A Primeira Profecia é uma obra esperada, cuja expectativa foi bastante pervertida, já que a maioria das pessoas acabou surpreendendo, tendo uma recepção positiva por parte da crítica especializada. O filme é dirigido por Arkasha Stevenson e se baseia na franquia famosa, iniciada nos anos 1970 por Richard Donner em A Profecia, trazendo nesse o maior expoente da saga depois do filme original.
O filme é uma coprodução entre Estados Unidos, Reino Unido e Itália e já deixou o público bastante assustado em seu material de divulgação, com trailers surpreendentes, que davam um vislumbre do que veria, mas não revelando tanto.
O longa acaba se valendo também do fato de ser protagonizado por Nell Tiger Free, a famosa Leanne Grayson da série Servant, que apesar de não ser uma história muito famosa, foi muito elogiado por quem assistiu à produção da Apple Tv +.
A história tem foco em uma jovem estadunidense que vai para a Itália e que está prestes a fazer seus votos religiosos, a fim de se tornar freira.
Já em Roma ela testemunha estranhas experiências, que envolvem padres paranoicos, visões absurdas e fantasiosas, referências a relacionamentos abusivos, um possível abuso sexual e uma trama conspiratória que pode ter relação com o nascimento do Anticristo.
O roteiro desse novo filme é de Tim Smith, cujos trabalhos mais conhecidos são em produção nas séries Vingança Sabor Cereja (minissérie essa que teve direção de Stevenson em um episódio) e nos filmes Buscando... e Intimidade Forçada, também escreve Keith Thomas, que é mais conhecido por dirigir Chamas da Vingança e um episódio de O Gabinete de Curiosidades de Guillermo Del Toro, além de Stevenson.
O script foi baseado no argumento e ideia inicial de Ben Jacoby de Comemoração Sangrenta. Obviamente se baseia nos personagens de David Seltzer, que foi roteirista do primeiro filme autor do livro A Profecia.
Já a diretora tem mais créditos em materiais feitos para televisão, como nas séries já citadas, Vingança Sabor de Cereja, em Legião e Channel Zero. No cinema é lembrada por ter feito alguns curtas-metragens como Safekeeping em 2010, Crowns em 2014 e Vessels no ano seguinte.
Esse A Primeira Profecia é o seu longa-metragem de estreia no cinema.
Assinam como produtores o veterano David S. Goyer e Keith Levine. São produtores executivos Whitney Brown, Cristina Giubbetti, Tim Smith e Gracie Wheelan.
O longa foi filmado na Itália, com cenas na comuna de Viterbo e em Roma. Teve locações em Villa Parisi, Frascati em Lazio e nos Lumina Studios em Via Macherio, também na capital romana.
Os estúdios por trás do longa foram a 20th Century Studios, que apresenta e distribui, também a Phantom Four Films, Abbey Road Studios, Cattleya e Kiwii. No Brasil é distribuído pela Disney.
O nome original do longa é The First Omen. Em países de língua espanhola é chamado La primeira profecia, em francês La malédiction: Le commencement ou La malédiction: L'origine.
Na Alemanha é Das erste Omen, na Itália é Omen - L'origine del presagio e em Portugal é O Génio do Mal: O Início, obviamente em atenção ao nome que a franquia tem no país.
Entre os momentos que se pode comentar antes de entrar na parte do texto com spoilers, é que não precisava da frase de efeito "Crie algo para temer", na divulgação do longa-metragem.
Isso antecipa parte das boas surpresas que Stevenson e sua equipe conseguiram esconder de teasers, trailers e spots para tv.
O trabalho para fazer com o que o mínimo de trama fosse revelado até que as cabines de imprensa chegassem foi um trabalho hercúleo e muito bem-sucedido.
Não era necessário antecipar nada. Dito isso, uma das grandes perguntas relacionados ao novo filme é em qual linha do tempo ele passa, já que tal qual a franquia Halloween, esta The Omen-A Profecia tem pelo menos três linhas distintas, a maioria partindo do primeiro filme. Uma delas bifurca de maneira "direta" e cronológica, com A Profecia II, Profecia III: O Conflito Final e Profecia IV: O Despertar, outra considera apenas a primeira produção, seguindo direto para a série Damien de 2016 e claro, há a linha do remake A Profecia lançado em 2006, que é a obra mais isolada.
Esse A Primeira Profecia, teoricamente, começa de maneira bem distinta, tanto que nem precisaria ser ligado ao filme protagonizado por Gregory Peck, mas é ligado sim ao clássico. A narrativa inicia misteriosa e violenta, em uma sequência que remete a métodos de tortura, que reverberariam ao longo da história.
