O Bebê de Rosemary : O clássico sobre paranoia, gaslighting e satanismo,ou algo assim

O Bebê de Rosemary : O clássico sobre paranoia, gaslighting e satanismo, ou algo assim

O Bebê de Rosemary é um clássico indiscutível do cinema, para além da sua localização como obra de terror.

Lançado em 1968, é lembrado até hoje como um dos filmes mais incômodos, atmosféricos e dramáticos da história.

Comandado pelo controverso diretor Roman Polanski, tem um elenco cheio de figuras tarimbadas, especialmente a personagem título, que é feita por uma inspirada Mia Farrow.

A história acompanha um jovem casal, que se muda para um apartamento em uma área tranquila da cidade de Nova York.

Em meio a tentativas de engravidar e de manter a sua privacidade, Rosemary se vê cercada por um grupo de estranhos idosos, que empurram comida, remédios e seu estilo de vida à eles.

Parte do drama consiste em lidar com esses "veteranos", que variam sempre entre a gentileza intrusiva e uma vontade absurda de mandar em Rosemary e em seu marido.

Com o tempo, ela se cansa desse tipo de interferência, mas fica preocupada também com o bem-estar do seu filho recém concebido.

Dessa forma, acaba enfrentando a dicotomia de lutar para permanecer quem é, ao passo que também se preocupa com seu filho que está para nascer, além de ter que enfrentar a paranoia da nova vida que se apresenta a ela e ao marido.

A direção e o roteiro são de Roman Polanski, baseado no livro homônimo de Ira Levin. O curioso showman William Castle foi o produtor e Dona Holloway foi a produtora associada.

Trilogia do Apartamento:

Esse é parte de uma continuidade informal, a chamada trilogia do Apartamento, que consiste em três filme que se passam nesse espaço de moradia e que lidam com os horrores de se morar em espaços urbanos pequenos, além de explorar também o gradativo enlouquecimento de seus protagonistas.

Os outros episódios são Repulsa ao Sexo de 1965 e O Inquilino, de 1976.

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Arte promocional da trilogia

Vale lembrar também que episódios de "horror urbano" não eram tão comuns no cinema de horror nas décadas de 1960 e 70.

O primeiro lugar onde o filme estreou foi no Canadá e em uma première em Nova York, no dia 12 de junho de 1968.

Passou também no grego Thessaloniki International Film Festival, no dia 18. Na Itália chegou em 24 de dezembro de 1968 e no Brasil estreou em 21 de maio de 1969.

O título original é Rosemary's Baby. Pelo mundo tem algumas poucas variações, como El bebé de Rosemary na Argentina ou Le bébé de Rosemary na Bélgica e Canadá.

No Egito é Tefl Rosemary (em arábico) na Itália é Rosemary's Baby - Nastro rosso a New York.

Na Japão se chama Rôzumarî no akachan, na Polônia é Dziecko Rosemary, na Romênia é Copilul lui Rosemary, enquanto na Espanha, foi intitulado La Semilla del Diablo em Portugal tem o nome A Semente do Diabo.

Em ambos os dois últimos casos, acaba sendo de um marketing esclarecedor atroz.

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A"maldição" (ou um pouco disso)

Tal qual ocorreu com algumas obras clássicas de Hollywood, como No Limite da Realidade e Poltergeist: O Fenômeno, esse é um filme considerado amaldiçoado.

Para muitos, as desgraças envolvendo quem fez o filme se deram pelo caráter ocultista e (quase) satanista do filme. No entanto, não era o que o executivo da Paramount Peter Bart achava.

Ele havia elogiado Roman Polanski, dizia que ele era um homem brilhante, mas também tinha uma bizarra e incômoda tendência em seu entorno: todas as pessoas à sua volta acabavam morrendo precocemente.

Ele estava se referindo, entre outras coisas na vida caótica e problemática do cineasta e ator, incluindo aí a morte brutal de Sharon Tate, que estava grávida, além dos demais assassinatos causados por Charles Manson.

Por essa lógica, Bart não considerava que o filme era amaldiçoado e sim que Polanski tinha questões azaradas em sua vida.

Semelhanças com um conto famoso

A história central de Rosemary tem semelhanças com o conto O Jovem Goodman Brown, obra clássica de Nathaniel Hawthorne. Na trama também se vê uma comunidade oriental idílica através de um espelho de casa de diversões.

Há cenas "fantasmagórica" entre as obras que tem inegável similaridade.

Nas duas obras há uma espécie de "missa negra" nas duas, ainda que no conto de Brown chama-se Orgia Satânica. Ambos os protagonistas questionam tudo em torno de si, se sentem isolados e sem companhias confiáveis, ambos têm cenas oníricas no clímax de suas histórias, ambos são cercados por pessoas malvadas que se fingem de boas.

Também se fala de dualidade de natureza e uma possível insanidade dos protagonistas e sobre a hipocrisia da sociedade da crosta superior e suas falsas imagens e reputações virtuosas.

A obra de Ira Levin

Entre os especialistas na obra de Ira Levin, há a vida sensação de que todos os livros e peças dele têm a ver com alguma conspiração.

O Bebê de Rosemary tem a ver com uma trama para dar à luz ao Anticristo, não à toa Rosemary tem esse nome, uma homenagem a Maria, mãe de Jesus.

Em The Stepford Wives há uma conspiração dos homens em Stepford, Connecticut, para matar as mulheres e substituí-las por seres robotizados parecidos com humanos.

Em The Boys From Brazil há uma conspiração de um médico para clonar e produzir Hitler em massa, que aliás, teria um filme dez anos depois, em Os Meninos do Brasil.

Deathtrap também lida com uma conspiração de dois amantes gays para matar a esposa de um homem.

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O autor do livro, Ira Levin.

Em uma carta à revista Time o autor afirmou que ele nomeou o Bramford em homenagem a Bram Stoker, autor de Drácula.

Coincidentemente, o romance O Bebê de Rosemary inclui personagens chamados Roman e Mia, homônimos ao diretor e a atriz principal.

A continuação literária

Ira Levin escreveu uma continuação para este romance chamada "Son of Rosemary, inclusive dedicou o romance a Mia Farrow.

Nessa obra os personagens Guy e Rosemary ainda estão juntos e percebem que talvez os eventos do primeiro livro foram um grande sonho paranoico, movido pelos receios de uma primeira gravidez.

Fica a sensação de que Rosemary foi condenada a repetir a experiência vivida aqui, ou então recebeu uma segunda chance de alterar os eventos, voltando no tempo.

A partir daí, é mostrado o filho deles, que eventualmente, resulta em alguém que ser de fato um servo do Demônio.

Adaptação fiel

O escritor afirmou que esse possivelmente é a adaptação mais fiel de um romance já feita por Hollywood.

William Castle especulou que as razões para isso foram porque foi a primeira vez que Polanski adaptou o trabalho de outro escritor, sem saber que ele tinha a liberdade de improvisar .

O filme se apega ao livro em um grau incomum.

Alguns exemplos dessa adesão ao material de origem são: os dois potes de mousse de chocolate têm coberturas diferentes, supostamente para que Guy garanta que Rosemary pegue o que tem sabor de calcário, quando os Castevets estão partindo para a Europa, Roman está carregando um rádio transistor (no livro o rádio foi um presente dado a ele durante uma festa de despedida na noite anterior) quando Rosemary visita o Dr. Hill pela segunda vez, ele deixou crescer um bigode, que é "loiro e quase imperceptível", como é descrito no livro.

