O que você faria se descobrisse que uma ação pequena no passado poderia ser responsável por mudanças drásticas envolvendo as pessoas ao seu redor? Tentaria viver com essa culpa? Colocaria sua amizade em cheque contando a verdade, esperando que seus amigos o perdoassem? Ou, se pudesse, voltaria no tempo, impedindo esse ato pequeno, torcendo para que isso consertasse as coisas? Mas, não seria trapaça? Mesmo em sua terceira temporada, o Flash é um herói com lições a aprender, e neste segundo episódio do novo ano, é justamente a da responsabilidade que o herói confronta.
Ao anular a timeline chamada de Flashpoint, Barry não retornou à original, mas sim, criou outra, mais adequada àquela a que estava acostumado, mas com diferenças drásticas para alguns personagens. O roteiro é criativo ao iniciar com o protagonista contando o que fez para Felicity Smoak, em uma participação que serve também para introduzir um elemento diferente no universo da série-irmã, Arrow. Aos fãs, resta esperar para ver como John Diggle Jr. afetará o outro seriado, lembrando que no futuro, ele se tornará o Arqueiro Verde, de acordo com Legends of Tomorrow, indicando que o Flash deve mesmo permanecer nessa linha temporal, lidando com as consequências de seus atos.
Inicialmente, a reação do protagonista é a de voltar de novo no tempo e tentar "consertar" o que fez. Mas, graças a intervenção de Jay Garrick, o herói muda de ideia, entendendo o tamanho da responsabilidade que tem com as vidas alheias e percebendo que encarar os erros também é inerente ao heroísmo. A participação de John Wesley Shipp é divertida, pois dá ao ator a chance de viver um personagem diferente de Henry Allen. O Flash da Terra-3 é, como o ator declarou recentemnte, uma versão mais madura do Flash que viveu no seriado dos anos 90. Uma pena o episódio não trazer a oportunidade dos dois heróis lutando lado a lado, mas isso deve acontecer ainda, para saciar a vontade dos fãs. Sua dinâmica com Barry parece ser a de mestre e aprendiz, o que também é interessante, já que dessa vez o mentor não irá se voltar contra o protagonista em alguma virada de roteiro.
Uma das mudanças encontradas na nova linha temporal é o personagem vivido por Tom Felton, Julian Albert, um cientista forense especializado em meta-humanos que não gosta de Barry. O sentimento é recíproco e o texto é inteligente em não colocar o novo coadjuvante como vilão, mas sim como alguém desconfiado, com seus motivos, de uma pessoa que parece estar sempre escondendo algo dos outros. É uma boa ideia mostrar o protagonista sob um ponto de vista diferente, que não faz parte do grupo a que o espectador está acostumado. Novamente, a série levanta a questão sobre as atitudes de Barry. Aos olhos alheios ele é mesmo bastante suspeito.
Paradox aproveita também para dar os primeiros vislumbres de um dos vilões principais deste ano. Alquimia aparece como um antagonista tão assustador quanto Zoom, com objetivos que estão longe daqueles vistos nas temporadas anteriores. Nada de roubar a velocidade do herói. Desta vez o vilão parece ter ciência das alterações temporais e pretende "corrigir" algumas delas. Uma coisa que incomoda, e simplesmente porque a série se repetiu em diversos aspectos nos dois primeiros anos, é a questão da identidade de Alquimia. The Flash cria estes antagonistas principais como mistérios a ser desvendados, algo que poderia muito bem ser evitado desta vez. Como os fãs dos quadrinhos sabem as identidades dos inimigos do Velocista Escarlate, o roteiro sempre parece disposto a enganar o espectador, mas quando isso vira rotina, a "trapaça" se torna óbvia e sem peso. Seria muito decepcionante se o vilão se revelasse o personagem de Tom Felton. Quem conhece as HQs sabe que Albert carrega muitos aspectos de dois alteregos do Alquimia e mesmo que seu nome seja diferente, a série já usou esse subterfúgio duas vezes.
Assim como o anterior, este episódio foca nos personagens ao redor de Barry, e em como a presença do herói influencia na vida dessas pessoas. Além disso, traz o tema da lealdade, da família. O Time Flash não está ali à toa. São coadjuvantes unidos por um bem comum. Não apenas o de ajudar pessoas em perigo, mas auxiliar o herói em sua jornada. E, quando a causa é tão nobre, é necessário colocar de lado diferenças ou rusgas do passado, como Iris explica tão bem em determinado ponto da trama. Ao confrontar seus atos e contar a verdade, Barry ajudou a fortalecer ainda mais a ligação que tem com seus amigos. Ainda assim, o desfecho deixa algumas dúvidas a respeito de Caitlin. Com a presença de Alquimia na história, sua atual condição pode ser usada contra o Flash? Só o futuro dirá.
Dando continuidade a boa estreia, Paradox surge como mais uma hora da série destinada a trabalhar os motivos de Barry e a formação de um herói que ainda não alcançou todo seu potencial, seja naquilo que pode fazer, como nas atitudes que pode tomar, frente aos desafios que irão surgir. Mesmo com elementos de folhetim, como o romance entre Barry e Iris, a série foge dos dramas novelescos, soando muito mais madura nesse aspecto do que Arrow. Assim, os elementos dramáticos apresentados soam mais importantes para o desenvolvimento da trama, e não ficam no caminho da evolução que a série pode trazer para seu protagonista. E as pequenas alterações nessa nova linha temporal oferecem bons momentos para os intérpretes testarem nuances diferentes, apresentando versões de seus personagens que fogem do que o espectador já está acostumado. É uma boa oportunidade para introduzir coisas novas e sair do óbvio.
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