Confira o que achamos do filme que termina a saga do Invocaverso

Invocação do Mal 4: O Último Ritual é um filme de drama e terror, localizado dentro da franquia Conjuring/Invocação do Mal.
Volume final de sua saga, o longa de Michael Chaves pretende ser o capítulo final da saga do casal de detetives e pesquisadores paranormais Ed e Lorraine Warren, que foram interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga respectivamente.
Depois de algumas participações nos outros três filmes e eventuais spin-offs, dessa vez a trama não se restringe apenas ao casal, mas também a sua filha.
Ao longo da trama se desenvolvem temas universais, como legado, aposentadoria, aceitação das limitações humanas provenientes do envelhecimento, além de um heroísmo que não combina muito com os verdadeiros Edward e Lorraine Warren, mas que já se tornou comum em meio a exploração que James Wan e os irmãos roteiristas Chad Hayes e Carey W. Hayes estabeleceram em Invocação do Mal de 2013.
Como essa é uma obra bastante recente, tentaremos fazer esse artigo sem muitos spoilers. Mais tarde podemos retomar o filme em uma análise mais aprofundada.
A equipe técnica
Como dito, esse é um filme de Michael Chaves, escrito por Ian Goldberg, Richard Naing - dupla que escreveu Autópsia - e David Leslie Johnson-McGoldrick (Invocação do Mal 2). O argumento é de David Leslie Johnson-McGoldrick e James Wan.
São produtores Wan e Peter Safran (Além da Morte e Superman), foram produtores executivos Judson Scott, Michael Chaves, Michael Clear, David Leslie Johnson-McGoldrick, John Rickard, Hans Ritter e Natalia Safran.
Além desses, retornam ao elenco a dupla Farmiga-Wilson, também Steve Coulter, como o padre Gordon, papel esse que fez em Invocação do Mal, Invocação do Mal 2, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio e Annabelle 3: De Volta Para Casa.
A Trama
Dessa vez o drama se passa em 1986, embora haja uma outra linha temporal.
No tempo presente, Ed e Lorraine estão prestes a se aposentar, já em 1964 se relembra o que seria o primeiro caso de investigação paranormal dos dois, enquanto estavam grávidos da única filha da família, Judy Warren.
Dessa vez a herdeira do legado do casal é feita por Mia Tomlinson, uma vez que Sterling Jerins, a interprete antiga, não teria a idade adequada que o papel exigia, apesar de em 2025, ela ter 21 anos de idade.
O passado e o parto
A grande surpresa desse trecho é que Lorraine está grávida.
Sua barriga está grande e aparente, fica claro que em breve ela entrará em trabalho de parto.
Para evitar falar da trama "real", salientamos que a sequência é emocionante, agressiva e surpreendente.
Logo depois é mostrado Judy crescendo, passando a mensagem que, tal qual ocorre com sua mãe, ela também tem poderes paranormais e clarividência.
A diferença cabal é que ela não quer viver como a mãe e a própria Lorraine não quer que ela passe por isso.
1986
Já na atualidade, o roteiro trata de fazer como ocorreu nas outras três oportunidades, mostrando uma família pobre, numerosa, vivendo em West Pittston, na Pensilvânia.
Trata-se dos Smurl, um grupo familiar que mora na mesma casa 8 pessoas, a dupla de pais, os avós paternos, duas filhas adolescentes e duas irmãs gêmeas ainda crianças.

Em paralelo a isso, Os Warren apresentam uma palestra, em uma faculdade, que é basicamente o mesmo que foi falado e mostrado no primeiro Conjuring, no entanto, dessa vez, a mesma está vazia.
Dessa vez, a dupla é maltratada, os poucos que aparecem, brincam e zombam deles, comparam ambos com Os Caça-Fantasmas, lançado em 1984, dois anos antes.
Além dos dois, é mostrada Judy, que em um jantar informal com os pais, enquanto ela fala a respeito de seu namorado Tony (Ben Hardy) ela é atormentada, repete a música que sua mãe sugeriu, em forma de mantra, para afastar as visões de mortos.
Atuações e aspectos técnicos
A saga Invocação do Mal se destaca ligeiramente dos seus pares de franquia, por carregar em si uma seriedade que não se enxerga nos spin-offs.
Os melhores roteiros são delas, os esforços de design de produção idem, até as atuações são melhores. Esse Invocação do Mal 4: O Último Ritual não é diferente.
Na verdade, Chaves parece ter até melhorado o seu ofício de diretor, sendo mais seguro enquanto realizador, se comparado ao que fez em A Freira 2 e Invocação do Mal 3.
Vera Farmiga está bem novamente, é constante e segura. Já Patrick Wilson consegue apresentar novas nuances, sendo tanto o pai preocupado com toda a família, como o sujeito que não aceita que envelheceu e que não pode mais ser o galã de outrora.