Polanski aparentemente ligava para Ira Levin, para saber qual era a data do jornal que um dos personagens lia.

Exceção a um momento presente no livro e não no filme

Há uma passagem no romance que é deixada de fora no filme. Rosemary recebe um telefonema no mesmo dia em que ela e Guy planejam ter um bebê.

Praticamente sem contato com sua família, exceto por seu irmão Brian, Rosemary fica surpresa ao ouvir de sua irmã mais velha, Margaret.

A parente teve um mau pressentimento o dia todo de que algo horrível aconteceu com Rosemary e liga apenas para saber como ela está.

A conversa termina com Margaret implorando para Rosemary ficar em casa naquela noite, pois ela ainda tem um forte pressentimento de que algo está muito errado. Rosemary diz que ficará e começa a cozinhar o jantar para ela e Guy.

As gravações

O filme teve cenas rodadas entre agosto e dezembro de 1967.

Foi gravado em Nova York, em Los Angeles. Em Manhattan filmaram no Dakota Hotel - 1 West 72nd St. at Central Park West, Time-Life Building, Tiffany & Co. - 727 Fifth Avenue at 57th Street, The Langham - 135 Central Park West e Radio City Music Hall - 1260 6th Avenue no Rockefeller Center.

Em Nova York gravaram na 811 5th Avenue, Park Ave & E 67th St, 2nd Ave & East 60th Street, 5th Ave & W 55th St. Também houveram cenas internas no Paramount Studios - 5555 Melrose Avenue, Hollywood, Los Angeles, Califórnia.

A companhia que fez o filme foi a William Castle Productions, com distribuição da Paramount Pictures junto A Gulf+Western Company nos cinemas em 1968.

Corte maior

Houve um boato de que havia um corte muito maior do que o que chegou aos cinemas, de quatro horas.

Segundo esse rumor, Polanski não conseguia decidir o que cortar, então deixou o editor Sam O'Steen decidir.

Curiosamente, Sam dirigiria a sequência Veja o que Aconteceu ao Bebê de Rosemary de 1976, um telefilme que não tem ligação com o livro dois e Ira Levin e ninguém considera como canônico.

Ligação com outros anticristos

Essa obra está intimamente associado a dois filmes posteriores, no caso, O Exorcista e A Profecia, especialmente pelo fato de lidar com a figura do demônio, fora que em duas dessas, se lidava com o tema de um filho do Diabo.

Curiosamente esses dois filmes se tornaram grandes franquias, com muitas sequências, prequelas e remakes entre eles, O Bebê de Rosemary teve apenas uma sequência de filme para TV, já citada, que foi um fracasso, obtendo avaliações e críticas terríveis e nunca mais sendo exibida.

Nos últimos anos houve uma minissérie chamada O Bebê de Rosemary, de 2014, estrelada por Zoe Saldana, que é outra adaptação do livro, além de Apartamento 7A, que é uma prequel do filme de Roman.

Diretores Cogitados

De acordo com o livro "behind his shadow" de Mo Pfersith, o filme foi proposto a Lazlo Piskos em 1966, como ideia do produtor e executivo da Paramount Robert Evans.

Ele recusou e aconselhou Polanski. Havia uma crença popular de que Alfred Hitchcock recebeu originalmente a oportunidade de dirigir este filme. Ninguém em volta do diretor de Psicose confirmou essas conversas.

Quem fez

Polanski fez antes desse Repulsa ao Sexo, Armadilha do Destino e A Dança dos Vampiros. Anos depois fez Que? também o elogiado e premiado Chinatown.

Depois, Roman voltou ao cinema de terror e drama, com O Último Portal, ganhou prémios por O Pianista, foi elogiado por O Escritor Fantasma e Deus da Carnificina. Seus últimos trabalhos foram A Pele de Vênus, Baseado em Fatos Reais e O Oficial e o Espião.

Vale lembrar que seus últimos trabalhos foram longe dos Estados Unidos, graças aos problemas que ele teve com a justiça. Se ele pisar em solo americano, deve ser preso.

Evans admitiu que ele usou uma oferta para dirigir Os Amantes do Perigo para atrair Roman Polanski da Europa, mas na verdade era um despiste, já que a ideia sempre foi dar a ele a adaptação do livro de Levin.

Ira Levin teve várias obras adaptadas, incluindo todas as “versões” de O Bebê de Rosemary, além de Amor, Prelúdio de Morte, Esse Sargento é de Morte, Tormentas do Matrimônio, Os Meninos do Brasil, Armadilha Mortal, Um Beijo Antes de Morrer, Invasão de Privacidade, Companhia Perigosa e Mulheres Perfeitas.

Castle produziu O Cadáver Ambulante, Projeto X, Praga Infernal, foi produtor executivo em Histórias Fantásticas, Jogando com a Vida e Morte.

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Castle, Farrow e Cassavetes

Foi produtor associado em A Dama de Shanghai, é mais lembrado por ser diretor de filmes e por colocar experiências extra sensoriais em seus filmes. Suas obras realizadas mais lembradas são A Serpente do Nilo, Escravos da Babilônia, Força Diabólica, 13 Fantasmas, Trama Diabólica e A Máscara do Horror.

Os direitos do livro e as dívida de Castle

William Castle hipotecou sua casa para adquirir os direitos do romance. Durante um tempo, ele achou que essa seria sua chance de dirigir um filme de prestígio.

No entanto Evans só concordou em dar sinal verde para o projeto se Castle não fosse o diretor. Seu receio é que a reputação de seus filmes contaminasse esse, afinal, essa era uma obra prestigiosa, não uma obra B.

O método de Polanski

Depois da escolha de Polanski, houveram atritos entre diretor e produtor. Castle disse que trabalhar com o polonês foi uma experiência dolorosa porque este último era um perfeccionista, que levou várias noites para filmar uma cena simples que poderia ter sido feita em apenas algumas horas.

Polanski também filmou cenas na hora do almoço, em horários de pico, bem no meio da Quinta Avenida em Nova York.

Castle jamais discutiu o talento do realizador e admitiu que Roman era um cineasta brilhante. Polanski ainda tentou convencer o produtor a fazer o papel do Dr. Sapirstein, mas ele não aceitou, fazendo apenas uma cameo, em uma aparição já no terço final.

A maldição, segundo Castle

Voltando ao tópico da maldição, William Castle estava convencido de que havia de fato uma sina sobre O Bebê de Rosemary.

Marketeiro de mão cheia, ele associou fatos sem correlação como efeito colateral dessa condição, desde o assassinato de Sharon Tate e seus amigos, até uma série de doenças que ele sofreu, com uma infecção urinária.

Também disse que recebeu mensagens de ódio de pessoas que estavam bravas com ele por "trazer o Diabo de volta ao mundo". Castle estava tão assustado que o Diabo estava atrás dele durante esse período. Até justificou que estava em reclusão por vários anos graças a isso.

O fator Mia Farrow

Além de Castle, essa também era uma tentativa de respeitabilidade para Mia Farrow, que era conhecida por trabalhos na TV como A Caldeira do Diabo, e por ser a Sra. Frank Sinatra.

