Review: Arrow S03E13 - Canaries

Contém spoilers do episódio.

CanariesDe uma coisa o episódio de Arrow essa semana não pode ser acusado: lentidão. Os realizadores resolveram, de uma só vez, avançar três subtramas da terceira temporada, finalmente recompensando o espectador, que já começava a se cansar de alguns conflitos. Por outro lado, ao contrário do exemplar mais recente de sua série irmã, a adaptação do Arqueiro lança mão de uma narrativa tradicional, precisando da figura de um vilão descartável, sem muito a oferecer como ameaça, para permear toda a aventura.

A ideia de Canaries é nitidamente evoluir alguns personagens coadjuvantes, principalmente Thea e Laurel. No caso dessa última, trazendo um novo desenvolvimento à sua persona de heroína, buscando a aceitação de Oliver e a aceitação de si mesma como uma nova Canário e não como substituta de Sara. O problema é que para isso, a forma encontrada pelo roteiro repete o conflito visto na estreia da terceira temporada: a droga Vertigo causando alucinações na moça, da mesma forma que já causou em Oliver naquela ocasião. O resultado é bem aquém do que a premissa poderia trazer e soou mais como uma desculpa para trazer Caity Lotz de volta para uma última participação, principalmente por gerar o "confronto" entre as duas versões da heroína. Se o Arqueiro começa o episódio furioso por Laurel se arriscar como justiceira, a forma encontrada para que ambos encontrem um denominador comum é mecânica e óbvia e não traz o que o programa já mostrou ser capaz de construir em termos de relacionamentos entre personagens. O atrito entre Roy e Oliver, por exemplo, é muito mais convincente, até por mostrar que Arsenal realmente saiu do papel de adereço por conta dos acontecimentos recentes.

Já a trama de Thea ganhou dois importantes complementos. Primeiramente, vale ressaltar que apesar de não ter química nenhuma com a intérprete da jovem Queen, o DJ Chase finalmente mostrou a que veio. Por sorte, já que é um personagem que não gerou nenhuma simpatia do público, não irá mais aparecer no seriado. A pergunta que fica é: se sua missão era apenas matar Thea, porque não o fez antes? E Roy e Malcolm surgindo do nada para proteger a garota gera uma questão um tanto constrangedora: estariam ambos vigiando o apartamento enquanto o casal "se divertia"? De qualquer modo, seria uma falta de tato do roteiro estender ainda mais a aparição do rapaz. E, claro, um dos momentos mais esperados pelos fãs finalmente aconteceu. Mesmo que também tenha surgido de forma mecânica e corrida, com Malcolm convencendo Oliver a contar sua identidade para a irmã em questão de minutos, e com um resultado fácil demais (por tudo que a série já mostrou de Thea, é de estranhar a garota não culpar o irmão pela morte de Moira e sua reação a manipulação de Merlyn não fez muito sentido: até aquele momento ela confiava mesmo no cara responsável por mais de 500 mortes em Starling?), é uma situação que os fãs já previam para essa temporada e que, por ter surgido em um momento ainda distante de seu último episódio, indica que há muito a ser trabalhado no relacionamento entre os irmãos.

Apesar de todo esse tempo dedicado aos personagens, o roteiro falha, no entanto, ao tentar adicionar um drama palpável à trama. Como já mencionado, tudo pareceu frio e distante demais do público. Se Canaries trouxe algum momento dramático eficiente, foi aquele em que Quentin Lance finalmente descobre o destino de Sara. Aliás, Paul Blackthorne está ótimo no episódio, algo que pode ser constatado logo em seu primeiro diálogo com Laurel, cheio de nuances, com o personagem tentando tirar alguma reação da filha dando pistas de que sabe de suas aventuras noturnas.

E, se Peter Stormare sempre se diverte interpretando vilões, seu Vertigo pelo menos traz um pouco daquela sensação de exagero e absurdo das HQs, mas é só. Colocado no roteiro apenas para fazer a trama de Laurel andar, sua participação não traz ameaça alguma. O roteiro se aprisiona na obrigação de trazer um inimigo ao episódio, se esquecendo que a batalha mais importante é pessoal, entre as identidades dos heróis. Chega a ser irônico que os realizadores cometam um erro desse logo após entregarem uma aventura do Flash que acerta justamente por não precisar de um antagonista definido.

Canaries

Mesmo avançando a história, Canaries é mais uma amostra de como a terceira temporada de Arrow está lotada de boas ideias sem muito critério para desenvolvê-las. Em um episódio cujo maior conflito se revela apenas um meio para se chegar a um objetivo, descartado imediatamente após esse fim ser alcançado, a série do Arqueiro mais uma vez exibe insegurança e fragilidade no texto. Nesse ponto da trama as outras temporadas já haviam recompensado muito mais a audiência com roteiros mais sólidos. Tomara que, conforme a season finale for se aproximando, a série engate uma boa sequência de aventuras para fazer jus ao sucesso que obteve nos últimos anos.

ReproduzirReproduzir

1 comment

  1. Allan Gomes 14 fevereiro, 2015 at 00:07 Responder

    Algo que me veio à mente nesse episódio foi justamente a competência de Paul Blackthorne como Capitão Lance, o que só reforçou como o personagem está pessimamente trabalhado na temporada.
    Essa terceira temporada parece que fez um 180° em um dos seus principais trunfos: de uma série que fazia uma ótima construção/desenvolvimento dos seus coadjuvantes, pra tramas que os deixam de forma avulsa.

Deixe uma resposta