Seu desempenho é correto, o ator exala carisma. Melhorou bastante nos últimos anos, tanto que não fica mais tão a sombra de sua parceira de tela.
Ben Hardy tem um papel com apenas um tom, já que faz um sujeito apaixonado, tímido, inseguro, que guarda um grande segredo do passado.
Dessa forma, tanto ele quanto Steve Coulter, servem de escada para a nova interprete de Judy.
Coulter ainda tem alguns bons momentos solo, seu personagem tem a sua própria sub-trama dramática, que é desenvolvida independente da trama dos Warren. Apesar de ser mega clichê, funciona.
A real e verdadeira estrela da história é Judy Warren, que aliás, é a sobrevivente que tenta propagar a história dos Warren.
Mia Tomlinson tenta se apresentar como uma pessoa atormentada. De fato esse papel precisava ser feito por uma atriz experimentada, como ela.

A interprete havia feito poucos papéis no cinema, nos curtas Bandits e The Mediator. Seus maiores préstimos foramn nos seriados O Reino Perdido dos Piratas, The Beast Must Die e Docto Who: The Eleventh Doctor Chronicle.
Aqui ela varia bem entre a figura sempre assustada e a pessoa que precisa se provar tão forte e corajosa como seus pais.
Ela é fruto de um milagre e age assim, mesmo quando parece amedrontada.
A real Judy Warren
Atualmente, a filha dos Warren usa o nome Judy Spera, em atenção ao sobrenome do seu marido, que aliás, está no filme.
Única filha da família e trabalho para manter viva a memória de seus pais, tanto que está à frente da New England Society of Psychic Research (NESPR), a organização que eles fundaram.
Nascida em 11 de janeiro de 1946 em Connecticut. Vale lembrar que os Warren são ligeiramente mais moços nos filmes, tanto que Judy nasceu em 1964.
Os Warren reais ficaram famosos nos anos 1970, mas desde sempre ela esteve ao lado dos pais, não havia nela receio em se afastar ou não se envolver. Ela também confirma que tinha medo da boneca Annabelle.

Ela acredita ter herdado algumas capacidades especiais da família e afirma ter tido experiências incomuns ao longo da existência. Era crédula no trabalho dos pais, mas nunca quis seguir seus passos.
Já seu marido, Tony Spera se interessou demais pelo trabalho dos Warren, fez entrevistas com eles e ajudou a publicitar os causos. Ele assumiu o museu ocultista que eles deixaram para trás.
Já Judy declarou várias vezes o seu alívio por não ter que lidar com essa parte do legado familiar, especialmente o tal museu.]
Crise familiar
A trama segue, com a mãe preocupada com os seus, tão absorvida a sensação de tristeza por perceber que o mal ancestral ronda os seus, que se torna insensível ao que ocorre em volta.
Ao passo que a "mão do diabo" está próxima de Judy, Ed segue com problemas de coração, ou seja, já se aponta para a futura morte do sujeito, em 2006.
Enquanto isso, o clima de telenovela segue, com as filhas da família Smurl tentando se livrar do espelho que uma delas recebeu dos avós, como presente do Crisma. Por acaso, esse é o mesmo que encarou os Warren lá atrás.
Na casa assombrada aparecem figuras monstruosas, genéricas, acinzentadas e de CGI porco. Nesse ponto, o filme de Chaves lembra suas imitações baratas, mas sem o carisma engraçado dos filmes da série The Doll, do indonês Rock Soraya.
Ao menos aqui é mostrada uma baita cena de gore, com a personagem Dawn tentando expelir o ataque da entidade.
A participação do padre Gordon é bastante ativa. Ele aliás é o elo entre os Warren e os Smurl. Há muitas participações de personagens clássicos da saga, que ajudam a tornar a figura de Tony como o elemento novato, que tem dificuldades de se inserir no contexto dos detetives paranormais.
Entre pressas para mostrar a intimidade da família - inclusive com pedidos de casamento - se revela a música/mantra que Judy canta, a medida que o perigo para os Smurl aumenta.
Como a família não tem dinheiro, não há como escapar da casa. O fardo deles é pesado, eles tentam aliviar isso procurando a imprensa, mas se sentem como em um circo de mídia.
Enquanto isso, Lorraine lamenta ao ver que sua filha tem experiências semelhantes a sua. Ao contrário do lado real, Judy assume um papel de protagonismo, especialmente depois da prova do vestido de noiva, que imita os poucos momentos bons de O Exorcista 2: Hérege.

