Feriado Sangrento : O tão esperado slasher de Eli Roth sobre o feriado de Ação de Graças

Feriado Sangrento : O tão esperado slasher de Eli Roth sobre o feriado de Ação de GraçasFeriado Sangrento é um filme de horror baseado em data comemorativa, no caso, o Dia de Ação de Graças. Longa-metragem de Eli Roth, que conta com Patrick Dempsey e Gina Gershon no elenco, narra uma história sobre um estranho assassino mascarado, que ataca as pessoas da cidade de Plymouth em Massachussetts, em busca de vingança pelas mortes que ocorreram nessa mesma época um ano antes, em uma tragédia oriunda de uma Black Friday.

Coprodução entre Estados Unidos, Canadá e Austrália, é na verdade uma “versão expandida” do trailer falso presente no projeto Grindhouse de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, que continua dois longas-metragens e alguns trailers falsos, incluindo o sobre essa obra, embora tenha um espírito bem diferente do que é visto nesse material.

A ideia original e o que foi filmado

A ideia de Roth era fingir que o trailer citado é um filme de 1980 tão ofensivo que todas as suas cópias e impressões foram destruídas, seus roteiros foram queimados e o diretor desapareceu. Uma pessoa salvou o trailer e o carregou em algum fórum estilo 4chan e lançou, por isso ele estava no bolo entre Planeta Terror e À Prova de Morte.

Baseado apenas nesse trailer, fizeram uma refilmagem, que foi essa obra da Spyglass de 2023. Essa "desculpa" travestida de premissa serviu também para livrar Roth e sua equipe da obrigação mortal de seguir o que foi lançado dezesseis anos antes, em 2007.

O roteiro de Jeff Rendell, tem argumento de Roth e Rendell, foi produzido pela dupla e por Roger Birnbaum. São produtores executivos Gary Barber, Greg Denny, Kate Harrison Karman, Peter Oillataguerre e Chris Stone.

A localização da história em Plymouth não é à toa, esse lugarejo é o local de nascimento do feriado, além de servir também ao clichê de cidadezinha pacata sendo atacada por um assassino serial, mesmo que essa seja maior do que eventuais cidades que servem de base para slasher movies e filmes de matança.

Tanto filme como o trailer falso, foram coescritos por Roth e pelo dublê Jeff Rendell, que no trailer falso interpretou o assassino O Peregrino.

O próprio Roth também apareceu no trailer, sendo uma das vítimas, sendo ele decapitado durante uma cena de sexo.

De acordo com o cineasta, o filme anunciado pelo trailer de Grindhouse era sobre um garoto que se apaixonou por um peru. Depois que seu pai matou a ave, ele surtou, matou sua família e foi embora para um hospital psiquiátrico, depois voltou e se vingou da cidade.

As relações com o projeto Grindhouse

Além dos roteiristas, também retornou o diretor de fotografia Milan Chadima, que colaborou anteriormente com Roth, sendo cinematógrafo em O Albergue, O Albergue 2. Essa é a primeira colaboração deles depois de 16 anos, sendo a última justamente o trailer fake.

Esse aliás é o terceiro filme baseado em um dos cinco trailers falsos vistos em Grindhouse. Além da parte que coube a Eli Roth, trailer exibido entre os filmes Planeta Terror e À Prova de Morte quando ambos foram exibidos em dupla - algum tempo depois, ambos estrearam de maneira solo, com cortes estendidos - também foram expandidos Machete de Robert Rodriguez (que codirigiu com Ethan Maniquis, que não fez parte da direção do trailer), lançado em 2010 e O Mendigo com uma Escopeta ou O Vingador (Hobo with a Shotgun) de Jason Eisener, lançado em 2011.

Até aqui sobraram Don't de Edgar Wright, que dificilmente será realizado, segundo o próprio cineasta, além de Werewolf Women of the SS de Rob Zombie.

Feriado Sangrento foi exibido primeiramente no México, em 4 de novembro de 2023 no Mórbido Film Fest, ainda em novembro, estreou na Alemanha, Hong Kong, Itália, Austrália, Canadá, Espanha, Reino Unido e EUA.

No Brasil e Argentina chegou no dia 7 de dezembro de 2023, mas passou em 2 de dezembro de 2023 na Comic Con Experience.

