Halloween 6, A Última Vingança: A conturbada versão de cinema para Halloween 6

Halloween 6, A Última Vingança: A conturbada versão de cinema para Halloween 6Halloween 6 A Maldição de Michael Myers é um filme de horror da cinessérie Halloween. Nesse episódio mais uma vez Michael Myers ataca os membros de sua família, em uma trama confusa, rocambolesca, que une a data do dia das bruxas com eventos cósmicos e um culto bizarro e confuso.

Lançado em 1995, é uma obra que foi bastante criticada e que finalizou a tal trilogia dos espinhos da saga e é lembrado especialmente por estrelar Paul Rudd em começo de carreira, por ser um dos últimos com Donald Pleasence e também por suas brigas nos bastidores, tanto que possui duas versões distintas.

A história se passa seis anos depois dos eventos de Halloween 5: A Vingança de Michael Myers. Mais uma vez ele está atrás de sua sobrinha Jamie Lloyd, que agora está mais velha, tendo acabado de ter um filho.

A trama gira em torno de um culto druida que, de certa forma, explica o motivo de Michael ser praticamente um imortal, embora, nessa versão analisada, a explicação mística tenha sido bastante reduzida em comparação com sua contraparte, conhecida como Halloween 6: Producers Cut.

O filme foi dirigido por Joe Chappelle, com Daniel Farrands escrevendo, baseado nos personagens de Debra Hill e John Carpenter. Produzido por Paul Freeman, com Malek Akkad de produtor associado e Moustapha Akkad como produtor executivo.

Vários diretores foram cogitados para a função. O que mais se aproximou de assumir o posto foi Fred Walton, que dirigiu o original Quando um Estranho Chama de 1979, no entanto, optaram por Chappelle, que queria um contrato longo com a Miramax/Dimension, para fazer outras obras.

O escritor Daniel Farrands era um fã de longa data da série e queria provar isso enquanto escrevia essa sexta parte, casand0-a com os outros episódios da saga e com os futuros.

Ele havia compilado sua pesquisa em um caderno, que incluía uma linha do tempo, biografias de cada personagem, uma "árvore genealógica" das famílias Myers e Strode, além de pesquisas sobre o símbolo rúnico de Thorn (que apareceu em H5) e queria aproveitar a parcela que escreveu da franquia para expandir a mitologia para parcelas futuras da saga.

Sua contribuição como norte a tal Maldição Maldição de Thorn ou dos espinhos, que consiste no conceito de que Myers estava sob a influência de uma antiga maldição celta que o levou a assassinar todos os membros de sua família e linhagem; uma vez concluída esta tarefa, a maldição seria passada para outra criança.

No entanto o esforço dele parou por aí, a tatuagem no pulso com a runa de esteve somente nesse e em Halloween 5, não foi usada em nenhum outro filme anterior e a saga seria quase rebootada, em H20: Halloween 20 Anos Depois, que consideraria apenas o Halloween: A Noite do Terror de John Carpenter e alguns elementos de Halloween 2: O Pesadelo Continua.

O roteirista escreveu apenas esse, mesmo que desejasse prosseguir na franquia. A não repetição não foi exatamente demérito dele, já que fora os roteiristas originais e as iniciativas de Halloween: O Início e sua sequência, feitos por Rob Zombie, além da trilogia iniciada em Halloween de David Gordon Green, praticamente não se repetiram os postos de roteiristas dentro da saga de Michael.

Halloween 6, A Última Vingança: A conturbada versão de cinema para Halloween 6

Farrands e Michael, "confraternizando".

Segundo o roteiristas a ideia do culto era mais na linha de visão do que se viu em O Bebê de Rosemary, uma versão mais mundana e realista em oposição ao espalhafatoso ritual druida que, segundo Farrands, parecia uma imitação de Indiana Jones e O Templo da Perdição.

O roteiro passou por onze rascunhos diferentes antes do filme ser rodado. Farrands ainda afirmou em entrevista que Chappelle não usou quase nenhuma de suas ideias, reescrevendo completamente os momentos finais, tornando o fim em algo bem difuso e estranho.

