A Morte do Demônio: O remake sangrento e agressivo que Fede Alvarez concebeu

Esse ano a versão de A Morte do Demônio de Fede Alvarez faz 10 anos e em atenção a essa data e ao lançamento de A Morte do Demônio: A Ascensão, resolvemos nos debruçar sobre essa que é uma das refilmagens mais elogiadas entre as feitas no novo século.

Esse longa celebra uma união inesperada entre o criador original Sam Raimi e o uruguaio Fede Alvarez, diretor estreante em longas, mas que já tinha experiência com curtas de horror. O roteiro é escrito pelo cineasta e seu contumaz parceiro Rodo Sayagues, que estaria junto a ele na franquia original O Homem nas Trevas.

Produzido pela Columbia Tristar, pela Ghosthouse e Film District, o filme possui produção de Raimi e um grupo grande de outros produtores, incluindo Bruce Campbell, Robert Tapert, Alejandro Damiani, Guillermo Carbonell e Pedro Lafferranderie.

O projeto de refilmar Evil Dead é antigo e em algum ponto esteve nas mãos da escritora Diablo Cody, que pouco tempo antes, em 2009, havia escrito o ótimo Garota Infernal.

A participação dela nesse até hoje não é sabida em totalidade, o que ela afirmou é que serviu de revisora do roteiro. Em entrevistas ela disse que retocou o trabalho de Alvarez e que achou bem aterrorizante o que leu naquele ponto do texto. Ela afirmou que tentou se manter longe das cenas de horror e que não escreveu nenhum diálogo mais cômico, que costumavam associar a ela.

Se o script final teve ou não os pontos que ela levantou, não ficou claro até hoje. Fato é que parte do drama da personagem de Jane Levy tem a ver com alguns dos assuntos levantados em Jennifer's Body, especialmente nas questões dramáticas típicas de personagens femininos, mas o cerne da história é bem diferente do que normalmente Cody fazia.

A história gira em torno de Mia (Levy), uma moça viciada em drogas que está em período de reabilitação e que viaja para o interior, em um cenário florestal. O isolamento visa deixar ela longe da tentação dos entorpecentes, obrigando ela também a recusar o mundo urbano enquanto tem as suas crises.

A Morte do Demônio: O remake sangrento e agressivo que Fede Alvarez concebeu

O longa foi rodado na Nova Zelândia, principalmente em Auckland, na floresta Woodhill. Os cenários naturais têm uma personalidade própria, ficam numa medida boa entre o apelo ao clássico, lembrando de leve o lugar onde Ash e seus amigos foram, mas sem parecer mera cópia.

Mia está acompanhada de parte de sua família e amigos. Se reuniram seu irmão David (Shiloh Fernandez), a namorada dele Natalie (Elizabeth Blackmore) e os amigos de infância Olivia (Jessica Lucas) e Eric (Lou Taylor Pucci). Logo nesse início fica claro que os irmãos estão distantes, desde que a mãe deles teve um problema de saúde.

Foi Olivia quem teve que lidar com as crises de abstinência de Mia, em momentos bastante dramáticos segundo o que descreve a amiga.

Uma outra controvérsia ocorreu fora das telas. Depois que o filme chegou aos cinemas o diretor afirmou que essa versão era parte do cânone e mitologia da trilogia de Sam Raimi, mas foi desmentido por Bruce Campbell, que disse que não havia essa ideia.

Calhou inclusive de Campbell retornar ao seu papel em Ash vs. Evil Dead, que continua Uma Noite Alucinante 3 (ou Army Of Darkness) inclusive na mistura de horror e comédiam e Campbell estava certo, já que essa refilmagem é indiscutivelmente mais séria e violenta do que todos os produtos da franquia.

O longa faz boas referências ao original, inclusive com refilmagens de quadros idênticos ao filme de 1981, mas não passa muito de uma homenagem leve, até as possessões por conta do Naturum Demonto são diferenciadas.

Mesmo a mitologia do livro encontrado na cabana é modificada. Essa versão do Necronomicon é ótima. O visual do artefato é mais sombrio, tem uma configuração mais suja e bizarra.

A Morte do Demônio: O remake sangrento e agressivo que Fede Alvarez concebeu

Dada as condições e os clichês presentes no sub-gênero que costumamos chamar de Remakes Sombrios (que são as refilmagens que ocorreram nos anos 2000 a partir de O Massacre da Serra Elétrica de Marcus Nispel) esse certamente é o mais violento, sangrento e com melhores atuações entre os seus pares.

É fácil encarar essas refilmagens como eventos desnecessários. Na maioria das vezes é isso mesmo que ocorre, mas esse é divertido e sanguinolento.