Em ambos os casos, a campanha de resgate da imagem funcionou.

Premiações e divórcio

Apesar de ganhar o Prêmio David di Donatello de Melhor Atriz Estrangeira e o Prêmio Fotogramas de Plata de Melhor Intérprete de Filme Estrangeiro e ser indicada para Melhor Atriz no Laurel Awards, no Globo de Ouro e no BAFTA, Mia Farrow não foi indicada ao Oscar por sua atuação.

Até hoje, isso é considerada uma rejeição injusta. Mia Farrow era uma mulher católica, assim como Rosemary. Ela pensou até em se tornar freira alguns anos antes.

De acordo com um artigo no The Wrap, Farrow se divorciou de Sinatra para fazer este longa. O cantor pressionou a então mulher a desistir do filme porque seu casamento estava sofrendo.

Por pouco ela não cedeu, mais uma vez Robert Evans foi decisivo, tentando convencer ela de que certamente venceria o Oscar. Ela seguiu em frente com a produção.

Vários dias depois Sinatra entregou seus papéis de divórcio no set.

Curiosidades de Mia Farrow

Mia Farrow viveu no prédio de apartamentos The Langham, do outro lado da rua do lendário Dakota de Manhattan, de frente para o Central Park, usado aqui como o cenário externo e exemplar do filme, o tal prédio Bamford.

Foi graças a Rosemary que Mia Farrow acabou interpretando a babá de Damien em A Profecia de 2006. O filme foi lançado para coincidir com a data 06/06/06 para despertar interesse e ganhar publicidade.

As "quase" Rosemarys

O papel de Rosemary Woodhouse foi disputado por Patty Duke, mas apesar de ter perdido o papel para Farrow, ela conseguiu interpretar a personagem na sequência de 1976, Veja o que Aconteceu ao Bebê de Rosemary.

Polanski a princípio via Rosemary como uma All-American Girl, uma mulher de beleza mais típica, procurou Tuesday Weld para o papel, mas ela recusou. Jane Fonda foi abordada, mas recusou a oferta para que pudesse fazer Barbarella na Europa com o então marido Roger Vadim.

Polanski cogitou ter Sharon Tate no papel, mas decidiu não fazê-lo porque seria antiético. Outras atrizes consideradas para o papel foram Julie Christie, Elizabeth Hartman e Joanna Pettet.

Robert Evans sugeriu Mia Farrow com base em seu trabalho na TV e seu apelo na mídia, já que ela era a Sra. Frank Sinatra.

A escolha sobre o restante do elenco

Robert Redford era escolha de Roman e Robert Evans para o papel de Guy Woodhouse, mas as negociações fracassaram quando os advogados da Paramount erraram ao entregar ao ator uma intimação sobre uma disputa contratual sobre sua saída do filme Duas Pátrias para um Bandido de Silvio Narizzano.

Robert Wagner alega ter recebido a oferta do papel de Guy e que um conflito de agenda com sua série O Rei dos Ladrões impediu sua participação. Esse está entre seus maiores arrependimentos de carreira.

Outros atores considerados foram Richard Chamberlain, Jack Nicholson, Burt Reynolds e James Fox. Laurence Harvey implorou para fazê-lo e Warren Beatty recusou, antes que o papel fosse oferecido a John Cassavetes.

A escolha de Cassavetes se deu para pensar no caráter dúbio do personagem. Um ano antes ele interpretou Victor Franko em Os Doze Condenados, fez o teste para o papel, mas os produtores preferiram John.

Para Minnie e Roman Castevet, William Castle sugeriu Alfred Lunt e Lynn Fontanne, a famosa dupla de atores da Broadway. Ele até tentou convencer Polanski a deixá-lo interpretar o papel do Dr. Sapirstein, papel que acabou sendo preenchido por Ralph Bellamy.

Sobre questões gráficas

Quando Roman Polanski decidiu que dirigiria o filme, seu primeiro pedido foi ter Richard Sylbert como designer de produção.

Ele havia trabalhado em Sob o Domínio do Mal e Quem Tem Medo de Virgínia Woolf, anos mais tarde, faria Chinatown e Dick Tracy, dois filmes que exigiriam muito do seu esforço.

Sylbert ainda brincou sobre o filme, chamando ele de o maior filme de terror sem nenhum horror nele, referenciando que o mal que aparece aqui é mais implícito do que explícito.

No entanto esse ganhou o topo de várias listas de filmes assustadores, como na Entertainment Weeklyque elegeu este como o décimo filme mais assustador de todos os tempos.

Inaugurou uma tendência

Este filme iniciou uma informal tradição de retratar gravidez de forma horrorífica. Foi seguido de Nasce um Monstro de 1974, Alien - O 8º Passageiro e Os Filhos do Medo de 1979, A Mosca de 1986, além de outras obras do novo século como Prometheuse Um Lugar Silencioso.

Todos esses filmes e suas cenas gráficas de gravidez foram influenciadas por O Bebê de Rosemary.

Esse aliás foi o último filme do criador de efeitos especiais Farciot Edouart, profissional que trabalhou em filmes como Vendaval de Paixões, Pacto de Sangue e no clássico hitchcockiano Um Corpo que Cai.

Ele trabalhou no setor de fotografia, que por sua vez, foi capitaneado por William A. Fraker, de Bullit, Um Estranho no Ninho, O Exorcista II: O Herege, 1941: Uma Guerra Muito Louca e Jogos de Guerra.

Esse foi um dos filmes favoritos de Stanley Kubrick, de acordo com seu cunhado e assistente Jan Harlan.

Os spoilers

Como é sabido, esse filme possui algumas reviravoltas, que foram levemente abordadas até aqui no texto, mas serão mais exploradas abaixo da foto.

Portanto, deixamos avisado, que haverá spoilers.

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Referencias ao oculto

O filme começa em 1965, perto do revéillon. Durante a festa de Ano Novo, um personagem diz: Feliz ano novo, 1966! Ano um!

666 é o número cabalístico ligado ao Diabo, segundo os livros proféticos da Bílblia Sagrada cristã.

Também é uma referência para o culto que Anton LaVey liderava, a chamada Igreja de Satanás. Graças ao 66 do final, LaVey considerava que 1966 seria o ideal para iniciar o seu culto ao Diabo.

Referência também a Arthur Machen e Dahl

A forma como a história é levada faz ela parecer uma atualização do clássico de ficção científica e fantasia de O Grande Deus Pã, que Arthur Machen lançou em 1890.

O conto foi frequentemente criticado por sua misoginia, mirando a história de como abuso, sexismo e relativismo moral transformam uma mulher indefesa na mãe substituta de uma abominação, dando a luz a uma criança que inaugurará o apocalipse se não for controlada.

Na novela de Machen não há certeza se a criança é mesmo a "filha do mal", mas há forças externas com conexões arquetípicas com o paganismo celta e romano, demonstrações de forças de deuses ou monstros ou alienígenas e elementais que a humanidade detectou desde a saída do homem das cavernas. Nessa lenda, o fogo mantinha os fantasmas afastados.

Machen nunca é preciso sobre o que impregna a vítima de seu cientista amoral, mas ele sugere que é uma força do caos e anti-humana, odiosa da inocência e da vida, com tamanho poder que usa os seres humanos ao seu bel prazer, arrancando-os da vida e da esperança, fazendo eles cometerem suicídio ao final.

