
Natal Sangrento é um filme de terror natalino lançado em 2019 que é uma refilmagem "diferenciada", já que é um remake de um filme clássico, que acaba ousando por vários motivos, tendo êxitos e acertos nesse interim.
Adaptação de um dos principais filmes de terror canadense da história (o slasher pioneiro) Black Christmas: A Noite do Terror, é lembrado por ter uma equipe de produção quase toda feminina.
As pessoas também lembram da obra por ter direção da atriz Sofia Takal e por ser protagonizado por Imogen Poots.
Esse é o segundo remake de Black Christmas/A Noite do Terror, lançado 13 anos depois de Natal Negro.
A sinopse remonta a temporada de férias no Hawthorne College, onde assassinatos começam a acontecer, acometendo apenas mulheres no campus. Acreditando que esses são crimes misóginos, Riley e suas amigas tentam sobreviver e contra-atacar essa violência, enquanto tentam descobrir quem é o autor dos homicídios.
Coprodução entre Estados Unidos, Nova Zelândia e Canadá, tem condução de Sophia Takal, roteiro dela e de April Wolfe. Os produtores são Brigitte Berman, Adam Hendricks, Jason Blum e Ben Cosgrove, produtores executivos Greg Gilreath, Zac Locke, Couper Samuelson e Jeanette Volturno.
Como fruto da total transformação do texto, esse acabou sendo o primeiro filme Black Christmas a não apresentar um assassino com o nome Billy. Também foi o primeiro em que Bob Clark não estava envolvido no processo de produção, uma vez que ele morreu anos antes, em 2007.
Uma abordagem diferenciada
Antes de falar sobre detalhes da tramas e possíveis spoilers, achamos importante avisar que qualquer divergência sobre a forma de abordar os assuntos não pressupõe que o analista que fala do filme acredita que as pautas são erradas.
As divergências ocorrem especialmente por conta de esse crítico achar exageradas algumas questões e abordagens.
Discursos de ódio contra mulheres são bastante frequentes e é bom salientar o óbvio: ninguém da redação do Cine Alerta coaduna com qualquer discurso do tipo ou compactua com falas e menções de Incels, Redpill ou simpatizantes da extrema direita.

Estreia e alguns bastidores
No Egito, França e Filipinas o filme estreou antes, no dia11 de dezembro de 2019. Em países como Emirados Árabes Unidos, Colômbia, Alemanha, Reino Unido, Irlanda e Uruguai foi no dia 12 de dezembro.
Nos Estados Unidos e Canadá, chegou no dia 13 enquanto no Brasil chegou só em 15 de Abril de 2020.
Em junho de 2019, foi revelado que Jason Blum iria produzir um remake do filme Black Christmas de 1974 por meio de seu estúdio Blumhouse Productions, ao lado de Adam Hendricks do estúdio Divide/Conquer e Ben Cosgrove. Com Cosgrove vieram Greg Gilreath e Zac Locke, também da Divide/Conquer, para serem alguns dos produtores executivos do projeto.
Blum x acusação de misoginia
Na época em que Halloween de David Gordon Green foi lançado, Blum recebeu críticas (muito justas, por sinal) já que disse que a razão pela qual não havia diretoras contratadas por sua empresa, era porque havia poucas mulheres cineastas, ainda menos dentro do secto do terror.
Ele se desculpou e pouco tempo depois (24 horas) contratou Sophia Takal para dirigir esse remake, com previsão de lançamento para 2019, tornando-a a primeira mulher na história a dirigir um filme de terror do estúdio.
Takal trabalhou anteriormente com Blum em sua série Into the Dark para Hulu, enquanto Imogen Poots, Aleyse Shannon, Brittany O'Grady , Lily Donoghue e Caleb Eberhardt foram escalados para os papéis mais importantes.
Pouco tempo depois, Cary Elwes foi adicionado ao elenco.

Sophia Takal pensou durante um bom tempo em fazer um remake de A Vingança de Jennifer (do original I Spit on Your Grave) obra polêmica, lançada em 1978 e que já foi adaptada algumas vezes, especialmente em Doce Vingança de 2010.