O roteiro original apresentava uma história de conspiração mais profunda que acabou revelando que grande parte da cidade de Haddonfield estava envolvida no mistério. Também escreveu um terceiro ato para a personagem Jamie, que a colocou cara a cara com seu tio.

O roteiro original era mais voltado para um terror psicológico, segundo um dos executivos da Dimension Films.

Depois de uma noite de insônia, o sujeito teria ligado para Farrands, dizendo que achava a ideia, mas ele foi voto vencido, não tendo forças o suficiente para se contrapor aos outros produtores.

Pleasence também gostava dessa ideia e assinou contrato para fazer o filme supostamente graças a esse script, descobrindo que o roteiro estava sendo reescrito apenas quando foi filmar.

Embora Daniel Farrands ache que ambas as versões do filme são ruins, ele considera a versão do produtor superior. Supostamente foi graças a Hellraiser IV: Herança Maldita, que teve vários problemas de produção, que comprometeu o orçamento desse H6, junto a Dimension. Cortaram US$ 1 milhão de dólares do orçamento desse.

Graças a essa interferência, ao menos é o que se acreditava à boca pequena, é que existe uma piada de que Michael deveria ir ao espaço, uma ironia, já que nesse Hellraiser, Pinhead e os cenobitas atacam no espaço.

A produção estreou no final de setembro de 1995 nos Estados Unidos. No Brasil chegou apenas em outubro de 2000, com lançamento em DVD. Foi o segundo filme de Halloween a ir direto para VHS na Austrália, mostrando que havia um desgaste na franquia.

O título original do filme era para ser Halloween 666: The Origin of Michael Myers. Existem até impressões de anúncios e trailers iniciais com esse título. Halloween 6, A Última Vingança: A conturbada versão de cinema para Halloween 6

Mais tarde, tornou-se apenas Halloween 6 e finalmente Halloween: The Curse of Michael Myers. Essa foi a primeira sequência da série a não ter número ou algarismo romano no título.

Daniel Farrands sugeriu que o filme se chamasse A Maldição de Michael Myers devido à produção conturbada, mas o The Curse no titulo obviamente não tem a ver com qualquer problema de bastidor.

Na Argentina é conhecido como Halloween 6: La maldición de Michael Myers, no Canadá e França é Halloween: La malédiction de Michael Myers, na França também foi chamdo apenas Halloween 6 : La Malédiction.

Na Alemanha é Halloween 6 - Der Fluch des Michael Myers, na Itália é Halloween 6 - La maledizione di Michael Myers e em Portugal se chama A Maldição de Michael Myers e Halloween 6: A Maldição de Michael Myers.

Em janeiro de 1995, Entertainment Tonight exibiu um segmento sobre a produção deste filme - onde teria sido chamado de Halloween 6: Michael's Back. O filme nunca foi lançado em nenhum território com esse nome.

As gravações no outono foram disputadas em Salt Lake City, tanto que as gravações ocorrerem nessa época e no início do inverno. Há como notar montanhas cobertas de neve ao fundo dos cenários.

O filme foi rodado principalmente em Salt Lake City, que estava passando por um inverno precoce, o que se revelou problemático para a produtora, já que esse foi o único filme da saga filmado no outono, entre 31 de outubro de 1994 e janeiro de 1995, gravado em Utah.

Em Salt Lake City gravou em 1926 Lincoln St, Salt Lake City, que era a casa dos Myers, 400 E Capitol Park Ave no interior do sanatório, 956 Ramona Ave como a casa de Blankenship e Tommy, no Westminster College em 1840 South 1300 East que é o colégio de Haddonfield.

A parte dos corredores de Smith's Groove foram no George E. Wahlen Department of Veterans Affairs Medical Center - 500 Foothill Drive, também gravaram em Rush Valley, no Primary Children's Hospital - que é o hospital, em Gadsby Power Plant e Central Valley Water Reclamation Facility que eram o cenário para o lugar de onde Jamie fugiu.

As cenas no interior da casa Myers foram gravadas Pierre Lassonde House. Também gravaram No Cottonwood Paper Mill e Cottonwood Heights que serviram de base para o local do ritual. Em Los Angeles, gravaram no Queen of Angels Hospital - 2301 Bellevue Avenue, no caso, o Smith's Grove.

