O Massacre da Serra Elétrica : A obra prima de Hooper e a inauguração de um estilo

O Massacre da Serra Elétrica : A obra prima de Hooper e a inauguração de um estilo

O Massacre da Serra Elétrica é inegavelmente um clássico do cinema no geral. Libelo da produção de filmes independentes, é um marco não só do cinema B e de horror, mas também por romper com o clichê do cinema comercial de que é preciso muito orçamento para fazer uma obra de sucesso e de impacto.

É louvado e não à toa, rompendo até com o costumeiro desprezo que boa parte de crítica e público em geral tem com cinema de terror. Obra dirigida e idealizada por Tobe Hooper completa o seu jubileu (50 anos) nesse outubro já que foi lançado nesse mesmo mês, no ano de 1974 e é uma obra que ajudou a ditar as regras do cinema slasher, que seriam solidificados em Halloween: A Noite do Terror quatro anos depois.

Para muitos esse foi o primeiro slasher movie de fato, embora isso seja algo absolutamente discutível.

O que se entende por Filme de Matança – pegando emprestado o termo que o estudioso e especialista em filmes B brasileiro Carlos Primati utiliza – tem suas bases nos sessentistas Psicose de Alfred Hitchcock e A Tortura do Medo (Peeping Tom) de Michael Powell, que eram obras mais classudas, bem mais econômicas no quesito sangue e splatter.

Também entra nesse bojo o cinema italiano e o Giallo, especialmente com trinca pioneira de Olhos Diabólicos e Seis Mulheres Para o Assassino, do mestre Mario Bava e O Pássaro das Plumas de Cristal de Dario Argento.

No entanto a métrica dos slashers não é igual aos filmes dos anos 1960 citados, além de serem mais secos, sujos e menos coloridos que os gialli. Nesse ponto, lembram mais esse O Massacre da Serra Elétrica, com estética mais crua e violência mais direta, com uma origem baseada no cinema da América do Norte, tirada especialmente de Black Christmas: A Noite do Terror e muito desse filme de Hooper.

Entre os dois "tipos" há a semelhança de colocar sempre mulheres em perigo, com antagonistas que claramente são doentes mentais que puniam pessoas batem de frente com um moralismo exacerbado e conservador, já que praticam sexo ou se drogando, além de ter como sobrevivente uma rainha do grito (scream queen) ou uma garota final (final girl) que sobrevive contra todas as perspectivas e chances irreais disso acontecer.

Os dois desembocariam nos também clássicos Halloween: A Noite do Terror de John Carpenter e em sua cópia descarada Sexta-Feira 13 de Sean S. Cunningham.

O Massacre da Serra Elétrica : A obra prima de Hooper e a inauguração de um estilo

Para além da ligação com outras obras e do pioneirismo, o filme de Hooper tem suas particularidades.

Aqui é mostrado um Texas melancólico, depressivo e nojento, habitado por gente tão caricaturalmente ruim e malvada que chega a parecer um universo fantástico, particularmente nesse ponto, já que todo o resto é duramente realista e doentio.

A trama tem o protagonismo dividido entre duas famílias: os Hardesty, que tem um lastro no lugar, que habitava aquele Texas duas gerações antes, mas que aqui aparecem apenas dois irmãos adolescentes, que são netos do velho Franklin, além da família canibal e doente, que se esconde nas casas de mato alto no interior texano, que são chamados nos filmes futuros de Sawyear e que aqui tem apenas uma parcela aparecendo, em um formato completamente capenga e disfuncional.

O roteiro e argumento é escrito por Kim Henkel e Hooper, que também foi o produtor do longa, mostrando assim o nível de dedicação a suas obra, já que faz a trinca direção, texto e produção. O produtor executivo foi Jay Parsley, enquanto os produtores associados são Kim Henkel e Richard Saenz.

Da parte técnica, se destaca o cinematógrafo iniciante Daniel Pearl, que ficaria famoso depois.

O diretor de fotografia contou que Hooper idealizou uma manobra para assustar o público, colocando algo em um lado do quadro, para depois mostrar com uma surpresa, no outro lado da imagem.

Para isso, contou com a ajuda dos montadores Larry Carroll e Sallye Richardson, que cortavam um pequeno número de quadros das cenas prévias a ações violentas, pegando o espectador desprevenido, já que eles estavam condicionados a um ritmo lento que ficava mais rápidos e intensos em momentos específicos e cruciais.

Aqui quase não há trilha sonora. Se usa normalmente sons de animais em um matadouro e algumas músicas com direitos autorais que conseguiram. Essa foram organizadas pelo diretor e por Wayne Bell.

Há muitas comparações do drama dos personagens da família canibal com Ed Gein e sobre a figura desse criminoso talvez valha a pena até um artigo destacado, separado e é fato que ele foi uma inspiração especialmente para a composição de Leatherface, mas há de se destacar que, até onde se sabe, Gein não era um serial killer.

A essência da inspiração se vê na descrição que os roteiristas deram para Gunnar Hansen - que seria o interprete do principal vilão - dizendo que essa seria como uma família cheia de iguais ao famoso canibal da área onde Hooper cresceu.

A família do diretor morava não muito longe de onde Gein "atuou" e em sua comunidade era comum contar as histórias do assassino quando ele era criança. Tobe dizia se lembrar desses contos, mas não sabia dizer o nome de quem cometeu esses crimes.

Somente alguns anos depois de ter feito o filme é que ele “descobriu” que era baseado nos crimes do necrófilo Ed Gein que, até onde se sabe, matou duas mulheres, se tornou um ladrão de túmulos, tendo roubado partes de corpos de mulheres também.

Ele guardou algumas peças na geladeira, esfolou um cadáver, usou a pele como vestido e foram encontrados em sua casa móveis feitos de órgãos e ossos. Esses aspectos são vistos em vários dos cenários da casa.