Há também muitas comparações com Geléia Real, de Roald Dahl de 1960, que é um conto de terror, onde um casal, preocupado com sua filha recém-nascida e malnutrida, resolvem dar geleia real de abelha, a fim de que ela engorde.

A história envolve elementos de horror corporal e a ilusão da mãe, que enxerga no marido na filha características típicas de abelhas e zangões.

Narrativa

A introdução da história começa com uma música leve, uma valsa, que canta la la la, enquanto passeia pela selva urbana novaiorquina, com vocais de Farrow, em uma espécie de canção de ninar.

Esse é um dos poucos filmes de terror que tem como música tema uma valsa. Filmes de gênero quase nunca são cantados, ainda mais com valsas em 3/4.

Os créditos destacam letras rosadas na tela, tão delicadas que quase enganam em relação a temática malvada.

No final dos créditos de abertura (também mais tarde no local onde Terry tem uma cena) há uma tomada aérea da entrada sul dos Dakota Apartments é mostrada, local que comporta o portão em arco, onde John Lennon foi morto a tiros em 1980.

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Um casal chega a um prédio, para ver uma casa nova. Na prática, é um apartamento que era a parte de trás de outro, um grande pedaço de moradia que foi dividido em dois anos atrás.

A última moradora era a velha sra. Gardenia, que morreu de causas naturais, algum tempo atrás.

O casal de protagonistas

O marido é Guy, um ator que tenta a sorte, que fez algumas peças como Luther/Lutero e Ninguém Ama o Albatroz. Na época da narrativa, ele fazia comerciais de TV, especialmente os da Yamaha.

Curiosamente esse não foi um merchandising explícito, mas a marca de veículos deu a Polanski e Cassavetes scooters. Os dois inclusive passeavam com elas por Nova York, com Mia Farrow no banco de trás, nas primeiras semanas de filmagens.

Fora a Yamaha, há outros produtos também destacados, como os cigarros Pall Mall, Scrabble, o chá Lipton e duas referências à editora Time/Life, incluindo o uso da matéria de capa da revista Time de 8 de abril de 1966 perguntando: "Deus está morto?"

Rosemary fica encantada com o prédio antigo, aparentemente, graças a uma influência externa, já que demora a entender que o lugar pode estar lhe fazendo mal.

Tomadas sem cortes

Esse início mostra uma tomada contínua, na entrada do prédio. Como essa, há muitas cenas gravadas de forma contínua e ininterrupta ou com cortes mínimos

Há essa cena de abertura, do primeiro tour pelo apartamento, depois a cena da lavanderia, o momento da descoberta da gravidez, a festa de Ano Novo, a discussão de Rosemary e Guy após a festa, Rosemary recebendo o infeliz telefonema sobre Hutch, a cena final no consultório do Dr. Sapirstein, o telefonema de Rosemary a Baumgard e a famosa cena da cabine telefônica.

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Guy entra no lugar reparando em tudo, é observador e até um pouco desconfiado.

Assim que entra no prédio de Bamford, nesse ponto, se troca olhares com um funcionário que reforma parte do hall de entrada, ainda fica olhando o ascensorista negro, que foi interpretado por D'Urville Martin.

Martin seria interpretado como personagem por Wesley Snipes em Meu Nome é Dolemite como um ator envelhecido e subempregado, recrutado para dirigir o primeiro filme Dolemite, que se gaba de sua aparição neste thriller.

A estranha residência

A casa é antiga e está sendo alugada junto a mobília antiga que ficou.

Rosemary imediatamente se apaixona pelo lugar, vasculha tudo, até o ponto em que percebe que há uma cômoda fora da onde deveria estar, na frente de um armário embutido.

O agente da imobiliária mr. Nicklas (Elisha Cook Jr.) se surpreende, visto que a antiga moradora tinha 89 anos e era bem fraca, como todo idoso.

Sua surpresa parece ser sincera, embora ele pareça desconfiado e com receio de "ser pego". Provavelmente ele teme que a fama ruim do lugar afaste o casal de enfim alugar o apartamento.

Nesse armário embutido não havia nada escondido, apenas quadros velhos e vazios e um aspirador de pó.

A introdução de Hutch

Depois que os dois escolhem o lugar, vão rapidamente comunicar ao grande amigo de ambos, Hutch, que é apelido de Edward Hutchins, um homem prendado, cozinheiro, interpretado pelo icônico Maurice Evans.

Ele funciona como uma espécie de mentor para os dois, sobretudo para Rosemary, é como uma figura paterna, que provavelmente ajudou os dois durante sua rotina, já que Guy tem dificuldades em se firmar como artista.

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Ele até escreve uma carta de recomendação para que os dois consigam alugar o espaço, mas é contra eles irem até lá, j´q eue também conta uma história da má reputação de Bramford.

A má fama do prédio

Fala que ali haviam experimentos das Irmãs Trench, duas mulheres que ganharam fama com receitas culinárias dietéticas, também cita Keith Kennedy, que dava festas enormes, mas destaca especialmente Adrian Marcato, um homem que morou lá, cuja fama de louvor ao Mal seria expandida depois, embora para ele, parecesse apenas crendice tola.

Como dito por Guy, todo prédio tem acontecimentos maus.

Segundo Hutch, as irmãs eram respeitáveis senhoras vitorianas, aparentemente, que depois foram descobertas como canibais, já que cozinhavam pessoas.

Os boatos davam conta de que elas comeram uma sobrinha além de outras crianças.

Já Marcato praticava bruxaria. Disse que conjurou e materializou o diabo nos idos de 1890, as pessoas lincharam ele no saguão do prédio. Depois começaram os negócios de Kennedy e o lugar ficou vazio, só voltando a ser habitado no pós-segunda guerra mundial.

Sobre Maurice Evans, ele fez um personagem recorrente em A Feiticeira, justo na época desse filme.

Ironicamente, ele fazia o pai de Samantha, que era um bruxo, enquanto aqui ele faz um papel inverso, já que bate de frente com a "bruxaria".

O início da inadequação

Apesar da boa impressão inicial, Rosemary passa a suspeitar que há algo de errado no lugar.

Primeiro ela acredita que há mais incidência de problemas nesse prédio do que em qualquer outro, inclusive por conta de terem encontrado uma criança enrolada no subsolo em 1959. Também colabora para isso o fato de a velha moradora ter morrido recentemente.

Apesar do agente imobiliário ter dito que ela estava em coma, no hospital, não há prova de nada. Ela poderia até ter feito parte do "Coven" ou ter batido de frente com eles, no caso, o tal grupo estranho de velhinhos.

O encontro com a única vizinha jovem

Na lavanderia do prédio, Rosemary se assusta ao ouvir um barulho. Acaba não sendo nada, ela apenas encontra a jovem Theresa Gionoffrio (Angela Dorian) que se apresenta como Terry. Ela é uma moça bonita, de pretensões artísticas, que é hospede do casal Castevet no 7-A.

Terry lembra uma atriz

Rosemary diz a Terry que pensava que ela fosse Victoria Vetri, a atriz, ao que Terry responde que todos a confundem.