De acordo com Joseph Wolf em Halloween: 25 anos de terror, houve uma guerra de licitações entre a New Line Cinema e a Miramax Films para fazer o filme, mas a Miramax venceu a licitação.

Os estúdios foram a Halloween VI Productions, Miramax, Nightfall Productions e Trancas International Films. Foi distribuído pela Dimension Films, que é o braço de terror da Miramax.

Houve um boato na época de que Quentin Tarantino escreveria um rascunho do filme, mas segundo Farrands, isso é uma informação falso.

Segundo o escritor, Scott Spiegel, que foi um dos cogitados para dirigir, propôs um tratamento do texto para Tarantino além de sugerir que ele fosse produtor, mas isso não passou de uma especulação. A função de escrever chegou a Farrands posteriormente ao descarte de Spiegel.

Segundo ele, Moustapha (Akkad) não gostou da ideia de Tarantino escrever e teria recusado diversas ideias de script antes de convidar Daniel.

Se cogitou Jeff Burr - de Leatherface: O Massacre da Serra Elétrica 3, Pumpkinhead: O Retorno e A Volta do Padrasto. - manifestou interesse em dirigir esse. Peter Jackson teria sido convidado a dirigir e Scott Spiegel - Violência e Terror, Um Drink no Inferno 2, O Albergue 3.

Joe Chappelle dirigiu pouca coisa no cinema, fez Thieves Quartet, depois o noventista Fantasmas e Caçada Virtual, junto a Miramax.

Também fez o telefilme Príncipe das Trevas e Sociedade Secreta 2 que foi lançado direto para vídeo. Conduziu episódios em Manifest, Chicago Fire, Godfather of Harlem e foi indicado ao Bafta por um episódio de The Wire.

Daniel Farrands escreveu o roteiro de Garota da Casa ao Lado e o argumento de Lenda Maldita.

Acabou ficando famoso ao longo dos anos por dirigir e escreveu alguns documentários sobre filmes B, como Amityville Confidential, His Name Was Jason, Never Sleep Again: The Elm Street Legacy, Scream: The Inside Story além de ter feito os "ficcionais" Os Assassinatos de Amityville, A Maldição de Sharon Tate, O Assassinato de Nicole Brown Simpson e Ted Bundy: Mente Assassina.

Moustapha Akkad trabalhou como produtor e diretor em Maomé - O Mensageiro de Alá, Al-risâlah e O Leão do Deserto. Foi produtor executivo em Encontro com o Medo, Um Calouro em Apuros, Halloween 4: O Retorno de Michael Myers e Halloween 5: A Vingança de Michael Myers, Halloween H20: Vinte Anos Depois e Halloween: Ressurreição, fez a mesma função, mas sem créditos em Halloween, Halloween 2 e Halloween III: A Noite das Bruxas.

Malek Akkad foi produtor em Halloween: O Início, Halloween II, Halloween de 2018, Halloween Kills: O Terror Continua e Halloween Ends. Foi assistente de produção em Encontro com Medo e Halloween IV e produtor executivo nos documentários Halloween: The Shape of Horror e Halloween: 25 Years of Terror, além de coprodutor em Halloween: Ressurreição, produtor associado em Halloween H20: Vinte Anos Em 2014 dirigiu Free Fall.

Paul Freeman trabalhou em seriados como O Homem da Virgínia, produziu os telefilmes Tarântula e Madame Cospe-Fogo. Na franquia fez Halloween 6: A Última Vingança, Halloween H20: Vinte Anos Depois e Halloween A Ressurreição.

Freeman também reescreveu diálogos e sequências de ação e assumiu a responsabilidade de dirigir tomadas da segunda unidade e supervisionou a fase de pós-produção.

Ele cometeu uma série de erros crassos e foi por isso que a Miramax assumiu o controle do filme, ordenando refilmagens e a cena do túnel de luz vermelha e com canos nas paredes, que aparece no final. Esse mesmo cenário também apareceu em Maniac Cop 3.

Essa foi a estreia no cinema de Paul Rudd. Foi filmado antes de As Patricinhas de Beverly Hills (1995), sua primeira aparição nas telonas.

