O Exorcista - 1ª Temporada: A sequência mais exitosa do filme clássico de exorcismo

O Exorcista - 1ª Temporada: A sequência mais exitosa do filme clássico de exorcismoNa década passada houve uma onda de remakes televisivos para clássicos do cinema, tendência que está aí até hoje, quase sempre com produções medíocres, abaixo da crítica, normalmente reciclando de maneira porca os clichês das obras famosas. Eis que em setembro de 2016, O Exorcista passou por isso, com a série homônima, The Exorcist, que no Brasil recebeu o mesmo nome do filme e livro.

Criada por Jeremy Slater, a série era anunciada não como um remake e sim como uma nova adaptação do livro O Exorcista de William Peter Blatty, embora se passasse nos tempos atuais e não na época do romance.

Exibida originalmente na Fox (Fox Broadcasting Company) - no Brasil passou na FX - entre 2016 e 2017, teve apenas duas temporadas, sendo finalizada abruptamente, com um cancelamento ocasionado por conta de baixas audiências.

Resolvemos dividir o review em duas temporadas, fazendo uma análise dessa primeira temporada, depois analisaremos o segundo ano de modo separado.

Parte da crítica especializada gostava da série e tinha um grupo considerável de fãs. A primeira temporada foi rodada em Chicago, Illinois e se passa lá também. Ela conta com produção de Robert M. Williams Jr. de American Horror Story, Charise Castro Smith de A Maldição da Residência Hill e Judd Rea, que fez Salem e Rainha do Sul.

O seriado foi feito pelos estúdios da Morgan Creek Productions, 20th Century Fox Television nas duas temporadas, nessa primeira houve a participação também da New Neighborhood Productions.

Slater era conhecido por escrever produções B dentro do gênero do terror. Havia feito o roteiro de Renascida do Inferno, também escreveu o texto de Quarteto Fantástico de Josh Trank e escreveu a versão live action de Death Note da Netflix. Depois desse O Exorcista ele teve os maiores sucessos de sua carreira, sendo criador de duas séries baseadas em quadrinhos, Umbrella Academy e Cavaleiro da Lua.

Como ocorreu com outras séries ligadas a filmes famosos essa também tem um piloto dirigido por um cineasta famoso. O piloto foi assinado por Rupert Wyatt, realizador de Planeta dos Macacos a Origem. Ele assina também como produtor executivo dessa temporada também.

O seriado não demora a mostrar os seus dois protagonistas, apresentando primeiro Marcus Keane, um sujeito mal-encarado que aparece andando perto de casas humildes, em um cenário que parece uma favela brasileira. Ele é interpretado por Ben Daniels, ator britânico acostumado a grandes franquias televisivas, como The Crown e House of Cards.

O personagem é apresentado de um modo amedrontador, tanto que os cães ladram para ele só por passar. Não fica claro por que isso ocorre, fato é que ele anda de batina e chapéu fedora, tal qual Padre Merrin no clássico de William Friedkin.

Logo a trama vai até Andersonville, bairro de Chicago, local onde está a paróquia do padre Tomas Ortega, de Alfonso Herrera, ator lembrado por sua participação na novela Rebelde, mas que possui uma experiência em séries famosas, já que esteve no elenco de Ozark e Sense8.

Sua pregação é acompanhada pela família que dividiria com o protagonismo com ele, os Rance. Apesar de ser um grupo de parentes católicos, claramente a liderança familiar é da mulher, Angela, personagem da veterana Geena Davis, uma vez que o marido Henry de Alan Ruck, sofreu um acidente cerebral recentemente.

Eles têm duas filhas, a comportada Casey (Hannah Kasulka) e a garota problema Katherine, ou Kat (Brianne Howey), além disso, os Rance ajudam a financiar a paróquia, fazendo doações pomposas, em um volume tão grande que constrangem Ortega.

Ao longo do seriado várias tramas se desenrolam, mas todas giram em torno de um evento grande, que é a visita do Papa a Chicago. A partir daí uma gama de eventos conspiracionistas, avisamos então que a partir de agora, haverá spoilers.

O Exorcista - 1ª Temporada: A sequência mais exitosa do filme clássico de exorcismo

Slater escreve seu roteiro abraçando temas caros ao pseudomovimento chamado de pós-horror. O Exorcista tem uma primeira temporada baseada em personagens traumatizados e com problemas sérios. A família lida com a questão delicada de saúde do pai, além de terem preocupações grandes com as duas filhas, já Tomas passa por uma questão sentimental que vai e volta, uma vez que tem contato direto com Jessica (Mouzam Makkar), um antigo caso amoroso seu.

