Halloween IV: O Retorno de Michael Myers é mais um filme de terror baseado no feriado americano do dia das bruxas. Lançado em 1988, mostra novamente o boogeyman Michael Myers retornando para assombrar as pessoas, tendo como alvo dessa vez a sua sobrinha, Jamie Lloyd.
Essa história resgata obviamente clichês de filmes de matança e dos slashers movies, se passa dez anos após o seu massacre original em Halloween: A Noite do Terror, se passa de novo na fictícia cidade de Haddonfield em Illinois, mas leva em conta os acontecimentos de Halloween 2: O Pesadelo Continua, já que Michael Myers aparece como um invalido, que acorda na véspera do Halloween e retorna a sua cidade natal para matar sua sobrinha de sete anos.
Junto dele também retorna o Dr. Loomis, que deveria estar morto mais uma vez feito por Donald Pleasence. Dessa vez Jamie Lee Curtis não quis voltar, até por isso se escolheu focar a narrativa em outra personagem, na sua filha, interpretada pela carismática atriz mirim Danielle Harris.
Moustapha Akkad apresenta enquanto Dwight H. Little dirige. Os créditos de texto são dados a Dhani Lipsius, Larry Rattner, Benjamin Ruffner, Alan B. McElroy no argumento, com roteiro desse último. Akkad assinava como produtor executivo, Paul Freeman foi o produtor e Mohammad Sanousi foi o produtor associado.
Akkad queria que Michael Myers voltasse de alguma forma e esse destino quase ocorreu junto ao diretor clássico e sua roteirista.
No final de 1986, os produtores Menahem Golan e Yoram Globus da Cannon Group contratou a produtora Debra Hill e o diretor John Carpenter para trabalhar no roteiro de um novo filme de Halloween intitulado "Halloween IV".
Eles estavam interessados em adquirir os direitos da franquia tal qual fizeram em O Massacre da Serra Elétrica 2 em 1986, mas a Cannon não gostou do tratamento dado pela dupla e acabou decidindo não produzir o filme.
Pouco depois os dois artistas cederam lugar ao produtor Moustapha Akkad, que prontamente desenvolveu este filme com um roteiro completamente novo, moldado em torno do boom dos filmes de terror da década de 1980.
Nesse ponto onde haveria retorno de Carpenter em funções criativas, se pensava em uma abordagem psicológica mais fantasmagórica dos mitos de Michael Myers, que versava a respeito da cidade de Haddonfield e ao efeito que os acontecimentos dos dois primeiros filmes tiveram sobre os seus cidadãos.
A ideia da cidade proibindo festejos de dia das bruxas não permitindo máscaras e fantasias de Halloween ou distribuição de doces foi reutilizado na trilogia Halloween de 2018, Halloween Kills e Halloween Ends, mostrando Michael voltando para casa como uma entidade imortal e não necessariamente como um simples matador. Curiosamente a ideia só foi retomada – e de maneira não literal após Akkad morrer, quando quem assumiu a franquia foi o seu filho, Malek Akkad.
Depois do insucesso Halloween III: Dia das Bruxas, qualquer inovação seria desaprovada, ainda mais por conta de ter sido essa uma ideia de Hill e Carpenter, como havia sido no longa de Tommy Lee Wallace.
A decisão foi a de apelar ao mais do mesmo, sendo então apenas um pouco diferente do que se esperaria, foi assim que Moustapha achou que deveria assumir o controle da série de filmes comprando os direitos de seus antigos parceiros antes mesmo de a produção do quarto filme ser concluída.
Dessa forma, só se destaca o famigerado Halloween Theme de Carpenter.
Em 1988, o sindicato de roteiristas WGA (Writer's Guild of America) entrou em greve por 155 dias, começando em março e terminando em agosto, tornando-a até então a greve mais longa da história da função.
Isso impactou diretamente inúmeros filmes e programas de TV. Alan B. McElroy escreveu rapidamente o script superando a greve dos roteiristas por poucas horas, tendo feito tudo em onze dias.
Esse foi lançado nos cinemas no Reino Unido pela 20th Century Fox, mais tarde foi veiculado em VHS e DVD por outros distribuidores. Foi o número um de bilheteria nos EUA por duas semanas em outubro de 1988. Estreou oficialmente em sua terra natal no dia 21, já no Brasil chegou apenas em 21 de junho de 1991.