No início de 1995, após a conclusão da pós produção, H6 recebeu uma exibição de teste que, conforme descrito pela atriz Marianne Hagan, era formada exclusivamente por adolescentes de até 14 anos. Após a sessão, um dos rapazes expressou grande descontentamento com o final e com o destino entre Loomis e o Dr. Wynn.

Foram planejadas refilmagens para criar um novo final, mas esbarraram na ausência de Pleasence, que nas filmagens já estava bem doente e piorou após isso, tanto que faleceu no começo de 1995. Para esses trechos, foi usado o trabalho do roteirista Rand Ravich, que não foi creditado.

Foi feito até um novo final, gravado no verão, em LA. Como Pleasence estava indisponível usaram um dublê nas cenas com Loomis.

No total foram rodados mais de vinte minutos novos e a montagem ficou confusa.

Membros da equipe de produção falaram publicamente sobre a má vontade do diretor com a franquia Halloween. Chappelle falava nos bastidores que só estava envolvido no projeto porque aceitar ele lhe rendeu um contrato de três filmes com o estúdio. A maior parte do elenco e da equipe não gostou do filme. No documentário Halloween: 25 Anos de Terror afirmaram que o estúdio, os produtores e o diretor interferiram e discutiram os rumos até chegar ao ponto do ridículo, o que resultou em uma obra muito mal concebida.

Danielle Harris queria fazer Jamie Lloyd mais uma vez, mas recusou quando a Dimension começou a colocar empecilhos. Em entrevista ela disse que seu agente soube que os cineastas estavam procurando escalar uma atriz com pelo menos 18 anos ou mais para interpretar Jamie e ela tinha 17 anos e queria fazer o filme.

Ela precisou se emancipar legalmente para poder trabalhar mais horas sem precisar ir à escola, gastou tempo e milhares de dólares no processo legal, mas acabou recusando o filme devido à sua insatisfação com a história de sua personagem e à recusa da Dimension em pagar-lhe um salário que teria recuperado seus honorários advocatícios.

Harris também afirmou que eventualmente conheceu e fez amizade com J.C. Brandy, que assumiu o seu papel de Jamie. Ainda segundo Harris, o público vaiava nos cinemas quando sua mãe foi ver o filme.

Brandy tinha vinte anos quando este filme foi lançado. Anos mais tarde, ela confidenciaria que foi maltratada no set por causa da reformulação do texto.

Sua personagem teria apenas 14 anos de acordo com a linha do tempo do Halloween 4 e 5. Isso deixa tudo mais complicado, afinal, além de ter um filho fruto de incesto já que segundo Halloween 6: Producers Cut, Michael pode ser o pai do bebê.

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Também é dado que Jamie sabe dirigir, apesar dela estar em cativeiro há seis anos, quando era uma criança de oito ou nove anos de idade. Ela possivelmente sabe dirigir de maneira natural, tal qual ocorreu com Michael, que inexplicavelmente sabia conduzir também, apesar de estar internado desde os 6 anos de idade.

Os produtores do filme queriam que Brian Andrews reprisasse seu papel como Tommy Doyle, no entanto, ele não tinha agente, então eles não puderam entrar em contato com ele. O papel coube a Paul Rudd.

Andrews declarou desde então que lamenta ter perdido a oportunidade. Ele poderia ter tido outra chance de interpretar Halloween Kills - O Terror Continua, mas ele já havia se aposentado da atuação e Rudd teve um conflito de agenda com outro filme, então o papel foi reescalado, ficando com Anthony Michael Hall.

Sobre a ausência de Pleasence nas refilmagens, Farrands disse que ao encontrar o dublê no set, sentiu uma estranheza tremenda, até se perguntou se o ator estava de volta, já que era bem semelhante. Vale lembrar que o ator havia dito na Fangoria que seu personagem morreria em H5, antes de saber do final do outro filme.

Enquanto se recuperava de uma cirurgia cardíaca em sua casa no sul da França, na noite anterior à sua morte em 1995, Donald Pleasence conversou por telefone com sua agente, Tessa Sutherland, sobre sua vinda a Londres para tomar as providências para as refilmagens. Também declarou a George P. Wilbur (o interprete de MM) que se dependesse de si, faria quantos filmes da saga fossem oferecidos.