Já Marcus é visto como um herege, de comportamento suspeito, já que não é um padre comum, já que dedica a sua vida e religiosidade lidando com demônios.

Na linha temporal particular dele, há um menino possuído por espíritos satânicos, eventualmente o garoto falece e o Vaticano encarrega o padre Devon Bennett (Kurt Egyiawan) para supervisionar os dias de Keane.

O encontro dos dois é bem agressivo, com um apontando um revolver para o outro. Os padres têm uma proximidade que parece a de irmãos, lidando com rivalidades aflorando e discussões. Ainda assim se nota uma linha de respeito entre os dois.

Ao menos o roteiro não enrola, já que no piloto mesmo Angela vai atrás do padre Tomas, afirmando que sua casa está passando por assombros estranhos, que ela acredita ser ação de demônios.

Essa sequência é bem encaixada por Wyatt. Tanto Davis quanto Herrera atuam bem, parecem sentir a gravidade do tema discutido, uma vez que a mulher está envergonhada pelo pedido e ele não está à vontade para lidar com um assunto tão especulativo.

Tomas inclusive assume que não acredita na existência do Diabo, ao contrário, e os dez episódios desse ano servem para mostrar o quanto ele estava errado.

O Exorcista - 1ª Temporada: A sequência mais exitosa do filme clássico de exorcismo

A sequência é encerrada com uma interferência digital porca, com um corvo de CGI invadindo o escritório, desconcentra os personagens e tira o espectador daquele momento que deveria ser solene.

O efeito além de ser ruim, ajuda a demonstrar que o orçamento da série é baixo.

Na visita aos Rance, o padre Tomas enxerga que o horror real é Katherine. Depois de conversar com ela diretamente, a menina diminui o receio dele, avisando que sua mãe associa o fato dela ter curtido páginas wiccanas no facebook a um comportamento não cristão.

Fora conveniências do roteiro, o que incomoda mesmo são as escolhas da direção de fotografia, assinada por Alex Disenhof. Nota-se um tom de azul meio lavado na casa. Lembra mesmo uso que Sobrenatural, mas no pior sentido possível, já que tira quase toda a cor de objetos de cenários e personagens.

O sacerdote fica para jantar e Kate usa de ironia, chega até a ser um pouco baixa, já que menospreza o seu pai, que não responde com raciocínio rápido graças a lesão cerebral que teve.

Independente de interferência maligna ou não é dado que a família está em crise, possivelmente com todos ali sofrendo com depressão, e essa possivelmente é a brecha que o diabo encontrou para entrar no seio familiar.

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Depois desse encontro, Tomas decide ir a São Thomas de Aquino, lugar onde o outro padre está. A motivação para tal foram visões que ele teve, foi até "testificado", através de uma frase que Henry Rance disse, tão deslocada que quase não fez sentido. Para Tomas, o pai da família foi um canal de Deus.

Esse cenário é curioso, primeiro pela escolha da direção de arte de retratar ele como um lugar de cor cinza. Não fica claro nesse primeiro momento o que é aquele lugar, há semelhanças com uma clínica hospitalar, já que é repleto de salas curtas.

Marcus consegue sair de lá facilmente e encontra Ortega, mesmo tendo recusado o convite anteriormente. É dado que os dois tem crises de fé, Tomas sequer acreditava em possessão demoníaca. Já Marcus já havia participado de outros ritos, tanto que sua crise passa por eventos como esse. Dessa forma, ele é aparece sendo alguém tão perseguido pela culpa quanto Damien Karras estava no início do caso MacNeill.

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O roteiro é confuso em tentar manter um mistério sobre quem seria o possuído, mas na hora de revelar apresenta da maneira mais potencialmente clichê possível. Também é gasto um tempo considerável de Tomas tentando convencer seus superiores a autorizarem o exorcismo.

Um acerto aqui é a comunidade de pessoas que fazem parte de um estranho culto. Eles são misteriosos, tem uma hierarquia, inclusive com pessoas que parecem possuídas por espíritos baixos.

Essa é uma menção que faz referência a um aspecto do livro de Peter Blatty que foi ignorado na versão para o cinema, com o grupo sendo mostrado como uma sociedade secreta, que assassina pessoas em troca de invocar um espírito. O que não fica claro é se o culto foi o responsável por causar a possessão em Casey Rance, ou se eles estão em volta dela para servir o tal espírito.

A série demora a engrenar, as sequências de ação parecem estranhas de início, mas o espectador se acostuma, especialmente quando chega a conclusão de que os exorcistas são na verdade heróis da ação. O seriado tem seus momentos nojentos e escatológicos, especialmente com insetos, mas há o pecado de apelar demais a CGI.