Victoria Vetri é o nome real de Angela Dorian, que é a sua interprete. Sabendo disso, fica parecendo que essa é uma piada interna, mas na verdade, é uma referência ao romance original. No livro a semelhança notável de Terry é com Anna Maria Alberghetti.

Terry diz que morava na rua, vivia drogada e bebendo, até se encontrada pelo casal que hospedaram. Achou que eles a queriam para algo sexual, mas não.

O salto

A próxima cena após esse encontro é justamente a despedida de Terry, que caiu da janela.

Esse é um dos maiores debates em torno do filme, se Terry cometeu a própria morte ou se foi assassinada por não cooperar com seus "benfeitores".

As duas questões são bastante prováveis e a ideia de Apartamento 7A deveria responder essa questão.

O simpático casal

Os Castevets são mostrados após essa morte. São eles Ruth Gordon como Minnie Castevet e Sidney Blackmer como Roman.

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Além de serem figuras simpáticas e solícitas, se nota que eles usam roupas muito coloridas, sobretudo a mulher, que também faz uso de uma maquiagem forte. Mesmo nesse trecho, onde ela está séria e taciturna se nota isso.

A senhora não quer acreditar que Terry se matou, acha que poderia só estar limpando a janela. Depois eles são mostrados em outra situação, menos tensa e trágica, claro.

Rosemary sonha, após a morte da amiga, ela vê freiras rígidas e exigentes lidando consigo, carregando as mesmas feições de algumas das pessoas que cercam o prédio.

É sabido que a personagem era católica, até tinha um calendário, que indica o mês da páscoa como referente a comer apenas peixe, mas fora essa questão, Rosemary não possui muito apego a sua crença, ao menos não demonstra isso de forma verbalizada.

Depois desse trecho, Minnie vai até o 7-E, agradecer as palavras de Rosemary. Polanski filma bem, coloca Gordon no centro de uma plataforma redonda, o olho mágico bizarro.

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Depois dessa visita, o casal Woodhouse retribui o gracejo e vai até a casa dos velhos. Lá eles se assustam, já que o modo de vestir da senhora era apenas parte do ideal estético esdrúxulo de Minnie.

Sua casa é ainda mais brega e cafona, cheia de penduricalhos e enfeites que atraem poeira.

Já o marido Roman tem uma conversa fácil e doce. Ele conhece muitas histórias, o pai dele foi produtor de teatro no passado. Dessa forma, Guy se interessa por ele, embora a esposa não queira uma grande proximidade.

Ela não quer se reunir, nem abrir sua intimidade

Minnie apresenta Laura-Louise (Patsy Kelly) que é uma das pessoas que fazem parte do grupo de amigos de Minnie e Roman. Ela e outras pessoas mais velhas passam a habitar o mundo da protagonista.

Tannis

Rosemary recebe como presente um cordão com bola no meio, com raiz de Tanis (ou tannis, no original) igual ao que Terry usava.

A protagonista não disfarça sua perplexidade e passa a temer que seu destino possa ser o mesmo que o de sua amiga.

Tannis é um anagrama para Santin ou Satinn, ambos nomes de grafia antiga para Satanás. A raiz obviamente não existe, Ira Levin a inventou para a história.

A ressurreição de Gordon

O Bebê de Rosemary ajudou a restabelecer a carreira de Ruth Gordon como alvo de sucesso, tanto que foi convocada a fazer em uma série de papéis de "velhinhas engraçadas" em filmes ao longo dos anos 70. Esteve em Ensina-me a Viver de 1971 e Cuidado com Meu Guarda-Costas que foi de 1980.

Ela ganhou o Oscar por esse filme analisado, também foi indicada como atriz coadjuvante em A Procura do Destino de 1966, concorreu ao prêmio de melhor roteiro em Fatalidade, A Costela de Adão e A Mulher Absoluta, todos filmes dos anos 1940 e 50, onde escreveu com Garson Kanin.

As sugestões de Sylbert

Richard Sylbert era um bom amigo de Garson Kanin, que era casado com Ruth Gordon. Foi ele que sugeriu Gordon para o papel de Minnie Castevet.

Foi dele também a sugestão de usar Dakota, um prédio conhecido por seus inquilinos do show business no Upper West Side como cenário.

Os corredores não eram tão desgastados e escuros quanto Polanski queria, mas quando os donos do prédio não permitiram filmagens internas, ele se tornou um ponto discutível e foi usado apenas para tomadas externas de Bramford.

The Coven

Roman Polanski queria escalar veteranos de Hollywood como os membros do culto bizarro, chamado popularmente de The Coven.

Ele desenhou esboços de como ele imaginava cada personagem, e eles foram usados ​​para preencher os papéis. O elenco de atores se assemelhava fortemente ao desenho de Polanski.

Roman Polanski sugeriu Alfred Lunt e Lynn Fontanne para fazer Roman e Minnie Castavet, antes de fechar com Blackmer e Gordon.

Como era de se esperar, boa parte do elenco fez desse o seu último filme. São eles Jane Crowley, Mona Knox, Pearl S. Cooper, Eleanore Vogel,Jean Inness e Robert Osterloh.

O papel de Guy

Coincide com a apresentação dessas pessoas um telefonema de Alan Stone, o agente de Guy, que anuncia que ele ganhou um papel, graças a um evento trágico.

O ator titular Donald Baumgart ficou cego na véspera da ligação que ele recebe. Apesar de ter tido mérito, ele fica assustado, ao menos quer fazer parecer isso.

Depois que Guy recebe o telefonema ele sai do apartamento para dar uma volta. No romance, Rosemary senta-se no assento da janela da sala de estar esperando para ver Guy sair pela entrada principal, mas nunca o vê. Ela diz que ele deve ter pegado a saída em direção à rua 55.

Isso pode simbolizar que Guy visitou os Castevets, mas também é uma pista de que o marido se tornou imprevisível para esposa.

Independentemente dessa questão, o sonho de poder ser mãe vai ganhando contornos reais. O casal quer ter três filhos, mas só se planejam ter uma criança após Guy ganhar um papel de destaque, que geraria dinheiro para ambos.

Agora eles teriam segurança, ao menos é que acham.

A pergunta que fica é: ele fez um pacto? Vendeu a alma, a esposa ou ambos?

O Bebê de Rosemary : O clássico sobre paranoia, gaslighting e satanismo, ou algo assim

A postura de Guy muda, ele passa a ficar mais frio, mais misterioso, fala com todos, menos com a esposa. Retribui conversas de maneira tímida e quase monossilábica.

Até as interações sexuais deles diminuem e são mecânicas.

A "polêmica" concepção

Em um dia que o casal resolve jantar em casa, Rosemary reclama da interferência dos Castevets. Minnie vai até a porta, mas só entrega um doce, a sobremesa deles.

Depois de comer a mulher fica tonta e vai dormir cedo. Ela se sente indisposta, quase desmaia, quer conceber o neném, mas está passando mal. No dia seguinte ela acorda bonita, seminua e toda arranhada.

Guy diz que pensou em transar com ela só no dia seguinte, mas não o fez, já que segundo ele, resolveu inseminar ela dormindo mesmo, algo que atualmente, é legalmente enquadrado como estupro em diversos códigos legais pelo mundo.

Nos momentos em que está desacordada, ela alterna entre estar nua, de biquíni, na cama ou em um barco.

