Review: The Flash S02E21 - The Runaway Dinosaur

Sem dúvida The Flash está (sem trocadilhos) "correndo atrás do prejuízo", como diria aquele dito popular referente a quem precisa retomar, na última hora, algo deixado de lado por descuido. Com Kevin Smith na direção, The Runaway Dinosaur é mais um episódio que se destaca em uma temporada que, principalmente em sua primeira metade, falhou em superar as expectativas deixadas pelo final de seu primeiro ano. Agora, finalmente, o seriado parece fazer jus à tudo que entregou de forma tão satisfatória no passado.

Não espere, no entanto, que a direção de Smith seja a responsável por um episódio tão bom. É o roteiro de Zack Stentz (de X-Men Primeira Classe e Thor) e seu forte apelo conceitual que são a força motriz de The Runaway Dinosaur. Ao texto, cabe dar um desfecho satisfatório ao gancho deixado pelo antecessor, que colocava Barry se desintegrando após ser submetido ao acelerador de partículas na tentativa de recuperar seus poderes. Como a série não pretende matar seu protagonista, seu retorno era óbvio e, por isso, o roteiro faz questão de focar na jornada de volta, em um raro momento em que, para superar seu desafio, Barry precisa, como os vários personagens que encontra em seu caminho pedem, se sentar, e não correr. As discussões do protagonista com as várias personificações da Força de Aceleração lembraram, e muito, as conversas metafísicas do Capitão Sisko com os Profetas no saudoso spinoff de Star Trek, Deep Space Nine. É uma referência e tanto para uma série que se posiciona como sci-fi, ao contrário do drama policial de Arrow. Aos fãs do programa, cabe também a contemplação e a abstração, frente a uma aventura centrada em ideias, não em ação. E também com ênfase no desenvolvimento contínuo de seu protagonista. O Barry Allen que termina esta aventura é um bem diferente, com mudanças que vão de seu semblante mais confiante à própria linguagem corporal, detalhes evidenciados pelo posicionamento de câmera, levemente de baixo para cima.

Claro que, como se fosse obrigatório, há uma ameaça que traz apenas a dose de urgência que o episódio necessitava para segurar ainda mais o espectador. Com a volta do vilão Viga, agora um zumbi, a série quase erra. À primeira vista, pode parecer uma ideia idiota, a de um morto-vivo aparecer em Central City, mas, tematicamente, faz todo sentido. Barry, em sua visita à Força de Aceleração, entende que precisa aceitar as mortes de seu passado para garantir o futuro. O antagonista, dessa forma, faz parte deste passado, não apenas o do herói, mas por ter uma história com Barry na época da escola. São várias camadas de interpretação que fazem sentido dentro de um todo muito mais complexo do que parece à primeira vista.

Se há algo típico de Kevin Smith em The Runaway Dinosaur é o humor que, graças ao timing do cineasta e à química do elenco, funciona muito bem, principalmente quebrando expectativas como na sequência envolvendo Joe e Wally. Há uma tentativa hilária do detetive de testar se seu filho foi, de alguma forma, afetado pelo acelerador de partículas, que faz o fã dos quadrinhos torcer por uma reação, que não acontece e resulta em um momento constrangedor para o personagem. Smith também comanda com muita competência as cenas dramáticas, mas sem jamais chamar atenção para algum tique ou marca registrada sua, compreendendo que aqueles momentos são todos dos personagens, nunca seus. As sequências envolvendo Barry e sua "mãe" estão entre as mais poderosas da série até aqui, certamente. E o foco que a série tem dado ao relacionamento do protagonista com Iris entrega uma ótima recompensa. Claro que para manter o drama, a adaptação deve trazer tribulações para o casal, mas até agora, está tudo muito bem justificado.

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Com um roteiro praticamente impecável dentro de suas propostas temáticas, o episódio da semana desponta não apenas como a preparação para o desfecho da temporada, mas um dos melhores exemplares que o universo DC do CW já entregou. E como a cena "pós-créditos" indica, será uma batalha derradeira em grande escala, mantendo a pergunta que a série vem fazendo aos poucos e que se reforça com a presença de Jesse Quick e Wally West: "Barry conseguirá sozinho deter a ameaça de Zoom?" Pelo menos, com a boa sequência de episódios que vem se formando nas últimas semanas, a ameaça que parecia impossível de ser detida agora está próxima de se tornar coisa do passado: a de que o seriado não conseguiria superar a si próprio. "Run, Barry, Run."

3 comments

  1. Luís Felipe 12 maio, 2016 at 12:17 Responder

    Realmente um ótimo episódio.
    Achei ótima a sacada com a Jesse e o Wally, nos deixando com uma ponta de expectativa e o desfecho (para o Wally) neste episódio de forma muito inteligente e engraçada.
    Quanto à Jesse, ainda acho que eles podem aproveitar essa idéia e usar isso para terminar a trajetória dela na série. Uma vez que não há mais um The Flash na terra 2, depois de ajudar na luta contra o Zoom ela e o Wells podem finalmente retornar para sua terra de origem.
    Ainda espero ver mais do Cisco como herói e não supernerd dos computadores.
    Caitlyn já passou tempo demais com o Zoom, gostei do ultimato que ele fez.
    Alguem conseguiu identificar alguns daqueles meta-humanos? Uau!
    Ansioso pelo season finale.

  2. Alexandre Luiz 12 maio, 2016 at 14:16 Responder

    Seria legal uma despedida com ela se tornando a heroína da Terra-2 mesmo. Mas será que vão conseguir mandar o Wells embora? É um ator que faria bastante falta, né… Quanto aos meta-humanos no final, uau, parecia uma página dupla de quadrinhos lotada de gente, espero até que alguns fiquem na Terra-1 pra dar trabalho pro Barry na próxima temporada.

  3. Nelson Alexandre Renner Soares 12 maio, 2016 at 15:23 Responder

    Alexandre Luiz , tambem acho que a série não vai perder o wells e não da para pegar um de outra terra novamente kkk, provavelmente vão salvar o flash da terra 2 eu não vejo a jessie querendo ser heroína não, acho que ela vai acabar ficando na terra 1 mesmo junto com o pai

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