O projeto seria da Blumhouse, mas foi engavetado depois que Blum ofereceu a ela esse projeto.
Outra referência do filme foi O Exorcista III, inclusive fazendo um momento em que aparece uma morte bem parecida com a desse filme, que na ilha da edição, foi modificada para parecer com a sequência da tesoura de jardim famosa.
O esforço da realizadora e o seu ideal
A diretora trabalhou extensivamente para tornar esta visão de Black Christmas o mais feminista possível. Em entrevista ela disse:
Eu queria fazer um filme onde, em vez de se sentir objetificado ou observado à distância, o público se sentisse visto.
O motivo central para que roteirista, diretora e o elenco principal ser todo feminino é esse, é dar uma parcela mais feminista a um gênero - os Filmes de Matança ou Slasher Movies - uma visão menos sexista dos clichês de assassino serial populares.
O título original é Black Christmas e a obra teve poucas variações de nome. Na Bulgária é Черна Коледа, me países como Chile, Colômbia e Peru é Negra navidad, na Dinamarca é En morder i dit hus, na Estônia é Must jõulud, na Finlândia é Musta joulu e em Portugal também é chamado Natal Sangrento.

A produção começou na Nova Zelândia em 23 de junho de 2019. A filmagem principal ocorreu por 27 dias em Dunedin e Oamaru, com a Universidade de Otago fornecendo o cenário. As gravações foram concluídas em 31 de julho.
O local usado para a casa da fraternidade era um antigo lar para meninos rebeldes (wayward boys no original) esse aliás é o primeiro filme Black Christmas a não ser filmado no Canadá. Em vez disso, a produção foi ambientada na Nova Zelândia.
Os estúdios que produziram a obra foram a Universal Pictures (que faz o presents) Blumhouse Productions, Divide/Conquer, Matrix Production Services, New Zealand Film Commission e The Rebel Fleet. A distribuição ficou com a Universal Pictures nos EUA e México e com a HBO Max.
Quem fez:
Takai dirigiu o curta Fat Friend, também os longas Green, Always Shine, participou das séries Into the Dark, Um de Nós Está Mentindo, da versão de Gossip Girl de 2022 e O Verão Que Mudou Minha Vida. Ela foi atriz também, estava em Detonator e O Mistério de God's Pocket.
April Wolfe escreveu o curta Widower (que ela produziu e dirigiu) e o longa Clawfoot. Foi produtora associada em Molly Takes a Trip.
Berman produziu o telefilme Elmira, Hugh Hefner: Playboy, Activist and Rebel e The River of My Dreams.
Jason Blum despensa apresentações, é um produtor grande, fez coisas premiadas como Corra!, Infiltrado na Klan, O Homem Invisível e A Caçada, mas também produções menores com grandes diretores, como O Espelho de Mike Flanagan e Canibais de Eli Roth.
Também produziu franquias como Atividade Paranormal, Uma Noite de Crime, Sobrenatural. Entre os seus filmes mais recentes, estão Dezesseis Facadas, O Exorcista: O Devoto, Five Nights at Freddy's: O Pesadelo Sem Fim e Mergulho Noturno.
Cosgrove A Fuga, Serena, Permanente, Tudo que Quero. Hendricks produziu Cam, Thriller e Uma Estrada Para Recomeçar, depois fez Vingança, Dezesseis Facadas, It's a Wonderful Knife, A Casa Maldita. Foi produtor executivo em O Visitante e M3gan.
Imogen Poots fez Extermínio 2, Need for Speed: O Filme, Cavaleiro de Copas, Sala Verde e Viveiro.
Como essa é uma obra bem diferente de A Noite do Terror e de Natal Negro, avisamos que falaremos com spoilers a partir desse bloco.
O aviso está dado.

A Universal Studios e a Blumhouse receberam uma reação negativa após o lançamento do primeiro trailer do filme, devido à quantidade extrema de spoilers nele contidos.
