True Grit - Por: Carter Burwell
Antes de ouvir a trilha sonora separada de Bravura Indômita (dos irmãos Coen), é necessário que o filme seja visto, pois não se trata apenas de um lindo pedaço de música refinada (e, cara, como é lindo), mas também se trata de uma trilha que caminha junto a obra trazendo assim um significado muito mais rico e importante para a experiência.
Há peças, como a abertura “The Wicked Flee” ou “Your headstrong ways”, que isoladas fazem todo o sentido do mundo, se levadas para o lado estético apenas. Porém, como estamos falando de uma composição projetada para participar de uma obra visual, a necessidade de ser ouvida também com isso em questão se põe sempre importante, neste caso, necessária justamente porque a música aqui não só destoa de todo o conceito do filme, como vai além e subverte os preceitos com que o espectador chega preparado para ver a película.
Estamos falando de um Western focado na vingança de uma garota que não passa dos 15 anos e que não importa que o mundo se ponha contra sua vontade, a determinação e frieza passarão por cima de tudo, até mesmo da morte iminente. E é por isso que aqui, ao invés do tom aventureiro comum destinados ao gênero, o exagero sonoro é substituído por uma peça simplesmente fílmica que por meio de rimas sonoras constrói um sentido ainda mais interessante.
E o destaque que deve ser observado se encontra na música de abertura que é reprisada logo ao final, quando há uma cavalgada rumo ao incerto que funciona justamente de anticlímax musical, mas que ao tirar o tom aventuresco que um western normal teria, imprime um peso dramático e metafísico de reflexão sensível e pessoal que vai além, e mostra com notas simples tocadas no piano o quanto a vingança pode ser sem sentido, mas por fim, satisfatória.
Envolta de piano, a trilha é um pedaço de obra-prima que bate forte na alma, com toques tão singelos e significativos, que ajudam, e muito, na emoção necessária para que toda a jornada da jovem que busca vingança tenha seu peso dramático forte, o que acontece com esmero. É uma trilha que precisa ser ouvida e sentida. É algo forte, mas é algo necessário. Então se quiser se emocionar, vá e veja.
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