A nomenclatura do filme, Dia de Ação de Graças e a Black Friday (pelo mundo)

O Dia de Ação de Graças é comemorado toda quarta quinta-feira de novembro, por isso houveram variações de nomenclaturas únicas, como na Espanha, onde se chama Black Friday, abordando o dia seguinte ao Dia de Ação de Graças.

Sobre black friday, que é um tema importante nessa versão em longa-metragem, diga-se, é um termo cunhado pela polícia da Filadélfia por volta de 1961, em homenagem às pessoas que todos os anos vão, em massa, aos shoppings, causando grandes greves no trânsito.

Na Espanha a Black Friday virou tradição em 2012 pela cadeia alemã de lojas MediaMarkt, ganhando mais popularidade ao longo dos anos, quando outras lojas como El Corte Inglés e Amazon se juntaram a tradição.

O título original do filme é Thanksgiving, com nome alternativo Bloody Thanksgiving. Na Argentina, Chile, Colombia, Peru é Viernes negro.

Na Alemanha é Thanksgiving - Es ist angerichtet, na Itália é Thanksgiving: La morte ti ringrazierà. Na Turquia Kara Cuma e em Portugal se chama Feriado Sangrento, como no Brasil.

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Questões com prazos e Frameforge

Devido ao cronograma apertado e ao extenso trabalho de efeitos práticos, Roth utilizou um software de criação de storyboards, chamado FrameForge.

Ele afirmou que o uso dessa técnica de pré-visualização permitiu acelerar a configuração da cena nas locações, gerando esboços rápidas que facilitavam a hora das filmagens e novas tomadas.

A filmagem principal durou cinco semanas, com gravações no Canadá, ao contrário do trailer falso que foi filmado em Praga no ano de 2006. As locações foram em Toronto e Hamilton, Ontário, começando em 13 de março a 5 de maio de 2023.

Houveram cenas em Port Perry, Waterdown District High School, também tiveram em Massachusetts (cenas aéreas) nos EUA. O Right Mart, a loja onde ocorre o massacre foi uma locação em Hamilton.

Estúdios e filmagens

Este é o primeiro filme de terror distribuído pela Tristar Pictures desde o remake de Evil Dead, A Morte do Demônio em 2013.

Essa é uma obra dos estúdios Columbia, através da TriStar Pictures, junto a Spyglass Media Group, também Ethereal Visage Productions, Cream Productions, Dragonfly Entertainment, Electromagnetic Productions (EMP) e TSG Entertainment.

Foi distribuído fora dos Estados Unidos pela Gelt Ventures, enquanto no Brasil foi trazido pela Sony.

O trailer original foi filmado em 35mm, mas a versão longa foi rodada de forma digital e não apresenta quase nenhuma das técnicas clássicas de filmagem proeminentes vistas naquele trailer.

Mas há na introdução há um breve momento que remete a feitura dos filmes antigos, como o cartão de título em um quadro congelado, que utiliza a mesmíssima fonte sangrenta usada que é a mesma usada no trailer original de Grindhouse, mas fora isso, o filme emprega amplamente técnicas modernas de produção e edição.

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Quem fez

Roth tem muitos créditos de direção, começou fazendo filmes B, como Cabana do Inferno e O Albergue.

Trabalhou em séries como Hemlock Grove, mas nos últimos tempos, fez filmes mais comerciais, como o remake Desejo de Matar e O Mistério do Relógio na Parede. Também dirigiu o documentário marinho Fin, em 2021 e adaptou o video game Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo.

Por conta de algumas filmagens Feriado Sangrento, Roth teve que ceder a Tim Miller a função de fazer filmagens adicionais em Borderlands, que inclusive, estreou quase um ano depois dessa obra de terror.

Rendell escreveu o curta e é contumaz parceiro de Roth, tanto que fez ponta, como figurante no trailer original, também no clássico Cabana do Inferno e recebeu agradecimento em Bastardos Inglórios, filme que Roth atuou e dirigiu um segmento. Está creditado como produtor da possível continuação desse.