Os fatos seguintes levam dois homens de meia-idade a uma igreja. São dois padres, o mais velho, chamado Harris, é interpretado pelo veterano Charles Dance. Ele tenta confessar seus pecados a Brennan, sacerdote interpretado por Ralph Ineson (A Bruxa e Resistência), que antes, foi interpretado por Patrick Troughton, ao menos teoricamente, já que esse pode ser apenas um personagem homônimo, uma coincidência entre as histórias, especialmente se considerar as enormes diferenças entre as contrapartes.
A trama parte da experiência e do ponto de vista da noviça estadunidense Margareth, de Nell Tiger Free. Ela chega a Roma, é recebida pelo jovem Padre Gabriel de Tawfeek Barhom, depois é recepcionada calorosamente por seu velho conhecido, o cardeal Lawrence, de Bill Nighy.
Assim que ela chega, percebe que ocorrem tumultos e protestos pela cidade. O mundo está em ebulição, passando por problemas seculares, segundo o mentor da protagonista. O cardeal diz que as pessoas estão distantes do foco religioso e nisso ele realmente tem razão.
Termina falando que o motivo do mundo estar mal é esse. O que fica patente é que o lamento de Lawrence, de que o povo se fechou para a sabedoria eclesiástica - por consequência, também para o Divino - parece uma preocupação válida, uma triste reflexão de que as pessoas vivem na mentira, mas se analisar friamente, pode ser visto como vaidade da parte do padre, uma visão tão particularizada que pode resultar em amargor por não ser mais o alvo preferencial da alma dos homens e mulheres perdidos.
A igreja perdeu espaço e não lida bem isso. Essa contraposição, de assuntos mundanos sobre o religioso é um assunto que retorna em vários pontos da trama.
Stevenson insere tons de nunsploitation, fazendo com que as figuras das freiras pareçam assustadoras, especialmente duas dela, a jovem adoentada Anjelica, de Ishtar Currie-Wilson e Silva, que é uma espécie de Madre Superiora, uma matrona autoritária, interpretada pela veterana atriz brasileira Sônia Braga.
Não se faz muito mistério sobre a filiação das irmãs do convento. Elas parecem malvadas desde o início, Se há de fato algo espiritual na história - vale lembrar que de início, é dada uma dualidade nessa questão - é evidente que os religiosos têm parte com o Demônio ou com um espírito respectivo ao mau.
Esse julgamento obviamente passa pelo crivo de Margareth, que desde o princípio, aparenta sofrer de algum tipo de paranoia.
Como ela é uma narradora não confiável, fica a sensação de que algo errado está acontecendo. O roteiro toca bem em questões relacionadas ao gaslighting, artifício comum a filmes com protagonistas femininas, mas que aqui serve a um propósito inteligente.
A edição é esperta, coloca trechos e momentos de tela escura, que parecem esconder algo, possivelmente aludindo a possíveis apagões da personagem. Esses parecem simbolizar a mente dela lidando com um trauma, oriundo de um momento trágico no passado, cujo conteúdo se releva aos poucos.
Nesse ponto o filme parece aludir aos gialli italianos, que vez por outra mostrava um personagem com um sentimento premonitório esquecendo parte substancial da trama, que é escondida por um bom tempo e reaparece de maneira conveniente, próximo do final.
Enquanto Maggie anda pelas dependências do convento, vê mulheres grávidas, afinal, o espaço serve também de maternidade - outra coincidência com o livro e filme original - e ela também conhece religiosas de comportamento estranho, como a já citada (e assustadora) irmã Anjelica, além da pequena e agressiva Carlita ou Carla Sciarra, de Nicole Sorace.
Essa menina é mostrada como inquieta. Maggie se afeiçoa com ela depois que a vê rezando Ave Maria, que segundo ela, é sua oração preferida. O comportamento da menina é estranho, caricato e agressivo, ela faz menção de atacar e morder a novata, mas na verdade, "só" a lambe.
A menina também costuma fazer gravuras e desenhos de conteúdo escuro e estranho, mas nada que se diferencie demais do que uma criança com menos de dez anos faria. Carlita é isolada de todas as pessoas, mal convive com as outras crianças que estudam religião.
Há aliás um número grande de meninas ali, de diversas idades. Elas se divertem com Maggie, a chamam pela versão italiana de seu nome, Margaretta. A duplicidade de nomes seria algo em comum com Carla e Maggie, mas nesse ponto outra coisa chama a atenção.
As alunas brincam com a protagonista, aprendem, mas também ensinam a docente. Entre as falas das meninas, há uma brincadeira de fazer Margareth repetir uma frase achando que o sentido era outro. Ao invés de falar que ela lecionava, as meninas fazem com que ela chame a si mesma de borboleta, ou farfalla.