Momentos surrealistas

A sequência é bizarra, possui momentos em que mostra o teto cheio de pinturas clássicas, tal qual o topo de uma capela clássica, ou seja, se brinca com cenários típicos de templos religiosos, de igrejas.

Se essa é uma figura real - pode ser apenas uma ilusão - e se tem uma filiação ideológica satânica, ela utiliza esse cenário para perverter tudo.

Esse momento surrealista é bem pontuado pela música bizarra de Krzysztof Komeda, que na época, assinava Christopher Komeda.

O polonês é próximo do diretor, esteve com ele em Faca na Água e Dança com os Vampiros e curiosamente o caráter das outras trilhas é bem diferente do empregado aqui.

A intimidade e o Coven

Nesse momento, Rosemary vê os velhos todos nus, não só os que apareceram antes, mas também outros. Eles pintam o seu corpo, dizem que ela não vê e não ouve, mas assumem que ela pode ter alguma noção do que acontece.

Esse é um momento bem incômodo, tanto que pode causar problemas em parcelas mais sensíveis do público, ainda mais se considerar que o autor das filmagens é quem é.

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Esse é um culto bizarro, que inclui gente bulinando a personagem-título, além de uma besta peluda, que parece um monstro ou um animal.

Nessa cena Cassavetes estava nu, mas Farrow, Patsy Kelly e Ruth Gordon não usavam roupas, as duas últimas usavam body-suits.

Na maior parte desta cena, uma dublê, Linda Brewerton, foi usada para substituir a atriz.

A atriz inclusive disse que houve um momento com o interprete do demônio, um trecho onde ela está em um convento, depois aparecendo amarrada a uma cama, cercada de bruxas idosas cantando enquanto um sujeito estranho com pele escamosa e pupilas verticais estava se esfregando em cima dela.

Depois que a cena terminou, o ator Clay Tanner saiu de cima de dela e disse educadamente, com toda a seriedade,

Senhorita Farrow, eu só quero dizer que é um verdadeiro prazer ter trabalhado com você.

Padrão de Polanski

A cena dos adoradores do diabo envelhecidos atacando Rosemary já tinha tido um paralelo curioso em outro filme do diretor, no caso, a produção de 1971 de Macbeth.

Em uma cena em que Macbeth visita o covil das bruxas, todas as mulheres, algumas idosas, estão nuas enquanto se envolvem em seu ritual.

A suposta participação de LaVey

No meio dessa cena, havia um boato de que o fundador da Igreja de Satanás, Anton LaVey, apareceu nesse trecho.

Segundo esse rumor, ele deu conselhos técnicos e retratou um dos servos de Satanás, até se falou que ele fez o diabo, mas isso é falso.

A Fantasia

A tal roupa especial/fantasia do diabo foi reutilizada no filme Asylum of Satan de 1972.

Seu tamanho era tão minúsculo o traje que uma mulher pequena teria dificuldade para entrar nele.

Sensação de inadequação

Ao final, ela acredita estar infectada, por ter sido mordida por um rato. Ela acorda toda arranhada, descobre que o marido a usou dormindo.

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Ela fica - corretamente - ofendida e incomodada, acha que não foi com ele e mesmo que fosse, seria complicado, para dizer o mínimo.

No entanto, ela engravida e o bebê é previsto para 28 de junho. Guy faz questão de contar aos Castevet, à contragosto da esposa, que preferia que as primeiras pessoas a saberem disso fossem outras.

Não demora para enfim Rosemary chegar com o seu corte de cabelo característico, baixinho, que ela fez no famoso salão de Vidal Sassoon.

Esse era o real visual de Mia Farrow, que utilizou peruca em todos os outros momentos.

Esse corte também está no livro. Sassoon mesmo foi quem quem modelou o cabelo de Farrow para o filme.

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Fiel ao livro

O livro menciona que ela corta o cabelo enquanto sai para fazer recados depois de descobrir que está grávida.

Como mencionado no livro, seu marido Guy não gosta do corte de cabelo, mas essa rejeição empalidece, diante do fato dela reclamar de muitas dores, desde a última segunda-feira.

Não fica claro se ela realmente está tão incomodada que resolve reclamar ou se apenas tenta desviar de um assunto incômodo.

Fato é que ela enfim vai até o especialista dr. Abraham Sapirstein de Ralph Bellamy. Depois disso, ao invés de melhorar ela diz que se sente bem mal, sente que está horrível, feia e pálida. Guy apela para o óbvio, afirma que ela só pensa isso graças ao corte de cabelo - até verbaliza que esse foi o pior de seus erros - mas Hutch percebe que ela está pálida e mais magra.

Um momento que demonstra bem isso é o trecho em que Rosemary atravessa a rua, passando pelo trânsito caótico da Nova York, em uma sequência tensa.

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De acordo com Mia Farrow, as cenas em que Rosemary anda na frente do trânsito foram genuínas.

Polanski teria dito a ela que "ninguém vai bater em uma mulher grávida" e mandou ela andar em direção ao outro lado.

Não fecharam a rua, foram andando com uma câmera portátil atrás dela, com ele mesmo manejando, já que a ideia foi sua.

As últimas conversas com Hutch

Conversando com Hutch, Rosemary diz que é normal perder peso nos primeiros meses de gravidez, mas não parece acreditar de fato nisso.

Em outro momento, onde Hutch está na casa de sua pupila, Roman aparece no meio da visita e a gestante percebe que ele tem um furo na orelha, como de brinco, mas não faz alarde com isso.

Rosemary quer Andrew ou Douglas se for menino, Melinda ou Sarah se for menina, ao menos nesse momento.

Já o pai diz preferir Susan a Sarah, se for garota.

Depois de uma outra visita de Hutch, o velho diz que está preocupado com os vizinhos dela, com o prédio e ao se despedir - depois que Guy chega e se despede dele, ligeiramente - ele percebe que perdeu uma luva no armário (feitiçaria com peça de roupa.

A pressa de Hutch não parece nada demais à princípio, mas analisando posteriormente, talvez ele quisesse evitar o ator, já que percebeu que o marido se afastou de Rosemary e passou a agir estranhamente após a gravidez.

Não fosse isso, talvez ele perceberia a luva perdida ou não teria guardado os agasalhos em um cômodo longe de seus olhos. Seu sentimento de desconfiança pode tê-lo traído.

Havia a previsão de que Guy chegaria mais tarde em casa. Ele deliberadamente voltou cedo e sem aviso e o furto de um objeto pessoal é comum em ritos de convocação de magia negra e maldição.

Logo depois que Hutch sai, Guy dá uma desculpa de querer sorvete e vai embora também. Pouco depois, pode-se ouvir o som fraco de uma campainha, que é na casa ao lado, dos Castavets.

O encontro nunca cumprido

Rosemary vai se encontrar outra vez com Hutch na rua, perto do edifício Time Life & Building. Pela cidade, se vê decorações de natal.

Ele fura o compromisso, por conta de uma doença, entra em coma profundo, mesmo sem dar qualquer sinal de problema anterior.

Ao contrário do que gostaria, Rosemary vira o ano, chega a 1966 junto aos vizinhos idosos, não com Hutch, tampouco com outras amigas ou amigos do seu passado, longe de sua família. Incomodada, ela planeja uma festa em um sábado, só para pessoas com menos de 60 anos.