Roger Birnbaum é especializado em trabalhar em remakes produziu a versão de Sete Homens e Um Destino com Denzel Washington, o já citado Desejo de Matar com Bruce Willis e As Trapaceiras, que é uma versão de Os Safados. Foi produtor executivo de Todo Poderoso, Footloose: Ritmo Contagiante, G.I. Joe: Retaliação e RoboCop de José Padilha.

A narrativa

A trama inicia em Plymouth Massachusetts, no dia de Ação de Graças, com a ação de um policial, que chega a porta de uma família tradicional americana. Ele é Eric Newton (Dempsey) um agente da lei local simpático e solteirão, que chega à casa da família Collins, para comemorar a data festiva.

O ator entrou em contato com Eli Roth, pedindo para participar do filme. Roth se entusiasmou com a ideia, mas disse que não sabia se a produção poderia pagar o preço que ele normalmente cobrava.

O agente do ator garantiu que Patrick realmente queria fazer o filme, disse que leu o roteiro e adorou, até por conta de poder utilizar o seu sotaque natural de New England, já que cresceu em uma pequena cidade do Maine.

Ele quase nunca utilizava esse desde que se tornou ator.

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Esse é o 4º filme do gênero que o ator participa. Ele fez um pequeno papel em A Coisa, fazendo um consumidor da tal "Stuff", interpretou como Jimbo Scott em Epidemia e foi o policial Mark Kincaid em Pânico 3.

A família é capitaneada pelo varejista Mitch, que é interpretado por Ty Olsson.

Ele é obrigado a se ausentar antes mesmo de degustar do peru, por conta do trabalho, na loja RightMART, afinal, é época de compras, liquidação e apesar de ainda ser quinta-feira, a Black Friday acaba começando antes.

Ele deixa toda a sua família, incluindo Amanda Collins, sua esposa interpretada por Gershon, a atriz veterana que era amiga do diretor e se convidou para participar desse.

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Cena de bastidores envolvendo os amigos Eli Roth e Gina Gershon

Mas o foco real da trama é Jess, ou Jessica Wright, personagem de Nell Verlaque, atriz de The Marijuana Conspiracy e Big Shot.

Ela é filha do dono do RightMart, Thomas Wright de Mark Hoffman. Em sua intimidade é dado que ela vive em conflito com a sua madrasta Kathleen (Karen Cliche) que sente falta de sua mãe e condena as ações gananciosas do seu pai.

Ela é a líder de um grupo de adolescentes da escola, namora a promessa do Baseball Bobby (Jalen Thomas Brooks) e vive acompanhada da bela Gaby (Addison Rae) do namorado dela Evan (Tomaso Sanelli) que é atleta, o também jogador de futebol Scuba (Gabriel Davenport) e seu par Yulia (Jenna Warren). O grupo queria ir ao cinema, mas um deles (Evan) quebrou o celular, em uma briga bizarra, por isso vão até a loja RightMart.

Os personagens apresentados são adolescentes chatos, que só pensam somente em si mesmos, sem perspectivas de futuro, exceto Bobby, que deve virar atleta, antes do momento fatídico.

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A mudança de rota repentina se dá por conta de uma briga escolar tola e isso é uma mostra de que aqui há toda a sorte de clichês imperando.

Também há muitas pessoas de meia idade, esperando para comprar produtos baratos, suas maquinas de fazer waffle ou material de limpeza em preço baixo.

A crítica social

Roth captura bem a febre do consumismo e a ganância desenfreada. O conceito é lentamente construído, inserido na atmosfera de maneira calma e serena, mesmo em meio à confusão, é trabalhado nos primeiros 10 ou 15 minutos, para estabelecer um mundo que era ok, até certo ponto e virou um caos, graças aos maus sentimentos das pessoas.

Fica claro que a ideia do roteiro é criticar o desespero do fetiche de mercadoria que o capitalismo faz com as pessoas e nisso o texto não é nada sútil. A crítica é pontual, engraçada e cabível.

Na fila para entrar na loja, Ryan, personagem de Milo Manheim tenta flertar com Jessica, mas ela não dá importância alguma para o rapaz.

Manheim entrou no projeto graças ao fato ator cuja mãe é amiga de longa data de Eli Roth

Até o seu amigo Scott (James Goldman) zoa com ele, desdenhando das chances de alcançar a menina, que aliás, nem é tão bonita assim.