Aqui o filme pode estar brincando com uma dupla simbologia, a mais óbvia, é a da transformação típica do inseto, que é uma lagarta que entra em casulo e muda. O clichê de pessoa mudando ao longo de uma história até cabe com Margareth, mas dada a tensão bizarra e paranoica que permeia o filme, é mais provável que essa seja uma mensagem cifrada, algo diferenciado, dito a ela para que a Maggie decore e use em interações nas ruas de Roma.
Desse modo, as pessoas poderiam facilmente identificar ela na multidão, resultando em hesito esse código, caso fosse necessário saber quem ela era. De fato, usou a frase fora do convento, em um evento futuro, ou seja, ela quebrou a ideia de não se envolver com as coisas do mundo.
Sobre a localidade do lar das freiras, o cenário é propositalmente montado para esconder o tempo em que a narrativa ocorre. É difícil identificar o ano em que o roteiro se passa. Depois de alguns eventos, é dado o ano exato, que é 1971.
Margareth acaba assumindo, em tom de confissão, que foi uma garota-problema enquanto esteve na América, revelando também que o cardeal Lawrence a ajudou a superar suas questões.
Ela revela também que era comum ter visões, fato que explica seus rompantes paranoicos e os devaneios visuais que tem. Provavelmente ela tem capacidades mediúnicas e poderes de clarividência, mas reprime isso, achando que são delírios mentais.
A revelação dada sobre sua identidade explica que essas habilidades na verdade são defeitos, oriundos de uma sina, uma maldição inevitável, que está sobre sua cabeça.
A moça não dorme no mesmo lugar em que ora, ao contrário, vai para a cidade, recebe as chaves de um apartamento largo e espaçoso. Depois de ter outro momento de visão assustadora, enfim conhece sua colega de quarto, Luz (Maria Caballero), uma noviça de modos mundanos.
Até a apresentação delas nenhuma das duas parecia saber da existência da outra. Aparentemente o espírito ideal do filme se pauta em surpresas inconvenientes.
Mas Margareth tem outras preocupações que não a colega. Toda vez que ela retorna ao convento e vê Carla, fica nervosa. Aparentemente, acaba resultando aí em um sentimento de transferência, que é segundo Sigmund Freud um fenômeno psíquico pelo qual sentimentos e desejos de uma pessoa em relação a figuras significativas do passado, são redirecionados inconscientemente para outras pessoas do presente.
No caso, Maggie transfere os sentimentos de seu passado para Carlita. Não é à toa.
Em seu tempo livre a protagonista se permite "seduzir" por Luz, até se deixa vestir como uma moça comum, sexual e secular. Em uma boate, ela flerta com um sujeito, chamado Paolo, personagem interpretado por Andrea Arcangeli, que tem o mesmo nome do apóstolo Paulo, o que antes, negava a Cristo e perseguia os fiéis cristãos.
Depois de uma noite de farra, onde fica claro que ela possivelmente fez sexo, ela acorda linda, com a maquiagem borrada e com o cabelo fazendo um desenho sensacional. Esse quadro lembra uma pintura trágica, o momento mais bonito de Tiger Free, sem dúvida.
A partir daqui falaremos com spoilers. Siga no texto sabendo disso.
Para se aproximar de Paolo, a menina usa o pouco que sabe de italiano, tanto que repete, sem querer a piada da "farfalla", afirma que é uma borboleta e que quer voar.
A protagonista recebe de Luz o sinal de que o seu segredo será guardado, se de fato ela se entregou ao rapaz isso não seria um problema, ao menos em teoria. Margareth até parece culpada, mas não tem muito tempo para refletir sobre isso, já que Brennan entra em cena, primeiro observando ela de longe, depois se aproxima, para falar de Carlita.
Como o convento é uma maternidade, obviamente muitas crianças nascem ali. Mas Stevenson demora a mostrar um desses processos e quando o faz, mostra o rito do parto como algo ruim, quase demoniza a cirurgia, colocando as mães com olhares e comportamento dignos de possuídas.
A fotografia de Aaron Morton brinca demais com perspectivas, aumenta o escopo de receio e de sustos, com grandes variações entre planos, filmando as personagens de maneira grandiosa em alguns pontos e tensas em outros, especialmente nos super closes.
Os devaneios de Margareth pioram, em visões tão elaboradas e criativas que entra em cena algumas das inserções de body horror.
Carlita segue desenhando quadros estranhos, alguns são pontuados por Anjelica aponta uma gravidez no desenho. Esse trecho ainda termina de maneira trágica, imitando o trecho da babá do filme dos anos setenta, com o acréscimo da combustão.
O sacrifício dela se dá olhando na direção de Carla e Margareth, aumentando assim o mistério em relação a possível questão de que Margareth é o condutor do espírito maligno e não a menina.
Os discursos se tornam expositivos, Brennan enfim assume que foi excomungado - fato que fica bem claro, obviamente - diz que Carlita simboliza o mal, que ela pode ter a marca da besta, o 666 e poderia ser a mãe do Anticristo.