Está cansada de estar sempre cercada dos velhos, de tomar os seus sucos, de comer o que fazem. Na festa, ela fica com as amigas, chora, diz que sente dores.

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Nesse ponto aparecem vários atores mais novos que o resto do elenco.

Há inclusive um rumor de que Sharon Tate fez uma cameo, momento esse que foi uma compensação, já que a atriz não ganhou o papel de Rosemary.

Embora Tate tenha visitado o set algumas vezes e tenha sido a substituta eventual de Farrow no filme, nunca foi confirmado se ela está de fato como figurante, ela continua sendo uma lenda urbana famosa.

Rosemary enfim verbaliza que vai até outro médico, o dr. Hill.

Guy fica contrariado, não só por ter que limpar a casa e a bagunça geral, mas também por conta das ideias da esposa, de se emancipar, de fazer o que quer.

No meio da discussão ela ri, pois sente o bebê mexer, mas ele não quer tocar. Parece cada vez mais distante dela e moça, que momentos antes falava de aborto (embora tenha falado que não faria) sente carinho pela criança.

O fim de Hutch

Depois de receber a dura notícia de que seu velho amigo Hutch morreu, Rosemary vai ao enterro e bizarramente vai sozinha.

Guy sequer dá uma desculpa ou algo que o valha, apenas permite que sua esposa grávida vá a um lugar macabro e sujo como um cemitério mesmo gestando o filho dos dois.

Talvez ele estivesse trabalhando, mas nada falou a respeito. Na despedida, se aproxima Grace Cardiff (Hannah Landy) uma amiga de Hutchinson, que era sua hóspede antes do coma. Ela dá a moça um livro misterioso, que o homem queria lhe dar.

Ela diz que o nome é um anagrama. O título traduzido seria Todos Eles Bruxos ou All of them witches. O escrito fala de Adrian Marcato, o mesmo ocultista citado no início do filme.

A princípio, ela tenta reorganizar as letras do título do livro, mas então percebe que a pista se refere a um nome dentro do livro.

No entanto, o título na verdade é um anagrama para A Hell Cometh Swift.

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Os Livros

Sobre livros, em um ponto da trama, Rosemary pode ser vista lendo Yes I Can de Sammy Davis Jr. que era próximo de Sinatra, o ex-marido de Mia Farrow, sendo parte integrante do Rat Pack.

Havia muita conversa sobre Davis Jr. ter sido um satanista praticante e amigo do fundador da Igreja de Satã, Anton LaVey, antes de se converter ao judaísmo.

Anagrama confuso

O anagrama não é sobre o nome do livro e sim sobre o filho de Marcato, Steven Marcato, que reescrito, seria Roman Castevet. Ela traz essa notícia para Guy, mas ele diz não acreditar.

O personagem de Cassevetes aliás faz o perfeito clichê do marido incrédulo, que possivelmente, foi o personagem inaugural desse chavão, embora aqui ele tenha intenções malignas claras, não sendo o sujeito que parece ser ingênuo e ignorante que é comum a esses filmes.

Esse tipo de sujeito funcionaria em diversos tipos de filmes, como obras de assombração, tipo Poltergeist e Atividade Paranormal, ou de home invasion, como Os Estranhos.

Ele acha (e afirma) que ela está paranoica, mas cede, aceita se mudar para Bramford, mas ele contra-ataca, simplesmente joga o livro fora. Rosemary fica nervosa e invocada, ao ir atrás de uma livraria quase é atropelada em plena Nova York. Joga o cordão no ralo do esgoto.

Polanski x Cassavetes

Roman Polanski disse que trabalhar com Cassavetes não foi sua melhor experiência.

O ator não estava muito confortável com o papel, de acordo com Mia Farrow, Cassavetes se ressentia do método altamente estruturado de Polanski para filmar as cenas, dizendo que ele preferia improvisar, tendo uma abordagem mais livre.

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Eventualmente, as tensões aumentaram entre diretor e interprete por causa das abordagens conflitantes que ambos pensavam para o filme. Em uma entrevista apresentada na Criterion Collection, Polanski disse que Cassavetes era um "pé no saco".

Isso deve ter feito Polanski refletir se deveria ou não ter escolhido Nicholson, como lhe foi sugerido. De acordo com a biografia recente de Jack Nicholson, escrita por John Parker, Robert Evans sugeriu Nicholson a Roman Polanski, mas, após o encontro, o diretor declarou que apesar do talento do ator, sua aparência ligeiramente sinistra o fez descartar.

Os dois trabalhariam juntos alguns anos depois em Chinatown, em 1974.

A pesquisa de Rosemary

Pelas ruas da Nova York, a personagem principal procura o livro que "perdeu". Vai em lojas e livrarias, mas não acha uma cópia do presente de Hutch.

Pega então dois livros, um de capa preta e outro vermelho. O segundo se chama Witchcraft e fala de ritos de feitiçaria e ela encontra semelhanças com isso.

Depois da leitura, ela liga para o ator, Baumgart, suspeita que ele também foi enfeitiçado, já que Guy tem a posse uma gravata sua, fato que conversa com a posse da luva de Hutch.

Antes da filmagem da cena, Mia Farrow não sabia quem faria a voz dele. O escolhido foi Tony Curtis, ator clássico, hoje mais lembrado por ser pai de Jamie Lee Curtis. Farrow mostra uma leve confusão, por conseguir identificar a voz como de alguém conhecido, sem saber exatamente quem era.

Essa confusão foi exatamente o efeito que o diretor Roman Polanski esperava.

A partir desse ponto, qualquer "velho" que Rosemary vê na rua é um perigo potencial. Vira uma exploração intensa de paranoia.

O telefonema na rua e o atendimento

Na rua, ela tenta telefonar para o seu antigo médico.

Durante a cena da cabine telefônica, Mia Farrow pode ser vista falando números enquanto disca as teclas referentes ao telefone do consultório do Dr. Hill, especificamente, "Quatro... três... sete... sete".

4377 virado de cabeça para baixo soletra "inferno", com 4 representando um "h", 3 representando um "e" e os 7s representando dois Ls.

O doutor Hill (Charles Grodin) a atende, mesmo estando cansado, depois de vários plantões. Ele é estranhamente solícito.

Já no hospital, Rosemary chama o bebê de Andy ou Jenny e aguarda o encaixe na sala de espra, enquanto descansa.

Até sonha com a criança nascida, mas sua paz é interrompida por mais uma entrega, já que depois que ouviu a mulher, Hill convoca Sapirstein e o marido a irem buscar Rosemary.

Boa parte dos fãs não acreditam que ele é parte do culto, mas a forma como ele age, o fato dele abrir mão da folga e todo o seu teatro faz refletir sobre as suas intenções.

É no mínimo suspeito que ela tenha feito o que fez, ele pode ter ligado só por admiração pelo outro médico - que é claro muito renomado - mas ele pode sim ser um associado do culto malvado.

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Grodin já tinha aparecido antes, mas não com esse bigode loiro e fino. Muitos espectadores sequer notaram essa diferença, com a maioria associando o adereço a passagem de tempo evidente.

Ela ainda tenta uma última fuga, mesmo estando prestes a parir.