Levy está muito bem, consegue interpretar as duas versões principais de Mia com igual entrega e esmero, fazendo uma mulher depressiva e com crises de abstinência e bem também a versão possuída pelo mal da jovem.

Um senão negativo é a cena de introdução. Antes da trama principal começar, ocorre uma cena estranha, onde um pai tenta fazer um exorcismo com a sua filha, que por sua vez, cometeu um pecado matricida.

Dado o passado de Mia, poderia haver alguma rima narrativa, mas isso não é explorado, não serve sequer para conectar o drama aos mitos anteriores da família Knowby, que era a família dos outros três filmes.

A sequência soa apenas como uma tentativa de causar sustos, com uma personagem feminina possuída que muda a voz de fina para grave, que possui olhos amarelados e que bate toda a checklist de filmes de possessão, além de demonstrar que a mescla entre CGI e efeitos práticos não ficou tão boa quanto poderia.

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Outro fator estranho é que os personagens que estão ao redor da menina são visualmente esquisitos. Há gente deformada, idosos e até uma criança, fato que demonstra a irresponsabilidade desse pai, que resolveu levar uma pessoa na época de infância para presenciar um exorcismo que acabaria com uma mulher na fogueira.

O reencontro de Mia e David é um bocado constrangedor. Levy está muito bem, mas Fernandez tem uma atuação isenta de sentimentos, está mal, parece alguém incapaz de expressar as emoções conflitantes que diz estar vivendo. Fora isso, eles comentam que adoravam aquele lugar, fica claro que eles já estiveram na cabana algumas vezes, fato que traz à tona contradições.

Se eles iam para lá desde a infância, como não notaram que tinha todo um andar embaixo do térreo? Até poderia ter ocorrido um culto na ausência deles, mas os dois não terem qualquer noção de quem passou por ali e o que fizeram no lugar não tem qualquer sentido.

Na verdade, não fica nem claro se o epílogo ocorreu há muito ou pouco tempo. A introdução pode ter ocorrido até antes dos dois frequentarem o lugar, talvez até antes dos dois terem nascido. Como essa introdução é despropositada, é bom tratar como ela é, como algo subalterno, já que não atrapalha o entendimento da história.

O texto despista bem isso, levantando o luto mal digerido dos dois, que perderam a mãe recentemente como um evento do passado bem mais importante do que todo.

Visualmente o filme é bem-feito. A fotografia de Aaron Morton valoriza tons átonos, a paleta de cores é bastante baseada em tons amarronzados. Isso conversa bem com o estado depressivo e carente de Mia, combina com a condição destruída mental e sentimental dela.

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Mia teve problemas graves na ausência do irmão, no auge de suas crises ela teve um surto e ficou desacordada, foi dada como morta. Isso além de causar espanto em David, também ajuda a propor ideias na cabeça do sujeito e como ela passou pela morte, fez o irmão acreditar que ela poderia ser suscetível ao mundo espiritual. Pode explicar seu retorno no final, junto a gambiarra que seu irmão fez.

As reações da personagem são nervosas e descontroladas, principalmente quando cai a noite. Mia tem ataques nervosos, treme, grita e diz sentir um cheiro de podre.

As pessoas ali acham que ela está fingindo apenas, mas o velho cachorro (sim, eles levam o pet Vovô para a cabana) acha o compartimento de baixo, escondido por um tapete que fica no meio do cômodo. Ao tirar o mesmo se percebe que a porta para baixo está suja de sangue.

Na parte baixa há corpos podres de animais, uma pilastra carbonizada e muito mal cheiro. Os meninos resolvem subir com um artefato lacrado, graças a curiosidade do amigo Eric. Para quem viu qualquer filme B já fica claro que aquilo se trata de um artefato com teor espiritual, ficando ainda mais claro que a ideia de trazer ele para cima é péssima.

Aparentemente Eric teve uma curiosidade mórbida pelo livro. Ele é movido por um ser espiritual, que o fez ficar tão obcecado que ele teve de ler as palavras amaldiçoadas, que invocam um espírito demoníaco, que prontamente ataca Mia.

Vale lembrar que na outra versão era mais difícil decifrar as falas do livro, tanto que é o play no gravador que invoca a criatura espiritual e não a simples leitura das escrituras. Aqui não há qualquer impeditivo, bastou uma pessoa curiosa ler as palavras, que sequer vinham em uma língua de impossível compreensão.

Pode ser que o diabo tenha alcançado Mia por ela ser a pessoa mais próxima da floresta no momento em que o ser vinha na direção da casa, mas há outra possibilidade mais fácil de explicar.