A trilha sonora de Alan Howarth foi refeita após as refilmagens e é um dos poucos aspectos genuinamente positivos nessa versão.

A MPAA classificou inicialmente o filme como NC-17. Os produtores só foram obrigados a cortar alguns segundos da morte de personagens importantes e refilmar a cena final com um efeito de luz estroboscópica. Isso torna o filme um dos poucos slashers modernos que exige apenas pequenos cortes para obter uma classificação R. Ainda assim é mais sangrento que a versão Producers Cut.

Essa foi a maior abertura em fim de semana de toda a série até o Halloween de 2018. A crítica recebeu mal, as reviews consideravam a história fraca, além de consideraram o desempenho de Rudd ruim, assim como foi criticada a máscara de Michael Myers.

O desempenho de Pleasance foi elogiado, talvez por conta da recente morte dele.

Halloween 6, A Última Vingança: A conturbada versão de cinema para Halloween 6

Após o lançamento do filme em mídia doméstica, correu o boato de uma "versão original" que apresentava 45 minutos de filmagens alternativas e um final diferente. Era a tal versão apelidada de Producer's Cut, que rodou em cópias piratas de VHS e DVD no eBay.

Foram feitas petições online visando um lançamento oficial, em qualidade alta, afinal, só havia em Workprint. Em setembro de 2014, houve o primeiro lançamento oficial via Scream Factory como parte de uma caixa Blu-ray da série Halloween.

Após os logos da Dimension e Miramax e citação "Donald Pleasence in" começa a narrativa enquanto se ouvem gritos pedindo que Michael não machuque seja lá quem for.

O roteiro originalmente começava com uma espécie de montagem apresentando cenas dos filmes anteriores para deixar o público atualizado, mas a possibilidade disso foi descartada.

O filme se passa em 30 de outubro de 1989 e 31 de outubro de 1995, começa mostrando uma mulher sendo levada em uma maca, para algo urgente, no caso, um parto.

Essa é Jamie, que está cercada de pessoas estranhas, que em alguns momentos parecem enfermeiras comuns, de azul e branco, depois aparentam ser monges, usando capuz e vestidos pretos.

Depois da sessão do parto, levam o bebê dela, para seu desespero e lágrimas.

Segundo o programa de rádio Back Talk, com Barry Sims, de Leo Geter Halloween se tornou uma palavra maldita, sobre mutilação. O radialista quase foi feito por Howard Stern, mas Farrands esperava que Mike Myers, o interprete de Austin Powers, dublasse o locutor de rádio.

Se passaram seis anos entre a captura de Jamie e Michael.

No cenário onde está Lloyd, uma enfermeira se compadece e ajuda a menina a fugir. Logo essa se torna vítima de Michael, que mais uma vez mata no dia 30 de outubro, a pendura e observa, na repetição da morte que ocorreu em H1 e H4.

Aqui já se percebe um grande problema, já que Michael saiu do arquétipo de assassino frio para virar um capanga ou leão de chácara de um grupo ocultista.

Wilbur é o primeiro ator a interpretar Michael mais de uma vez. O segundo é Tyler Mane nos remakes de Rob Zombie, além de James Jude Courtney em Halloween, Halloween Kills e Halloween Ends. Nas cenas de refilmagem, ele foi substituído por Michael Lerner, já que o Chapelle achava Wilbur corpulento e volumoso demais para certas cenas.

Halloween 6, A Última Vingança: A conturbada versão de cinema para Halloween 6

Michael Lerner e Wilbur, os dois interpretes de Michael em Halloween 6

Embora Michael deva ter quase trinta anos, George P. Wilbur, que o interpreta, tinha 54 anos. Foi ele quem declarou Pleasence, em uma viagem de ônibus para uma locação, que Donald faria filmes de Halloween sempre que pudesse.

Wilbur também disse que Pleasence parecia estar com um forte resfriado durante as filmagens.

Do nada aparece outra criança perturbada, no Danny personagem de Devin Gardner, cujo nome é homenagem a Danny Torrance de O Iluminado, que sonha com o Homem de Preto, o personagem misterioso, que resgatou Myers da cadeia no filme anterior.

