, e seus personagens são bem característicos.
A Noiva de Frankenstein (1935) de James Whale
Esse é de fato um clássico. Continuação direta do longa de James Whale que tinha Boris Karloff como o protagonista, essa é uma das primeiras sequências do cinema que são tão louvadas quanto o filme original. O doutor Frankenstein queria parar de fazer experiências com corpos, mas é impelido pelo Dr. Petrorius a trazer a vida outra criatura para fazer par com o monstro antigo.
Curiosamente, o filme explora partes do texto de Mary Shelley que não couberam no longa de 1931, ainda na ideia de mostrar o declínio da humanidade ao tentar brincar de ser Deus. O resultado é no mínimo icônico, primeiro, graças a maquiagem que Jack Pierce faz para a noiva cadáver, interpretada por Elsa Lanchester, segundo, por conta exatamente do desempenho da atriz que tinha apenas 17 anos na época. Ela ainda faria a escritora Mary Shelley no prólogo do filme.
A história é macabra, fala a respeito de rejeição do diferente e expões como a sociedade caça o que ela considera inaceitável, pondo em perspectiva que os ditos monstros, não são exatamente maus em essência. A obra é chocante e segue até hoje sendo uma boa história sobre amor e inadequação.
É isso, voltamos ano que vem com mais dicas sobre filmes de horror nessa temática.
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