Para tentar despistar os velhos, joga dinheiro, joias, livros no chão. Como são objetos brilhantes os velhinho vão tentar pegar, parecem hipnotizados, talvez ela tenha lido a respeito desse tipo de forma de desviar a atenção de bruxos ou enfeitiçados, mas não fica claro se isso foi proposital ou apenas um improviso.

Depois, no Bramford, ela usa o elevador, que está super rápido.

Todo esse trecho parece fruto de um pesadelo. Ela chega ao andar de seu apartamento, pula com ele aberto, com a plataforma bizarramente mais baixa e sai ilesa, só cansada.

Ela se tranca, mas sua tentativa de escapar é em vão, já que enquanto liga para a emergência, as pessoas passam por trás dela, andando de uma maneira caricata, para não serem ouvidos, de uma maneira quase infantil, diga-se.

Como era esperado, ela é pega, mas sem alarde, quando acorda, já havia tido o rebento.

O pós-parto

Rosemary acorda, Sapirstein afirma que o neném nasceu na posição errada e que eles perderam a criança.

Nesse ponto a sensação de paranoia contamina o público. Antes era fácil associar esse sentimento só a Rosemary, mas ela ainda está grogue, cansada após todo o esforço.

É difícil imaginar que ela estava fantasiando uma sensação tão complexa quanto essa. Fato é que ninguém parece ter pesar ao falar o falecimento do bebê.

Guy está positivo demais, diz que ela teve histeria pré-parto, afirma que eles vão sair, se mudar da cidade, ir para outro canto, fechar com a Paramount ou Universal.

Promete que dará a ela muitos filhos e mostra o ombro esquerdo, que deveria ter uma marca, uma tatuagem que denota o satanismo, mas não tem, apenas um sinal, três pontos.

Rosemary renega os remédios que lhe dão, não toma os comprimidos, depois cavuca o armário que era bloqueado pela antiga dona da casa.

Ela quer ter certeza de onde ele dá, quer ter certeza que o bebê que ela ouviu chorar, o que supostamente é o do vizinho, não é o dela. Ela acaba entrando no apartamento de Minnie e Roman e o design da casa é muito doido, cheio de quadros em chamas, além de ter em destaque uma foto de Marcato.

Ou seja, na primeira visita de Rosemary, o lugar estava redecorado, disfarçado.

Todos os velhos são membros do culto, louvam Satã e seu filho Adrian. Guy se envergonha, se esconde da esposa, ruborizado por ter entregue sua mulher ao capeta.

Falas profanas

O culto afirma que Deus está morto, que Satã vive e que esse é o Ato Um de um novo tempo, ao menos segundo Roman.

Guy tenta convencer de que seria bom para eles, mas Rosemary não o olha.

Nesse momento Roman apresenta com pompa um homem estrangeiro Argyron Stravropoulos (Sebastian Brock). Curioso que mesmo sem esperar Rosemary, havia toda uma recepção para a criança.

Esse personagem estrangeiro está lá para mostrar a influência do culto assumido como satanista. É sabido que Ira Levin queria citar pessoas reais e poderosas, como Jack Kennedy, mas suprimiu isso no livro.

Há quem defenda que Stravropoulos é na verdade Aristóteles Onassis, um magnata grego-argentino.

A faca e Rosemary

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No final do livro, Rosemary considera seriamente matar Andy e então cometer suicídio, imitando o que Terry fez no início da história, mas não consegue.

A mãe tem pena da criança, depois de ver o olhar aterrorizado em seu rosto.

Depois de considerar todas as opções, ela decide criar Andy como seu, mesmo que ele seja um demônio, ela decide amá-lo e ser sua mãe e deixar influenciar para fazer o bem, afinal, é meio diabo meio humano, filho dela, que é uma pessoa boa.

Ela também decide relatar tudo ao Papa e ao Vaticano, e deixá-los lidar com a questão como acharem melhor, seja executando Andy, perdoando-o ou tentando reformá-lo.

Nada disso é abordado no filme, só se assiste Mia Farrow largando a faca e balançando o berço, olhando para o bebê, enquanto a câmera se afasta, a canção de ninar entra na trilha, o filme desaparece e termina, deixando a impressão de que ela aceitou a proposta do culto.

O nome da criança, no livro

Perto do final do romance, Roman e Rosemary discutem sobre qual será o nome do bebê.

Ele insiste que deve ser Adrian Steven Castavet, em atenção ao Marcato pai. Já ela insiste que deve ser Andrew Woodhouse.

Eles deliberam e eventualmente, Minnie fica do lado de Rosemary.

Ela e o resto do coven cercam Rosemary louvando ela, dizendo:

"Salve Rosemary! Mãe de Andrew! Salve Rosemary! Mãe de Satanás!" enquanto Rosemary faz linguagem de bebê e brinca com Andrew/Adrian em seu berço.

Tudo isso foi cortado do filme.

A aparência

Embora o filme sugira que Adrian tenha uma aparência monstruosa, tanto na sequência do filme para TV, Veja o que Aconteceu ao Bebê de Rosemary (1976), quanto no livro, Son of Rosemary, ele tem uma aparência comum.

O "Bebê de Rosemary" Andy Woodhouse, é bom na sequência do telefilme Veja o que Aconteceu ao Bebê de Rosemary, mas no livro ele é mau.

Na sequência romance Andy (também conhecido como Adrian) não é hediondo e monstruoso, não tem sequer os olhos de demônio, ou como se descreve, os olhos de tigre, como Ira Levin os descreve no livro.

Há uma ou duas falas em Son of Rosemary sobre ele usar lentes de contato ou usar magia negra para normalizar seus olhos.

Adrian também é descrito como tendo mãos e pés estranhos, talvez mãos e pés tortos ou cascos fendidos, como uma cabra ou um demônio estereotipado no livro. Mas essa ideia não é seguida na sequência.

Ele também nega ser satânico, dizendo que rejeitou Satanás e o legado dos Castavets, rebelando-se. Ele dirige uma organização internacional que apoia a paz global e a fome chamada God's Children e é amado em todo o mundo, quase como Damien seria em A Profecia III, inclusive com mais sucesso, já que no final, ele traz o Armagedom ao liberar um vírus no mundo na celebração do Milênio.

O bebê e Castle

O produtor William Castle queria exibir um bebê grotesco no final do filme quando Mia Farrow olha para o filho, mas Polanski vetou a ideia, apoiado pelos executivos.

Preferiu uma cena mais ambígua. O que Rosemary vê é o bebê e também um flashback da cena do estupro quando ela olha nos olhos do Diabo.

O peso do filme

A obra de Polanski marcou época, tanto que boa parte dos estudiosos e fanáticos por cinema, chamam esse de uma peça dramática e não de horror.

Isso é uma terrível bobagem. O gênero terror e horror é tão maltratado que boa parte das pessoas até descaracteriza uma obra boa, chamando ela de qualquer gênero, dessde que não seja esse.

É claramente uma tentativa de diminuir todo um secto de filmes, uma tremenda bobagem. Para todos efeitos, esse é um clássico do cinema geral e um dos pilares do cinema de horror mundial.

O Bebê de Rosemary é tenso, de um suspense absurdo e um terror imenso, que se vale do mal cristão mais antigo para gerar tensão, medo e desespero no espectador.


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