Danny mora com sua mãe, Kara (Hagan) e com a o resto da família, seu avô John (Bradford English) sua avó Debra (Kim Darby) e seu tio, Tim (Keith Bogart) que são o que restam da família Strode.

É bem curiosa essa configuração familiar, já que primeiro, eles não parecem nem um pouco com a família que Jamie Lee Curtis fazia parte em 1978.

Segundo, eles moram na casa de Michael Myers, não na antiga casa dos Strode.

Terceiro há uma grande tensão entre John e Kara, tanto que há fãs que acreditam que ele era pai de Danny, concebido em um estupro incestuoso, após uma noite de bebedeira. Vale lembrar que John é chamado assim em homenagem a Carpenter, assim como sua esposa é uma homenagem a Debra Hill.

O menino vê o Homem de preto, próximo dele, ameaçando-o. Não fica claro se é ilusão ou premonição, o que fica claro é que o menino vive em um lar disfuncional, tendo segurança apenas em sua mãe, que se sente mal depois de voltar para casa, depois de 5 anos fora.

Aparentemente eles passaram por maus bocados juntos e a mãe solteira teve dificuldades, por isso retornou a Haddonfield e a casa dos seus pais. Não fica clara se ela é irmã, prima ou sobrinha de Laurie, que segundo essa mitologia, era adotada pela família Strode.

Kara aparece seminua e é a reserva onanista e sensual, uma mulher bela, que poderia ser sexualmente ativa, mas é traumatizada demais para dar vazão a desejos e impulsos sexuais.

A moça age de maneira quase virgem, não conseguindo exalar um celibato completo pela óbvia questão de que se ela tem um filho, já fez sexo.

Segundo Marianne Hagan, ela quase não recebeu o papel principal de Kara Strode - a Dimension Films aparentemente não gostou de sua aparência física, considerando-a "muito magra" e seu queixo "muito pontudo" para ser uma mocinha de fita de horror. Sendo considerada meio desajustada, ela faria um belo par com o esquisitaço, voyeur e possível incel que é Tommy Doyle.

Quase todas as pessoas ouvem o programa Back Talk, de Barry Sims e neles muitas teorias da conspiração são faladas, além de interação com o público. Até Jamie fala com eles, liga para lá, em fuga, ao invés da polícia.

Tem a esperança de ser ouvida por alguém que ela conhece...o velho psiquiatra de seu tio, Samuel Loomis, que está aposentado, recluso, em casa. Ele mora isolado, parece estar feliz, até manifesta seu contentamento para a câmera

Muitas das cenas de Donald Pleasence foram editadas do filme porque Joe Chappelle o achou "chato" demais.

O doutor conversa com Terence Wynn, de Mitchell Ryan, que quer sair da direção do hospital para passar o comando de Smiths Groove para ele.

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Wynn aparece em H1 e é feito por Robert Phalen. Teoricamente, é feito por Don Shanks em H5, no papel que mais tarde seria revelado como uma identidade alternativa.

Obviamente Loomis nega o pedido, afinal, sempre foi tratado como o médico louco. Ele, no entanto, se dobra ao perceber o chamado de Jamie no rádio.

A percepção de que a menina que julgava morta ter reaparecido deveria ser um evento dramático e pesado, se fosse bem trabalhada a questão, mas ela não é, parece gratuito ao invés de parecer um compartilhamento sentimental de dois traumatizados.

Quando Kara discute com John, respondendo de maneira áspera as ofensas dele, simplesmente leva um tapa no rosto. A família normaliza isso, Debra se incomoda e faz a menção de não gostar da atitude ignorante dele, mas é assustada demais, ficando quase petrificada.

Todo mundo é meio banana aqui, além de pouco sutil, já que Debra tenta dar algum dinheiro para a filha, mas não faz isso de maneira particular, simplesmente passa notas na frente do marido, tentando esconder em vão o gesto generoso que faz.

Tim namora Beth e nas primeiras inteirações dos dois já fica claro que ambos serão alvos do assassino, já que obviamente farão sexo.

Beth é feita por Mariah O'Brien, mas quase foi Denise Richards que foi recusada por ter muito busto. Renee Allman fez o teste para o papel também.