Em diversas mitologias que abordam temas de possessão se aponta pessoas vulneráveis emocionalmente como vítimas potenciais mais fáceis de manipular por criaturas malvadas. Não é incomum em igrejas cristãs ver a afirmação de que vício em drogas ou em bebidas abre brechas para a ação diabólica e com certeza esse conjunto de regras foi levado em consideração nesse texto.

A abstinência de Mia também é a medida certa para justificar a incredulidade dos personagens diante dos relatos que ela propõe, ainda mais pelo fato de que depois de ter contato com do demônio, suas reclamações pioram.

Uma pessoa cujo corpo exige o uso de substâncias tóxicas é natural mentir e criar subterfúgios, inclusive apelando ao fato de que algo maligno cerca ela e a todos.

A Morte do Demônio: O remake sangrento e agressivo que Fede Alvarez concebeu

O filme não faz questão de desambiguar o se aquele é um caso de possessão ou apenas estado alterado da mente. De fato, não se o sofrimento é real ou apenas algo da cabeça da moça, fato é que as cenas são ótimas, especialmente quando ela encara uma versão maligna dela mesma se aproximando, de maneira agachada, como um predador prestes a atacar a presa.

O que mais uma vez causou polêmica foi a sequência de violação sexual, repetida em atenção ao original de Raimi. Como a cena do estupro se 1981 já foi bastante controversa, não precisaria repetir aqui e o máximo de "aplacar" que há neste trecho, é que há uma dubiedade de essa sequência foi real ou apenas fruto da imaginação dela.

A trilha sonora incidental é bem invasiva e a música de Roque Baños indica quando o espectador deve se assustar e se amedrontar. É fato que isso manipula o público, mas não é excessivo, tampouco gratuito, não é um apelo tão agressivo quanto o visto na filmografia do diretor malaio James Wan e no Invocação do Mal que também foi lançado nesse 2013.

Mesmo que os personagens não acreditem no sobrenatural, há problemas difíceis de ignorar ali, como a morte do cão e uma tentativa de suicídio no meio de uma cena onde Mia toma banho.

Ela aumenta a temperatura da água deliberadamente, o aquecedor entra em combustão e sua pele queima, estouram bolhas no rosto, queimaduras de segundo e terceiro grau.

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Alvarez filma muito bem, sabe usar as perspectivas diante das câmeras, valorizando os cenários mais fechados, colocando em os personagens em tela de uma forma que parecem menores do que são realmente. Dessa forma, a lente alude a quão pequenos são os jovens diante da ação monstruosa.

Quando David tenta levar sua irmã para ser tratada - vale lembrar que um dos carros ela derrubou no pântano, mas isso sequer é mencionado como um problema - a chuva fez inundar o lago, impedindo a saída. Estavam ilhados, com uma suicida que necessitava de cuidados, desesperados graças ao pânico instaurado ali.

A partir do minuto 30 o quadro piora. Vira um frenesi, com Mia possuída variando entre nojeiras de automutilação, vômito de sangue e tripas, uso de uma escopeta que nenhum personagem parecia saber que estava na casa e ataques violentos entre os personagens.

A crença de que a personagem está tendo um ataque de pânico é compartilhada por todo, menos por Eric que acredita que ela pode estar tomada por um ser infernal. Há muitos sustos e versões maléficas dos personagens, que em suma, buscam causar neles desejos de morrer, que se manifestam com machucados auto executados e tentativas de suicídio.

Quando uma entidade toma o corpo de Olivia o que se percebe é uma sequência de momentos amedrontadores e violentos. Até mesmo a parte que pode ser encarada como cômica é agressiva. Lucas se entrega bastante, conseguindo protagonizar cenas mais violentas e gráficas até que as de Levy, como quando ela corta a própria bochecha e mutila seu amigo de infância com vidros e pregos.

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Há muito sangue e um trabalho muito esmerado dos setores de maquiagem e efeitos práticos. Tanto a maquiagem protética de Roger Murray quando no design de maquiagens e cabelos de Jane O'Kane o que se vê é um primor visual.

O que incomoda na caracterização é que a voz distorcida dos possessos poderia perfeitamente ser menos cretina.

Isso é aplacado de certa forma com a ironia com que alguns momentos são conduzidos. A interação de Mia com a sua cunhada por exemplo é bizarra, porque envolve o uso de um estilete, muito sangue jorrado e um beijo forçado. A sequência é gritante e nojenta, não só pela intimidade, mas também pelo uso de sangue, gore e vísceras.

Há alguns elementos bobos, como o fato de que as iniciais do quinteto formam a palavra Demon. Esse é um fator que faz perguntar se o filme tivesse menos personagens, o impacto não seria maior, já que Natalie por exemplo, não tem muita caracterização.