A Sequência fatídica do trampolim

A tragédia se avizinha assim que eles chegam e seus efeitos ocorrem antes de completar os primeiros dez minutos.

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No minuto dez, cravado, as pessoas derrubam as grades de isolamento, chegam perto da porta e começam a pressionar o vidro.

A composição visual desse início é bonita, especialmente quando o vidro racha, já que é estilizado, cedendo aos poucos. Nesse ponto ocorre de tudo, pisoteamento, gente com o pescoço ferido, traumatismo craniano, há muito sangue, gore, fraturas expostas, não se economiza em violência.

No meio da confusão ocorre uma lesão terrível com Bobby Golden Arm Di Stadi, que tem a sua mão destruída. O membro que era dito como capaz de arremessar qualquer coisa se comporta como se fosse parte de um corpo falso, feito de borracha.

Nessa introdução as pessoas se avolumam na frente dos portões da loja, batem nas portas de vidro, quebram elas, ferem o pobre segurança negro Doug (Chris Sandiford) que parece ter morrido.

A partir daqui falaremos com spoilers. Caso não tenha visto o filme o aviso está dado.

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Os espólios, mortes e consequências

No meio da confusão, a mulher de meia idade cai no chão. Amanda Collins estava lá para trazer uma quentinha para Mitch e em seu ato de bondade, acabou sendo vítima da horda de compradores malucos.

Ela escorregou, caiu no chão e abriu a cabeça em um dos efeitos práticos mais sensacionais de todo o filme.

A equipe de maquiagens e efeitos práticos foi liderada por Steve Newburn, profissional de mão cheia, contumaz parceiro de Christopher Nolan, trabalhou na trilogia Batman e em A Origem, além de Casamento Sangrento, a série O Que Fazemos Nas Sombras e Beau tem Medo.

Aqui é creditado como prosthetic makeup designer / prosthetics head of department.

Parte dessa epopeia foi filmada por Evan, justamente pelo celular novo que acabou de pegar.

O playboyzinho inconsequente ajudou a tornar o caso em mais célebre do que deveria. Em sua vontade de viralizar o fez não se preocupar nem um pouco com seus amigos, com a sua namorada ou com qualquer pessoa que possa ter se ferido. Ele até colocou o sugestivo nome de "Fight Mart!!!! THXGIVING MASSACRE!!"

Um ano depois

Depois da tragédia ocorre uma revolta geral, especialmente da parte Mitch, que culpa uma pessoa, o seu antigo patrão, Thomas Wright (Rick Hoffman, que já havia trabalhado com Roth em O Albergue) que é pai de Jess.

Em gravações para a televisão, chama as pessoas que causaram o tumulto de consumistas, igualas elas a uma manada e não está errado.

Mesmo depois do ocorrido no ano anterior, ainda se planeja uma grande venda de Black Friday. Além disso, em atenção ao feriado e todos os comércios grandes e pequenos da cidade distribuem máscaras de John Carver, o primeiro governador de Plymouth, o homem cujo visual é igual ao do peregrino.

O rumo dos personagens mudou pouco, especialmente com o grupo de jovens/adolescentes.

Yulia, Scuba, Jess, Gaby continuam na mesma, Evan também está nesse espírito e reclama que está sendo tratado como o culpado pelo resgate do vídeo do ano anterior.

Já Bobby some por um ano, fica esse tempo inteiro sem falar com Jess e retorna do nada justo na época pré-Black Friday.

As postagens: Um assassino nos tempos de redes sociais

O grupo de cinco amigos remanescentes é marcado em uma estranha postagem no Instagram, de um perfil sem seguidores, que remete a John Carver.

A reunião deles nesse momento, em uma lanchonete, inclui o novo namorado de Jessica, no caso, Ryan, que é malquisto pelo grupo, basicamente por não ser um desocupado como (todos) eles, já que ele trabalha e é responsável pelo seu próprio sustento.

Os métodos do assassino

A sequência de assassinatos já começa de maneira sensacional, com o primeiro homicídio sendo divertido, violento e filmado de maneira criativa. O matador catalogou quem esteve na loja naquele dia fatídico e vai atrás da garçonete Lizzie, personagem de Amanda Barker (de Deuses Americanos) atriz natural de Hanover, Massachusetts, que é sobrinha-neta de John Carver.