Os roteiristas escreviam páginas do script de modo separado e se reuniam para juntar as ideias. Quando estavam juntos, tentavam adicionar uma parcela de humor negro, fato que não foi digerido dessa forma para o público em geral, embora fique claro que existe ali. Essa não digestão do público da parte cômica desse roteiro foi um dos fatores que fez Hooper fazer do seu O Massacre da Serra Elétrica 2 um texto muito mais uma comédia do que um filme de terror, embora essa guinada claramente não seja "só" por isso.

O filme chegou aos cinemas em outubro, nos Estados Unidos. Em Austin, no Texas estreou no dia primeiro, um ano após o término das filmagens. No resto do país chegou no dia 11. Na Grécia estreou no dia 15, já no Canadá chegou em novembro. Na Itália chegou apena em junho de 1975 enquanto no Brasil chegou em agosto de 1987, graças a problemas com a censura.

Esse é um dos vários filmes chamados cine drive-in da década de 1970 que foram apresentados como histórias verdadeiras como The Legend of Boggy Creek de 1972, Com as Próprias Mãos lançado em 1973, No Limiar do Ódio de 1974 e em 1976 tiveram Jackson County Jail e Pânico ao Anoitecer (esse último serviu de inspiração para Sexta-Feira 13, Parte 2) e é de fato inspirado em um caso real, do assassino conhecido como Phantom Killer que atacou em Texarkana, Texas, em 1946.

O nome O Massacre da Serra Elétrica é obviamente um erro de tradução, afinal, a serra que Leatherface usa é com motor e não movida a eletricidade, mas reclamar disso atualmente é apenas tolice. A marca no Brasil já é conhecida assim, traduzir de outra forma só atrapalha a identificação da saga.

O título original seria Leatherface. Segundo Gunnar Hansen, se esse fosse de fato o nome do filme, ele chegaria ao estrelato muito facilmente, dado o sucesso estrondoso do filme.

Sobre o nome, Pearl mencionou a preocupação que teve quando Hooper avisou que eles estavam mudando o título para The Texas Chain Saw Massacre, já que achava o nome derivativo. Outras opções seriam ainda piores aos olhos do cinematógrafo, como o terrível nome Headcheese. Também se pensou em Saturn in Retrograde, Stalking Leatherface.

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Na Argentina se chama El Loco de la Motosierra: La Masacre de Texas, na França é Massacre à la tronçonneuse, na Alemanha é Blutgericht in Texas. Na Itália é Non aprite quella porta, enquanto em Portugal é Massacre no Texas.

As gravações ocorreram entre julho e agosto de 1973, em um cronograma de filmagem programado para de duas semanas, mas que foi descumprido e prorrogado para quatro.

A equipe de produção trabalhava muito, sete dias por semana, 16 horas por dia em um calor absurdo, já que era um verão dos mais intensas do Texas, onde a temperatura diurna era superior a 37 graus, oscilando para 26 graus celsius.

Filmaram em Austin, San Marcos, também em Bastrop, especificamente em Bilbo's Texas Landmark - 1073 State Highway 304, nas cenas do BBQ Shack e o posto de gasolina.

Também filmaram em Round Rock no Hester's Crossing Road and Co Road 172, que era o cenário da casa do avô Hardesty e La Frontera onde fica a fazenda da família canibal. Gravaram também em Watterson, Leander, no Bagdad Cemetery - Bagdad Road, justamente na cena do cemitério e em Kingsland em 1010 King Court,

Desde o lançamento do filme, o local usado como casa da família mudou completamente. Atualmente o terreno é um campo aberto, sem nenhuma indicação de que alguma vez existiu uma casa como a vista no filme. A propriedade foi revitalizada, totalmente restaurada, parece outro lugar completamente diferente.

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A casa atual, em Roud Rock

Esse é um filme independente, feito pelo estúdio Vortex, que era uma junção da Henkel/Hooper Production. A distribuição foi bastante conturbada, houve uma tentativa de vender cotas, para viabilizar algum orçamento para o filme.

A Bryanston Distribution Company era conhecida por distribuir filmes adultos como Garganta Profunda e o softcore Garanhão Italiano (que tinha Sylvester Stallone no elenco) além de obras estrangeiras como O Voo do Dragão com Bruce e Carne Para Frankenstein com Udo Kier.

Além de ter sido a distribuidora do filme. Fora os citados, eles também lançaram o longa de estreia de John Carpenter, a comédia sci-fi Dark Star, The Devil's Rain e That's the Way of the World,

Durante o lançamento desse O Massacre da Serra Elétrica, se descobriu que a empresa prestava serviços para a Máfia, era operada por Louis "Butchie" Peraino, ou Lou Peraino, que usou o filme esse para lavar os lucros que obteve em outras obras.

Havia a suspeita de que a distribuição de filmes de terror e pornográficos eram feitas para lavar dinheiro de ações da Máfia, mas Peraino foi enquadrado por pornografia. Os inquéritos davam conta de que ele quis justificar os lucros com Garganta Profunda através da produtora.

A equipe de filmagem recebeu dinheiro suficiente para reembolsar os investidores e pagar ao elenco e à equipe técnica por módicos US$ 405 para cada integrante. Anos mais tarde, os produtores descobriram que Peraino havia mentido para eles sobre os lucros.

Os envolvidos entraram na justiça e tiveram dificuldade de cobrar o dinheiro, devido a outro problema com o produtor, já que Butchie foi preso sob acusação de obscenidade, obviamente pela veiculação de Garganta Profunda como se fosse um filme comum e não pornográfico. Elenco e a equipe entraram com uma ação contra ele e receberam US$ 25 mil cada.

A New Line Cinema, obteve os direitos do filme da massa falida da Bryanston, então pagou o elenco e a equipe técnica como parte do contrato de compra.

A distribuição foi via Astral Films no Canadá e na Itália foi via New Gold Entertainment.

