Crítica: O Hobbit - A Batalha dos Cinco Exércitos: Edição Estendida (Blu-ray)

hobbit3BD-capaSinopse: Com 3 discos em Blu-ray, a Edição Estendida inclui cenas não vistas na versão para cinema, além de cenas de bastidores, histórias da produção e muito mais!

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O Filme: A terceira parte da trilogia O Hobbit traz uma conclusão tão falha quanto a condução do restante da história. No entanto, se torna mais interessante por oferecer algo inerente à franquia desde a Trilogia O Senhor dos Anéis. A Batalha dos Cinco Exércitos faz jus ao nome e se resume a preparação e realização de uma batalha de enormes proporções envolvendo Elfos, Anões, Humanos, Orcs e Criaturas da Terra-Média. É o terceiro ato de uma história que se estende por 2 horas e 40 minutos, algo que pode soar estranho em um primeiro momento, dado que a conclusão do gancho deixado pelo filme anterior se resume aos 10 primeiros minutos de projeção.

Os problemas da versão para cinema não são corrigidos na edição estendida, que traz cerca de 20 minutos a mais de cenas, porém, alguns se tornam menos irritantes, como a presença de Alfrid Lickspittle (Ryan Gage). Se no longa original, o personagem não era punido por todos os seus atos covardes e sem escrúpulos, aqui existe uma finalização para sua subtrama, condizente com todo o transtorno que causou por causa de sua ambição. Aliás, este é um tema recorrente da obra, presente também em todo o desenvolvimento de Thorin (Richard Armitage), um dos pontos altos de A Batalha dos Cinco Exércitos, pois oferece ótimos momentos envolvendo o anão e Bilbo (Martin Freeman). A ambição como discussão acaba transformando O Hobbit em um interessante conto de precaução, algo que faz bastante sentido, uma vez que o livro também contém uma mensagem positiva para seu público-alvo.

As novas cenas não incluem, no entanto, nada de realmente relevante, como as sequências estendidas de O Senhor dos Anéis. Por ser um longa preferencialmente focado em batalhas, são justamente elas que ganham incrementos, muitos voltados para uma violência desnecessária, jamais presente nos outros volumes da franquia. Descaracteriza não apenas a obra audiovisual, mas também o foco no próprio público. O Hobbit é, notoriamente, uma trama mais infantil que aquela envolvendo Frodo e o Um Anel. Acaba soando um tanto estranho, então, que de repente, no meio de uma batalha, cabeças de criaturas seja decepadas deixando largas poças de sangue no chão. Apesar de não ter o impacto do gore do gênero terror, pois são sequências nitidamente criadas por computação gráfica, a ideia até faz jus à origem de Peter Jackson no horror trash.

Há um gosto nostálgico na terceira parte de O Hobbit que acaba transformando-a em uma obra com um pouco mais de sentimento. É a despedida da Terra-Média no cinema, pelo menos por enquanto, e nesse sentido funciona muito bem. A ligação criada com o início de A Sociedade do Anel é de extremo bom gosto e faz o espectador relevar muitos dos problemas como o pouco desenvolvimento de alguns personagens e a inclusão de subplots que incham o filme, do romance de um anão com uma elfa até inúmeras tentativas de amarrar a nova trilogia com a Saga do Anel que, obviamente, não se resolvem. Peter Jackson faz um trabalho com muitas falhas, mas também com muitas qualidades que, se não se sustenta tanto como obra cinematográfica, traz uma quantidade suficiente de fanservice para deixar os admiradores da obra de Tolkien contentes.

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Vídeo: As transferências em alta definição da Warner não desapontam e com o O Hobbit não é diferente. O visual mágico da Nova Zelândia e as paisagens digitais se tornam uma coisa só: uma belíssima representação do universo literário de Tolkien que, na imagem do Blu-ray, transborda cores e texturas. A qualidade é tão boa que oferece até uma noção de profundidade digna do 3D, mesmo na versão em 2D do filme. A plástica mais artificial, condizente com a abordagem menos adulta da trama, transforma a TV em uma janela pra esse cenário de fantasia.

Áudio: A faixa em DTS-HD 7.1 é extremamente agressiva, dada a quantidade absurda de cenas de batalha. Existem tantos artefatos explodindo na tela, como pedaços de madeira e armaduras de orcs e elfos, e o espectador ouve cada um deles, em um bom sistema de Home Theater. O subwoofer e as caixas traseiras trabalham incansavelmente, muito mais em que qualquer outro longa de ação (mas menos que em Mad Max: Estrada da Fúria).

Extras: Este é, sem dúvidas, o grande atrativo do pacote, que inclui dois discos de material especial de making of, totalizando mais de 5 horas de extras. Nas partes 11 e 12 de Os Apêndices (que continuam o documento de registro da produção da franquia presente em home vídeo desde as versões estendidas de O Senhor dos Anéis), o fã descobre aspectos muito interessantes do processo de construção da trilogia. Entre eles, o fato de Jackson reconhecer que não teve o tempo necessário para desenvolver a trama da forma que queria, uma vez que entrou na direção de última hora, substituído Guillermo Del Toro, mudando drasticamente alguns caminhos que os longas tomariam, principalmente ao transformar um projeto que contaria com dois filmes em algo que se estenderia por mais um. Há também o tom de despedida, mostrando os últimos momentos do elenco na pele de seus personagens, com destaque para a derradeira cena de Ian McKellen como Gandalf, fechando o ciclo iniciado em 1999. A preparação de última hora também traz informações curiosas, como em algumas cenas o cenário só ficar pronto momentos antes do início das filmagens ou a pós-produção entregar a versão final do longa faltando muito pouco para o encerramento do prazo.

Os documentários são muito honestos e, caso não haja total satisfação com o filme em questão, justificam, e muito, a existência desta edição especial, tornando-a indispensável para os fãs da franquia. A apresentação dos discos também é algo a ser destacado. O Box vem protegido por uma belíssima luva de material resistente, assim como os outros volumes da saga, fechando a coleção na prateleira.

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Por bem ou por mal, A Batalha dos Cinco Exércitos faz jus à trilogia O Hobbit. Tem seus problemas, mas existem qualidades ali que não se perdem. Peter Jackson, em sua megalomania, deixou de seguir o ideal, que teria sido a realização dos dois longas pretendidos, para incluir um terceiro que, do ponto de vista cinematográfico se torna problemático, já que não se sustenta sozinho. É um enorme terceiro ato que deixa inúmeras pontas soltas, a maioria de forma desnecessária, pois se tratam de subtramas que não precisariam estar ali. Mas, a nostalgia e a sensação de encerramento da jornada iniciada há 17 anos trazem para a obra uma necessária relevância, especialmente pelo olhar do fã, que fez da franquia parte de sua vida desde a exibição de A Sociedade do Anel.

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Alexandre Luiz

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