Enquanto isso, Wynn convence Loomis a sair de casa, rumo ao sanatório...ele não é um mestre do convencimento, na verdade o acaso ajuda o intento do amigo do velho.

Farrands queria que Christopher Lee interpretasse o Wynn. O ator britânico quase fez o papel de Dr. Loomis em Halloween – A Noite do Terror, mas foi recusado em ambas as produções. Os estúdios preferiram escolher Ryan depois de ver sua participação em Máquina Mortífera.

Tommy segue ainda mais estranho, ouve e reouve a gravação de Jamie no rádio. Mesmo sendo criticado, Rudd é a reserva moral do filme, a única pessoa que parece estar atuando de fato. Todos os outros são péssimos, parecem estar em uma tonalidade diferente, sem compreender em plenitude a ideia do filme.

Christopher Daniel Barnes, Michael Worth e James Parks fizeram o teste para o papel dele.

Falaremos a partir daqui sobre o final. Haverá spoilers. O aviso está dado.

Halloween 6, A Última Vingança: A conturbada versão de cinema para Halloween 6

Tommy e Loomis tem um encontro emocionado, eles trocam confidências, o personagem mais moço avisa ao veterano que está em posse do bebê Myers, que aliás, ele encontrou em um banheiro público de rodoviária, que é um lugar um pouco insalubre para deixar uma criança.

Depois ele resolve avisar Kara para sair da casa onde Michael viveu, a atual residência de John e o que restou da família Strode.

Como parte da obsessão de Farrands em referenciar os filmes antigos, o roteiro está repleto de referências aos episódios anteriores de Halloween e outros filmes de Carpenter.

Há uma menção a Bruma Assassina de Carpenter. A senhora que mora com Tommy, Sra. Blankenship, leva o nome de um personagem mencionado em Halloween III, ainda teriam mais momentos, como um momento onde John chegaria do trabalho, ligaria a TV onde seria exibida a cena do menino morrendo por causa da máscara da Silver Shamrock.

Outro ponto mais "simbólico" é a cena em que Kara "mergulha pela janela", no corte de cinema. Segundo Farrands, essa é uma representação da qualidade do filme, que mergulhou fundo na mediocridade, indo para direção ao fundo do poço.

Tommy Doyle aparece na residência dos Strode, do nada, sem aviso ou algo que o valha. Está sentado na cama com o menino, em uma atitude assustadora, ainda assim ele convence Kara a sair e a seguir ele.

Não existe motivo plausível para isso e considerando a filiação de Blankenship, de Janice Knickrehm Tommy não é confiável, exceto por ter resgatado o filho de Jamie.

Do quarto de Tommy Kara observam a casa antiga de Myers, pela janela, no mesmo ângulo que Doyle usava para espionar de maneira esquisita tudo lá dentro.

Na parte de baixo a mulher idosa e calada lê recortes de jornais, sobre Jamie e sobre o próprio Tommy.

Do nada, Tommy liga o computador para mostrar um alfabeto, em runas, diz que são letras mágicas, símbolos em madeira e pedra, usadas em rituais pagãs. De acordo com a lenda celta, uma criança era servida como sacrifício para que as aldeias vivessem em paz.

Blankenship diz que era ela quem cuidava de Michael quando ele matou sua irmã, aparentemente. Isso não faz sentido, já que sempre foi dado que Judith (a irmã morta) é quem cuidava de Michael. Provavelmente a senhora mente ou está delirando ou essa é uma tentativa tolíssima de retcon.

Há alguns sustos legais, como o que envolve uma máquina de lavar cheia de sangue, seguida de uma explosão via choque.

Nos últimos 40 minutos os ataques se intensificam, os ataques aumentam, Michael é violento, mas a câmera sempre embaça, escondendo a nitidez dos ataques.

Kara assiste Beth morrer no estilo Janela Indiscreta em uma referência gratuita e pobre, onde Michael usa sua lâmina fatal, uma faca Forschner de 8" com cabo de jacarandá.

Depois de várias mortes, Tommy descobre que o bebê foi raptado, por um grupo/culto druida, que envolve Michael, Wynn, sra Blakenship e monges mascarados de visual ridículo.