Quase sem conexões
Fora essa questão, do marketing "esclarecedor", a obra praticamente não tem semelhanças com o cânone de Black Christmas, fora o óbvio fato de se passar em uma universidade, no natal e de apresentar um personagem coadjuvante chamado Jesse Bradford, em referência à protagonista de Black Christmas de 1974, Jessica Bradford.
Excetuando isso e o fato dos personagens principais serem estudantes universitários, não se compartilha nenhuma conexão com nenhum filme anterior da saga.
Ainda sobre os trailers e as diferenças
Várias cenas nos materiais de marketing foram alteradas com CGI basicamente por ideias de ideais publicitários.
As cenas incluíam um assassino inserido digitalmente, especialmente em um momento onde Helena está escovando os dentes, com o assassino parado atrás dela - no filme, ela está sozinha.
Também há uma cena em que as meninas desmascaram o assassino e encontram a estátua da cabeça do fundador da faculdade atrás dela. Há uma cena modificada em que Riley fecha a porta do quarto de Helena, para revelar o assassino parado atrás da mesma.
Classificação
Essa versão tem uma classificação baixa (e inédita na franquia) de PG-13. Takal buscou na esperança de torná-lo acessível a novos públicos, especialmente mulheres jovens, para abrir discussões sobre questões importantes como agressão sexual,
Se falava internamente que a diretora estava pronta para se comprometer a utilizar a classificação mais alta, se o conselho de classificação não concedesse o que ela mirava, mas também dizia que não usaria a classificação para diluir a violência do filme, embora ele seja claramente o mais leve das três versões.
Há algumas cenas alteradas, para alcançar uma classificação mais baixa. Quando uma das personagens encontra um corpo, o rosto do cadáver deveria estar cravado de cacos de espelho, com um close, mas ela teve que ser removida para obter a classificação almejada de PG-13.
Outra cena onde um homem pega fogo teve que ser removida porque foi considerada muito intensa.
Recusa para o elenco
A jornalista, escritora e ativista pelos direitos das mulheres Gloria Steinem recebeu uma oferta para uma participação especial no filme, mas recusou porque não havia um roteiro completo na época do convite.
Esse talvez seja um sinal para a problemática presente aqui, já que parece de fato que o roteiro foi montado no improviso.
Narrativa
A história começa mostrando um busto, na faculdade Hawthorne College, datada de 1819. A apresentação é toda estilizada, em letras gregas e em chamas.
Não fica claro o que é aquilo, parece uma espécie de ritual. Em uma cena rápida, aparecendo um espinho de unicórnio de vidro, que obviamente é uma referência à famosa arma de unicórnio de vidro do filme original.
Depois dessa introdução, são mostradas duas meninas, Oona (Zoë Robins) e Lindsay (Lucy Currey) essa última, está conversando com alguém pelo telefone.
Elas se despedem, com uma delas indo para uma festa, enquanto a outra ficará. Lindsay recebe mensagens de texto no celular, de autoria de Calvin Hawthorne, o fundador da Universidade, o mesmo que estava no busto.
Depois de tomar um susto e de perceber estar sendo seguida por um homem - que aparentemente é só um sujeito qualquer na rua - ela é encarada por um sujeito de identidade escondida, que usa uma capa preta, com capuz, que disfarça sua identidade.
Esse início é bonito, valoriza a cinematografia de Mark Schwartzbard (Reservation Dogs e Baseado Numa História Real) com as luzes de natal e com Lindsay caindo morta na neve, fazendo uma espécie de anjo de neve no chão.

O visual do vilão é genérico, fácil de replicar, não à toa que mais pessoas usam o traje.
Desde o início é dado que há muita gente vestida da mesma forma, ou seja, aparentemente, é mais de um assassino, ou mais pessoas usam a roupa a fim de confundir as vítimas.
Professor Gelson e as referências "complicadas"
Antes até de o filme apresentar as suas protagonistas, é mostrada uma aula com o professor Gelson, personagem de Cary Elwes. O docente versa a respeito da superioridade masculina, citando um estudo que considera que até a luta contra o patriarcado é oriundo de homens, citando uma autora enviesada, a doutora Camille Paglia.