Considerando que o roteiro abraça teorias da conspiração e um desenrolar meio óbvio, vale elogiar o desempenho de Ben Davies. Ele atua como um homem complexo e sombrio, pelo menos até onde é permitido.

Seu comportamento combina e se completa com o otimismo do personagem de Herrera. Os dois tem química e se complementam, com um sendo o cínico hiper-crédulo e o outro o amoroso que tenta encontrar a própria fé.

O Exorcista - 1ª Temporada: A sequência mais exitosa do filme clássico de exorcismo

Mas o texto segue mal trabalhado, especialmente no fato de não possuir urgência nas situações.

É muita informação encavalada, especialmente no que toca Angela. Ela participa da comissão que cuida dos detalhes da visita papal, ainda chefia quase sozinha uma família inteira. Para piorar, sua filha mais calma comete crimes, ataca uma pessoa em transporte públicos, depois assassina profissionais de saúde.

Esses fatores passam por cima de suspensão de descrença. Esses trechos ao menos servem para que o seriado se assume como uma fantasia especulativa com temperos de ação.

A sequência do metrô é toda muita confusa, mas nela se introduz um personagem pontual e importante.

Trata-se de Salesman, uma aparição espiritual, interpretada por Robert Emmet Luney. O sujeito "seduz" a menina, pede para assumir as ações de seu corpo. Não fica claro se ela permitiu a ação da entidade ou se ficou nervosa, deixando assim o ser tomar o controle, fato é que ela retribui com violência o abuso de um rapaz que se aproximou dela de maneira lasciva.

A cena termina de modo bastante sangrento, parecendo uma ação de um serial killer. É bem encaixada demais, é o ponto alto do seriado no aspecto visual.

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É só depois desse episódio que Tomas decide fazer o exorcismo por conta própria. Começa então a monitorar Casey, instala câmeras na casa inteira. Antes disso, a garota sofreu uma série de exames invasivos. Desde o incidente do metrô a menina não teve paz.

Um cuidado que o roteiro tem é em deixar uma certa ambiguidade no modo de agir dos pais. Fica sempre a dúvida se Angela e Henry não estão sendo zelosos e sim abusivos, já que tentam colocar uma culpa cristã e espiritual em uma moça que tem problemas de ordem mental. Considerando a luz presente na virada dada no capítulo cinco, até se entende a postura de Angela, mas em um mundo normal, é difícil não achar uma irresponsabilidade de manter a filha cativa, acorrentada, tendo confrontos físicos com dois homens bem mais velhos que ela.

Mas logo se revela que Angela era na verdade Regan, a protagonista do filme, que mudou de nome e cortou qualquer relação com o seu passado. Ela procura um padre para expulsar um demônio por conta de saber que aquilo era algo real, mesmo não tendo qualquer lembrança do seu próprio exorcismo.

O momento da revelação ocorre com uma música grave, assustadora. Angela afirma que teve uma infância conturbada, morou em vários lugares, na adolescência, teve que conviver com a exploração de seu trauma, já que sua mãe tentava vender livros sobre o caso, além de frequentar uma série de programas de televisão.

Esse vira o pretexto perfeito para reintroduzir outro personagem clássico, a atriz Chris MacNeil, interpretada nessa versão por Sharon Glass.

Apesar da sem-vergonhice de apresentar ela com roupas escuras e chapéu - fato que a faz lembrar obviamente o Padre Merrin - a personagem acaba sendo um grande acerto, já que modifica e desequilibra a estabilidade da família, reacende rivalidades, permitindo que Davis possa brilhar ainda mais em sua atuação, já que ela é confrontada pela presença da pessoa que não permitiu que sua adolescência fosse normal.

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Segundo a própria, mãe e filha tiveram muitos problemas financeiros, já que a carreira de atriz de Chris minguou após o escândalo da possessão, já que elas ainda carregavam a "culpa" pela morte dos padres Karras e Merrin.

Há um certo mal gosto ao se refletir sobre a condição de McNail, uma vez que parte do drama emocional de O Exorcista é que ela era uma mãe solo, que trabalhava, era independente e ainda carregava sua filha pré-adolescente para onde fosse exigido o seu esforço.

Há quem levante que Regan virou alvo do demônio Pazuzu graças ao fato da família dela ser incompleta. Transformar então a mãe em uma exploradora da desgraça da filha é algo que pode soar como maldoso se olhar superficialmente.

No entanto, o desempenho de Glass contradiz isso, já que sua Chris é humanizada, complexa, talvez a personagem melhor construída entre todos que aparecem nos dez episódios.

A versão adolescente de Regan também é bem interpretada. Quem faz a menina é Sophie Tatcher, a mesma que fez Yellowjackets e que esteve em Boogeyman: Seu Medo é Real. Aqui ela brilha intensamente, parece mesmo ser uma pessoa perturbada, assombrada por algo ruim do passado, reforçado o drama através da obsessão de sua mãe.

