Conheça os cineastas e profissionais da arte que emulam o estilo do diretor malaio
O cinema de terror permite que muitos cineastas criativos tenham chances de fazer obras com liberdade, graças ao orçamento baixo. Por outro lado, é comum que gente picareta tenha liberdade igual para apenas imitar a forma de fazer cinema de outrem.
Curiosamente, a carreira de James Wan é o exemplo vivo do primeiro caso, ao passo que as obras que o diretor malaio faz dão vazão (algumas vezes) para o segundo tipo de realizador, visto que ele dá chance a profissionais com potencial e outros que simplesmente imitam o seu estilo de contar histórias em tela.
Esses profissionais recebem apelidos por parte dos aficionados por cinema de horror e cinéfilos, são chamados de "Os minions de James Wan", em atenção claro aos capangas do personagem Gru, de Meu Malvado Favorito.

Esses minions são autores, roteiristas, cinematógrafos, um grupo considerável de profissionais, cuja qualidade de trabalho varia, já que cada membro dessa seleta reunião é diferenciado.
Esses se espalham pelas três principais sagas que Wan inaugurou, a saber Jogos Mortais, a série de torture porn que Wan e Leigh Whannel inauguraram nos anos 2000, também Insidious/Sobrenatural, que é a clássica história de família assombrada por entidades fantasmagóricas e/ou demoníacos, além do Invocaverso, ou Conjuringverse, o universo compartilhado baseado nas histórias "reais" do casal Ed e Lorraine Warren.
Essa última saga é a mais pródiga em trazer os "capangas" de James Wan.
Os filmes principais tinham uma base literária, especialmente os Invocação do Mal, mas os seus spin-offs não. A maioria é de qualidade duvidosa, como os filmes de Annabelle e A Freira.
Com o lançamento de Invocação do Mal 4: O Último Ritual, urgia falar desse secto cinematográfico, uma vez que esse promete ser o último filme dos Warren - supostamente claro, visto que sempre podem ocorrer remakes ou reboots, ou mesmo alguma sequência tardia ou de legado - certamente boa parte dos aqui citados não terão o emprego garantido dentro de uma franquia sólida.
Se a Warner Bros ou New Line quiserem voltar com as histórias é problema deles. Independente de contratarem esses citados, falaremos dos profissionais que passaram nessa saga e nas outras, confira.
Michael Chaves

Diretor de videoclipes, amigo próximo de Billie Ellish, o cineasta norte-americano de origem latina é de longe o que mais dirigiu obras do Invocaverso, fazendo A Maldição da Chorona, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio, A Freira 2 e o novo Invocação do Mal 4.
Seu passado inclui trabalhos com efeitos especiais, produzindo os mesmos em seu curta Regen, na série The Guild e no filme Massacre Lake. É escritor também, criou a série Chase Champion e escreveu o curta The Maiden, que ganhou o prêmio de Melhor Super Curta-Metragem de Terror no Shriekfest de2016.
Entre os integrantes desse seleto grupo, esse é possivelmente o mais criticado, já que conta com um dos piores baixos da filmografia relacionada aos universos compartilhados que James Wan mexeu.
No entanto, é difícil entender o seu cinema, uma vez que todos os seus longas ou são péssimos (Chorona) ou sequências, que melhoram um pouco o quadro geral (caso de A Freira 2) ou são sequências dos melhores filmes do Invocaverso.
Ele goza de prestígio com o "chefe", não à toa foi escolhido para fazer Cojuring 3 e 4. A saber se ele melhorará após o lançamento do quarto filme.
John R. Leonetti

Cinematógrafo de mão cheia, condutor de obras de franquias grandes, Leonetti é muito criticado por sua "autoralidade", ao passo que esquecem que ele é um diretor de fotografia com muitas qualidades.
Pelo lado "bom" da sua carreira, destaca a fotografia de Brinquedo Assassino 3, O Máskara, Top Gang 2!: A Missão e Mortal Kombat: O Filme, ou seja, ele fez trabalhos de diversos estilos e gêneros.
No terror fez Gritos Mortais, Eu Sei Quem Me Matou, o remake de Piranha, Sobrenatural, Invocação do Mal e Sobrenatural: Capítulo Dois, além de episódios de Sleepy Hollow.
Seus trabalhos de fotografia não são ruins, há personalidade e competência na maior parte dos trabalhos, mas como cineasta seu currículo é bastante fraco.
Como diretor, seus créditos incluem episódios de Sons of Thunder e Providence, mas o destaque é para as bombas: Mortal Kombat: A Aniquilação, Efeito Borboleta 2, além de Annabelle, O Perigo Bate à Porta, 7 Desejos, O Silêncio e Canção de Ninar.
Atualmente ele trabalha mais como realizador, deixando de lado seu trabalho como diretor de fotografia.
Leigh Whannell