O estúdio que produziu foi a Trancas International Films, com distribuição da Galaxy International Releasing nos Estados Unidos. No Brasil, chegou pela Top Tape em VHS e pela LK-TEL Vídeo em DVD, também pela Paragon.
O título original é Halloween 4: The Return of Michael Myers, na Argentina é Halloween 4: El regreso de Michael Myers. No Brasil também é chamado de Halloween 4: O Dia das Bruxas, nas exibições de televisão.
Na Bulgária é Хелоуин 4: Завръщането на Майкъл Майърс, na República Tcheca é Halloween 4: Návrat Michaela Myerse, na Dinamarca é Maskernes nat 4, na França é Halloween 4 : Le Retour de Michael Myers, na Itália é Halloween 4 - Il ritorno di Michael Myers e em Portugal é Halloween 4 - O Regresso do Assassino.
As filmagens quase ocorreram em Pasadena, na Califórnia, se cogitou mudar a localidade da história, inclusive, mas a equipe de produção decidiu não filmar lá pois exigiria um aumento nos custos.
Tiveram que importar a abóboras, que foram até pintadas, pois não era época delas, já que foi rodado em março de 1988. Foram usados vários efeitos práticos curiosos, para criar detalhes de cenário de outono, como folhas murchas.
O local de filmagem do quarto filme foi Salt Lake City, Utah, com cenas no Penney's Gas Station Location, Rt. 36, Rush Valley, 234 Canyonside Road, 509 E 3rd Ave, 7696 N Main St, Ogden, Rush Valley, Midvale City Center - 655 Center Street, 282 N Canyon Road, 278 N Canyon Road, Ore House Saloon - 9350 W Bingham Highway, 521 3rd Avenue, 218 Canyonside Road, 375 120 E,1300 E 700 S, 400 E Capitol Park Ave, Holden Street, Midvale, Ogden Airport - 3909 Airport Road, Interstate 84 em South Weber, 3200W em Brigham City, 6800N & 3600W e N 5200W em Honeyville. Bonneville Blvd, North Canyon Road and 4th Avenue, 7600 N Highway 13, Bonneville Blvd, 607 2nd Ave Salt Lake City.
O local que serviu de casa para a os Carruthers (família que adotou Jamie) serviu como locação na versão de The Stand ou A Dança da Morte, adaptação do livro de Stephen King, em um local onde a Mãe Abigail conhece boa parte dos personagens.
Após ser aprovado um corte inicial, os produtores acharam que o filme era muito suave, então os produtores trouxeram o especialista em efeitos especiais John Carl Buechler para um dia extra de filmagem, a fim de ejetar sangue na trama.
A cena do polegar na testa e a torção da cabeça do caipira foram ambos feitos por ele. Ele foi contratado como artista de efeitos especiais do filme devido à sua crescente reputação de criar grandes efeitos para filmes de terror.
Somente em 1988, Buechler forneceu efeitos para os filmes da franquia Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo, e esse Halloween. Esse ano foi o primeiro ano em que todas as três principais franquias de terror da época lançaram novos filmes no mesmo ano: Halloween 4: O Retorno de Michael Myers, Sexta-feira 13 Parte VII: A Matança Continua (que teve direção de Buechler) e A Hora do Pesadelo 4: O Mestre dos Sonhos. Nesse ano também saiu Brinquedo Assassino também foi lançado em 1988, assim como Hellraiser 2: Renascido das Trevas e Fantasma 2, que também se tornariam grandes franquias de terror.
Dwight H. Little fez uma extensa pesquisa sobre a história do Halloween e muitas de suas imagens foram colocadas na sequência de abertura.
Ele era um "diretor não sindicalizado" costumava usar atores amadores, esse marcou a primeira vez que o diretor fez um filme sob as regras sindicais. Conduziu episódios de A Hora do Pesadelo: O Terror de Freddy Krueger e os filmes Hostage Dallas: Uma Cidade em Perigo e A Maldição Do Rubi. Dirigiu KGB: The Secret War ainda assinando, depois faria O Fantasma da Ópera com Robert Englund.
Ele se especializou em filmes de ação genéricos, como Rajada de Fogo passando por coisas como Crime na Casa Branca, A Última Ameaça, Anaconda 2: A Caçada pela Orquídea Sangrenta e a adaptação de 2010 de Tekken, também fez episódios de Agentes da S.H.I.E.L.D., A Lenda de Sleepy Hollow e Um Drink no Inferno.