Há um grande debate sobre onde exatamente o filme se passa. O roteiro original afirma que o filme ocorre no condado de Walker, perto de Huntsville, onde ficava a prisão do corredor da morte no Texas, embora isso nunca seja mencionado.

O Old Man (Jim Seadow) diz que o telefone mais próximo fica em Childress, uma pequena cidade no norte do Texas, a poucos quilômetros ao sul da fronteira com Oklahoma.

O Massacre da Serra Elétrica 2 se passa em Burkburnett, exatamente ao sul da fronteira com Oklahoma e a apenas 40 milhas de Childress, o que combina com a afirmação do personagem. É dado também que a parte dois não ocorre no mesmo local que a parte um.

Em O Massacre da Serra Elétrica 3D: A Lenda Continua, que é uma sequência direta deste filme, se afirma que a cidade mais próxima é Newt, que situa o cenário no leste do Texas, enquanto O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface (outra sequência direta) afirma que o filme se passa no oeste do Texas, perto da cidade de Fort Davis.

Hooper hoje é finado, antes desse fez o longa Eggshells em 1971. Entre sua obras mais conhecidas estão Devorado Vivo, a minissérie Os Vampiros de Salém, Pague Para Entrar, Reze Para Sair, Venom e Poltergeist: O Fenômeno.

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Além desses conduziu também Força Sinistra, O Massacre da Serra Elétrica 2, episódios de A Hora do Pesadelo: O Terror de Freddy Krueger e Contos da Cripta.

A exceção de Poltergeist sua carreira sempre foi ligada a produções de baixo orçamento para cinema ou filmes feitos para TV e vídeo. Seus últimos trabalhos foram Mortuária, episódios em Mestres do Terror, Destiny Express Redux e Djinn.

Ele foi coprodutor em O Massacre da Serra Elétrica de 2003, produtor no curta The Heisters e O Massacre da Serra Elétrica: O Início. Foi produtor executivo em Toolbox Murders: As It Was, O Massacre da Serra Elétrica 3D: A Lenda Continua e Massacre no Texas.

Henkel escreveu também Devorado Vivo e o argumento de O Mistério do Invisível e Butcher Boys. Ele dirigiu e produziu O Massacre da Serra Eletrica o Retorno, foi coprodutor do remake de 2003, produtor em O Massacre da Serra Elétrica: O Início e O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface. Foi produtor executivo em O Massacre da Serra Elétrica 3D: A Lenda Continua e Massacre no Texas.

Richard Saenz e Jay Parsley trabalharam somente nesse filme, já Daniel Pearl tem mais de 300 créditos, entre filmes e clipes musicais, ele começou como diretor de fotografia nesse, depois fez muitos materiais para música.

No cinema, entregou O Jovem Lobisomem, Os Vampiros de Salem, O Retorno, As Amazonas na Lua e Ilusão Fatal. Trabalhou no departamento de câmera de filmes como A Volta do Monstro, O Carro Sinistro, Pague Para Entrar, Reze Para Sair, Q- A Serpente Alada e Dublê de Corpo, foi cinematógrafo no remake de O Massacre da Serra Elétrica e O Boneco do Mal e dirigiu clipes de Mariah Carey como Honey (Bad Boy Remix) e Butterfly.

Sobre o elenco, é sabido que Paul Partain e Marilyn Burns, que interpretavam irmãos, não gostavam um do outro, muitas de suas brigas no filme são genuínas.

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Partain era ator do método e como seu personagem era alguém insuportavelmente infantil, ele agiu dessa forma o tempo inteiro, fazendo com que boa parte das pessoas o odiassem nos bastidores. Nem Hooper sabia que ele estava interpretando nos bastidores. Só foi descobrir isso anos depois, entendendo enfim o motivo de tantas confusões que ocorreram no set.

Sobre participações de gente do elenco, vale destacar que em O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno vários membros do elenco fizeram aparições, como Hansen, John Dugan (que aqui fez o vovô) além de Partain, Burns. Outra "reunião" de gente do elenco foi em Butcher Boys, filme B escrito por Henkel, que reuniu Teri McMinn, Dugan e Burns. Massacre da Serra Elétrica 3D: A Lenda Continua também tem aparições de Dugan, Burns, Henkel.

Uma foto tirada por um repórter alemão que visitava a gravação, durante as filmagens acabou ficando famosa.

A imagem era na verdade uma piada, revelava a família posando do lado de fora da casa e acabou se tornando o cartaz publicitário do primeiro lançamento do filme na Alemanha Ocidental, ficando tão icônico que foi usado para um lançamento em Blu-ray 4K Ultra HD de 2022 na Alemanha.

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Jim Siedow já tinha trabalhado com Hooper, foi seu colega de elenco em The Windsplitter, depois o telefilme Red Alert, Ligação Direta, O Massacre da Serra Elétrica 2, além de estar no episódio de Amazing Stories, chamado Miss Stardust, que também tem direção de Tobe Hooper

Edwin Neal fez A Violência do Futuro (que ele trabalhou na escrita e na produção) também Namorado Gelado, Coração Quente!, Estripador de Las Vegas,, Terra de Violência e Cannibal Comedian.

Ele, desenvolveria uma carreira como dublador de animes e games como em A Lâmina do Mestre Fantasma, Satan's Playground, Metroid Prime 3: Corruption, Love Lost in a BoatDC Universe Online e Gusukô Budori no denki.

John Dugan fez o avô da família. Fora os filmes já citados, trabalhou no polêmico The Hospital, que é um dos muitos filmes que explora estupro como fonte do horror.

Gunnar Hansen fez The Demon Lover, O Massacre da Serra Elétrica 3: O Massacre Final - que, vale lembrar, não é parte da saga, se chama Hollywood Chainsaw Hookers - Campfire Tales, Mosquito, Freakshow, Chainsaw Sally, O Estripador de Las Vegas e Gimme Skelter.

Hansen foi fazer o teste sem saber do que se tratava. Seu primeiro contato com o filme envolveu um encontro com Pearl e Hooper, momento esse em que o diretor descreveu o seu personagem em detalhes.