Do meio para o final da temporada há alguns eventos forçados e isso se agrava no episódio da ambulância, já citado nesse artigo. Toda a sequência é sem sentido, parece estar lá só para demonstrar o quanto o demônio é poderoso e o quão necessário é fazer um exorcismo.

Entre momentos toscos, como a exploração de um casal consultores no assunto assassinatos em cultos ou a exploração da tal seita e o empalidecimento do culto - que perde importância sobretudo após revelar a identidade de Angela - o seriado segue, só especificando quem eram os membros da seita próximo do final.

Entre esses, se destaca a serva e "relações públicas" Maria Walters (Kirsten Fitzgerald) e o superintendente Jaffey (Tim Hopper) e o Irmão Simon (Francis Guinan), que é um padre mal-intencionado, um religioso desse culto satânico que está infiltrado na igreja católica. Eles são ocultistas, mas não fica claro exatamente o que eles cultuam.

Uma característica levantada é que o possuído ganha um aspecto diferenciado nos olhos. Por mais tosca que seja essa apresentação deles, há uma boa caracterização, que mostra olhos com mais pupilas, que em via de regra, resultam na manifestação física dos possuídos.

Dito dessa forma, parece tolice, mas visualmente ficou legal.

O Exorcista - 1ª Temporada: A sequência mais exitosa do filme clássico de exorcismo

Essa é uma série de bons duetos, se Daniels e Herrera agem bem como dupla, o mesmo pode-se dizer de mãe e filha feitas por Gless e Davis. As duas carregam a temporada de emoção, mesmo sendo bem diferentes das versões para o cinema, compensam isso com uma entrega emocional enorme.

Mas essa questão é subalterna. Fica claro com o tempo que o enfoque do seriado é na ação, especialmente depois que Marcus encontra Casey comendo a carcaça de um animal no rio. O padre se aproxima, ora por ela e a mergulha, como em um rito de batismo e ao sair da água, todos os peixes morrem.

Nos anos 1970, celebridades católicas como Malachi Martin - o autor de Reféns do Demônio - execraram o filme, por achar que o processo de exorcismo era agressivo. Imagina o que não se falaria dessa versão, onde os padres entram em conflito físico com os possuídos. Curioso que O Exorcista do Papa tem muito da fórmula desse O Exorcista, e é encarado como uma diversão escapista comum.

Tudo bem que há um certo exagero, como uma cena em que uma freira segura Casey com um movimento de luta que lembra um mata-leão, mas não havia ali nada que pudesse ser encarado como sacrilégio ou deboche da fé.

Um fator que pouco faz sentido é a importância quase nula que a família dá ao fato de que Angela escondeu o seu passado. Há menções a uma ofensa por ela ter guardado esse segredo até do marido, mas são bem superficiais.

Os padres são carismáticos, tem questões de fé razoáveis. As dúvidas parecem plausíveis, especialmente Marcus. Seu personagem é mais que apenas a casca de um padre herói, já que é um homem atormentado, que se culpa, que torna os seus sentimentos como alvos de autoflagelo.

Outro bom ponto é a representação visual do embate mental e sentimental entre Angela e Salesman.

O confronto é ótimo e o visual da entidade tem um aspecto meio sujo, como se tivesse passado por um ambiente de incêndio.

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Nesse trecho há um cuidado na parte dos diálogos, já que o espírito repete sempre o apelido maldoso de porquinha, uma referência direta ao xingamento que o demônio fazia junto a personagem de Linda Blair.

Perto do final a trama abre mão de qualquer sutileza, já que é fechada com ações enérgicas dos dois exorcistas, que vestem a carapuça de padres lutadores. Eles assumem de vez a pecha de história de exorcismo com ação. O cúmulo disso é quando Marcus corta o pescoço do irmão Simon, tendo o papa por testemunha, no outro lado do vidro do carro.

O roteiro se leva tão pouco a sério que Keane sequer é preso. Com todas as situações que ocorrem até aqui, é natural supor que a igreja usou sua influência para inocentar os seus guerreiros e sacerdotes.

Parte da boa recepção a essa temporada é dada pelo fato de que excluindo o filme de Friedkin, nada mais dentro da franquia O Exorcista funcionou. Ainda assim, para fãs mais extremos, é possível entender que a série perverte o clássico quando investe na ação frenética.

Essa primeira temporada de O Exorcista é possivelmente o melhor e mais acertado trabalho após o filme, e seus tentos positivos moram especialmente no fato de focar em mudar o tom. Slater soube dar uma nova visão ao material clássico.

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