Benjamin Ruffner escreveu apenas esse.
O filme também marcou a estreia como roteirista de McElroy. Ele era fã da série de filmes. Começou escrevendo esse, depois escreveu o telefilme Condenado Pela Memória, Rajada de Fogo e um episódio de Anjos da Lei, também escreveu Spawn: O Soldado do Inferno e a animação Spawn e Pânico na Floresta, eventualmente ele teria créditos pela criação dos personagens dessa franquia e voltaria a escrever em Pânico na Floresta: A Fundação e episódios de seriados como Diários de um Vampiro (The Vampire Diaries) e Star Trek: Discovery.
Dwight Little e McElroy se envolveram em outro projeto, um thriller de ação intitulado Legion, que foi renomeado como Gunner. Dolph Lundgren iria fazer o papel principal, porém o projeto foi cancelado devido à recusa do estúdio e dos produtores em fazer o filme. 13 anos depois, com muitas mudanças de roteiro foi feito o filme, chamado no Brasil como Dupla Explosiva de Wych Kaosayananda, estrelava Antonio Banderas e Lucy Liu.
Dhani Lipsius só escreveu esse, é lembrado por ter produzido documentários para vídeo, como alguns relacionados aos efeitos de Efeito Borboleta, além de ser produtor executivo em The Greed of Men.
Larry Rattner escreveu Horseplayer e o argumento de Aposta Arriscada, produziu filmes B, que eventualmente eram lançados direto para vídeo Gacy, Monster Man, O Morto: Ele Veio Buscar Sua Alma e O Assassinato da Autoestrada.
Paul Freeman trabalhou em seriados como O Homem da Virgínia, produziu os telefilmes Tarântula e Madame Cospe-Fogo. Na franquia fez Halloween 6: A Última Vingança, Halloween H20: Vinte Anos Depois e Halloween A Ressurreição.
Danielle Harris tinha feito pequenos papéis em One Life to Live e Spenser: For Hire. Ela retornou ao papel de Jamie Lloyd em Halloween 5: A Vingança de Michael Meyers, depois fez Marcado Para a Morte e o telefilme Pesadelo.
Anos depois retornou a franquia, fazendo Annie Brackett em Halloween O Início e Halloween II. Fez também Terror no Pântano 2, Terror no Pântano 3, no seriao Twisted Tales, esteve recentemente na série Creepshow de Greg Nicotero.
Ela virou produtora em alguns filmes B, produtora associada em Noite Sangrenta: A Lenda de Mary Hatchet, foi coprodutora em Natty Knocks e produtora de Dark Obsession, além de ter sido produtora executiva em Project Dorothy. Dirigiu Prank e Among Friends.
Harris e Dwight Little trabalhariam para Marcado para A Morte, nos filmes Free Willy 2: A Aventura Continua e Bones.
O filme afirma que Jamie tinha 7 anos, mas Danielle Harris era um pouco mais velha, tinha 11 anos na época das gravações.
Donald Pleasence foi o único ator dos dois primeiros filmes a reprisar seu papel nesse. Ele tinha 69 anos na época da produção do filme. Ele tinha uma longa parceria com John Carpenter. Esteve em Fuga em Nova York e Príncipe das Trevas. Ele foi Loomis em Halloween, Halloween II, Halloween 5 e Halloween 6: A Última Vingança.
Era conhecido por obras clássicas como o drama de guerra Fugindo do Inferno, depois foi o vilão Blofeld em Com 007 Só se Vive Duas Vezes, mas também fez vários filmes de terror, como Noite de Pânico de Jack Sholder e Phenomena de Dario Argento.
Para driblar a improbabilidade de sobrevivência de Loomis após o segundo filme - há de lembrar que o local onde ele e Michael Myers estavam explodiu em chamas - foram dadas algumas cicatrizes de queimadura na mão e no lado direito do rosto.
A namorada de Pleasence na época assistiu a algumas tomadas dos dias iniciais e tripudiou da aparência e do efeito, perguntando se havia um ovo na lateral do rosto dele.
A maquiagem foi atenuada com todas as cenas refilmadas, para evitar isso, ainda assim houve um erro de edição resultou na inclusão de algumas das filmagens antigas no corte final.
Por razões orçamentárias, este foi o primeiro filme de Halloween a ser rodado na proporção de 1,85:1. A equipe de produção decidiu filmar muitas das cenas principais do filme tarde da noite, para torná-las mais assustadoras. A falta de iluminação levou a vários acidentes, Pleasence também reclamou de sentir frio durante as filmagens nas noites de início de primavera.