Com o avanço das conversas, ele perguntou se Hansen era violento ou louco. Hansen obviamente respondeu que não, o cineasta então fez uma pausa dramática, para perguntar se ele aceitaria o papel e ele aceitou, convencido mais graças a sugestão de Marilyn Burns, que era sua amiga do que por esse encontra com Tobe.

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Hooper assumiu que quis contratá-lo assim que o viu. Esse aliás foi um dos poucos filmes em que ator aceitou retirar a barba.

Marilyn Burns esteve em Voar é Com os Pássaros, Quando as Águias Se Encontram, Devorado Vivo, Kiss Daddy Goodnight, Escape from El Diablo e A Violência do Futuro.

Paul A. Partain fez Lovin' Molly de Sidney Lumet, Corrida com o Diabo, A Outra Face da Violência, Burying Lana e A Vida de David Gale.

Gunnar Hansen disse que, durante as filmagens, não se deu muito bem com Partain. O dublê disse que o ator não fazia nada além de reclamar o dia todo, mesmo fora das câmeras, até torcia para matar o personagem de Franklin.

Alguns anos depois, ele reencontrou o sujeito e percebeu que o comportamento desagradável era parte de sua atuação, então eles se desculparam e permaneceram bons amigos até a morte de Partain.

Tobe Hooper permitiu que Hansen desenvolvesse Leatherface como bem entendesse, claro, sob sua supervisão. Decidiu então que Leatherface era deficiente mental e nunca aprendeu a falar direito, então ele foi para uma escola para pessoas com necessidades especiais e observou como eles se moviam e os ouviu falar para sentir o personagem.

Ele também tentou o seu melhor para tornar sua representação a mais chocante e menos ofensiva possível, especialmente para não magoar pessoas neurodivergentes.

Esse foi o filme independente de maior bilheteria até que Halloween fosse lançado. Surpreendentemente, essa é uma obra do cinema B menos sangrentas entre os filmes proibidos e retalhados.

Rumores indicavam que Hooper pretendia fazer o filme com classificação baixa "PG", que comporta crianças e adolescentes, mantendo a violência moderada, a linguagem moderada, excluindo totalmente a nudez e tendo a maior parte do terror implícita fora da tela.

De fato, pouco se mostra detalhes das crueldades, mas esse artifício não adiantou de nada, já que a condição crua das filmagens, imitando documentário, fizeram como que o longa parecesse real demais, sendo assim mais horripilante ainda para o Conselho de Classificação, que insistiu em uma classificação “X”.

Em 2023, no festival It Came From Texas, Kim Henkel desmentiu o boato de que se mirava o PG, insistindo que Tobe nunca pretendeu que o filme recebesse essa classificação. Segundo ele a intenção sempre foi receber uma classificação “R” e Tobe trabalhou em estreita colaboração com a MPAA para atingir esse objetivo, mas também não conseguiu.

Daniel Pearl indicou o contrário disso. Segundo ele, ouviu uma pessoa Hooper reclamando que quase não havia sangue no filme, para alguém da produção. Ou algum dos dois está mentindo ou a fala do diretor ouvida pelo cinematógrafo era irônica uma ironia, ou reclamação. Como Hooper não está mais vivo, pode-se pensar também que ele falou duas coisas distintas a Henkel e Pearl.

O filme foi rejeitado pelos censores britânicos em 1975, teve um lançamento limitado no cinema na área de Londres, graças ao GLC, o Greater London Council e foi banido novamente em 1977, quando as tentativas dos censores de cortá-lo não tiveram sucesso.

Tentaram lançar em 1984, devido à crescente polêmica envolvendo videos nasty, mas foi banido outra vez. Em 1999, depois de os censores finalmente terem mudado a sua política, eles arriscaram e aprovaram-na sem cortes para o cinema e para vídeo.

O filme foi proibido na Finlândia, mas depois de 25 anos foi lançado sem cortes, não foi lançado na Austrália e Nova Zelândia até o início dos anos 1980, e só foi lançado no formato Super 8 na Nova Zelândia até meados dos anos 90.

Este filme teve uma “relação” longa e conturbada com a lei alemã. A versão cinema teve a classificação negada na Alemanha Ocidental, portanto, foi lançado com cortes. Em 1982, foi incluído no índice de mídia que coloca a juventude em risco. Depois, em 1985, foi proibido pelo tribunal distrital de Munique e todas as cópias existentes foram confiscadas. Ao longo dos anos, o filme foi lançado em VHS e DVD em diversas versões, a maioria cortadas.

Desde abril de 2008 se tenta revogar a proibição e retirar o filme do índice e em 2011, o tribunal distrital de Frankfurt e Main aboliu a proibição, foi a primeira vez na Alemanha que tal tentativa foi bem-sucedida, fazendo história no sistema judiciário.

Especialistas em cinema B comparam esse com The Gruesome Twosome, de Herschell Gordon Lewis, lançado em 1967, chamam até de plágio. Ambos têm a ver com uma família que ataca adolescentes, usando uma loja ou serviço como meio de obter vítimas, que eles matam e usam partes de seus corpos. Este mesmo conceito foi usado no conto de fadas João e Maria e obras como Sweeney Todd.

A narrativa começa com a famosa introdução mentirosa, que afirma que o caso que ocorreu é baseado em um evento real, é narrada por John Larroquette. Tobe Hooper queria que a narração de abertura soasse como Orson Welles, mas, segundo Hooper, ele não conseguiu. O pagamento que narrador recebeu (supostamente) foi com um baseado de maconha.

Apenas ele e Hooper tiveram carreiras cinematográficas lucrativas e de sucesso.

Existe uma série de lendas urbanas que tentam explicar qual foi o real massacre no Texas que inspirou Hooper e Henk. Uma delas dá conta de um evento na pequena cidade de Poth, de cerca de 38 milhas a sudeste de San Antonio, mas obviamente não foi o caso.