Tal qual ocorreu com Dempsey, a atriz usa o seu sotaque real no filme.

Barker é uma grande fã de filmes de horror e sempre sonhou em morrer em uma obra assim.

Estava incrivelmente animada para filmar sua cena de morte, e quando Eli Roth mostrou a ela o teaser trailer, que apresentava com destaque a forma que sua personagem pereceu, ela chorou de alegria e disse:

Nunca pensei em minha carreira que isso aconteceria comigo.

A sequência é sensacional, envolve um frigorífico, água borrifada, uma porta gelada, ainda termina de maneira cruel, com um atropelamento e uma grande lixeira na parte externa do restaurante.

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Depois da brutal morte da mulher, aparece a parte de baixo dela pendurada na estrela que simboliza o pingo do I em RightMart. O assassino é brutal, exibicionista e nada sutil.

O elenco de "mocinhos"

Obras recentes de slasher, sobretudo os chamados Remakes Sombrios, tendem a retratar jovens como pessoas muito mais velhas do que realmente são. No caso essa parcela de elenco obviamente não é formada por gente em idade escolar, mas a maioria dos atores não parecem tão mais velhos do que realmente são, com o quinteto girando em torno dos 23 aos 25 anos.

Pelo cenário se espalham vários chavões do cinema de horror de perseguição, como quando Jessica vê uma estranha figura, caucasiana a observando do lado de fora, como se fosse Michael Myers em Halloween: A Noite do Terror.

A partir desse ponto, todos viram suspeitos, até gente teoricamente inofensiva, como o nerd Jacob (Jordan Poole) que chega de óculos escuro depois da noite em que Lizzie morreu. McCarthy (Joe Delfin) pode ser outro desses, já que vende álcool e armas para estudantes, na beira de uma escola...essa parte não é nada sútil.

O xerife bonzinho e a colaboração com outras autoridades

Um personagem bem construído é Eric Newlon. Ele é um xerife atento, simpático e solícito, mesmo quando não é o centro das atenções. Ele apresenta seu parceiro Bret Labelle (Jeff Teravainen) e não deixa de prestar colaboração ao investigador Cho (Russell Yuen).

Os três são vistos juntos o tempo inteiro, tentando entender como os homicídios aconteceram e o porquê.

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Bobby e as suas inspirações no cinema slasher

Bobby lembra muito o personagem Max Neurick de Johnny Galecki de Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado, especialmente nos aspectos físicos.

Já as suas motivações lembram a de um dos protagonistas de Dia dos Namorados Macabro. A construção atmosférica dos filmes é parecida também, já que se usa um feriado e um assassino misterioso matador de gente falsa como motivo principal.

O matador:

Em entrevista Eli Roth afirmou que usou intencionalmente vários atores por trás da máscara para não revelar a identidade do assassino.

O traje dele é inspirado diretamente nas pinturas icônicas de John Carver, um dos peregrinos da viagem do navio repleto de peregrinos chamado Mayflower.

A máscara que usam é uma recriação do rosto do peregrino e governador e o assassino do filme é apelidado de The Carver por causa disso.

Ele usa um modulador de voz que soa semelhante à narração de Eli Roth do trailer falso, mas a voz ouvida no filme é de Adam MacDonald, conhecido por dirigir a série de TV Slasher, além de ser uma clara alusão ao vilão Ghostface, da cinessérie Pânico.

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Cuidado com o visual em contraponto com a parte chata da história

A questão dos efeitos práticos demonstra o cuidado da direção de arte, mas, infelizmente, se gasta muito tempo com o grupelho dos jovens.

Por um lado, é legal ver esse desenrolar, por conta de quebrar um pouco com a violência explícita. Quando alguém morre, se sente mais impacto, já que foi dada importância aos personagens, mesmo os secundários e terciários.

Quando Jess vê as gravações, volta a se reunir com Bobby.

Os ex-namorados conversam de maneira civilizada, ele afirma que voltou a cidade temporariamente, vai ajudar seu tio o xerife e ajuda ela a ir atrás das gravações "secretas" do RightMart, as que não foram apagadas por Kathleen.