A trama começa em outubro de 1988, em uma noite chuvosa, chega um casal de agentes da lei, que transportam alguém para Smith's Groove.
No roteiro original a cena de abertura era em um longo corredor de hospital explodindo repentinamente e jogando Loomis para fora da explosão, em uma referência ao final de Halloween II. A ideia era mostrar como Loomis sobreviveu – e isso faz falta - o diretor Dwight Little explicou mais tarde:
Decidimos apenas fazer referência ao primeiro filme. O motivo foi que não queríamos nos envolver com muitas questões lógicas da polícia com Michael e o que aconteceu com o Dr. Loomis (...) sabíamos que se cometêssemos algum grande erro, ele pegaria. Eu realmente não queria ser influenciado, artisticamente, por nada além de Halloween - A Noite do Terror.
Essa sequência seria qualquer nota, não fosse pelo personagem que os recebe, um oficial de segurança, interpretado por Raymond O'Connor, que é chamado por fãs como James, embora seja creditado apena como guarda de segurança
Ele se apresenta cheio de frases de efeito, até corrige o homem que dirigiu a noite inteira, dizendo que Jesus não tem nada a ver com o local onde eles estão e com o que se faz ali. Conta brevemente alguns dos crimes de Michael Myers, sem citar o sujeito.
Apesar da pataquada, é uma boa introdução. Já deixa claro que o personagem central é perigoso e que existe uma mítica ali.
O ator George P. Wilbur, que vive Michael Myers (creditado assim pela primeira vez, ao invés de The Shape) foi filmado em reflexos espelhados ou descentralizados. O público raramente recebia uma visão completa do personagem. Era para acrescentar mistério a aura do personagem.
Little tinha suas próprias ideias sobre a motivação de Michael. Na sua visão, a perseguição obsessiva dele sobre a sobrinha era uma tentativa de se conectar com ela. Como o homem não tinha capacidade social para interagir com ela de qualquer outra forma que não fosse através da violência, ele passou a perseguir a garota.
O serial killer acorda do coma em 30 de outubro, um dia antes do halloween, que é a data tradicional da Mischief Nigh. Este foi o filme da franquia com a maior contagem de mortes, com 17 pessoas mortas por Michael, até ser superado por Halloween Kills.
Foi filmada uma cena para unir a história com Halloween II: O Pesadelo Continua! um flashback do final da parte II, com uma cena em que Loomis está sendo atendido por paramédicos ao ver o corpo em chamas. Nesse ponto, Loomis exclama aos bombeiro: "Deixe-o queimar!" mas eles apagam o corpo em chamas de Myers. Isso de certa forma foi referenciado em Halloween Kills com a Laurie de Jamie Lee Curtis dizendo o mesmo, após colocar fogo em sua casa com Michael dentro no longa de 2018.
O doutor responsável por Michael é Hoffman (Michael Pataki) diz que a presença do doutor Loomis não é tão necessária quanto antes, que é mais simbólica e cerimonial do que efetiva. É quase uma justificativa metalinguística, uma fala direta ao público, de que ele talvez apareça pouco.
A ambulância que transporta Michael era para ser um ônibus da prisão, em um rascunho do roteiro, conceito esse reutilizado também no Halloween de Gordon Green.
A ação não demora, Michael desperta na ambulância em que está, assim que ouve da boca dele que existe uma parente viva, uma sobrinha. Aqui ele quebra a tradição de matar apena no feriado de dia das bruxas, assassinando gente antes.
O roteiro é muito expositivo em menos de dez minutos já se sabe que a Jamie Lloyd de Danielle Harris estava sozinha no mundo, que perdeu os pais há onze meses e que sofre com rejeição da parte de sua irmã adotiva Rachel Carruthers de Ellie Cornell.
O curioso é que Rachel é carinhosa com ela, inclusive fala isso nas linhas de diálogo super óbvias que aparecem ali, reforça inclusive que foi cuidada pela mãe da menina, quando era nova.
Rebecca Schaeffer fez o teste para o papel de Rachel, mas Cornell ganhou a disputa e desempenhou um papel central pela primeira vez no cinema. Em algum ponto do projeto, era inclusive para ser ela a protagonista.