Como o filme foi rodado até o fim de agosto de 73, não haveria como ele ter se inspirado em algo que ocorreu justamente no agosto citado, seria impossível fazer um filme baseado em acontecimentos tão contemporâneos.

No entanto, Hansen recebeu pessoas que afirmavam ter certeza absoluta de que o filme é baseado em uma história verdadeira, mencionou que encontrou gente que afirmava conhecer o verdadeiro Leatherface. Claramente era gente querendo atenção ou publicidade em torno de si, ou vítimas da ilusão conhecida como Efeito Mandela.

Depois do tal um aviso, se ouve um barulho de gente gemendo, uma tela preta, que é interrompida por flashs de estranhas cenas.

Aparecem partes de corpos, restos mortais, bocas, mãos, unhas. Quando a imagem abre, aparecem dois corpos expostos e empilhados, em um cemitério esquisito.

O Massacre da Serra Elétrica : A obra prima de Hooper e a inauguração de um estilo

Depois dos créditos, a câmera exibe um tatu morto, caído no chão de cabeça para baixo, que chama a atenção por ser um artigo que dificilmente estaria em qualquer outro cenário que não no Texas. O animal foi escolhido justamente para chamar atenção e demarcar diferença.

No mato aparece uma van Ford Club Wagon [E-100] 1972. Ela abre, sai um rapaz, que coloca duas tábuas de madeira, para que outro desça. O primeiro é Kirk e o segundo é o cadeirante Franklin.

A produção foi tão barata que se economizou até no material de cena. O carro pertencia a Ted Nicolaou, o futuro diretor de Subspecies: A Geração Vamp, que trabalhou como gravador de som no filme.

Daniel Pearl menciona que tiveram que escolher entre duas vans, uma seria usada no filme, com os personagens conduzindo e a outra seria o lugar onde guardariam os equipamentos. Obviamente, o menor dos dois foi usado para transporte.

A motosserra utilizada foi emprestada do produtor Richard Saenz, que deu instruções específicas para que ela fosse devolvida em condições de funcionamento. O modelo era uma Poulan 245A, com um pedaço de fita preta cobrindo o logotipo da marca para evitar um possível processo judicial.

Eles tiraram a embreagem, para facilitar o transito de Gunnar Hansen, que teve que manobrar ele em diversas ocasiões para evitar que os atores se machucassem.

Um carro passa e assusta Kirk e Franklin, um cai e outro é derrubado barranco a baixo. Apesar do susto, não aconteceu nada. O grupo de jovens são Marilyn Burns como Sally Hardesty, Allen Danziger como Jerry, o namorado da primeira, além de Partain como Franklin, William Vail como Kirk, e Pam, a menina jovem, bonita e crédula em astrologia que é feita por Teri McMinn.

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Allen Danziger era próximo do diretor, fez Eggshells, também foi narrador em Cannibal Comedian e esteve em Storage Locker e The WeedHacker Massacre.

William Vail atuou pouco, esteve em Poltergeist: O Fenômeno e em Mausoléu. Passou a trabalhar em setores de aluguel de móveis e cenografia como em Glitch!, Armadilha Pessoal, Ninho de Cobras e Cavaleiros do Crepúsculo. Teri McMinn fez The Cellar e Butcher Boys.

Sally, a mais bonita das meninas, foi até o Texas para verificar o túmulo do avô, fato que faz lembrar parte da trama inicial de A Noite dos Mortos-Vivos de George A. Romero.

Ninguém é capaz de precisar onde está o corpo do idoso, empurram entre si a responsabilidade de falar sobre isso. Há movimentos estranhos na ação dos moradores locais, um certo desprezo a forasteiros.

Um deles - o que é interpretado por Joe Bill Hogan - comete o ato falho de assumir que coisas estranhas ocorrem nas redondezas, mas ninguém fala sobre. Parece um protótipo do Crazy Ralph de Sexta-Feira 13, um caipira maligno, com crise de consciência.

Os viajantes sentem um cheiro forte, ao passar ao lado do antigo matadouro. Nesse ponto, Franklin mostra seus conhecimentos sobre como se mata gado, diz que ali era onde o avô Hardesty vendia cortes bovinos. Afirma que seu tio trabalha em um desses, perto de Fourt Worth, também no Texas, ou seja, a família Hardesty é do local e conhece bem a área.

Ele fala da forma de matar, com marretadas, quase nunca com um golpe só, parece ter prazer em falar sobre isso. Em meio a reclamações constantes de calor, também fala que atualmente, se usa uma pistola, que é uma forma mais rápida e limpa de dar cabo dos bois.

Enquanto eles rodam, aceitam dar carona a um o mochileiro, o personagem de Edwin Neal. Franklin é contra aceitar e ele é o dono da razão aqui. Curiosamente, ele deve ter sido ignorado por ser chato demais, mas a sua leitura foi a mais correta.

O cadeirante passa a chamar o rapaz de Drácula, graças ao fato dele ser esquisito. Em conversas amenas, o viajante diz que é contra o uso de armas para o abate bovino, por conta de tirar o emprego das pessoas.

Ele tem uma aparência singular, possui uma grande mancha no rosto - que aliás, não fica claro se é de nascença, se foi queimadura ou sangue pisado - também carrega uma câmera polaroid e uma bolsa de couro de bicho, onde guarda fotos dos animais que abateu.

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O rapaz não tem nome, não se apresenta e ninguém o chama por qualquer alcunha.

Nos filmes posteriores - Massacre no Texas - ele é chamado de Nubbins e se acredita que ele é irmão gêmeo de Chop Top, personagem, introduzido no segundo filme, interpretado por de Bill Moseley e que estava lutando no Vietnã. No carro, ele tenta interagir, mas enoja todos com as fotos dos bois e vacas mortos.