A situação não é à toa, resultando em uma quase pegadinha, já que Paglia recebeu críticas por muitas de suas declarações sobre as mulheres. Ela era abertamente contra política de gênero e feminismo, tinha falas muito estranhas a respeito de temas como namoro e agressão sexual em campus universitários.
Ela descreveu o discurso sobre a cultura do estupro em faculdades como "propaganda histérica" e "exagerada".
A petição
O professor Gelson aparenta ser alguém paciente, calmo e cordato, mesmo defendendo pautas tão abjetas.
Sua forma de defender o discurso é educada e conservadora. Sendo um sujeito astuto, ele percebe que para haver a manutenção do status quo é preciso eventualmente cedear a uma pauta identitária, reconhecendo que elas existem.
Até para torná-las como alvos erráticos, ele precisa ter paciência. Por isso ele escolheu citar uma mulher como o avatar dos seus clichês.
Na hora de se defender do abaixo assinado, ele se diz uma vítima, lamentando profundamente que exista um levante contra as suas aulas e de certa forma, ele tem êxito.
Algumas universitárias querem um corpo docente mais diverso e elegeram ele como símbolo de machismo, aparentemente.
Falta de sutileza
A ideia do filme é acrescer dubiedade nesse ponto. Não são mostrados de cara os motivos para que as moças odeiam a aula de Gelson. Ele não tratou uma delas de maneira irritada, não há sinais de assédio, é puramente o discurso deles que incomoda e como o teor das suas falas não são explícitos, fica difícil encarar ele como um inimigo as minorias.
A apresentação dele é agressiva em teor, é impossível não achar que ele está errado, é possível enxergar sim ele como alguém bizarramente sexista, mas toda a palestra é dada com muita calma.
Dessa forma, sua postura de pobre coitado perseguido é fortalecida e o fato das meninas agirem de forma enérgica com ele fortalece o discurso de que todas as mulheres do campus são exageradas.
O filme é de 2019. Atitudes assim eram comuns, mas as personagens centrais são aludidas como geniais, como pessoas com inteligência acima da média. Elas deveriam conseguir pensar numa forma menos óbvia e tola de falar do que querem.
Os nomes das personagens
Riley (Poots) anda com duas amigas, a simpática Marty (Donoghue) a liberal e identitária Kris (Shannon) além de outras moças. Os nomes foram escolhidos intencionalmente por serem unissex, o que inclui as três já citadas e Jesse (O'Grady) mas Lindsay tem um motivo mais específico, recebeu o nome em homenagem à crítica feminista Lindsey German.
Os nomes completos delas, de acordo com uma lista de chamada são Riley Stone, Kris Waterson, Marty Coolidge, Jesse Bolton-Sinclair, Helena Rittenhouse, Fran Abrams.
Já Lindsay, que é de uma fraternidade diferente da Mu Kappa Epsilon tem sobrenome Helman. Também é citado o nome Mel Stevenson, mas a personagem nunca aparece em tela.
Semelhanças com pós-terror
Há um certo cuidado nesse, para fazer parecer com um dos episódios do "recente" movimento do pós-horror, especialmente na temática do "trauma".
Em filmes dessa leva, é normal que a protagonista seja alguém traumatizado e aparentemente, Riley sofre com isso, tanto que paralisa depois de encontrar alguns colegas, com quem ele trombou em outro momento.
É dado que ela possivelmente foi abusada e isso é explorado depois.
Conveniências
Paralelamente a essa questão, o filme mostra outro estranho rito. Riley se aproxima da DKO, a fraternidade masculina Deke Fraternitus Fratrum, onde os rapazes chamam a si próprios de exército, ou seja, há uma mentalidade militarista ali.
Foi dito momentos antes, que o busto de Hawthorne, o fundador da faculdade, foi retirado e ele é mostrado aqui, ou seja, ele está presente naquele lugar fechado.
Dele sai um líquido preto, com aspecto visual semelhante a graxa ou petróleo.