É dito que ela foi cuidada por Laurie Strode, enquanto babá e nos primeiros roteiros, ela seria Lindsey Wallace, que junto a Tommy Doyle - que retornaria em Halloween 6, interpretado por Paul Rudd - seriam os personagens centrais nessa versão. Eles deveriam ser 10 anos mais velhos e viver um em frente ao outro, ligados por sua experiência e pelas viagens subsequentes a terapeutas infantis, mas não teriam mais permissão para se comunicar graças à mãe super protetora de Lindsey.
Ambos reprimiriam as memórias do primeiro filme, mas o retorno de Michael faria com que elas voltassem à superfície e os forçaria a enfrentar seu trauma.
Também se pensou em transformar Lindsey (Leslie L. Rohland) a personagem que levou Rachel e Jamie ao mercado, na crescida Lindsey Wallace. Nessa versão ela teria um papel maior, como amiga de Rachel, ajudando-a a tomar conta de Jamie, mas isso também foi cortado por razões orçamentárias.
Cornell sofreu durante a produção, na cena de perseguição no telhado ela foi ferida por um prego enquanto escorregava pelo telhado. Depois de uma rápida viagem ao hospital local, ela terminou a cena com as bandagens no lugar. De acordo com Danielle Harris, “isso nem a incomodou”.
As filmagens duraram cerca de 41 dias, sendo que em 36 desses tanto Cornell quanto Harris estiveram no set.
Jamie sofre tanto que faz orações pedindo a Deus para cuidar dela e para não permitir que Michael a pegue e leve sua alma caso ele ataque.
Melissa Joan Hart, a eterna Sabrina Aprendiz de Feiticeira, fez o teste para o papel de Jamie, mas obviamente não venceu a concorrência com Harris. Houve muito cuidado com a atriz miriem, especialmente para que ela não ficasse assustada.
Wilbur costumava levantar a máscara entre as tomadas para lembrá-la de que eles estavam apenas fazendo um filme, sempre falava que não iria machucá-la de verdade.
O nome de Jamie no roteiro original era Brittan "Britti" Lloyd, mas foi alterado em homenagem a Jamie Lee Curtis. As fotos na caixa de sapatos de Jamie são na verdade um still de produção de Curtis no set de Halloween, das filmagens de Laurie saindo de casa, a caminho da casa de Tommy.
Houveram duas cenas no roteiro que nunca foram filmadas, uma mostrava Jamie e Rachel tomando sorvete enquanto falam sobre a menina ter sido adotada, a outra mostravam Michael seguindo Rachel, Jamie e Lindsey até o Discount Mart, em uma rima com o filme original.
Ainda há flashes da presença do assassino em seu quarto, primeiro no espelho, depois embaixo da cama, tão veloz que aparece na porta por onde ela tenta fugir. Mesmo não tendo visto ele - em tese ao menos - o tio é uma presença constante em seus pesadelos e fantasias.
Isso ocorre também na cena do café da manhã, ao menos em tese, já que há uma máscara como a de Michael pendurada ao lado da porta da frente da casa. Esse poderia ser um prenúncio de eventos futuros, ou também poderia ser parte das visões que Jamie tem tido de Michael.
Loomis vai atrás de Hoffman, indagar por que não foi informado da transferência do seu antigo paciente. Nesse ponto existia alguma esperança de explicação do motivo para tanto o assassino quanto o doutor terem sobrevivido ao incêndio, mas obviamente não ocorre nada, pior, se constata que ele tem sempre o destino de ter transportes marcados para perto da data cabalística que provoca nele frisson e vontade de matar.
Michael ataca as pessoas ainda utilizando as bandagens como método de esconder o rosto. Isso lembra o artifício de Sexta-Feira 13 Parte 2, em que Jason usa um saco na cabeça.
Nesse ponto, Michael era feito por Tom Morga.
Wilbur usava protetores de hóquei por baixo do macacão para dar a Michael Myers um ar imponente. Isso é revelado no documentário Inside 'Halloween 5' onde é revelado que Don Shanks, que interpretou Michael Myers em Halloween 5: A Vingança de Michael Myers, era grande o suficiente para que isso não fosse necessário.
Loomis vê Michael em uma cozinha de um posto de gasolina o momento é tão conveniente e bizarro que faz perguntar se é literal. Ele atira, mas o assassino some. Seria parte de um devaneio ou ele só foi extremamente lento? A dubiedade funcionaria, se o texto do filme fosse mais sútil.