Zombeteiro
O espírito maligno gosta de caçoar de suas vítimas. É irônico, faz piadas enquanto manipula e desgraça os personagens.
De certa forma o filme tenta imitar esses momentos, causando perdas no elenco, mesmo que nenhuma delas seja grandiosa. Falta coragem para ousar, ao menos com algo que realmente tenha importância, o texto acaba parecendo mais cômico do que horrorífico.
Curioso que em toda essa saga, a igreja católica não faz muita coisa. Os causos sempre acabam com os demonologistas assumindo o papel de defensores da família tradicional.
Além do óbvio clichê formulaico - duas histórias em paralelo, que se cruzam graças ao fato de todos os personagens serem apegados a família - não há de fato uma preocupação do clero em resolver questões mundanas, envolvendo o inimigo de Deus.
Nos eventos pós-participação do padre Gordon, os Warren enfim chegam a Pensilvânia, à contragosto.
Se Lorraine tinha medo de perder Ed no segundo filme, nesse o alvo do seu receio parece ser a filha única.
Coragem e um desfecho em declínio
Judy é a epítome da bravura, enquanto os pais se acovardam, já que tem muito a perder (especialmente por lembrarem da quase morte da filha) ela parece disposta a enfrentar fosse o que fosse, como se tivesse um chamado divino.
As curvas finais fazem a trama recair em um melodrama gratuito e adocicado, não que isso não ocorresse antes, mas a direção certeira de Wan suavizava muitas questões.
A ideia de explicar demais também é tola, uma saída arrogante dos roteiristas, que precisam explicar o motivo de Ed cozinhar para as famílias.
Estava implícito que ele gostava de se familirizar com as pessoas, oferecendo ajuda e aconchego.
Talvez seja inconveniente que uma família numerosa veja toda sua comida ser feita e consumida por uma pessoa e em uma refeição? Seria plausível pensar que sim, mas é um gesto de bom grado.
Há bons acenos, como o fato de Judy se assustar com a boneca Susie, que uma das gêmeas brinca, visto que ela sempre temeu Annabelle, desde Conjuring. Há um cuidado reverencial de Chaves para a mitologia que é estabelecida desde 2013.
O final envolve artefatos malignos voltando, referências a enforcamento - que remete ao filme um - também uma ideia de legado e até ferimentos que pareciam mega graves no momento da ação, mas que resultam em pequenas e bobas cicatrizes, cobertas por um gesso simples - esse último é simplesmente ridículo o nível de não consequência empregado.
Há muita confusão nesses pontos, inegavelmente. Isso pode incomodar o espectador mais atento. Os exageros sempre fizeram parte da saga, mas nesse tomo estão piorados demais, imitando de certa forma o outro lado da filmografia de James Wan.
Chaves obviamente emula o diretor malaio, mas aqui, parece copiar não o terror e sim o cinema de ação, já que o que ocorre com Tony no final lembra mais os momentos de Velozes e Furiosos 7 ou Aquaman do que o visto em Jogos Mortais, Gritos Mortais ou Sobrenatural.
Um fim que mira esperança
A comparação com folhetins e novelas entre o final desse Invocaverso é válido, já que há inclusive um casamento, que mostra reunião com personagens de todos os casos.
Também sobram visões de Lorraine, onde o amor vence, onde tudo fica bem, pontuando assim com extrema pieguice toda a série de filmes, que mesmo se debruçando sobre figuras demoníacas mil, tem de fazer referências ao bem, afinal, é ele quem vence esses filhotes do inferno.
É bastante cafona, mas condiz com o que foi pensado por Wan, pelos irmãos Hayes e pelas cabeças da Warner e New Line.
Ainda é referenciado que o verdadeiro espelho segue no museu dos Warren.
Invocação do Mal 4: O Último Ritual é irregular, brega, apelativo e confuso. Há sim uma evolução da parte do seu realizador, mas o cômputo geral é de uma produção com menos identidade até que a parte três da saga. Ao tentar amarrar todas as pontas soltas, o filme responde demais, explica demasiadamente, dando soluções para indagações que ninguém fez antes.
Vale pela atuação de Farmiga e Wilson e para se despedir de personagens que acabaram se tornando querido.
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