Eles raptam Kara e Danny também, mas permitem que Loomis e Tommy sobrevivam. Drogam eles, para que possam testemunhar o rito? Nao fica claro o motivo disso ocorrer, não nessa versão, pelo menos, embora também fique confuso por que permitem Tommy viver.

Loomis e Wynn se encontram em Smiths Groove. Aqui é revelado que o Homem de Preto é na verdade Rupert.

Após a revelação Wynn, em seu escritório mostra que os ataques de terror de Michael não foram coincidência, associa a constelação que representa o demônio Espinho com as aparições de 1978, 1988, 1989 e 1995 contabilizando as datas dos massacres.

Wynn sempre monitorou Myers e em outros rascunhos do roteiro ele também revela descaradamente que foi ele quem ensinou Michael a dirigir.

Farrands havia sido informado de que ninguém tinha ideia de quem era o homem de preto, nem entre os produtores e roteiristas do quinto filme. Foi incumbência dele decidir quem seria, por isso decidiu voltar à mitologia do primeiro capítulo da saga, trazendo o Dr. Wynn de volta.

Rupert define Michael como o mal puro, em essência e não corrompido, o bebê de Jamie seria parte de uma nova era, um crepúsculo de seja lá o que for e para isso, seria importante ter Loomis juntos. Falando assim não parece fazer sentido e é isso mesmo.

Não basta meterem um culto bizarro, Wynn ainda lidera um grupo de engravatados maléficos. Os vilões são burocratas endinheirados que querem o fim do mundo, mas sem um motivo plausível para isso.

Michael mata várias pessoas na sala de cirurgia. Essas estavam programadas para morrer? Era uma arapuca, um sacrifício dado a Michael Myers ou foi só burrice da parte de Wynn, que não calculou que tudo poderia sair do controle?

Os mocinhos usam o bebê como isca, na verdade, poderia ser só um lençol... não faz diferença.

Tommy enfrenta fisicamente Michael bate nele com um cano, enquanto ele está dopado, com uma seringa nas costas, faz ele sangrar pela máscara, depois ela aparece limpa e branca, ou é erro de continuísmo ou simples delírio.

Halloween 6, A Última Vingança: A conturbada versão de cinema para Halloween 6

Os mocinhos saem de Smiths Groove, deixam apenas Loomis lá e o filme termina após essa batalha mambembe.

A subtrama de Danny permanece sem solução na versão de cinema. Ele é visto ouvindo vozes e fica implícito que ele também foi alvo do culto de Thorn. Nas primeiras versões do roteiro, esse enredo seria concluído com Danny esfaqueando Kara até a morte precisamente no mesmo banheiro onde Jamie se refugiou.

O estúdio considerou o final sombrio e o final foi reescrito.

O último tratamento do roteiro mostrava o Dr. Wynn escapando no final, sequestrando Danny com planos de transformá-lo, como uma preparação para um sétimo filme de Halloween, mas isso foi descartado em favor do encerramento filmado aqui.

Tanto a versão de cinema quanto a do produtor mostram Tommy, Kara e Danny escapando com o bebê, embora o Dr. Wynn nunca seja explicitamente morto durante o massacre no corte de cinema. Na versão do produtor ele tem um fim provável, embora não dê para cravar que morreu.

Nos últimos instantes do T-Cut (o corte de cinema) o corpo de Michael simplesmente some...fica só a máscara no chão.

Será que Sam Loomis traiu os seus ideais e estaria na conspiração? Isso seria explicado no outro corte, mas aqui, parece importar pouco.

O produtor Paul Freeman e o diretor Joe Chappelle supostamente reescreveram esse final enquanto refilmavam, à medida que os prazos de produção se aproximavam do término da programação.

Halloween 6 é confuso, bizarro e digno de riso. Das piores decisões de franquias de terror, ainda é dedicado a memória de Donald Pleasence. A versão do produtor é ligeiramente mais bem pensada, mas vale a pena ver ambas, até para entender como funcionava o circuito de cinema comercial voltado para o gênero horror e como a interferência dos estúdios podem tornar uma ideia ruim em algo catastrófico.

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