Halloween II teve a vantagem de poder reutilizar as máscaras originais, embora ela tivesse envelhecido pela exposição prolongada à fumaça do cigarro, pois estava armazenada na casa da produtora Debra Hill.
Halloween IV teve que começar do zero e, como lembra o técnico de maquiagem do filme, Ken Horn, o lote original de máscaras saiu totalmente errado. Ele disse que trabalhou nos estúdios Don Post e fizeram a máscara original que eles usaram para o Halloween. Um dos produtores (que ele não cita nominalmente) trouxe uma máscara rosa com cabelo branco.
Ele abriu uma caixa e havia seis dessas, todas rosa e com cabelos brancos. Ele sugeriu mudar tudo, decidiu fazer um trabalho do zero, copiando o rosto de William Shatner, mas já haviam feito cenas com uma máscara de cabelos loiros.
Em uma cena futura, Michael acaba encontrando uma máscara do ex-presidente Ronald Reagan, mas a descarta, para aparecer segundos depois, já aparecendo com a máscara descolorida de Shatner.
O público criticou bastante essa máscara, a grita se dava por que ela era branca demais, não era detalhada o suficiente e tinha uma expressão como se uma pessoa estivesse em "choque". O desenho dela possuía lábios franzidos, sobrancelhas proeminentes e penteado mais elegante, ou seja, era bem diferente.
Pediram a Horn para aumentar os olhos da máscara, e ele explicou que não há como arregalar os olhos e trocar o filtro três minutos depois de filmar, porque se fizessem isso, a cola iria estar fresca e o ator desmaiaria, no caso Tom Morga.
A recusa foi o estopim para a demissão de Horn, um produtor mandou ele embora. O que esse profissional esqueceu é que um redator da Fangoria estava visitando o set naquele dia. O sujeito foi ao produtor, pedindo para recontratar Horn imediatamente ou a revista não promoveria o filme e Horn recuperou seu emprego. Morga, por outro lado, acabou sendo demitido definitivamente e substituído por George Wilbur.
Michael utiliza um novo conjunto de macacões, que ele paga em um posto de gasolina chamado Penneys no caminho para Haddonfield.
É tudo muito exagerado, desde a fuga de carro, onde os registros de gás explodem, como o bullying infantil que ocorre com Jamie na escola, onde crianças que tem idades em torno de 5 ou 6 anos chamam ela de órfã, de malvada e assassina.
Continuações de slashers tem muito apego a fórmulas. Essa não é diferente, o que não quer dizer que não ocorram tentativas de inovar e enriquecer a mitologia.
Parte desse esforço ocorre com o acréscimo de um padre louco e de voz desafinada, o reverendo Jackson P. Sayer de Carmen Filpi.
O diretor teve que recitar a ele todas as suas falas, porque o ator tinha dificuldade em lembrá-las. É sabido também que uma das mortes mais sangrentas do filme era destinada a ele, mas a sequência ficou fora do corte final.
Loomis vai até a delegacia, pergunta por Brackett, o xerife que ele conhecia, mas ele se mudou para São Petersburgo. Agora quem manda no corpo de policiais é Ben Meeker, personagem de Beau Starr.
Como Myers não ataca na cidade há 10 anos, o halloween é comemorado normalmente, até Jamie passeia no feriado, justamente vestida de palhaço, igual Michael no prólogo do filme clássico.
Depois que o filme foi concluído, a fantasia de palhaço foi dada a Danielle Harris que inclusive a usou para pegar doces nos últimos dias de outubro. Anos mais tarde ela vendeu a fantasia de palhaço para um fã.
O filme desenrola um drama juvenil insuportável, com Rachel brigando com seu namoradinho Brady (Sasha Jenson) que estava na casa do delegado, flertando com a filha dele, Kelly (Kathleen Kinmont). Apesar de reunir fãs que defendem essa sequência, ela é levada na base de clichês muito repetitivos.
Michael segue matando quem cruza o seu caminho, algumas aparecem sendo mortas, outras ocorrem no off câmera, não há muito critério. A população se prepara para enfrentar o tal bicho papão.
Ocorre um toque de recolher, mas a maioria dos adultos ignora e sai à rua para caçar. Há inclusive uma cena bizarra, onde o xerife dá uma escopeta na mão de Brady, basicamente por que ele afirma que sabe atirar e faz isso logo depois que o rapaz quase transou com a sua filha Kelly.