O filme utiliza esse líquido como uma espécie de substituto escuro para o sangue, também no intuito de não comprometer a classificação indicativa, mas o artifício parece uma tolice tremenda.
Riley heroína
Riley volta para os seus aposentos e percebe que Helena (Madeleine Adams) está muito bêbada, prestes a ir transar com um rapaz. A personagem intervém e não permite que a colega vulnerável vá para lá.
Isso conversa diretamente com o passado da personagem. Curiosamente, ela consegue ajudar uma mulher, mas quando se trata dela mesma, ela trava, parecendo inofensiva e fraca.
Nesse ponto há uma inteligência no texto, já que é comum em situações de abuso a pessoa não conseguir se defender minimamente.
Mean Girls
Ela, Kris, Marty e Jesse fazem um número de dança e cantoria, no estilo do que ocorreu na comédia dramática Meninas Malvadas, uma rotina de dança jingle bell rock em uma referência depreciativa a este filme.
A cantora/atriz Riki Lindhome escreveu a música Up in the Frat House que é cantada pelos personagens principais.
Ela descreve uma relação sexual não consensual, narrada pela vítima, que acusa o sujeito de ter aproveitando que ela estava bêbada e desacordada.
O momento é constrangedor e as moças acreditam que isso vai resultar em um grande problema.

Fora o grupo feminino de estudante, se destacam entre os personagens do lado "do bem" dois meninos. São eles o "apagado" Nate (Simon Nead) que é o namorado de Marty, além de Landon, o personagem de Caleb Eberhardt, que tenta flertar com Riley, da maneira mais atrapalhada possível.
Apesar deles estarem presentes, suas funções não fogem muito da figura de objeto, o que não é algo necessariamente ruim, já que mulheres, em filmes de matança, muitas vezes existem só para ser corpos exibidos e mortos.
A localização da fraternidade
O endereço da casa da irmandade Mu Kappa Epsilon é 1974 Elm Road, que é uma referência ao ano em que o filme original foi lançado e também a rua Elm, que é o lugar onde ocorreu A Hora do Pesadelo.
Curiosamente, A Noite do Terrore e A Nightmare on Elm Street são ambos estrelados por John Saxon.
Nos rascunhos originais, Helena seria a primeira Mu Kappa Epsilon a ser morta e não teria a virada que coube a personagem, mas as roteiristas ficaram tão impressionados com a audição de Madeleine Adams que reescreveram o final.
O gato
Franny (Nathalie Morris) a roommate de Riley viaja, deixa sua gata de estimação, Claudette sob os cuidados da protagonista. O animal tem esse nome em homenagem ao gato Claude, que era de posse da Sra. MacHenry, do Black Christmas original.
O gato que originalmente interpretaria Claudette abandonou as filmagens quando a mãe da treinadora adoeceu. Como resultado, a produção pegou emprestado um gato doméstico não treinado.
Imogen Poots alegou ser difícil de trabalhar com o animal, que era agressivo e chato com o elenco.
Ataques por mensagens
O assassino se comunica por mensagens de SMS. Usar tecnologia dessa forma tem seus pós e contras, sendo o maior deles o fato de que a forma de comunicação fica datada muito fácil.
Além disso, isso ajudou a tirar a personalidade do matador. Atualmente é difícil até de explicar para um jovem como eram mensagens do tipo e o filme nem é tão antigo assim.
Com o passar dos anos vai ser mais difícil ainda de explicar uma mensagem de SMS em comparação com as ligações telefônicas, que por mais que estejam em desuso, ainda ocorrem, mas mensagens do tipo, não tanto.
Fora isso, o SMS torna o contato mais impessoal do que uma ligação de voz.
Uma família desesperada
A família de Helena dá pela falta dela e Riley acha que algo está errado. Vai até a polícia, tenta culpar Huntley pelo sumiço dela e de outras meninas, mas sofre com o desdém do policial.
Riley vai se tornando uma mulher cada vez mais preocupada com essas questões, de um modo que parece também obcecada.
Depois de esbarrar em Gelson e ver algumas de suas notas, fica receosa, achando que ele pode estar por trás dos sumiços e mortes.