Ainda assim, ela tem uma participação agressiva e explícita, protagonizando uma das cenas mais violentas, onde serra com uma faca elétrica o braço que gangrenava, depois do contato com o Demônio.

Esse trecho ainda fica mais tenso pelo fato de Mia ficar repetindo rapidamente para ela não fazer isso, coma voz de possuída em um volume agudo e alto, quase provocando sua cunhada através da psicologia reversa.

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Isso causou no público a sensação de que haveriam cenas com uma "mão viva", que poderia atacar os sobreviventes, mas isso não se concretiza, visto que seria cômico demais para essa versão mais séria da história.

O filme guarda várias surpresas, como o receio do pretenso protagonista de que sua irmã pudesse ter herdado da mãe a insanidade. Curiosamente esse fato só é revelado em um momento limite, quando o amigo que leu os escritos místicos avisa a ele que deve matar a irmã, esquartejada, queimada ou enterrada viva, para encerrar a maldição.

David acredita na possibilidade de ela estar sofrendo com estados alterados da mente e não tomada pelo diabo.

De qualquer forma seria um drama agressivo lidar com qualquer das possibilidades, mas o roteiro trata de refutar a negação dele, colocando sua namorada possuída, atacando Eric com uma pistola de pregos logo depois dele verbalizar sua dúvida.

Se David é (supostamente) a nova versão de Ash, certamente é bem menos preparado que a contraparte de Campbell. Logo fica claro que o herói da jornada não é ele, mas enquanto ele é o foco das atenções a tensão segue crescendo, assim como violência enorme.

Curiosamente a Sony pediu uma versão mais branda, com o corte do cinema chegando a 91 minutos. A versão estendida tem 96 minutos e é mais violenta, tem uma introdução desnecessariamente mais longa e um desfecho diferente. Fato é que ambas as versões são bastante pautadas na violência e no gore.

Se Fernandez não tem nem de longe a personalidade divertida e canastrona de Campbell, ao menos ele é inventivo e insano ao ponto de improvisar com a bateria do carro um desfibrilador cardíaco, movido pelo desespero e pelo receio de perder o que lhe restou de família.

Tem o brilhante plano de dopar Mia, mesmo com ela sendo possuída por espírito secular, para enterrar ela viva, esperar morrer para tentar reanimar a moça. O plano é tão tolo que a cena imediatamente após ele começar a colocar a coisa em prática é um ataque da possuída, que o joga para o alto como se fosse um brinquedo, um boneco de pano. Ele só sobrevive graças a um último ato de seu amigo, que o salva pouco antes dele mesmo morrer.

Curioso é que Eric pediu para que David o matasse, porque não queria se tornar um Deadite - termo popular que designa são os mortos-vivos possuídos presentes nos filmes anteriores da franquia - mas ele não respeita esse desejo, fato que o assombraria, já que era fato que ele voltaria como morto vivo.

Um ponto amedrontador, e que quase se torna cômico, é o modo que os possuídos tentam manipular os vivos, apelando para o lado sentimental dos mesmos. É covarde e até um pouco engraçado em certos pontos.

David se sacrifica, mas parece que não foi o bastante. O espírito maligno já foi invocado, não fica claro se ele atingiu um número esperados de vítimas, fato é que Mia se torna a garota final e mesmo assim ainda tem que cometer sacrifícios perto do desfecho.

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Filmar na Nova Zelândia possivelmente contaminou o texto de Alvarez e Sayagues, já que eles têm dificuldade em acabar a trama, seja na versão de cinema ou na estendida, tal qual ocorreu com Peter Jackson e em sua trilogia O Senhor dos Anéis.

Além de ter uma bela chuva de sangue - que parece ser a manifestação agressiva do acordo do livro da morte com uma entidade - há um confronto das partes malignas e benignas de Mia, além de uma fuga dela pela estrada e uma gravação que do professor Professor Knowby de Bob Dorian, durante os créditos, explicando as forças sombrias oriundas da floresta, além de falar das possessões.

Na versão maior, Mia adentra a estrada e é socorrida por um sujeito que lhe dá carona. Ela desperta do cochilo com os olhos azuis, e não como um olhar amarelado, como quando estava capturada pelo diabo.

Mia comete sacrifícios, não só ligados a perda de seus amigos e familiares, mas também de partes de seu corpo. Levy não parece ter pudores em lidar com as escatologias que o diretor propõe, tanto que está em O Homem das Sombras, outra criação da dupla de uruguaios.

A Morte do Demônio é uma bela versão do clássico, mais séria, direta e agressiva e mesmo que seu realizador queira que ele faça parte do universo dos filmes clássicos, é melhor que ele se localize em uma linha alternativa, visto que tem personalidade e funciona bem como uma versão mais desesperadora e violenta da mitologia Evil Dead.

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