Também afirma que há uma divisão na igreja. Segundo ele, existem duas congregações, uma boa e correta, formada por gente como Brennan e ela, além de outra que quer fazer as pessoas temerem de novo o sobrenatural, acreditando que fazer a Besta nascer seria uma forma de assustar o povo, desviando-o de preocupações seculares.
Segundo essa ideia, tudo giraria em torno de poder, dinheiro e carência. Em suma, o vilão do filme é a igreja, que comunga tanto com o capitalismo que não vê problema em manipular o espiritual, desde que se torne relevante de novo.
Da parte de Margareth segue a preocupação com Carlita. Ela recusa sequer pensar em matar a menina, afinal, ela é uma criança, sem culpa alguma. Essa é a primeira vez que o argumento de que uma pessoa não é má graças ao seu destino prévio é levado a sério. Dessa forma, só o início da série Damien lidava da mesma forma, ao menos em parte, já que Damien Thorn não é mal no início.
Essa desculpa ajudou a tornar plausíveis algumas escolhas narrativas.
Há a menção a um dos pais serem chacais e também a participação do Padre Spiletto, nome esse bem importante no livro e filme, mas essa é uma mudança substancial na trama, fato que faria pensar que essa é uma versão alternativa do romance.
Até se considerar que a postura e conduta de Brennan é bem diferente tanto da versão de Donner quanto a contraparte do livro, onde se chama Tassone.
Curiosamente, Tassone tem uma subtrama sexual bem explorada no livro e ignorada no filme, talvez essa questão tenha sido a fonte de inspiração para mostrar Margareth tendo pulsões sexuais como uma pessoa comum.
Carla seria uma filha do diabo, mas obviamente não era só ela. Várias experiências ocorreram, inclusive uma sobrevivente, entre tantas malfadas. Era preciso ter uma alternativa, afinal seria um problema colocar uma criança sendo violada pelo cramulhão.
A secularidade é o alvo de combate da igreja, de uma forma tão exagerada que chama a atenção. O combate a esse aspecto da realidade seria o suficiente para toda essa movimentação e desvalorização do papel da mulher?
Aparentemente sim, ou a batalha pelos interesses dos fiéis era apenas um arroubo de vaidade da Igreja, uma motivação tão torpe que se torna o alvo maior deles, inclusive fazendo com que a instituição invoque o mal, colocando o futuro da humanidade em cheque, com a aproximação de um possível Apocalipse, que eles acreditam ser um cenário controlável.
Enquanto isso, Silva afasta Margareth, que tem ainda mais visões bizarras, mais ligadas a cena inicial, de tortura e violação. Braga está muito bem, assustadora, uma matrona malvada e castigadora.
O momento da ordenação de Luz mistura beleza, castração e supressão de identidade. A fotografia nesse ponto é pesada ao amarrar o artefato de cabeça, a parte branca do hábito dela.
A cena da "convulsão" pós acidente de carro, tão falada e louvada pela imprensa é sensacional e bem construída, assustadora e bizarra, já que evolui rápida e assustadoramente, crescendo uma barriga de maneira instantânea, estourando a bolsa em um momento nojento e catártico.
Nell Tiger faz uma versão nova de Isabelle Adjani no metrô em Possessão em um momento soberbo. O desempenho físico dela é sensacional, se mistura ao aspecto já esperado do horror corporal, voltado para o contorcionismo, tão bem encaixado que certamente agradará os fãs de H.P. Lovecraft, David Cronenberg e Stuart Gordon.
As cenas de aparição monstruosas também são sensacionais, assim como o culto durante o parto. É tudo violento, nojento e viscoso, tem até um ovo da cria de Satã.
Nesse ponto entra a trilha oscarizada de Jerry Goldsmith Ave Satani, afinal, se lembra que é um filme de franquia, infelizmente, pois ele funcionava bem como obra solo.
Margareth ainda tenta se vingar de quem fez mal a sua família, ferindo seu antigo mentor, que a manipulou, sabendo que ela também era detentora da marca da Besta, uma das experiências de Spiletto. É deixada para arder, ela e a menina que não é utilizada na tal profecia, já que o menino estava encomendado para os Thorn.
Ainda há um epilogo, com Brennan encontrando as três parentes, as irmãs e a criança. Esse trecho é bem desnecessário, diga-se, até por conta de que as cenas anteriores davam conta de que ele tenha morrido. Talvez tudo isso, todo esse momento seja apenas um sonho.
A Primeira Profecia é perturbador, certamente é o espécime mais agressivo da saga. Vale assistir e caçar suas inúmeras referências a horror cósmico e terror psicológico. É um bom tratado sobre assédio e abuso sexual, coadunado pelas autoridades religiosas e eclesiásticas, tal qual ocorreu na história. É possivelmente o mais ousado episódio da cinessérie.
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