É tudo meio sem razão ou justificativa.
Michael vai até a casa do xerife e mata sua filha. Curioso que esse era justamente o lugar mais vigiado de toda Haddonfield, além de ter trancas que tornam o lugar impossível de entrar ou sair. Não faz sentido um ataque dele ter sido tão fácil de entrar, mesmo com a preparação, já que Michael desativou as linhas telefônicas da cidade inteira, desativou a estação de energia elétrica criando um apagão em toda Haddonfield, fez um ataque surpresa à única delegacia de polícia
Ele mata Kelly prendendo-a na parede, de maneira semelhante a como ele executou Bob em Halloween. Wilbur disse em uma entrevista que essa era a sua morte favorita. Fica patente que é parte do seu comportamento obsessivo o ato de repetir ritos e ciclos, imitando atos dos clássicos, só que de forma mais agressiva, já que além de saudosista Michael é sobre humano e ainda mais sádico.
Gaffer Garlan Wilde ficou gravemente ferido durante as filmagens do confronto entre Michael e Brady, o ator estava acendendo uma luz, caiu e cortou os pulsos, ele foi levado às pressas para o hospital.
A cena em que Michael mata o mecânico seria mais violenta, acertando a garganta com o pé de cabra, mas foi considerada muito sangrenta e foi feita da maneira que está no filme.
A cena na escola envolvendo Jamie e Loomis deveria ocorrer com a menina se escondendo em uma sala de aula, embaixo de uma carteira, para se esconder de Michael. Devido a limitações de tempo esta sequência não foi filmada, mas foi referenciada por Moustapha Akkad, que resolveu a reutilizar em Halloween H20.
Danielle Harris revelou que quando sua personagem corre pela vizinhança gritando por ajuda, alguém chamou a polícia:
Eu estava batendo nas portas, gritando para alguém me ajudar depois que me perdi (...) então, às 4 horas da manhã, alguém chamou a polícia depois de ouvir a gritaria. A polícia apareceu então eu quase fui 'sequestrado' do set.
Há algumas tentativas de matar Michael, inclusive com uma pequena caminhonete. No roteiro Rachel atropelaria Michael cinco vezes, mas durante a filmagem eles reduziram para três e na edição final ela só o acerta uma vez.
A porta da frente da casa dos Meeker foi trocada por uma porta de madeira compensada barata, para ser destruída para a cena em que Brady atira na fechadura com uma espingarda.
Ao menos, nos instantes finais há um encontro de almas entre os parentes, depois da quase morte da menina, que abre uma possibilidade para um final rico e um novo rumo para a saga que infelizmente foi ignorado.
Michael é tão alveado e leva tantos tiros, que incluem até bombardeiros, granadas, só faltou lançarem um míssil.
Ele é "morto" por um pelotão de fuzilamento de policiais estaduais liderados pelo xerife Meeker, que usa uma espingarda de combate militar a SPAS-12, uma arma automática para fins especiais que dispara cartuchos calibre 12 e 2 3/4 polegadas, era o mesmo tipo de espingarda que Arnold Schwarzenegger usa durante o massacre na delegacia em O Exterminador do Futuro de 1984.
No roteiro original, o xerife seria morto em uma batalha com Michael no porão, onde a fornalha seria derrubada e fez a casa pegar fogo. A casa deveria estar em chamas na sequência no telhado, mas foi eliminado devido a restrições orçamentárias.
Aqui se repete o ponto de vista do monstro, com Jamie pegando uma tesoura, andando no corredor de casa, indo até a banheira onde a mãe adotiva estava e ela volta cheia de sangue. Pleasence se entrega bastante, grita NÃO, por perceber a tragédia se repetindo.
No final original, Rachel subiria para tomar banho e para substituir as roupas sujas e manchadas de sangue, enquanto Jamie chegaria perto, para apunhalar ela. A cena foi alterada para que morresse a mãe, Darlene, de um modo diferente. A ideia foi reaproveitada e utilizada de maneira ligeiramente diferente, na morte de Rachel em Halloween 5: A Vingança de Michael Myers.
Halloween 4 é irregular, mas tem um senhor final. É uma pena que a franquia não seguiu utilizando a criança como uma vilã nova, mas retornou ao básico, para utilizar novamente Michael como a máquina de matar, fazendo dele um dos maiores vilões slasher, disputando o topo do pódio com Jason Voorhees.