Esse certamente é o mais bem-sucedido artista de toda a lista, tão bem encaminhado que faz discutir até a pecha de ser um minion de Wan.
Parceiro das antigas, Whannell é ator e roteirista de origem. Esteve com Wan nas duas funções em Jogos Mortais, acabou fazendo o mesmo em Sobrenatural e escreveu junto a ele Gritos Mortais.
Sua primeira experiência em direção foi em Sobrenatural: A Origem, a prequel que é a parte três da saga Insidious. Também fez Upgrade: Atualização, O Homem Invisível, dirigiu o clipe Ceremony do Deftones e Lobisomem.
No começo da carreira como diretor, ele usava parte dos maneirismos do malaio, contando com uma trilha sonora invasiva, abusava de sustos falsos.
Sendo o seu debute em um filme de franquia, fazia sentido esse movimento, mas já em Upgrade ele mudou. Homem Invisível mostra ele mais maduro e austero e Lobisomem prevalece como um filme que discute dramas familiares, ao passo que usa bem os efeitos especiais práticos.
Gary Dauberman

Dauberman é um roteirista especializado em filmes de horror,
Foi produtor em A Maldição da Chorona e produtor executivo em A Freira, mas tem apenas duas entradas na direção.
Ele foi realizador em Annabelle 3: De Volta Para Casa, que é do Invocaverso, além do criticado e polêmico A Hora do Vampiro, que foi lançado direto no streaming da HBO Max.
Entender o cinema de Dauberman é difícil, visto que só teve um episódio fora do universo compartilhado dos Warren, na adaptação de Salem's Lot. Vale lembrar que ele é escritor também de It: A Coisa e It: Capítulo Dois, ou seja, ele dirigiu obras ligadas ao casal Warren ou a literatura de Stephen King.
Tem como trabalhos previstos um filme de zumbi chamado The Last Train to New York e a série Gargoyles.
Corin Hardy

Esse é o diretor de A Freira. Seu know how é com condução de clipes, tendo trabalhado com Keane, Paolo Nutini e John Newman. Como condutor de filmes, há apenas esse citado e A Maldição da Floresta, ou seja, são dois longas voltados para o gênero do horror, cuja fotografia e atmosfera é mega dark.
O grave problema de A Freira é que é uma obra oca, vazia, que não causa medo, se apega demais a chavões do gênero e a sustos falsos mal construídos.
Desperdiça uma personagem forte, um vilão visualmente potente e o secto do nunsploitation, que voltou a ser popular, depois de A Imaculada, O Convento e A Primeira Profecia.
Já Hardy dirigiu bons episódios em Gangs of London e está previsto estrear em 2025 o terror Whistle.
Akela Cooper

Esse é um apontamento que pode ser encarado como um "roubo" na lista, já que Cooper não é diretora, tal qual seus colegas minions.
É inegável que ela dá vazão aos desejos de James Wan, trabalhando com ele nas suas obras mais recentes.
Ela tem experiência como escritora em programas como As Bruxas de East End, Os 100, História de Horror Americana, Luke Cage e Chambers (tendo participado da produção dessas todas) além de ter escrito Parque do Inferno, Maligno, M3GAN, A Freira 2 e M3GAN 2.0, sendo esses últimos quatro, filmes ligados ao Wanverso.
Não há nenhum indício de que ela irá dirigir alguma obra, mas é patente que dentro do cinema, ela trabalhou como roteirista quase exclusivamente para Wan, fora Hell Fest.
Ela entende os maneirismos do malaio, fez o texto do filme de Maligno, que é o horror autoral dele e segue fazendo seus trabalhos na TV. É inegável que ele tem talento em fazer obras de horror, espera-se que siga dessa forma.
Está previsto que ela escreva e produza uma adaptação da HQ The Lot, escrita por Marguerite Bennett e desenhada pelo brasileiro Renato Guedes, quadrinho que narra a história de uma personagem preta, que lida com um culto maléfico.
David F. Sandberg

Esse é o mais prolifico da lista. Diretor de vários curtas, é lembrado por ter feito Quando as Luzes Se Apagam, Shazam e Until Dawn.
A participação que tem no cinema de James Wan é em Annabelle 2: A Criação do Mal, que é basicamente o filme do Invocaverso que investiu em um nome conhecido na direção.
Verdade seja dita, Sandberg não imita Wan, as marcas em comum entre as duas formas de dirigir são os jumpscares no filme da boneca macabra, que são explicados em partes por esse ser um filme de franquia.
Sua carreira não se entrelaçou mais com a do diretor de Sobrenatural, embora ambos tenham dirigido filmes da DC, que supostamente são do mesmo universo, incluindo aí Shazam! e Shazam! Fúria dos Deuses, Aquaman e Aquaman 2.
Patrick Wilson

Wilson é dos parceiros contumazes de James Wan. Foi protagonista em Sobrenatural, em Invocação do Mal, participou até dos filmes da DC que Wan conduziu.
Também começou como diretor justamente em uma franquia do Malaio, fazendo Sobrenatural: A Porta Vermelha, que é o quinto episódio da saga Insidious.
É cedo para falar sobre marcas em sua direção, mas tal qual fez Whannell, ele também imita o acréscimo de sustos como fator emocional.
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Com o suposto fim do Invocaverso, naturalmente o número de Wan-minions deve parar de crescer.
É realmente uma pena que somente Whannell e Sandberg conseguiram encontrar uma identidade própria, embora haja expectativa nesse sentido com Patrick Wilson e Akela Cooper.
É aguardar para entender se eles melhorarão.