Os viajantes não conseguem esconder que se arrependeram da boa ação de ter oferecido carona, especialmente depois que ele mostra que possui uma navalha. Ele fotografa Franklin, exige dois dólares e ao ser recusado, faz um ato de rebeldia quase infantil, de acender pólvora em cima da foto, colocando em alumínio, para guardar em sua bolsa.

Depois disso corta Franklin e é enxotado do veículo. No lado de fora, chuta o carro, dá a língua...é um imbecil, que age tal qual uma criança, não ficando claro se ele faz isso por conta de algum retardo que o faz parecer infantil ou se ele está imitando Franklin, que age tal qual uma criança.

Neal disse que policiais estaduais do Texas agradeceram a ele por fazer com que o crime caísse em porcentagem, graças a sugestão do filme de não dar carona de forma alguma.

Os meninos também são toscos, enquanto Franklin chora - já reclamava o tempo todo, até antes de ser agredido, imagine agora, com motivos - Pam lê o horóscopo, rivalizando com o cadeirante sobre quem é mais inoportuno. Culpa o azar deles a eventos estelares, como o Saturno retrógado.

O grupo tenta abastecer, mas o gerente do local diz que está sem gasolina. O personagem de Jim Siedow, não parece se interessar muito pelas questões deles, ao menos até saber que eles procuram a casa do velho Franklin. Aqui se nota que o cadeirante carrega o nome do avô finado.

O homem oferece churrasco, segundo ele, o melhor da região, fato que seria importante mais para frente, além de ser referenciado no filme de 1986.

Ainda diz que eles não devem querer ficar em uma casa velha, ainda mais com garotas tão jovens.

Sobre esse cenário do posto, ele estava em vias de ser transformado em um acampamento de terror temático. O novo proprietário, Roy Rose, está em processo de encontrar e adquirir o máximo de peças de época originais ou contemporâneas para o resort.

Hooper filma as mulheres em ângulos que valorizam os seus dotes físicos, especialmente o traseiro de Pam e as pernas de Sally, mas não é tão revelador, até por conta da maneira crua que se filma. Se o modo de filmar é direto e sujo, o comportamento dos jovens é quase um contraponto a isso, já que todos são estranhos, frescos e reclamões.

Franklin murmura e faz caretas, vive em lamurias quase infantis, tanto que faz perguntar se não teriam escrito o personagem para ser muito mais novo, tão chato, irrita a todos inclusive o público, de um modo que os símbolos e objetos estranhos que encontra não surtem o efeito de alertar as pessoas. Como ele é dramático e reclamador, ninguém o leva a sério, tampouco consideram estranho os ossos decorados "artisticamente" espalhados pela casa velha, como se fossem enfeites comuns, colocados em uma casa em que ninguém vivia.

Isso denota que a família vizinha vigiava essa casa, considerando ela seu território.

Enquanto isso, os outros meninos são fúteis e só pensam em transar. Kirk e Pam saem para nadar, um eufemismo, claro, obviamente é uma desculpa esfarrapada, tanto que a câmera acompanha o caminho deles, escondida, como se fosse um voyeur tentando flagrar o sexo.

Kirk acha um gerador elétrico, também um esconderijo de carros, onde vários veículos estão sob uma rede que pouco esconde. A ideia para o exterior da casa era ter os carros semienterrados, alguns apenas com antenas saindo do chão, mas isso não pôde ser realizado devido ao orçamento.

Ao ver uma casa ali perto, resolve entrar, ignorando os sinais claros de que algo péssimo está perto, como o aviso do dono do posto, que disse para não entrar em lugares estranhos, assim como o dente que encontra na porta da frente ou as cabeças de animais que povoam uma das paredes internas.

Kirk avança tolamente, se aproxima da parede vermelha com cabeças de cervos, de repente surge um brutamontes que o acerta rápida e secamente com uma marreta enorme. Ele treme e convulsiona, semelhante a descrição de Franklin sobre como se abatem os animais do matadouro ao ser atingidos.

Hansen não se apresentou ao elenco até a hora de gravar, tudo para gerar uma sensação genuína de terror nos colegas.

Ele comentou que estava nervoso antes de filmar, tanto que bateu com muita força na cabeça de Vail e depois jogou-o de cabeça contra a parede atrás dele. O nome do seu personagem jamais é dito, se chama ele popularmente de Leatherface graças ao fato de usar uma máscara de pele de suas vítimas.

O grande sujeito fecha a porta com enorme agressividade.

Depois de um tempo, a namorada do rapaz resolve bisbilhotar. Ela sai do balanço, em uma cena muito elogiada

Daniel Pearl disse que as gravações foram bastante fiéis aos storyboards, no entanto, a cena sob o balanço, com a câmera acompanhando Pam do brinquedo até a porta da casa, em um ângulo por baixo foi criada no set.

O Massacre da Serra Elétrica : A obra prima de Hooper e a inauguração de um estilo

Ao entrar na casa, ela anda em outra direção, até entrar em um cômodo tropeçando no chão. Sua queda é aparada por penas, muitas penas. Ela ouve uma galinha cacarejar, até perceber que está dentro de uma gaiola, mas isso não é nem de longe o mais estranho no lugar, já que é mostrado em detalhes ossos espalhados, até um sofá, com crânios, tíbias.

Os cadáveres espalhados pela casa foram emprestados por um veterinário. Perto do final da produção, surgiu a questão de como se livrar dos corpos, Hooper se lembra de alguém empilhando-os, atrás da casa, para colocar fogo neles.

Ela vomita, tenta sair, mas não consegue, já que Leatherface aparece, anda até ela, com passos largos e a agarra quando ela estava quase fora da casa. A sensação é de que ele é portador de um mal inescapável.

Dentro da casa, ele pendura a menina em um gancho, enquanto liga sua motosserra, para fatiar carne, como bom açougueiro que é.

Como Hansen não enxergava quase nada com a máscara, ele se acidentou enquanto carregava a colega, desmaiando assim que bateu a cabeça no batente da porta de sua oficina. Hooper brincou que ele foi o melhor efeito sonoro possível de fazer.