A madrasta tentou apagar as provas, deletou tudo achando que seria bom para o seu marido, mas não sabia que havia um backup.

Jess suspeita do seu atual namorado, Ryan Baker (sim, ele tem o nome do especialista em efeitos especiais) basicamente por ele ter aparecido em uma gravação, falando com Doug, o segurança morto pisoteado, ou seja, eles poderiam ser próximos, embora não haja muita certeza disso.

O assassino sempre coloca máscaras pelo lugar onde o alvo está. Faz isso para confundir, mas também para ser irônico. Na hora de matar, simplesmente "brinca com a comida', tal qual como um predador faz com a sua presa fácil.

Referências as tradições

Há muitas referências ao feriado de Ação de Graças e suas tradições.

Depois de utilizar um freezer, que é onde ficam as aves nobres preparadas para banquete, ele usa uma faca elétrica, a mesma que utiliza para fatiar peru. Ainda utiliza armas ligadas a tradição das festas, como uma faca elétrica, a mesma que se utiliza para fatiar aves nobres.

Ele decapita Manny (Tim Dillon) tal qual se faz naturalmente no preparo das aves. Aos poucos ele vai montando uma mesa macabra, imitando o final de Feliz Aniversário Para Mim.

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O número de suspeitos aumenta, alguns entram na trama somente para ser isso, como McCarty (que recebeu esse nome graças a um amigo de Roth que trabalhou na produção) que além de ter retornado a cidade depois de ter ficado um tempo fora, ainda vende armas na escola.

Bobby é outra pessoa reintroduzida só para isso e da mesma forma, embora despiste possíveis suspeitas ao cooperar com sua ex. Jacob também se candidata bem, já que é visto como um alienígena, por não ser da panelinha de protagonistas.

O visual do assassino, utilizando as máscaras baratas acaba lembrando uma versão mais boba de V, do quadrinho V de Vingança, embora Guy Fawkes nada tenha a ver com John Carver.

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A medida que as pessoas morrem, John Carver coloca os restos mortais de suas vítimas para posar nas fotos e postagens, na tal mesa que imita o clássico slasher canadense de 1981.

A fuga da "crítica social foda" vazia

Ele é macabro até na utilização das redes sociais. Curioso que o roteiro critica a cultura de postar tudo, mas não parece o tipo de comentário vazio e datado, que gerações mais velhas geralmente fazem sobre a geração Z.

A reflexão sobre esse tipo de conduta é válida, assim como o aceno ao vício em redes sociais e a mania de postar tudo o que se vive e o que não vive.

Há algumas piadas ridículas, como Chad (Dorian Giordano) que declama uma poesia e depois levanta a blusa para mostrar sua barriga tanquinho, mas é impossível não rir do quão tosca é a situação, ainda mais por ele sair amparado por duas meninas.

É cínico, mas é muito divertido.

Nesse trecho ainda há comentários irônicos, sobre um péssimo aluno (Evan) que comprou um dever escolar (de Jacob) e que na verdade era um plágio de uma postagem de blog da própria professora.

A preparação

Esses trechos engraçados ajudam a fomentar os momentos mais esperados, como a sequência do trampolim, que possui uma grande piada, com as mudanças da sequência mais icônica do trailer fake.

Roth faz referência as mortes clássicas, as anuncia com pompa, mas frustra algumas expectativas, afinal, esse é um filme de 2023, não um exploitation dos anos 80.

A mudança é impactante, muda bastante do que foi visto antes, ainda é pontuada por uma piada sobre cancelamento que pode ser encarada como duplo sentido, já que foi modificada e poderia "cancelar" diretor e produtores por publicar algo tão vil e sexista em tela.

Depois ainda ocorre uma cena onde Jess se esconde em uma sala onde ocorreu uma aula de cosmetologia, que aliás, não estava no roteiro. Roth só usou esse cenário ao pouco antes das filmagens na Waterdown District High School. Como acharam a sala visualmente impactante, resolveram incorporar ela ao filme, improvisando uma cena de perseguição.

No final o cerco se fecha, algumas pessoas somem, personagens periféricos surgem do nada, como o pai assustador de Yulia, interpretado por Frank J. Zupancic que parece um vilão retirado da saga John Wick.