O temor escala rapidamente
A condição de paranoia de Riley piora ao receber publicações na internet que tem um teor macabro. Ela se sente mal, culpa Kris pela manifestação que fizeram.
Por mais que o roteiro tente mostrar Riley como alguém forte, ela não consegue se desvencilhar da figura de personagem chorona e insegura. Ela de fato está em perigo e tem uma visão maior que a de suas companheiras, mas também cede aos desígnios machistas dos opositores e até acusa as suas irmãs de causa.
É fácil encarar ela como fraca, seja qual for a crença do espectador.
Mudança de rota
O teor e caráter da fita muda repentinamente, se tornando uma discussão mega panfletária, que sobra até para Nate, que estava irritado por ser obrigado a montar a árvore de natal quase sozinho, enquanto toda as meninas faziam teorias sobre os sumiços.
Ele simplesmente cansa de ouvir falar mal de homem, culpa Kris, briga com a namorada e sai da casa da MKE.
Aqui houve uma cena editada. Originalmente, quando o grupo retorna à casa da irmandade após as compras de árvores de Natal, o assassino estava parado atrás da porta quando Riley saiu do quarto de Helena. A sequência foi modificada para manter Nate como um possível suspeito, mas ela permanece assim, no material de divulgação e no trailer.
Um agressor entra, com roupa preta, máscara, munido de arco e flecha. Ele cerca as meninas, depois aparece um assassino, que ou não ser o mesmo, dessa vez usa um machado.

Riley acha que os calouros que agem como assassinos não são humanos, acredita que sofrem algum tipo de ação sobrenatural, mas o motivo dessa suspeita jamais fica claro.
Por mais que o filme tente ir na contramão do que se trata de histeria feminina, o discurso de Riley é difícil de engolir, até para Kris, que é uma de suas melhores amigas. Outras fraternidades femininas também estão sendo atacadas, como as citadas Teta Pi e Kappa, parece mesmo uma chacina misógina.
Até Landon é pego, ouve um barulho fino e chato, que aparentemente destrava a macheza no rapaz, é a chave para domínio mental.
Helena serve para ludibriar Riley, que desacorda e desperta na iniciação do seu pretendente.
A maquiagem de Poots
Imogen Poots teve que usar bochechas protéticas para a cena em que Máscara Negra (essa é a forma que o assassino é tratado no roteiro) corta seu rosto com a ponta da flecha para mostrar seu sangramento.
Os close-ups tiveram que ser removidos para obter uma classificação PG-13 porque foram considerados muito gráficos. O sangue teve que ser removido de suas bochechas com CGI em cenas posteriores durante a pós-produção.
O filme tem vários elementos legais e ideias boas, como o clima de sociedade secreta na fraternidade Franctum. A mitologia de arte das trevas, o visual e figurino do culto também são demonstrações positivas da parte de arte do filme, mas a exposição desnecessária ligada a Hawthorne e a falta de lógica da parte espiritual quase faz tudo parecer tolice.
Também incomoda a ausência de violência e sangue. Visto em pespectiva, a obra acaba lembrando mais uma história infantil do que de terror.
Bastaram meninas rebeldes, com paus e pedras chegarem no local quebrando o busto, que o feitiço acabou. Essa solução é bem tola, lembra uma solução de video game antigo, no pior sentido da comparação, ainda faz o professor pegar fogo. É bem tosco. Cada linha de diálogo é super forçada, os diálogos tentam parecer inteligentes, mas não são. Nem Imogen Poots se salva nesse momento.
Natal Sangrento desdenha de duas franquias, de Black Christmas, já que se afasta demais do material original e não substitui elementos por questões interessantes, além não conseguir referenciar a violência da saga que no Brasil é homônima a essa obra. Poderia ser rico, mas parece apenas reducionista e tolo, prestando um desserviço geral, não só ao gênero do horror como um todo, mas também ao seu discurso progressista.
Confira os outros episódios da franquia Black Christmas
1974- Noite do Terror (Black Christmas)
2006- Natal Negro
2019- Natal Sangrento (Black Christmas)