McMinn também sofreu, conseguia ficar no máximo um minuto na disposição da cena, presa ao gancho de carne. Ela foi segurada por uma corda de náilon que passava entre suas pernas, acolchoada com Maxi-Pads. Apesar do preenchimento, ainda era bastante doloroso. Sua expressão de dor era real.

Sobre Leatherface, o cinematógrafo Daniel Pearl brincou que queria mostrar o rosto dele no filme, até disse que não conseguia se lembrar se eles filmaram uma cena com essa revelação, mas Hooper remendou, dizendo que o mais próximo que chegaram de mostrar o personagem foi quando ele se arrumou antes da cena do jantar.

Leatherface usava três máscaras diferentes: a "da Morte", "da Velha" e "da Mulher Bonita". Gunnar Hansen comentou: que as mudanças tinham a ver com a personalidade que ele buscava transmitir, quem ele queria ser naquele dia.

Quando Drayton chega em casa com Sally, Leatherface está usando a 'Máscara da Velha' está de avental e carregando uma colher de pau, quer prestativo na cozinha. No jantar ele usa uma cara diferente, a 'Mulher Bonita', que mira fazer o papel de uma mãe ou irmã, já que há apenas homens na mesa.

O Massacre da Serra Elétrica : A obra prima de Hooper e a inauguração de um estilo

A de "Mulher bonita" consiste em uma peruca feminina e um terno preto. Ele está mais arrumado em atenção a uma antiga tradição do sul profundo que vem de sua educação sulista. Ainda há a "Máscara da Morte", que é a última que ele usa, enquanto persegue e assassina cativos.

Os dentes dele eram próteses, feitas especialmente pelo dentista de Gunnar. Ele utilizava uma camisa para vestir durante todo o filme. A roupa não podia ser lavada, já que estava tingida, então ele teve que usá-lo durante quatro semanas de filmagem no verão quente e úmido do Texas. No final, ninguém queria ficar perto dele ou sentar ao seu lado durante os intervalos para almoçar porque cheirava muito mal.

Ele usava saltos de sete centímetros para ser mais alto que o resto do elenco, mas isso significava que ele tinha que se abaixar para passar pelas portas do matadouro, não à toa se machucava, batendo a cabeça no alto.

Sobre o comportamento do gigante, Gunnar Hansen afirmou que via Leatherface como alguém controlado completamente por sua família, que fazia tudo o que eles lhe disserem para fazer, tendo até medo deles.

No documentário The Shocking Truth, Tobe Hooper diz que Leatherface é como um "bebê grande" que mata em legítima defesa porque se sente ameaçado.

Cada pessoa nova que entra na casa tem acesso a algum lugar diferente, até então não explorado. Os vilões são desorganizados ao ponto de não cuidar dos acessos e das entradas da casa, no entanto, são fortes o suficiente para conseguir derrubar um a um.

Talvez eles queiram isso mesmo, que as pessoas entrem e se assustem com os seus hábitos, para assim servirem de presas.

Jerry entra, vê o gancho vazio, mas acaba encontrando Pam no freezer, abrindo o olho e se debatendo. Aqui há como pensar que na verdade ela morreu e esse foi um movimento de espasmo, mas não, ela está de fato viva.

Teri McMinn acredita que sua personagem escapou do Freezer, pois, segundo ela, a personagem era uma lutadora, embora isso nunca fosse mostrado em tela.

Leatherface machuca o rapaz, que começa a tremer graças a pancada na cabeça. Vai até a janela para ver se há mais alguém, parece inseguro e com medo, tanto que não fala, balbucia. Aqui é a prova mais indiscutível de que esse grupo de vilões é falho e despreparado.

É sabido que Gunnar conversou bastante com Hooper sobre como se expressar. Ele deveria se comunicar com grunhidos, para evocar selvageria.

A meia hora final é mega estranha e confusa, a começar pela briga infantil dos irmãos Hardesty, que decidem ir atrás de Jerry. Eles são atacados por Leatherface, segurando sua motosserra no meio da noite escura.

Sally entra na casa e disputa o lugar com Leatherface, mesmo que a moça estivesse trancada do lado de dentro, com o monstro do lado de fora.

Ele serra a porta com as lâminas ligadas, enquanto isso ela tenta explorar a parte de cima da casa, encontrando um quarto onde está uma pessoa em estado de apodrecimento e outra putrefata já, quase mumificada, à imagem e semelhança de Norma Bates em Psicose.

O Massacre da Serra Elétrica : A obra prima de Hooper e a inauguração de um estilo

De acordo com o diretor, a configuração familiar consiste em Jim Siedow sendo o irmão mais velho de Leatherface e do Mochileiro, mas no filme em si não fica claro qual deveria ser o relacionamento dos personagens.

Old Man até se refere a Leathefacce como "seu irmão" ao falar com o caroneiro, fato que fez muita gente defender que Siedow é o pai dos outros dois.

Gunnar Hansen achava que Old Man era o pai deles e Hooper considera sim que há ambiguidade na questão, mas tratou de falar que o personagem foi escrito como um irmão.

Acontecem cenas perigosas, inclusive com a menina se tacando pela janela, fora que antes dela sair ela assusta o vilão. Usaram uma dublê para o salto, mas Marilyn Burns se machucou quando caiu no chão.

Ao tentar fugir, Sally encontra uma casa, onde está Seadow, que ainda não se revela como parte da destorcida família. É nesse ponto que fica claro que o caroneiro esquisito e brucutu com máscara de carne são parentes, já que o mais vocal deles (Old Man) fala com todas as letras isso.

Mais tarde, eles jantam, inclusive com o avô, que é um dos idosos que estavam no andar de cima e que está supostamente vivo.

Para a perturbadora refeição, Sally é amarrada em uma cadeira que tem ossos de mãos humanas amarradas na ponta, na mesa há esqueletos inteiros e cortados, também pedaços de carne podre, faces à mostra, cadeiras de ossadas e vários crânios.