Os protagonistas entram em confusão, Scuba decide arrumar uma arma, Jess e Kathleen brigam, a enteada acusa a madrasta de ter sido ela a culpada, por ter sugerido abrir a loja na véspera da Black Friday, enquanto a mulher delega culpa a menina e os seus amigos de terem causado tudo, já que entraram na loja antes do previsto.

Depois de deliberar, decidem fazer o desfile tradicional, para montar uma armadilha.

McCarthy resolve romper com a pecha de piadista (é dele um dos momentos mais icônicos, onde xinga meninos da geração Z por não saberem o que é Black Sabbath) resolve, repentinamente, inspirar Jess, entregando um anel que seu pai usou no Iraque.

Isso jamais foi mencionado antes, é só uma piada com presente mesmo, além de ser uma arma escondida, já que há uma lâmina nele. Jess utiliza vários elementos de armas improvisadas, como esse anel e o bracelete que ela ganhou da mãe e que ajudou a fazer com que ela conseguisse acertar o bandido, futuramente.

Ocorre um ataque, mas não de uma versão do Peregrino assassino e sim com um palhaço armado, que usa um machado para cortar a cabeça do peru - simbolismo pouco sutil - e dispara dardos tranquilizantes em todos.

Feriado Sangrento : O tão esperado slasher de Eli Roth sobre o feriado de Ação de Graças

Antes de sair, ocorre uma série de infortúnios bizarros, coincidências sangrentas que remetem a cena inicial, das mortes acidentais na loja, além de lembrar o início dos filmes da saga Final Destination, especialmente Premonição e Premonição 2.

A decapitação do "mascote" peru durante o desfile foi diferente do visto no trailer de Grindhouse, se junta assim a cena do trampolim e um momento de vômito, mais à frente, como elementos modificados.

O assassino é muito mais esperto e preparado que os mocinhos, ele embosca facilmente as pessoas, mostra que mesmo que eles estejam armados há sempre uma alternativa. É assim com o fim de Yulia e com a captura dos últimos sobreviventes.

Ele tinha informações privilegiadas, mas não é apenas isso. Ele é de fato superior.

O último "ato" inclui uma grande perseguição a Kathleen, que desperta já no cativeiro. Antes dela entrar no forno há ataques de um garfo de fazenda e um assado estilo peru. Ele imola a madrasta, como se fosse peru. Até a salga.

O Peregrino usa métodos de outros assassinos, como modulador de voz, tal qual Ghostface, mas também usa um monitor em outra localidade para despistar a polícia, tal qual Jigsaw fez Jogos Mortais 2. Já o jantar é uma boa referência a O Massacre da Serra Elétrica.

Roth conduz a cena de jantar de maneira agressiva e nojenta, referencia o trailer, injeta momentos ainda mais nojentos e acrescenta tortura, com o mesmo grafismo visto nos seus Albergues, inserindo parte do mesmo constrangimento visto no seu Bata Antes de Entrar, com uma violência bizarra, como em Canibais.

É quase um retorno às origens, com o realizador podendo reafirmar cada uma de suas marcas, já que havia tempos em que não fazia fitas de horror.

Até a descoberta da identidade do assassino é bem-feita. A motivação de uma família que estava para nascer a partir do fim de outra, mas que foi interrompida pelos jovens.

Pouco antes de acabar o filme, o matador é alvejado por Bobby, o braço dourado que voltou a ativa. Ainda brinca com a expectativa do assassino ter sobrevivido e se escondido em um disfarce, como já fez antes.

Os créditos finais aparecem com imagens estilizadas, ao som de Where Eagles Dare, cantada por Glenn Danzig e pelos Misfits. Ainda há uma cena pós crédito, uma piada com um dos personagens que sobreviveu, mas que não soa como algo ofensivo ou algo que o valha.

Feriado Sangrento é violento, gráfico, divertido e insano. Eli Roth retorna em grande estilo ao gênero do horror, com um filme que tem potencial para se tornar uma franquia, mas que seria ótimo se fosse só uma obra isolada. Ainda alude bem o estilo dos remakes sombrios, sendo um bom equilíbrio entre humor e terror e promete retornar para mais desventuras, violência explícita e comentários mordazes sobre a cultura tradicional e popular.

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