O Massacre da Serra Elétrica : A obra prima de Hooper e a inauguração de um estilo

Sally fica desesperada, é tocada pelos irmãos mais novos e tem um surto, apenas na prévia de todo abuso que sofreria.

As filmagens eram em plena manhã, em um calor intenso, sem ar condicionado dentro de locação. Isso significa que eles precisavam de cortinas blackout, o que só deixava a casa mais quente.

A temperatura interna às vezes subia para mais de 120 graus Fahrenheit (quase 49 celsius) a iluminação, a comida e todos os ossos e carcaças de animais eram reais, essa intensa quantidade de calor começou a tornar o cheiro absolutamente insuportável, elevando-o a níveis genuinamente perigosos para a saúde.

Os atores saíam e vomitavam, depois voltavam para terminar a gravação. Edwin Neal, afirmou:

Filmar aquela cena foi o pior momento da minha vida... e eu estava no Vietnã, com pessoas tentando me matar, então acho que isso mostra o quão ruim foi.

Filmaram por 27 horas seguidas, dessa forma alguns atores tiveram leves deslizes de sanidade.

Hansen ainda tinha uma dificuldade de tirar a máscara, necessitando de 15 minutos ou mais para retirar e colocar. Como os intervalos eram de apenas 5 minutos, ele acabou não conseguindo tirar a máscara durante as filmagens.

Também comentou que realmente queria matar Marilyn Burns por alguns segundos, depois de receber ordens de seu "irmão" Edwin Neal. Nos comentários do DVD disse que fazer o filme foi a experiência mais miserável de sua vida, incluindo o seu serviço no Vietnã. Disse que poderia matar o diretor Tobe Hooper se o visse novamente, perto daquela época.

Os parentes discutem, o caroneiro acusa o irmão mais velho de ser covarde, por não matar as pessoas, cozinhando apenas. Fica claro que eles fazem da carne humana a base de sua dieta e Sally fica cada vez mais desesperada.

A menina diz que fará qualquer coisa, só quer ser deixada de lado. Depois de muito deliberar, decidem deixar o avô, semimorto martelar a garota.

Depois de se maquiar John Dugan, que fez o avô, decidiu que não queria passar pelo processo novamente. Todas as cenas com ele teriam que ser filmadas na mesma sessão antes que ele tirasse a maquiagem. O processo demorava cerca de 36 horas.

Na cena em que Sally é colocada para ter o dedo chupado pelo avô, Gunnar Hansen se lembra de filmar a sequência com o tubo, que injetava o sangue falso ficava entupindo. Depois de várias tomadas sem o tubo funcionar direito, Hansen cortou o dedo de Marilyn Burns, em um dos momentos onde estava sendo mais cobrado.

O Massacre da Serra Elétrica : A obra prima de Hooper e a inauguração de um estilo

Fez isso de maneira delirante, segundo ele.

Explicou que seu desejo naquele momento das filmagens era terminar o filme, tanto que ignorou o bem-estar de seus colegas. Essa sequência foi filmada no final de um dia de trabalho de 27 horas.

Se para os atores era tudo enervante, para a plateia também é.

Resta então uma agonia tremenda, muita bagunça e gritaria, uma sequência tão confusa que faz perguntar quanto tempo passou. Como aquela é uma janta, se imaginava que era de noite, mas Sally corre para fora, passa pela janela e já está claro.

Na cena de corrida, Hansen conseguia correr mais rápido que Marilyn Burns, mesmo usando botas especiais. Ele teve que fazer um caminho maior ao persegui-la pela floresta, tanto que se nota que ele começa a cortar galhos de árvores no fundo.

Ela corre toda suja de sangue. Burns se cortou nos galhos, então muito do sangue em seu corpo e roupas era real e era seu. As roupas dela estavam tão encharcadas de sangue (entre falso e o próprio da atriz) que ficaram praticamente sólidas nas filmagens do último dia.

Em uma das últimas entrevistas de Burns, antes de sua morte, ela afirmou que levaria para lavar as roupas que usou durante as filmagens. Quando ela voltou para a lavanderia, descobriu que a camisa roxa havia sido roubada da secadora. Felizmente, a loja onde ela os comprou ainda tinha um - mas era um tamanho maior. Sem outras opções, ela teve que comprá-la e usar apenas aquela camisa pelo resto das filmagens.

No final, o caroneiro é acertado por um caminhão, quando tenta esfaquear Sally, depois o caminhoneiro tenta ajudar ela, mas se assusta também, quase morrendo junto.

A fuga se dá entrando em uma caçamba de caminhonete, enquanto Leatherface tenta acertar ela com a motosserra, mas não sem tropeços, já que o vilão conseguiu cair com a serra ligada, que cortou sua carne, um pouco acima da coxa.

O close-up de Leatherface cortando a perna na motosserra foi a última cena a ser filmada. O ator usava uma placa de metal que foi coberta com um pedaço de carne e uma bolsa de sangue. Seu grito foi de genuína dor. O atrito fez com que a placa ficasse muito quente, queimando a sua pele e músculos.

Frustrado, ele se sacode, em uma dança quase ritual, um momento em que ele age de maneira patética e que seria repetido nas sequencias.

A cena dele balançando não foi planejada. Hansen estava desabafando sua raiva e frustração no set devido à produção cansativa. Hooper ficou tão impressionado que manteve as câmeras filmando ele, mas ela foi diminuída, já que Pearl disse que a versão original da “dança” na estrada era até mais longa.

O Massacre da Serra Eletrica é um clássico por seu modo singular de narrar os fatos, também por seu conjunto de personagens doentios ou insuportáveis. É uma obra muito nojenta mesmo sem expor tanto, por isso e pelo orçamento ínfimo, marcou época e mostrou a muita gente como fazer cinema de qualidade de forma muito barata.

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